[Análise] House Of Cards – Segunda Temporada

 

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House of Cards é a primeira grande jogada do Netflix em programação original e concorrer com as séries de televisão americana. Baseada numa série de TV Britânca e em livros, essa adaptação foca na conquista e luta pelo poder na Casa Branca, envolvendo corrupção e conspirações entre os políticos. Apostando num formato diferente, em que ao invés de esperar uma semana para o novo episódio, é possível assistir todos os episódios quando quiser. Sua primeira temporada foi sucesso em crítica e público, concorrendo a vários prêmios, seja pelo roteiro ou atuação. E eis que dia 14 de Janeiro desse ano, foram disponibilizados todos os episódios da segunda temporada.

 

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Mas, afinal qual é a história exatamente? O objetivo aqui é revelar quanto menos spoilers possível da primeira temporada, então acaba sendo meio difícil falar disso. Francis Underwood (Kevin Spacey) é um membro do Partido Democrata. Sedento por poder, ele acaba usando todos os meios necessários para subir dentro do Partido, manipulando, mentindo, usando a todos como se fossem peões. Ele tem como esposa Claire Underwood (Robin Wright) que chefia uma ONG ambientalista, com os mesmos fins do marido. A premissa básica da história é essa, bem simples, mas sem revelar muito. A série toda gira em torno dos dois, com maior foco no Francis, sendo ambos também os vilões da história. O foco do seriado não é na política e nem em discussões ideológicas, e sim no poder, corrupção e moral humana. Sendo assim, até uma pessoa leiga nesses assuntos pode assistir o seriado tranquilamente, pois a jornada de Francis por poder é fascinante do mesmo jeito. Obviamente a parte política está lá, mas serve mais como pano de fundo, quem não entende nada pode se perder um pouco, o que é normal.

 

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Um dos pontos mais fascinante de House of Cards está no roteiro, nos diálogos bem construídos, e numa marca registrada do seriado. Em vários momentos durante os episódios, Francis olha para a câmera e faz um tipo de monólogo, comentando sobre determinados eventos ou mostrando sua visão relacionada a algum assunto. O melhor de tudo isso, é que a inteligência do espectador não acaba sendo questionada, os monólogos não explicam tudo. Eles mostram de maneira brilhante, a mente cínica e manipuladora de Underwood.

 

"House of Cards"

 

Enfim, um dos maiores problemas da primeira temporada era que chegava a ser em certos momentos previsível, os Underwoods eram mestres na arte de manipular e sempre venciam. Esse problema continua na temporada, mas não é algo tão gritante. Ao contrário da primeira temporada, em que metade se focava na reforma da educação e o restante na campanha eleitoral de Peter Russo, a segunda possui como foco uma só trama durante todos os episódios. Óbvio que existem histórias secundárias, geralmente ligadas a eventos da primeira temporada e envolvendo a corrupção de Underwood, mas no final elas acabam sendo fechadas junto com a trama desse ano. Francis agora possui um inimigo fixo, causando vários problemas, e o presidente dos Estados Unidos é peça fundamental para ambos. Os oponentes novamente não chegam ao nível dos Underwoods, mas acabam gerando reviravoltas interessantes durante a temporada, tornando divertido de acompanhar. O papel dos jornalistas, importantíssimo na primeira temporada, acaba sendo menor nesse ano, que é focado quase inteiramente na Casa Branca e nas relações comercias com a China. Ela até foi levemente alterada, dessa vez envolvendo hackers e a Deep Web, mas acaba sendo deixada de lado, e depois voltam de uma maneira apressada. Outro defeito menor são algumas cenas desnecessárias, que não acrescentam em nada na história ou desenvolvimento de personagens. Não vou falar qual é, mas tem uma em especial na parte final da temporada.

 

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Na parte das atuações, House of Cards continua sendo um primor, não só pelos atores principais Kevin Spacey e Robin Wright, que são de escalão mais alto, mas também tem o resto do elenco. Dos personagens secundários, alguns chegaram a ter mais foco, dando chance dos atores mostrarem mais seu talento. Exemplo é o dono na churrascaria que Francis visita regularmente, chegando a ter parte de um episódio focado inteiramente nele. Com certeza as atuações são uma das razões de House of Cards ser uma série envolvente.

Na parte técnica, continua sendo um primor. Dessa vez David Fincher não dirigiu nenhum episódio, mas já deixou o ”estilo” de direção da série pronto na primeira temporada. Dessa vez a atriz Jodie Foster dirige um episódio, assim como Robin Wright, a própria Claire. A fotografia continua magnífica principalmente na retratação da casa branca. A trilha sonora, composta por Jeff Beal tem um tom épico, nada sutil o que combina perfeitamente com a história em si. Sutileza não faz parte de House of Cards, e isso é algo bom.