[Análise] The Walking Dead-1º Parte da 4º Temporada

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Demorei até postar novamente, vendo todos os episódios dessa primeira parte e preparando isso tudo. The Walking Dead é um sucesso no mundo inteiro, e poucas séries tiveram esse nível de repercussão, é fácil dizer que virou fenômeno. Todo o seu sucesso, no entanto, não quer dizer que a série seja perfeita ou com poucos problemas, na verdade sua produção foi conturbada desde o começo. Para começar, na quarta temporada a série já está no seu terceiro showrunner, Scott M. Gimple, substituindo Glenn Mazzara, que comandou a terceira temporada, substituto de Frank Darabont. Fora isso, desde a segunda temporada, a série teve problemas de ritmo e roteiro, seja personagens agindo como idiotas apenas para andar a história sem fazer sentido, até episódios os quais quase nada acontecia. Isso sem falar, dos problemas em relação à caracterização dos personagens comparados a como são nos quadrinhos de Robert Kirkman (envolvido diretamente na série), mas como as duas são mídias diferentes, irei evitar comparações. De qualquer forma, devido a esses problemas, ficar com o pé atrás nessa temporada é algo extremamente normal.

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Depois que a terceira temporada voltou para sua segunda parte, uma queda de qualidade foi óbvia. Vários episódios que se arrastavam, mas aparentemente ‘’moldando’’ o final que seria o embate do grupo de Rick contra Woodbury. No fim, o episódio foi falho, apressado e sem resolução, fazendo aquela segunda parte inteira parecer inútil. A quarta temporada começa alguns meses depois desse final, e se for julgar por esse começo, boa parte dos problemas foram corrigidos. Para começar, o ritmo está mais equilibrado, sem exagerar na ação ou ficar numa monotonia. O roteiro também deu uma melhorada, principalmente em relação ao tratamento de seus personagens. Os diálogos agora fazem mais sentido com a história, sem gerar um monte de discussões inúteis como anteriormente. Além disso, a série adotou uma linguagem mais visual, apelando para a fotografia para contar sua história, fazendo algo como Breaking Bad fazia, sem o mesmo brilho, mas é valido.

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Uma das tramas centrais nessa primeira parte é em relação a um tipo de doença que se espalhou pela prisão e infectou várias pessoas. Depois de abrigar todo mundo de Woodbury na temporada anterior, Rick resolve deixar a liderança, a qual virou um conselho. No primeiro episódio, Rick e Carl vivem como fazendeiros, cuidando da plantação na prisão. Todos vivem relativamente bem, até que as coisas normalmente saem do controle. O episódio de introdução é ótimo, principalmente para estabelecer como o futuro da temporada vai se desenvolver. O problema é que as coisas fogem do controle rápido demais, e logo o ritmo da série volta a ser o mesmo, não chega a ser algo ruim, mas poderia ser mais explorado. Por exemplo, uma das personagens que morrem no final do segundo episódio, deixa outro psicologicamente abalado. O problema é que, teve pouco desenvolvimento da mesma, logo aquilo não deixou quem assiste chocado, ou coisa assim. É tradicional de The Walking Dead introduzir personagens durante um episódio e depois matá-los, o problema é que às vezes funciona como simbolismo, e em outras não, serve apenas para chocar. Teve outros episódios que ocorreram coisas parecidas, e neles funcionaram.

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Mas, quanto à trama da doença, ela funcionou muito bem. Cada personagem teve sua própria trama, especialmente os pouco utilizados anteriormente como a Carol, e foi algo fascinante. Dos novos, Tyresse e sua irmã, introduzidos na temporada passada e pouco utilizados até então, passam a ganhar mais destaque. Até a Beth, filha mais nova de Herschel, que nas temporadas anteriores servia apenas para levantar a moral do grupo cantando, se desenvolveu um pouco. Basicamente, a primeira parte é sobre esses personagens tentando voltar a ser o que eram antes, mas obviamente com problemas.

 

Enquanto isso, o Governador ganhou uma história mais curta, de dois episódios, mostrando o que aconteceu após o final da terceira temporada. Analisando essa primeira parte completa, é uma ideia ótima, por mais que não justifique aquele final da temporada passada. A história do Governador serve justamente para reforçar o tema central da temporada, conforme ele tenta se redimir. Falar sobre toda essa trama do Governador é complicada, pois ela dividiu bastante o público, mas de fato não é sem sentido. Aliás, a mesma serve para uma boa mudança de ritmo na história, pois caso contrário à trama da prisão cansaria. Sem revelar spoilers, toda essa jornada do Governador era até imprevisível, pois fizeram tantas mudanças em relação a HQ que a mesma não serve como elemento de comparação.

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E eis que o final de temporada chega para fechar as duas histórias, e voltar para o que não foi resolvido na temporada passada. De certa forma, fica a impressão de que era desse jeito que a terceira temporada devia ter acabado, mas isso não tira o brilho do episódio. Tenso, brutal e que soube dosar bem da ação e os momentos mais calmos. Muita coisa chocante acontece, mas dessa vez com sentido e sem erro algum de roteiro. E o melhor é que a próxima parte corre menos risco de passar pelos problemas de ritmo que tanto assombra a série, pois começa uma história completamente nova.

 

Por fim, The Walking Dead ainda possui seus problemas, existem várias séries melhores por aí, apesar de não terem os mesmos números enormes em relação à audiência. Mas, essa quarta temporada demonstrou uma evolução, o que resta é esperar e ver se a segunda parte continua melhorando.