[Análise]- Final Fantasy XV

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Após 10 anos, mudanças de plataforma, mudanças de equipe, mudanças de orçamento, abandono e ressurgimento, o projeto de Final Fantasy XV, originalmente FF Versus XIII, finalmente foi acabado de forma apropriada para ser vendido em público, e aqui iremos falar um pouco de como esta obra foi finalizada.

Final Fantasy XV é um jogo que toma rumo completamente diferente de todos seus antecessores, sendo um RPG de ação ao contrário da maioria de seus “filhos”, constituídos de um combate mais baseado em turnos.

O jogo conta a história de Noctis, filho de Regis, rei do reino de Lucis, o último a guardar o poder de um misterioso cristal que possui poderes inimagináveis, sendo que outros agora estão em posse de um império com uma fome insaciável por poder, o Império de Nilfheim. Após conquistar vários reinos, um a um, o império foi consumindo a força dos cristais conquistados até que se acabassem, com a sua frota de Magiteks, robôs-soldados forjados a partir de demônios e maquinaria. Agora, o império quer apenas uma coisa: Conquistar o reino de Lucis, roubar o último cristal e o anel da linhagem real, um anel poderoso capaz de convocar o poder dos reis do passado utilizando energia do cristal, que apenas pode ser usado por pessoas fiéis da linhagem real, em troca de sua vida, que será rapidamente consumida pelo anel ao ser usado.

Ao concluir um golpe, Nilfheim consegue eliminar o rei Regis, tomar controle do reino de Lucis e o poder do cristal, sendo que estão em busca do anel, que está em posse do príncipe real: Noctis, o protagonista. A história é o percurso de Noctis e seus amigos, Ignis, Gladiolus, e Prompto, tentando recuperar o trono e expurgar a frota imperial de demônios e robôs do continente de Eos.

A história, em si, possui um peso muito grande por ter uma enorme presença de aspectos sombrios, como assassinatos, traição, manipulação, coisas que aparecem em outros FFs, mas que também tem certa ênfase neste, por tentar representar a vida real de forma mais presente e com mais força do que nos passados Final Fantasys.

O jogo possui uma quantidade pequena de personagens presente, sendo que é bem fácil de decorar quem é quem e qual é seu papel na história, conseguindo deixar a questão do elenco mais fácil de se entender. Mas tem um detalhe: existem personagens e acontecimentos EXTREMAMENTE IMPORTANTES para a sua interpretação da história que NÃO ESTÃO PRESENTES NO JOGO. “Como assim?”, você deve estar perguntando, e a resposta é simples: para promover a imagem do jogo, foram realizadas duas coisas: um anime, constituído de 5 episódios, que está disponível de graça nos canais da Square Enix do Youtube, e um filme, Final Fantasy – Kingsglaive, um longa realizado para cinemas, que está disponível em várias on-line, lojas como Google play, Playstation Store e a Xbox Store. Só que tem um detalhe no qual não foi explicado pela Square: Ambos são sim importantes para seu entendimento da história, apesar de não parecer. Também há informações importantes sobre “o que tá rolando em Insomnia”, em quadros presentes na sala do tutorial do jogo e em alguns livros espalhados pelo jogo que falam sobre a Cosmologia de Eos, explicando um pouco sobre deuses ou seres sobrenaturais e sobre profecias à serem completadas.

A intenção principal do anime é a de aproximar o jogador aos 4 personagens principais, mostrando, em cada um dos 5 episódios, como a amizade de Noct e seus amigos surgiu, sendo um episódio para Prompto, outro para Ignis, outro para Gladiolus e Iris (sua irmã mais nova) e outro, parcialmente, para Lunafreya, princesa de Tenebrae e uma das Oráculos, com o poder de se comunicar com os deuses, na qual possui um papel importante na retomada do trono de Lucis por Noctis (que no caso aparece no jogo, para deixar claro); enquanto isso, o filme fala sobre os Kingsglaive, um grupo dos melhores soldados do reino de Lucis que foram treinados com magia para coletar informações e proteger o reino de ataques do império de Nilfheim. O filme tenta explicar o que acontece logo depois de Noctis e seus amigos serem mandados para uma viajem, que ocorrejuntamente da queda do reino de Lucis e do assassinato de Regis (nos quais aparecem tanto no jogo quanto no filme). Uma dica que darei aos fãs ou interessados do Final Fantasy XV: não se importe com análises do filme ou do anime, gostando ou não, você realmente precisa assistir ambos para que possa realmente entender o que acontece e porque acontece no jogo, já que o anime fala da infância e adolescência de Noct, e o filme fala do que acontece logo depois da cutscene em que Noct e seus amigos se dispedem de Regis, pai de Noctis, cena reproduzida logo após o prólogo de Final Fantasy XV.

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Saindo do assunto história e focando mais no jogo em si, há uma enorme variedade de altos e baixos do jogo, em questão de mecânicas, como combate, inimigos, performance, entre outros.

Na questão gráfica, o jogo está longe de ser um The Witcher 3, mas ainda possui gráficos surpreendentes e maravilhosos, lembrando muito o jogo Final Fantasy Crystal Chronicles: The Crystal Bearers (mas com gráficos bem mais realistas e polidos, claro), sendo que a questão que mais me agradou, após os desenhos dos personagens e dos inimgos/deuses, foi a vegetação, porém isso é mascarado com a câmera e a movimentação fora de combate, que deixa bastante a desejar, especialmente na locomoção em locais fechados ou com vegetação muito densa, onde toda hora eu me prendia entre algumas árvores, ou acabava me confundindo por causa da câmera e acabava caindo no lugar errado, coisas do tipo que apenas irão torrar sua paciência.

Para que os consoles não derretessem, apesar da queda de FPS que sempre aparece uma hora ou outra no jogo, foram utilizadas várias e várias técnicas como manipulação de nitidez ou redução de visibilidade com fumaças ou deixando os objetos levemente transparentes para reduzir a utilização dos consoles, porém tais efeitos são extremamente bem escondidos ao longo do jogo, contando que são bem difíceis de serem notados, tirando alguns outros como árvores que simplesmente não existem até você estar em um raio de 200m de distância das mesmas, que é uma técnica muito usada no jogo e que fica extremamente evidente aos jogadores, mas que muitas vezes é apenas ignorada pela maioria.

No quesito de combate, é um assunto bem difícil de se explicar, pois ele possui altos e baixos bem agudos. No quesito de visual, as batalhas são realmente estilosas e bonitas de se assistir, com vários e vários efeitos visuais muito bem feitos, movimentos muito realistas, entre outros, com uma enorme variação de como você irá lutar e quem irá focar em eliminar primeiro, com qual arma, e coisas similares que realmente fazem uma enorme diferença entre cada jogador.

Mas tem um detalhe em específico que realmente destruiu a minha experiência com o jogo, que foi o posicionamento de câmeras e de objetos. A câmera do Final Fantasy XV é simplesmente a pior câmera automática que eu já pude experimentar em qualquer jogo de ação até hoje, sendo que ela fica presa em cantos estranhos, ou atrás de milhares de folhas de árvores impossibilitando por completo minha visão do que está acontecendo, ou ela fica virando completamente para o chão e deixa só os pés do inimigo na tela, ou ela fica mirando para o céu e eu consigo ver até a sola dos pés dos personagens de tão alto que ela fica mirando, basicamente quase impossibilitando o combate sem morrer umas 5 vezes pro mesmo inimigo caso esteja em um lugar fechado, como florestas ou coisas do tipo.

Outro assunto que não vi ser tocado muitas vezes era a quantidade de dano que os personagens recebiam. Na maioria das vezes, caso meu inimigo fosse 1lvl maior que o meu, ele me dava 70% do HP de dano em 1 hit, quase impossibilitando o meu progresso sem algo em torno de 47 health potions estocadas no meu inventário.

O tutorial é um elemento que ajuda bastante aos jogadores, porém não explica muito bem coisas como o funcionamento de magias, mas é apenas um ponto pequeno que pode ser descoberto pelo jogador ao longo do tempo, seja vendo na internet ou fuçando nos menus de pausa do jogo.ffxv-mundo

Em questão dos super-chefes, que são os deuses (Titã, Leviathan, Ifrit…), há um ponto extremamente positivo neles. Todos são colossais (menos uma, mas é spoiler do fim do jogo); e possuem poderes maravilhosamente bem executados. Titan jogando uma pedra gigantesca em sua direção, Leviathan engolindo todos os inimigos em um tornado de água, entre outros, são simplesmente efeitos de escala colossal, que surpreendentemente não derretem seu console. (Apenas coloca as “turbinas” no máximo, fazendo parecer que o mesmo vai sair voando em alguns momentos do jogo…) Muitos comparam as batalhas contra os deuses similares aos Colossos de Shadow of the Colossus, e para ser sincero (na minha opinião), Shadow foca muito mais no tamanho de seus inimigos que o estrago que podem causar com seus poderes e seus visuais estilosos, como apresentado no FFXV.

No quesito de aspectos desagradáveis, além do posicionamento de câmera e preparação de cenário terríveis para os combates presentes no jogo (caso não saiba do que estou falando, veja um vídeo de combate do jogo no Youtube em alguma floresta. A câmera simplesmente se perde por completo no meio da vegetação, e os personagens se prendem constantemente em objetos como os troncos de árvores, dificultando a fluidez do combate ao extremo), um aspecto que realmente me irritou é a presença de side-quests aleatórias e extremamente mal produzidas espalhadas por Eos. Coisas como os famosos “vá para tal lugar, traga tal coisa e me dê, e irei te pagar alguns centavos por isso. Confia em mim, 20 minutos por 2 gils valem a pena, uma hora você junta o suficiente para uma poção, que custa 50 gils.” E o pior é que o jogo nem disfarça o quão ruim são as “missões secundárias”  apresentadas quase sem contexto nenhum, nas quais ele simplesmente joga na sua cara como uma desculpa de que “se tem alguma coisa a se fazer que presta até o capítulo 4” (onde a história linear realmente começa), e de que o jogo é muito maior do que parece, quando na verdade, ele possui uma história principal maravilhosa e um monte de missões bestas para encher o seu tempo de jogo. As missões secundárias não possuem contexto interessante, não são legais de qualquer forma, são todas extremamente repetitivas, não te retribuem bem com XP nem com gils (a moeda do jogo), demoram até demais para serem realizadas e apenas poucas delas te dão coisas boas, como as da Cindy (a mecânica do carro, Regalia), que desbloqueiam upgrades para que você possa aplicá-los no Regalia futuramente em sua oficina, incluindo o Regalia-TypeF, que é a forma voadora do carro; ou side-quests de certos personagens que te mandam para dentro de certas dungeons, onde você encontra alguns Armigers, armas de antigos e falecidos reis de Lucis, possuindo grande poder, em troca de consumir sua vida a cada ataque realizado em inimigos; fazendo com que algumas das tais missões seja, de certa forma, recompensadoras, porém dentro do limite citado.

Um outro detalhe que agrada muito junto das boss fights e dos summons dos deuses, é a da trilha sonora. Composta por Yoko Shinomura, a maioria em 2006 quando foi anunciado na E3 do ano, o jogo possui uma trilha sonora extraordinariamente maravilhosa, extremamente bem escrita e muito bem reproduzida, realmente dando um ar de ação perfeito para os combates de Final Fantasy XV, sendo que, apesar de inovarem, ainda pegam certos elementos de trilhas utilizadas em FF’s anteriores, constituindo uma das melhores trilhas sonoras  que já pude escutar.

(Escute a trilha sonora do jogo logo abaixo)

O jogo também possui uma Season Pass, com episódios que visam esclarecer a história de Ignis, Gladiolus e Prompto, e um suposto modo Coop para o jogo, mas não foi anunciada a data de nenhum deles, apenas de que iria ocorrer um update que acrescentaria um pouco de história e certas cutscenes ao jogo, explicando partes que não ficaram exatamente claras para alguns jogadores, além de um modo Novo Jogo +, que irá permitir os jogadores a jogar de novo toda  a história sem ter que criar um novo save e juntar todo o equipamento novamente, além de certos ajustes gerais na mecânica do jogo em skills, magia, entre outros.

Confira um trailer logo abaixo:

VALE A PENA?

Depois de muitos anos de espera, finalmente foi apresentado ao público o resultado final de um Final Fantasy que tomaria rumo similar ao Kingdom Hearts, mas acabou em um lugar totalmente diferente. O jogo possui uma história ótima, personagens muito bem desenvolvidos, porém pouco explorados (algo que será corrigido em futuros updates de fim de ano, de acordo com a Square), e um combate maravilhoso, porém com controles confusos e um posicionamento de câmera terrível. Possui cenários muito bonitos, inimigos colossais e maravilhosamente poderosos, e uma enorme vastidão de equipamentos e locais a serem descobertos pelo continente de Eos.

Final Fantasy XV já está disponivel na Playstation Store e na X- Box Live. A versão de PC ainda não tem data de lançamento.

O jogo foi jogado em um PS4