Um Lugar Silencioso 2 foge da mesmice do gênero – Crítica

Um Lugar Silencioso 2

A continuação do suspense construído pelo seu diferencial do uso do silêncio é capaz de causar ansiedade. O filme acompanha a família Abbott e como no primeiro filme, a narrativa se volta para os laços familiares dos personagens durante um cenário apocalíptico. Um Lugar Silencioso – Parte 2 estreia em 2 de julho nos cinemas brasileiros. Dirigido e roteirizado por John Krasinski, a sequência foi lançada com mais de um ano de atraso devido ao início da pandemia em 2020.

Trama com dimensão, mas sem avanços

A narrativa começa com o prelúdio, é mostrado o momento em que os predadores começaram a atacar a Terra e estes acontecimentos contam com a atuação de John Krasinski. Após a introdução, a história segue exatamente a partir de onde o primeiro filme acabou: com a jornada de Evelyn (Emily Blunt), sua filha Regan (Millicent Simmonds), seu filho Marcus (Noah Jupe) e o bebê recém-nascido em busca de um lugar seguro.

Os personagens já sabem como lutar contra os alienígenas mortais, assim o segundo filme segue em ritmo diferente do primeiro. O enredo não cai na mesmice de filmes apocalípticos com centenas de cenas de ação contra uma criatura imortal: não é uma história sobre criaturas gigantes que desejam acabar com a Terra, mas sobre o núcleo familiar construído como tensão principal.

O arco narrativo é simples e ramifica-se em três tramas simultâneas com cada um dos personagens. O longa não possui muitos avanços na história e termina com um final em aberto – a produção da terceira parte da franquia já foi confirmada.

A história também flerta superficialmente com o conceito de que em uma sociedade apocalíptica, a ameaça não são apenas os monstros, mas sim outros humanos. O aspecto mais desenvolvido é a jornada da personagem Regan que contracena, em boa parte do filme, com Emmet, interpretado por Cillian Murphy (protagonista de Peaky Blinders).

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A sonoplastia do suspense

Apesar da narrativa estagnada, o suspense e o terror psicológico trazem valor ao longa, e esses elementos são construídos com o uso inigualável do som. Um Lugar Silencioso 2 faz parte de uma franquia que se beneficia com as telonas – fato conhecido para você que já assistiu ao primeiro filme em uma sala de cinema – e isso se dá pelo impacto de um ambiente em grupo em completo silêncio, com suspiros aliviados em conjunto, tudo isso causado pela potência da sonoplastia.

O design de som é ponto alto do filme, desenvolvido por Ethan Van der Ryn – vencedor do Oscar de Edição de Som por Senhor dos Anéis – e Erik Aadahl, que já trabalhou no design de som de Godzilla. O longa alterna entre momentos de silêncio absoluto para simular a deficiência auditiva da personagem, com sons detalhistas e cenas extremamente barulhentas, a mesclagem perfeita como elemento imersivo no filme. Assim, é capaz de causar sustos no silêncio, sendo o diferencial da franquia.

Sequência melhor dirigida

A direção de Krasinski mostra sua qualidade neste filme. Sem o suporte de muitos diálogos, a narrativa visual e expressões dos atores é satisfatória para construção do terror. Conta também com planos-sequência bem orquestrados e efeitos visuais que não deixam a desejar. A cinematografia acompanha o som, com ângulos abertos em cenas de tensão, responsável pela sensação de desorientação do telespectador.

Atuações cativantes

Emily Blunt e Cillian Murphy possuem uma atuação sensível e convincente. Murphy é introduzido na história com o papel de Emmet e marca tensão na trama, com um personagem que demora para ganhar sua confiança. A atriz Millicent Simmonds ganha espaço para demonstrar sua atuação, sua personagem ganha peso no papel de protagonista da história.

Após o sucesso do primeiro filme em 2018, o anúncio da sequência Um Lugar Silencioso 2 foi questionada sob apreensão de se tornar uma cópia sem conteúdo do primeiro. Entretanto, a sequência vale a pena pela construção do terror complementar à prequela.