O “segredo” repugnante de Little Witch Nobeta — Análise

Little Witch Nobeta

Antes de podermos começar a análise de Little Witch Nobeta, preciso dar um aviso. Aqui vamos abordar temas muito sensíveis. Nobeta é um jogo de aparência fofinha, então com o que eu disse, talvez vocês imaginem que o jogo toque em coisas sérias como abuso ou depressão… mas não é bem assim. O meu aviso é sobre pedofilia, um dos crimes mais repugnantes que existem. Esse não é um texto que estava animada para escrever, e também não faço questão que leiam se não querem ver alguém comentar sobre esse assunto. Eu mesma não queria ter que falar disso.

Eu ganhei esse jogo da publisher pra fazer essa review, e, de fato, podia só não fazer. Eu acabei decidindo que ia, mas não conseguiria fazer um texto como os outros com um jogo como esse. Superficialmente, Nobeta é um jogo fofinho e normal. A história fala sobre pessoas artificiais buscando um propósito e amor a vida, o que seria muito bom em qualquer outro jogo, ou feito por qualquer outro grupo de pessoas. No início, eu não gostei tanto dele por ser um Soulslike, mas não seria justo julgá-lo por fazer parte de um gênero que eu não gosto. O problema é que, sem muita pesquisa, eu acabei por descobrir algo de fato ruim.

Embora o título diga que é um “segredo”… não é, tá bem em evidência. Como todo jogo atualmente, Little Witch Nobeta tem contas oficiais nas redes (se você quiser provas do que estou falando), e não recomendo darem uma checada. Em resumo, é cheio de postagens não só sugestivas mas ativamente sexuais sobre o jogo… em que 90% dos personagens são sem sombra de dúvida crianças. E, é claro, a protagonista é o maior alvo de diversas artes e comentários nojentos sobre pedofilia. Ela tem aparência de ter uns sete anos, e como qualquer personagem como ela em um jogo, é óbvio que existe pornografia dela. Não é algo que gostamos de falar sobre, mas sabemos que é real. O problema é que os próprios desenvolvedores não só influenciam positivamente e compartilham a criação desse tipo de conteúdo, como fazem por si só.

Dentro do jogo, a forma mais óbvia de perceber é pelo design da roupa de praia que a Nobeta pode obter. Também tem uma cena em que uma mulher adulta beija ela. Mas depois de saber que a intenção dos criadores ao fazer esse jogo de fato foi atingir uma fanbase baseada majoritariamente em pedófilos lolicons, não tem como dizer que o design fofo de uma criança no jogo é feito na inocência.

Esse é um caso que não há como separar a arte do artista, porque a motivação do artista refletia seus ideais. Nobeta é uma criança não por uma decisão artística, mas porque excitaria a fanbase no qual eles estão mirando. Não tem como não se sentir desconfortável com o jogo sabendo disso. Não dá pra ignorar essa parte e focar nas coisas boas, porque tudo é manchado por essa aura nojenta em volta da experiência.

Esse tipo de coisa é revoltantemente comum em um certo subgênero de obras japonesas porque simplesmente não recebem nenhuma consequência por isso. É difícil ver o que tem de bom em uma obra assim, não dá pra separar a arte do artista de nenhuma forma, quando a parte podre do criador está inserida na obra.

O mangaká que criou Samurai X (ou Rurouni Kenshin) é um pedófilo condenado e não recebeu a devida pena por isso. Mas, embora ele seja nojento, foi uma parte não podre dele que fez o mangá, já que esses pensamentos não são refletidos diretamente na obra. A maioria das pessoas não se sentiria confortável em saber que o mangá que estão lendo foi feito por um pedófilo, mas nesse caso, a obra em si não foi afetada ou criada com isso em mente (mesmo que o maldito do criador ainda receba royalties, então é bom exercer cautela antes de, por exemplo, dar suporte ao novo anime que a franquia irá receber). É diferente de Nobeta.

Um dos meus animes favoritos já foi Kobayashi-san Chi no Maid Dragon… ou só Maid Dragon. E, de fato, tem muitos personagens bons e relacionamentos lindos entre alguns deles, além de cenas familiares muito confortáveis. Mas a parte suja do criador está na obra em todo lugar. A relação entre a Lucoa e Shouta, as diversas cenas sugestivas com personagens com aparência ou idade de crianças… chega à um ponto que você não consegue ignorar isso para focar no que tem de bom. Só não dá.

Isso nos leva às partes positivas do jogo… vamos falar sobre isso mesmo que brevemente em respeito ao esforço na criação de um jogo inteiro. A arte de Nobeta é simples e bonita, com músicas atmosféricas e boa ambientação. Gameplay é um meio a meio pra mim. Por um lado, as mecânicas são excelentes, mas por outro… é um soulslike. A maneira como os inimigos agem, os números de danos absurdos, o terreno que você é forçado a lutar em, a movimentação limitada do protagonista e a perda de 10 a 30 minutos de progresso no menor erro fazem Souls um gênero completamente insuportável pra mim.

É interessante que muitas dessas coisas também acontecem em outros jogos que eu gosto, mas é a maneira que Souls faz que acaba sendo irritante nesse caso. Eu não consigo me divertir com Souls de nenhuma forma, e tento muito porque parecem jogos interessantes. Isso aconteceu com Nobeta também e eu queria que esse fosse o maior problema do jogo.

Não tem muito a dizer nesse texto justamente pelo que ele trata, mas eu vou explicar mais a fundo as mecânicas por uns momentos. O ataque principal da bruxa é um tiro com seu cajado. Existem quatro elementos diferentes de tiros, e cada um funciona diferente na prática além do seu elemento. Você pode acertar inimigos nos seus pontos fracos para causar mais dano, por isso, o jogo deixa você mirar com precisão. A questão é que esses tiros mágicos gastam MP, e para regenerar MP você utiliza seu ataque secundário, um ataque físico básico com o cajado. Cada hit recupera muito MP de uma vez, mas você obviamente precisa chegar perto e dar ataques que não inferem muito dano aos seus oponentes.

Além desses dois ataques principais, Nobeta também pode conjurar Spells após carregá-las com palavras mágicas. Para isso, você entra em um stance em que uma barra começa a subir abaixo do ícone do seu elemento. Você pode fazer tudo enquanto carrega (exceto atirar) incluindo seu ataque físico, que auxilia e muito o carregamento da spell. As spells são sua maneira mais forte de causar dano a qualquer oponente e necessárias nas lutas contra chefes do jogo, que são notoriamente difíceis como de costume para o gênero. Desvios perfeitos e parries também enchem essa barra de carregamento em quantias absurdas, fazendo o combate ser bastante agressivo e ativo, já que suas reações aos ataques do oponente auxiliam o seu próprio golpe de contra-ataque.

No jogo você também vai explorar áreas medianamente grandes, coletar itens e encontrar novas habilidades, como um Double Jump ou o próprio Parry. E é meio que isso. É um jogo bem curto que parece que vai receber mais conteúdo embora eu… ache que não vou jogar mais não.

O jogo é 50 reais na Steam. Vale a pena? Não, não porque o gameplay é ruim, mas porque você estaria dando 50 reais aos desenvolvedores pedófilos do jogo e financiando esse tipo de coisa. E… parece que uma parte considerável da fanbase de Nobeta é exatamente como os desenvolvedores. Talvez a parcela de pessoas que não sabe sobre esse “segredo” engane você (como visto pela popularidade que ele atingiu fora do público alvo de lolicons) mas tem análises que “nojento” seria um eufemismo para descrever. Tem muita pouca leitura no mundo pior do que o que você vai ver ali. Eu não recomendo o jogo, não recomendo que pesquisem sobre ele, e não quero olhar pra ele por um bom tempo. Boa noite.

Uma cópia gratuita de Little Witch Nobeta para Nintendo Switch foi concedida pelo time do jogo para análise no Recanto do Dragão.