Quando anunciaram Alien: Rogue Incursion Part One, um jogo VR de Alien onde você teria acesso ao Pulse Rifle, enfrentaria vários aliens, e ainda parecia pegar algumas mecânicas de Alien Isolation, eu fiquei bem empolgado. Mas uma parte de mim ficou bem triste por ser exclusivo de VR e eu não conseguir aguentar jogos assim por muito tempo. Até que finalmente anunciaram um port completo (ainda da Parte Um) para plataformas tradicionais. Finalmente pude jogar com esta Evolved Edition, que lança 30 de setembro de 2025.

Em Alien: Rogue Incursion você controla a ex-Colonial Marine Zula Hendricks, que recebe uma chamada para investigar um local. Como é de se esperar, ele está infestado de Aliens. Sua nave sofreu alguns danos, então não vai ser simples sair do planeta, e ela ainda tem uma missão para cumprir.

Na parte gráfica, o jogo é bonito! Ele utiliza do fotorrealismo para criar um ambiente crível com toda tecnologia arcaica futurista presente nos filmes de Alien, não destoando dos filmes. Não tem muito o que dizer já que é só bonito. Meu problema começou nas animações; como esse é um port de um jogo originalmente feito para VR, eles tiveram que fazer várias animações para a Hendricks, que são boas. Só algumas acabam parecendo um pouco arcade demais, como a que você pressiona o botão de interação e a mão dela mão alcança o ar para abaixar um interruptor. As dos Aliens não curti muito. Eles são muito travados e não reagem bem quando atiramos neles… é triste ver isso porque normalmente essa é a parte que até os piores jogos de Alien acertam. Talvez seja uma tradução do VR, já que estamos mais imersos lá, mas fora desse contexto fez falta.
E pior é o som. Os sons ambientes são ok, não o suficiente para que crie uma atmosfera hostil ou aterrorizante, e os sons dos Aliens em si são os emblemáticos dos filmes. O que me quebrou foi o som das armas, que são muito abafados, e tem um tempo que não escuto um Pulse Rifle tão ruim assim. Unir isso com a animação capenga dos Aliens reagindo às suas balas faz do combate bem fraco.
A jogabilidade em si parecia promissora, nós temos muitas interações com o ambiente, e precisamos de cartões de acesso e até o Pulse Rifle para conseguir entrar em alguns locais (destruindo vidros de emergência para abrir algum local); e fique anotado, o Pulse Rifle é a única arma que faz isso, a Shotgun e a Pistola não conseguem quebrar o vidro. Isso não me incomodou por criar um senso de dependência do Pulse Rifle para progredir. Mas o que é desmotivador é a exploração em si. Achei que iríamos e voltaríamos para locais assim que conseguíssemos esses itens — fazendo uma espécie de metroidvania em uma colônia tomada por Aliens — apesar de ser verdade, não existe razão para fazer isso, você sempre vai estar lotado de itens que encontra no caminho. Se voltar para explorar só vai abrir um local para não conseguir pegar mais itens porque seu inventário está cheio… não seria um problema se o combate fosse mais forte.

Os Aliens não são agressivos o suficiente. Eles ficam parados muito tempo, e toda a parte de apresentação que disse antes não deixa o combate engajante. O pior é que enfrentamos só os drones e facehuggers, mas os facehuggers aparecem muito mais para frente nesse jogo que só tem entre quatro e seis horas. Então menos um motivo para explorar, como sabe que só vai ter que enfrentar mais alguns Aliens. Quando conseguimos a shotgun fica um pouco melhor, mas eles caem muito fácil. Imagino que no VR da uma tensão maior, mas fora isso não funciona quando adaptado de forma tão direta. Isso vale pra exploração também. Imagino que no VR é menos tedioso ficar abrindo oito armários um atrás do outro.
Existiram três momentos em Alien: Rogue Incursion que achei interessantes. Em um deles, você deve defender sua posição até o fim, que é desesperador e trás os sentimentos dos Aliens serem uma ameaça; este momento acaba com Hendricks sendo capturada e ter que matar facehuggers antes que pulem enquanto suas mãos ficam presas. Apesar de parecer melhor no VR, funcionou aqui. A parte onde temos todo nosso arsenal contra um grupo enorme de Aliens também é ótima, ao menos antes de cair na mesmice.

Alien: Rogue Incursion conta com alguns itens como a blowtorch para abrir portas trancadas — que, de novo, fica repetitivo muito rápido e imagino que é 10x mais divertido de fazer no VR — e temos nosso tracker que só usei nos primeiros minutos, já que os Aliens sempre pulavam na minha frente e ficavam parados. Ou seja, não existe tensão criada quando eles vem aparecendo, que também é mais inconstante do que devia. Inclusive a primeira aparição de um Alien é em uma cinematic, onde ele só para no alto de uma estrutura e grita. É bem anti-climático mas representa muito bem como o jogo trata seu terror.
Eles tentam criar tensão utilizando terminais, onde o jogo não pausa e tem toda uma animação para entrar e sair, tal qual Alien Isolation faz muito bem com suas interações; mas aqui você não morre com um hit do alien, e a animação te arranca automaticamente assim que toma dano. Então, de novo: oportunidade perdida.
Por fim, para complementar a falta de certas interações, temos inúmeros QTEs que são só chatinhos mesmo.

Na parte narrativa tem umas ideias boas, como o trauma de perder o irmão de Hendricks, uma amizade entre Hendricks e seu robô de estimação, e outras setpieces que brincam com ideias do universo de Alien. Porém, eles acabam sendo pontos narrativos mal explorados onde não sentimos a pressão do que está acontecendo. Tudo isso para finalizarmos em uma luta final contra chefe que cria um certo desespero inicialmente, dado o momento, já que Hendricks está completamente exposta. Mas o jogo simplesmente acaba. Veremos o fim apenas na Parte Dois, que realmente não estou muito empolgado.

Se melhorarem a jogabilidade com mais variedade de inimigos, e saberem trazer não só animações, mas uma jogabilidade que comporta melhor a maneira tradicional de um FPS com exploração, eles terão um jogo magnífico de Alien. Mas, por enquanto, nós temos apenas um jogo onde pouca coisa acontece e falta carisma dos personagens. Entendo que Hendricks é a única personagem humana da história, mas é triste ver que um dos robôs é o que ganha mais personalidade que a maioria, e tudo porque puxa de certos clichês de robôs que se importam com seres humanos.
A tradução do VR para a tela plana ficou bem fraca. Alien: Rogue Incursion parece um jogo infinitamente melhor e mais tenso de jogar no VR, então ele trás aquela discussão: vale mesmo mudar o design original que foi pensado para aquela plataforma se quase nenhum esforço vai ser colocado na adaptação?
Uma cópia de Alien: Rogue Incursion Evolved Edition para PC foi concedida pela Survios para análise no Recanto do Dragão.