Respondendo diretamente à pergunta no título da matéria – sim, ao meu ver Maneater foi uma tremenda decepção. Porém, se você se esforçar, ele até pode ser “divertidinho”.
Dentre os motivos que vou destacar nesse texto, já posso dizer que o jogo de tubarões é extremamente repetitivo e possui uma história muito sem sal, que tenta misturar um filme do Adam Sandler com um documentário da Discovery Channel.
O Bear Grylls que deu (bastante) errado
Sabe aqueles “mini-shows” dignos de Oscar que aparecem no Discovery Channel? Pois é exatamente assim que a história do Maneater se apresenta.
Explicando bem por cima – Um programa de TV que cobre o dia a dia de um pescador de peixes grandes acaba gravando uma cena bizarra: ao matar uma “mãe tubarão”, o pescador tem sua mão comida pelo filhote (você) que estava na barriga do cadáver.
Desse ponto em diante começa uma busca por vingança infinita do pescador enquanto você corre atrás de peixes pequenos e qualquer outra coisa que seja mastigável.
E é aí que o jogo erra.
Todos os arcos terminam da exata mesma maneira, mostrando a evolução de seu tubarão após ganhar uma briga com o cara que matou sua mãe, e assim segue até o final do jogo (que tem cerca de 7 a 10 horas, algo que depende do seu grau de loucura pra ficar nadando atrás de peixes pequenos sem parar).
A história é bem rasa (note a piadinha com a profundidade do mar), mas talvez esse nem seja o ponto que a empresa queria focar com Maneater, pois…
O foco é a diversão (ou não)
Como já citado, a história não é o foco do jogo, então, tratando-se de um RPG, o que sobra é a diversão que o resto proporciona.
E podemos dizer que ela está presente dentro do jogo, mas apenas nas primeiras horas. Lá pra metade, a repetição desanima demais.
É muito gostoso sair pelos mares destroçando jacarés, peixes, tubarões e orcas, e ainda assim ver seu tubarão crescendo cada vez mais e ganhando habilidades surreais, mas depois você percebe que é só isso, nada além de comer e crescer, e pronto, o que era gostoso vira um mini pesadelo à la ‘Tubarão’ de Steven Spielberg.
A evolução esquisita, mas legal
Sim, por incrível que pareça, temos aqui um ponto positivo dentro de Maneater.
A mecânica de evoluções do jogo não é ruim. Longe disso, dá até pra considerar que é o melhor ponto dentre todos que você presencia dentro das 10 horas de jogo. Se baseando em, como já disse, comer e crescer, o sistema de progressão de pontos é bem desenvolvido.
Para evoluir você precisa ter em mente que tipo de habilidade você quer ter: se quer ter um tubarão ala Shazam, coma peixes elétricos, ou se quiser ter um Jason Vorhees marítimo, basta comer peixes carnívoros, e assim por diante.
É bem legal ver as transformações gráficas do seu enorme peixe. Escudos de ferro, corpo de ossos, narinas que dão choque e super velocidade são alguns do vários upgrades que você pode fazer.
Faltou dificuldade
Se você for um jogador que, assim como eu, gosta de sair pelo mapa explorando e evoluindo seu personagem, Maneater vai se tornar extremamente fácil com o passar do tempo.
Talvez esse ponto seja até proposital, colocando-o como um jogo destinado ao público pré-adolescente, fase na qual só queremos descontar a raiva que temos, e nisso Maneater é bom.
Mas ainda assim, estamos falando de um RPG de tubarão, ou seja, há diversas possibilidades de incrementar dificuldades na gameplay, mas elas são deixadas de lado infelizmente.
E o que tem de bom em Maneater?
Nem tudo no Maneater é ruim, porque além do sistema de evolução dar o mínimo do que esperamos de um RPG, os colecionáveis do jogo são bem interessantes.
Ao todo, temos três tipos de itens para colecionar – locais, baús e placas decorativas.
Todos são bem espalhados por todos os locais do mapa (que é dividido em 8 cidades) e proporcionam graus diferentes de desafios.
Os detalhes visuais do jogo também precisam ser considerados, já que ele conta com ótimas cenas de remoção de nadadeiras e destroçamento de peixes.
Além disso, Maneater possui belos cenários, com efeitos brilhosos muito bonitos em baixo d’água e paisagens impressionantes.
Maneater pode ser ruim, mas não é “injogável”
Tenho que confessar que mesmo sendo repetitivo, raso, e muitas vezes chato, Maneater pode até atrair alguns jogadores.
Apresentando uma variedade de diversão silenciosa, onde sua única certeza é que você vai extravasar sua raiva estraçalhando outros peixes, Maneater traz a certeza de uma curta diversão para quem não busca algo com narrativa para passar o tempo.
Vale lembrar que o jogo está disponível gratuitamente para os assinantes do Xbox Game Pass.