Monster Jam Steel Titans 2 é o mais novo jogo de corrida da Rainbow Studios, lançado no início de março e sendo publicado pela THQ Nordic. O jogo de corrida conta com 5 mundos abertos, incluindo variações da clássica arena interna de competições de Monster Truck moldadas com terra e pó de cal.
Sobre a Monster Jam
Pra quem também caiu de paraquedas nesse mundo, a Monster Jam é um tour de eventos de caminhões-monstro, sediada na Flórida, Estados Unidos. Nela, inúmeras competições com caminhões gigantes de rodas comicamente grandiosas se enfrentam em corridas, performances em duas rodas, freestyle e outros tipos de torneios.
Uma das razões do porque a Monster Jam ficou extremamente popular foi pelo estilo visual único de seus carros: Grave Digger, El Toro Loco, Megalodon, Monster Mutt Dalmatian, Zombie e vários outros designs únicos e marcantes. Saca só o Grave Digger em ação nesse vídeo:
Direção de Arte
Saltando pro ponto mais forte do jogo, a Direção de Arte é impressionante. Os gráficos mantêm um bom equilíbrio entre o realismo e o cartunesco, e os estilos quase-que-de-brinquedo dos caminhões monstro encaixam perfeitamente num videogame de corrida como esse.
Dentro do jogo temos cerca de 38 veículos, o que dá mais ou menos metade de todos os participantes da competição real (confira a lista de caminhões aqui).
Dito isso, os gráficos conseguem manter uma quantidade agradável de atenção aos detalhes, sem contar nos rastros de rodas que são deixados em todo canto que você passar, que tá uma pitada de atenção extra ao jogador.
Em contrapartida, nós temos os menus… se tem uma (e não é a única) coisa que esse jogo e seu antecessor falharam em entregar, é uma interface bonita e intuitiva.
Monster Jam Steel Titans 2 tem interfaces extremamente poluídas, recheadas de conteúdo e texto em excesso e uma navegação nem um pouco confortável de se realizar, sofrendo desde os tutoriais até a seleção de desafios e corridas.
Jogabilidade
Aqui vem, infelizmente, o ponto negativo mais forte do jogo: a física dos carros é péssima. Um problema que se repete da exata mesma forma no jogo anterior, os caminhões monstro são praticamente feitos de algodão, saltitando e flutuando constantemente.
É compreensível eles saltarem tanto durante a gameplay, visto que as rodas gigantescas trazem uma tração completamente diferenciada (sem contar nas suspensões pesadíssimas), mas mesmo sendo diferente de carros comuns o jogo exagera demais nessa “flutuabilidade” dos caminhões monstro em manobras quando comparamos com a vida real.
A dirigibilidade, mesmo tento características variadas entre cada caminhão, costuma ser escorregadia demais no geral. Com isso, a maioria dos caminhões parecem ser leves demais, não tendo uma tração minimamente realista e tombando a cada curva que você tenta fazer, enquanto outros são extremamente pesados e arrastados e são estranhos de realizar performances: não há um equilíbrio balanceado, e muito menos um sistema de customização de peças nos carros para resolver isso.
Vale apontar que a direção das rodas dianteiras e traseiras podem ser controladas separadamente, permitindo ao jogador tentar truques mais complexos e divertidos (se você for capaz de reproduzi-los).
Por sorte, um botão pode também reposicionar seu caminhão de pé, mas mesmo assim esse é um problema que inviabiliza a jogatina em alta velocidade e que nem sequer perdoa os caminhões dirigidos por IA, que também podem ser vistos tombando por aí nas competições.
O jogo parece sofrer desse problema por uma questão de direção (de jogo): de acordo com análises da Steam, ambos sofrem de problemas na física mesmo após “atualizações de melhorias” pois os desenvolvedores não sabem se o transformam em um “jogo de corrida arcade” ou em um simulador mais sério e realista.
Por fim, além dos 38 veículos (muitos sendo variantes de cores de caminhões), o jogador tem acesso a 12 estádios e 5 mundos abertos disponíveis, que são todos gradualmente desbloqueados ao longo do progresso do jogador na campanha.
Os mundos são basicamente grandes arenas com temáticas diferentes, que vão de campos verdejantes até florestas mal-assombradas com abóboras e árvores mortas.
Infelizmente, a dita “campanha” do jogo não passa de uma lista de desafios extremamente simplistas que são reciclados múltiplas vezes, não oferecendo um desafio interessante e sendo agravados com a jogabilidade pouco polida que foi citada acima.
Trilha Sonora
Para encerrar, é legal apontar que a curadoria do jogo fez um trabalho bom em escolher músicas divertidas que se arrastam entre rock mais animado e algumas músicas eletrônicas no meio, perfeitas pra todo e qualquer jogo de corrida.
Sim, eu também quero implicar que a trilha sonora do jogo, enquanto bem curada, também é extremamente genérica e não transmite nada além da sensação de ser mais um jogo de corrida que existe por aí. Pelo menos ele nos rende algumas trilhas para adicionar nas playlists do Spotify.
Conclusão
Monster Jam Steel Titans 2 não é necessariamente péssimo, e é uma experiência bonita e memorável para quem sempre quis controlar os icônicos e singulares caminhões em um videogame. Mesmo assim, não dá pra dizer que a jogabilidade inconsistente e a péssima física justifiquem o atual preço de R$ 80 (Steam).
Talvez em atualizações futuras, o jogo possa ficar um pouco mais consistente e divertido, mas ainda temos o problema das interfaces feias e dos mapas e desafios notavelmente repetitivos e pouco divertidos de se jogar (não possuindo feedback prazeroso o suficiente ao jogador, numa perspectiva de Game Design).
O jogo possui problemas nas três áreas principais: Jogabilidade, Direção de Arte e Trilha Sonora, e tudo porque ele não sabe o que quer ser: uma propaganda para a Monster Jam? Um simulador de corrida de monster truck? Ou um simples jogo arcade de corrida tematizado e patrocinado pela Monster Jam? O jogo tem medo de abraçar qualquer uma das vertentes, e termina simplesmente sendo genérico e mal polido.
Esse jogo foi concedido gratuitamente para análise na plataforma da Steam (PC).