Psychonauts 2: Uma viagem alucinógena no mundo dos games – Análise

Psychonauts 2

Lançado em agosto deste ano, Psychonauts 2 surpreende muito mostrando o que deve ser considerado um dos melhores jogos do gênero de plataformas. Além dos visuais únicos, da história mirabolante e extremamente profunda, o jogo tem tudo que precisa para conquistar tanto jogadores veteranos quanto os mais novos.

Acho importante destacar que se você chegou aqui se perguntando se precisa jogar o primeiro Psychonauts para entender tudo que está ocorrendo no jogo, fique tranquilo, pois ele é bem autoexplicativo.

Os personagens, a história, o mundo onde se passa e todas as outras coisas vão ficando bem claras ao longo da jogatina. Mas caso você ainda tenha receio, preparei abaixo um “mini guia” contando qual é a base do jogo para você não ficar muito perdido.

Qual a história de Psychonauts?

Se passando em um mundo bem diferente do nosso (principalmente quando se trata de aparências), Psychonauts 2 conta a história de Raz, um jovem rapaz que possui poderes telecinéticos e acaba entrando em um grupo chamado “Psiconautas”.

Psychonauts 2
Em primeiro plano, nosso protagonista Raz, e logo atrás um dos personagens mais importantes da história dos Psiconautas, Ford Cruller. Reprodução/Gustavo Gama

Os psiconautas são pessoas que, assim como Raz, possuem habilidades extra-humanas. O trabalho deles é entrar na cabeça das pessoas para resolverem problemas, lidarem com medos e tudo que vier à sua cabeça quando alguém te pergunta a função de um psiquiatra (só que 300x mais eficiente).

Como nem tudo é tão simples quanto parece, o que era pra ser apenas uma missão de resgate dos psiconautas acaba escancarando um antigo inimigo do grupo, a Malígola, uma mulher misteriosa que atormenta o grupo desde seu inicio.

A profundidade de cada personagem

Durante a história são apresentados muitos personagens importantes para o mundo. Além de vários membros dos psiconautas, você também conhece a família de Raz, alguns estagiários e até mesmo personagens que só existem dentro da cabeça das pessoas.

E isso é um fator que quero enfatizar aqui, a ideia de entrar na cabeça da pessoa e conhecer seus medos e inseguranças faz de Psychonauts único, com uma profundidade narrativa enorme.

Psychonauts 2
Uma das fases se passa dentro da cabeça de um dentista… só de olhar a imagem não preciso enfatizar que você verá muitos dentes nela. Reprodução/Gustavo Gama

O sentimento que o jogo passa é de que cada personagem tem o seu próprio passado, com erros, acertos e confusões que acabaram ficando pendentes com o tempo e se tornaram problemas mentais.

Se for parar para analisar friamente o jogo, você vai acabar percebendo que ele até pode se encaixar na categorias “para crianças”, porém, toca em assuntos tão sombrios que apenas adultos vão conseguir “visualizar o 100%” de Psychonauts 2.

As habilidades telecinéticas

Como já disse, nosso carismático protagonista Raz é o estagiário dos psiconautas, isso porque ele possui o que o jogo chama de “habilidades telecinéticas”. Esses “poderes mentais” vão além de poder entrar na cabeça das pessoas e podem se tornar de fato poderosos com o tempo.

+LEIA TAMBÉM: ANDANDO PELO APOCALIPSE – A NAVEGAÇÃO DE FALLOUT: NEW VEGAS

Suas habilidades vão variar de socos imaginários, levitações, tiros mentais até criar conexões mentais nas cabeças das pessoas, solucionar medos e controlar crises de pânico.

Psychonauts 2
Todas suas habilidades vão servir tanto para o combate quanto para exploração e solução de desafios no cenário. Reprodução/Gustavo Gama

Inclusive, as habilidades contam com um sistema de evolução bem produzido onde, por meio de uma loja dentro do jogo, você tem acesso a melhorias de cada atributo (como seu soco dar mais dano ou trocar uma habilidade de congelar o tempo por outra de aumentar a velocidade de algo), customização de personagem e até ter acesso à uma dancinha carismática do nosso querido protagonista.

O real inimigo de Psychonauts 2

Este é um dos melhores pontos do jogo, os inimigos. Até eles possuem profundidade e uma metáfora gigantesca por trás de cada um. Isso porque quando entramos no cérebro de alguém, temos que derrotar inimigos como o Remorso – um pássaro esquisito que larga um peso em cima sua cabeça, ou a Dúvida – uma gosma roxa que te deixa lento e acaba atrasando toda sua jornada.

Inimigos Psychonauts
Por incrível que pareça, o inimigo Mau Humor é bem fácil de derrotar, ao contrário da vida real. Reprodução/Gustavo Gama

Esse fator é genial e fiquei feliz que eles continuaram com a mesma sacada já que no primeiro jogo esse era um dos pontos que fez com que quem jogasse acabasse amando o jogo.

Mas vale dizer que esses inimigos que você vai derrotar não são os seus verdadeiros desafios dentro do jogo, mas sim as mecânicas únicas de cada estágio.

Psychonauts 2
Os chefões do jogo não são tão difíceis, mas exigem um certo nível de habilidade. Reprodução/ Gustavo Gama

A diversidade de fases e cenários

O principal foco dos psiconautas é entrar dentro da cabeça de uma pessoa e resolver problemas internos, então imagine o quão único seria isso na vida real? Cada cabeça contendo suas histórias únicas, em um mundo único e com pensamentos e desejos únicos. Pois é, isso se desenrola em Psychonauts 2 de forma muito natural.

feliz
Uma das fases mais diferentes do jogo, na qual seu desafio é explorar um oceano mental para achar sementes. Reprodução/ Gustavo Gama

Cada cenário é único, com mecânicas únicas que variam de acordo com o desenvolver da história do personagem (que você está dentro da cabeça, no caso) e com desafios que garantem a individualidade técnica de cada fase.

Enquanto no começo do jogo você tem a missão de entrar na cabeça de uma ex-enfermeira e fazer ela mudar de opinião sobre um assunto dentro de um hospital fantasioso (você vai ter que jogar para saber do que estou falando), em outro momento você vai entrar na cabeça de um recepcionista de um boliche e sair andando em cima de uma bola numa cidade feita com base em uma pista.

Psychonauts
O jogo consegue equilibrar de forma perfeita cenários bonitos com cenas intrigantes. Reprodução/ Gustavo Gama

Além de cada cabeça conter cenários únicos, inimigos únicos e mecânicas únicas, a forma de você passar por ela vai mudar muito, e esse sim é o desafio. Esqueça chefões mirabolantes e altamente desafiadores (isso você realmente não vai encontrar em abundância), no jogo seu real inimigo serão os cenários e as plataformas que estão em constante evolução no objetivo de fazer você cair no limbo e ter que recomeçar de algum checkpoint.

É um dos melhores jogos do gênero plataforma?

Se for responder essa pergunta – SIM. Mas temos que parar para analisar alguns detalhes que podem desagradar certos jogadores e até afastar outros, fazendo com que eles nem cheguem perto por puro “pré-conceito”.

O gráfico

Esse ponto afetou até a mim antes de jogar. Isso porque quando nos deparamos com Psychonauts, a primeira impressão que fica é que o jogo é psicodélico e esquisito, escuro e parece ter sido criado durante uma trip de LSD, mas isso não é real.

bonito
Uma das fases mais “coloridas”, na qual seu objetivo é salvar um show de uma banda Hippie. Nem preciso dizer que há varias insinuações ao uso de drogas nesse tipo de show durante a fase. Reprodução/ Gustavo Gama

Concordo que a parte visual do jogo é diferente e única, isso porque além da modelagem dos personagens, os cenários são bem diferentes do que estamos habituados. Mas o que de fato tinha me afetado antes de jogar era a iluminação do jogo.

Desde gameplays do primeiro jogo até momentos do trailer do segundo, era possível notar cenários muito escuros e uma iluminação que parecia ser ruim, feia e monótona, mas posso te assegurar que isso só acontece em poucos estágios e de forma totalmente intencional.

Psychonauts 2
São poucos os cenários escuros no jogo, mas eles estão presentes. Reprodução/Gustavo Gama

Eu citei anteriormente o “uso de LSD” porque durante o trailer ficava bastante evidenciado que em alguns momentos o jogo era MUITO colorido, lembrando até aqueles momentos de filmes quando algum personagem consumia drogas e entrava numa viagem psicodélica extrema. Mas, ao contrário do que eu esperava, isso acontece com bastante raridade durante a gameplay.

O foco na narrativa

Mesmo sendo um jogo que possui desafios e inimigos para se combater, Psychonauts 2 tem um grande foco na sua narrativa, que como eu já disse apresenta uma grande profundidade e detalhes imensos que fazem dele um jogo com uma grande narrativa.

Esse ponto acaba levando ele a ter grandes cutscenes, missões secundárias relevantes, personagens com passados e tudo que deixam ele com uma abundância de conteúdo. Isso pode afastar um pouco os jogadores que realmente não se importam com a história, de certa forma.

meu deus o que está acontecendo
Até em certos momentos da gameplay o Psychonauts se parece com o exclusivo da Sony. Reprodução/Gustavo Gama

Parece ser bobinho, mas não é

Se analisarmos o trailer, a impressão que fica é que Psychonauts 2 é quase uma cópia de Ratchet & Clank, dando a sentimento que é um jogo destinado mais para o público infanto-juvenil, assim como o exclusivo da Sony é.

Porém, como citado anteriormente, Psychonauts trata de temas adultos como depressão e ansiedade, além de conter uma parte gráfica que beira a esquisitice. Por elementos como esse (que eu não posso me aprofundar), definitivamente Psychonauts 2 não é exatamente um jogo para crianças.

Psychonauts 2 vai te agradar, tenho certeza!

Não costumo quebrar a quarta parede nos meus textos, mas aqui vai uma exceção. Eu sei que os gráficos, a ambientação e até a confusa (porém inigualável) história de Psychonauts podem deixar uma primeira impressão meio estranha. Mas confie em mim e jogue, tenho certeza que você não vai se arrepender.

Lembrando que se você tiver Game Pass suas desculpas vão por água abaixo, já que o jogo está disponível no serviço de assinatura da Xbox. Então vá jogar Psychonauts 2 e me agradeça depois!

Muito bom
4.6