O Recanto do Dragão esteve presente na Brasil Comic Con (BCC) 2014. A BCC desse ano esteve repleta de atrações como por exemplo vários artistas convidados, onde se destacam Takumi Tsutsui (Ninja Jiraiya), Paul Zaloom (Beakman) e Silvester McCoy (Doctor Who), no entanto o maior diferencial com relação a outros eventos do gênero foi a quantidade de cartunistas presentes. O “beco dos artistas” na BCC foi um prato cheio para quem procura algo novo para ler, nele foram expostos ótimos trabalhos (quadrinhos e desenhos) que já estão publicados e alguns que por enquanto só existem na internet. Foi notável a diferença entre os gêneros escolhidos pelos artistas, tanto em tipo de historia quanto em estilo de desenho. Foi possível sentir a dificuldade que os artistas tinham em publicar suas obras, pensando nisso o Recanto do Dragão fez rapidamente 3 entrevistas relacionadas à editoras. Confira as entrevistas à seguir:
Klebs de Moura Junior, 47 anos
Poderia nos falar um pouco sobre o “instituto dos quadrinhos”, o qual você é sócio-proprietário e idealizador?
O “instituto dos quadrinhos” é uma editora/escola de quadrinhos no Brasil com o objetivo de criar uma indústria sólida de quadrinhos no Brasil. Atualmente estamos desenvolvendo alguns trabalhos, poderia citar como exemplo o projeto “Pátria Armada”, que é de minha autoria e “O Caminho Steranho”.
Qual a história de “Pátria Armada”?
É uma história que conta o que aconteceria se o golpe de 64 tivesse dado certo e nessa história conhecemos a Cristina que é uma jovem que se vê obrigada a lutar na guerra.
Não só nesse evento mas como em todo o país temos vários aspirantes a cartunistas, que conselhos você daria para esses jovens fazerem sucesso no ramo?
3 coisas são fundamentais:
- Fazer quadrinhos que tenham a mesma qualidade em todos os aspectos que os dos exterior;
- O roteiro e os personagens devem criar uma identificação com o leitor brasileiro;
- O autor tem que participar de todos os processos (criação, divulgação, impressão, distribuição e outros).
Felipe Folgosi, 40 anos
Como está sendo possível desenvolver o seu projeto “Aurora”?
Eu tinha um roteiro que criei para o cinema americano e como sou fã de quadrinhos acabei resolvendo adaptar. Entrei em contato com o Klebs para criar essa adaptação.
Sobre o que é “Aurora”?
“Aurora” é um thriller de ficção onde o personagem está em um barco e presencia um fenômeno astronômico, ele sofre uma mutação que é a evolução da raça humana. Posteriormente o personagem passa a ser perseguido pela CIA e por algumas sociedades secretas. É uma história fechada com só uma edição. Ela se passa nos Estados Unidos porque quando criei o roteiro tinha criado pensando no cinema americano.
Como surgiu a inspiração?
Eu tenho vários sinais espalhados pelo corpo e um dia comecei a imaginar como seria legal se esses sinais tivessem um sentido maior, fiquei intrigado e comecei a escrever um roteiro sobre o assunto.
Você pretende desenvolver mais projetos?
Sim, tenho três roteiros de longa-metragem para cinema e como os roteiros de quadrinhos e de cinema se comunicam bem, pretendo fazer essa transição.
Thiago Spyked (Thiago Takahashi), 29 anos
O que é a “Editora Crás”? Como faço para publicar meus quadrinhos por vocês?
Somos um grupo, não estamos contratando pois ainda não temos estrutura, na verdade somos autores independentes e abrimos a empresa com a necessidade de fazer crescer nossos projetos.
O que você acha do mercado de quadrinhos no Brasil?
O mercado de quadrinhos no Brasil é dominado pelos estrangeiros, é bobagem dizer que não existem bons cartunistas no Brasil, hoje temos ainda aquele preconceito na área artística e cultural em geral de que “o que vem de fora é melhor”, mas isso não é verdade. Acredito que trabalhos como a Catarse venham a melhorar a indústria nacional dos quadrinhos, o que seria muito bom! As pessoas veem bastante esportes e musica como opções sociais para afastar os jovens das drogas e da bandidagem, acredito que trabalhos sociais que incentivem as crianças a criar e ler quadrinhos também sejam uma ótima ideia para ajudar porque os quadrinhos também são cultura, estimulam a imaginação e o trabalho em equipe, cria o afeto pela leitura e ajuda na concentração.