No início do século 21, vândalos saem pelas ruas de Tokyo-to em suas rodas carregadas por baterias de Netrium, pintando a cidade com suas mensagens de revolta. A polícia começou o projeto Século 21 para derrubar os baderneiros conhecidos como “Rudies” com chumbo grosso e bomba atômica. Nossa história começa com os arruaceiros de Shibuya-cho, os “GGs”, que se envolvem nos desesperados confrontos com outras gangues, a polícia e o misterioso grupo Rokkaku que controla o governo. Bem-vindos, bem-vindas e bem-vindes à mais nova revoltante, inspiradora, rebelde e icônica má influência do SEGA Dreamcast: JET SET RADIO!
CAPÍTULO 1 — O GATILHO DA REVOLUÇÃO
Os jovens precisam se expressar e gritarem para serem ouvidos, e o estado não é muito fã disso. Estamos embarcando no navio pirata rumo à liberdade. Eu sou Shizuê, a capitã da nossa expedição. Cuidado para não naufragar! JET SET RADIO!
Mas, para os leigos, o que é Jet Set Radio? Claro, é a rádio clandestina e avant-garde que estoura os stereos de Tóquio! Mas também é o nome de um jogo da Sega lançado em 2000, que deixou muitas mamães e papais P da vida por influenciarem suas crianças ao vandalismo. Mas não dá para parar a new wave, coroa, o futuro está aqui e o Dreamcast vai nos guiar.

Três gangues dominam Tokyo-to: os malucos futuristas de Benten-cho conhecidos como “Noise Tanks”, os furries vampirescos da “Poison Jam” que domina Kogane-cho, e os trombadinhas de Shibuya-cho que chamamos de GGs! O capitão Onishima não gosta de arte, e decidiu que os grafiteiros de Tóquio precisam ser combatidos com akimbo, fogo e míssil… ou os braceletes de ferro dos tiras!
O seu trabalho como membro dos GGs é muito simples: invada as ruas de Tóquio e cubra cada muro, carro ou letreiro com sua mensagem! E faça com estilo, por favor. Os rollerblades permitem grinds altamente perigosos, corridas impossíveis pelas paredes e alguns passos de dança no chão ou no ar! Cubra a cidade de vermelho sem dó utilizando movimentação rápida, tricks aéreos e liberdade criativa, ouvindo as batidas mais radicais desse lado da Ásia. Crianças, não tentem isso em casa, mas tentem nas ruas! Haha! JET SET RADIO!
CAPÍTULO 2 — A SUAVE ONDA DAS BATIDAS SUPERSÔNICAS
Somos o desastre ecológico do sistema, vigilantes noturnos do mal, a colisão entre o bom senso e a loucura! Abaixa o volume que mamãe quer dormir! JET SET RADIO!

Shibuya-cho é o lar de muitos sons, dos mais harmoniosos aos mais dissonantes. Os carros, passos, conversas; a crise existencial dos adolescentes presos em um jogo macabro, o vento batendo nas folhas das árvores… não te faz querer parar um pouco e apreciar a melodia? Nem ferrando! Os únicos ruídos que você vai escutar são as baterias, mics e profanidades vindas do rádio, abafando as sirenes da Keisatsu!
Jet Set Radio sequestra a atenção dos seus fãs pelo ESTILO! A rádio traz o melhor do funk pra galera nas ruas, composições graciosas dos nossos mestres de cerimônia: Hideki Naganuma, Richard Jacques e Toronto, bombeando seu coração com adrenalina! Tem batida pra todos os gostos! Deavid Soul, Cold e até o Rob Zombie na nossa playlist!

Ele tá doente ou o quê!?
Jet Set Radio foi uma dinamite cultural, você nunca ouviu um som como esse antes! E, se ouviu, foi obra da ensurdecedora influência que o jogo teve no cenário artístico. Em especial, as batidas do Naganuma possuíram as mentes de todas as gerações.
O Tio do Funk é um feiticeiro das notas. Hideki usa samples de voz underground como seus próprios instrumentos, transformando o abecedário em uma orquestra sinfônica. O acelerado BPM das suas trilhas faz qualquer coração explodir em adrenalina!

Aqui vão alguns exemplos selecionados: Let Mom Sleep! Sneakman! Sweet Soul Brother! Electric Toothbrush! E Grace and Gloooooryyyy!!! Apreciem com moderação, o risco de intoxicação é iminente!
Então, em resumo, a seleção musical de JSR é: criativa, variada, inovadora, viciante e, principalmente, radical! E para transmitir todo esse coração inserido nesse disco, precisamos de um visual chocante para acompanhar. O que é uma festa rave sem luzes piscando?

Cubram todos esses cartazes de mau gosto!
Jet Set Radio pode não ter sido o primeiro, mas foi um dos distribuidores da nova onda gráfica do momento conhecido como cel shading! Ou, algo que fosse perto disso. Enquanto muitos jogos dessa nova revolução 3D buscavam o realismo absurdista que logo seria ultrapassado pelos avanços tecnológicos, Jet Set Radio abraçou as fraquezas que seus contemporâneos rejeitaram e correu com elas!
Os modelos de JSR são quadrados, tem pouquíssimos polígonos e sem qualquer semblante de realismo. A galera de Shibuya-cho sequer parecem humanos! São uns robôzões que parecem feitos de papelão! E, sei lá como, são irados pra caramba!

A iniciativa da SEGA com esse jogo era constituída apenas de ESTILO e ATITUDE! Cores muito vivas, não para esconder suas imperfeições mas jogá-las na sua cara! Menos polígonos, nada de círculos, e você vai gostar! Buscando a estética de um desenho animado simples, Jet Set Radio correu com os limitados gráficos da época usando tudo que tinha à disposição sem medo de sair de moda. E a verdade é que nunca saiu!
As texturas e sombras cartunescas solidificam a experiência, e são bem mais agradáveis para os olhos do que você imaginaria. O estilo visual é tão vivo e carismático que até hoje videogames tentam replicar essa vibe indescritível!

E é claro que o graffiti tem grande parte nessa alternativa visual única do título, pois Jet Set Radio, assim como uma pixação, quer ser visto como é! Passar sua mensagem! E, apesar da sua apresentação simples no que se resume em mera ostentação gráfica, o magnum opus do Dreamcast se revela em cenários excessivamente detalhados, designs muito expressivos e animações vibrando em autenticidade. Não tem nada como Jet Set Radio que não tenha tido inspiração direta em Jet Set Radio!

Mas vou abrir o jogo com vocês: a música você pode escutar em plataformas de streaming. Os cenários dá pra notar em fotos ou mesmo vídeos. Claro que não é a mesma parada que vê-los dentro do jogo mas, sejamos francos, você não pega um controle na mão pra olhar letreiro de loja e ouvir som. Você quer mexer os dedos. Você quer ação. Você quer o grind. E eu tenho tudo que você precisa bem aqui…
CAPÍTULO 3 — LADEIRA ABAIXO NAS ESCADAS DO DESTINO
Mas antes, uma palavrinha dos nossos patrocinadores: “SEO Laranja, use mais sua palavra-chave em textos grandes ou cortamos o financiamento”? Quê!? Que financiamento!? Beleza, então aqui vai mais uma pros engravatados: JET SET RADIO!
Vocês devem estar morrendo de vontade de semear o caos nas ruas, mas antes de sair perturbando a paz, um bom Rudie precisa dominar o grind!

Em Jet Set Radio, seu objetivo é espalhar sua arte nas setas vermelhas espalhadas por cada área de Tokyo-to. Qualquer um pode pegar uma latinha e pintar um muro com algumas letras, mas o que separa você de um simples vândalo é que você tem estilo!
Os Rudies vandalizam letreiros, carros de polícia, telhado de mercado e até helicoptero! E, para realizar essas proezas, estão equipados com o mais novo modelo de Rollerblades carregados de baterias de Netrium. Se ver um corrimão, deslize sobre ele! Uma parede lisa? Corra nela! As ruas são o seu parquinho e o seu quadro não tem limites!


Mas é claro que os tiras não vão deixar sua arte se proliferar livremente. Conheçam o capitão Onishima! Vocês verão essa cara feia o tempo todo. Enquanto deslizam pelas ruas de Tokyo-to, precisam sempre desviar dos muitos agentes policiais preparados para te prender… ou te explodir em mil pedaços, o que vier primeiro.
Quanto mais spray cobrir as ruas, mais policiais estarão na sua cola. A barra nunca tá limpa e com cães de caça, helicópteros, tanques de guerra e gás lacrimogêneo, a tendência é sujar ainda mais!
Tocar o terror na cidade não é fácil, e para isso você tem a ajuda de um controle de Dreamcast equipado com uma grande variedade de botões e comandos dos quais você não irá utilizar! Em Jet Set Radio, você só precisa do A e dois shoulder buttons.

Vindo de Shibuya-cho, conheçam BEAT, o líder dos GGs e meu personagem favorito. Para controlar Beat, você pode usar os direcionais analógicos do seu controle. Segurando R, Beat realizará até cinco dashes para frente antes de voltar a uma patinação normal e perder velocidade. Quer manter sua corrida por mais tempo? Então aprenda a cancelar seus boosts!

Ao saltar, a velocidade do seu personagem será mantida e até mesmo multiplicada no ar. Assim que pousar, já pode correr de novo. Subir em rails também mantém seu momentum, e pode-se dizer o mesmo para deslizar nas paredes.
Essa é uma regra que você precisa decorar para se dar bem nas ruas. Se quiser manter velocidade, não pode usar as mesmas técnicas! Alterne entre correr, pular e usar do cenário nos momentos certos. Se conseguir, logo, logo estará voando pelos becos e ladeiras de Tóquio.

Vamos dar meia-volta e falar dos saltos novamente. Nessa época, uma nova onda de jogos de plataforma 3D dominavam o mercado, e todos queriam inovar da sua própria maneira. Apesar das suas inovações, havia um ídolo em comum entre estes jogos que os guiava pelo não tão complexo design de um platformer. Esse era Super Mario 64 e, para Jet Set Radio, podemos fazer algumas comparações com esse produto da velha guarda que não acumulou nem um grão de poeira.
Em Jet Set Radio temos quatro opções de saltos! Mas todos possuem alguns fatores em comum. Todos vão pra cima! Brincadeira, eu falo dos ângulos.

Um analógico possui diversas direções, e isso dá aos perspicazes muito controle sobre sua corrida… no chão! Assim que o personagem pula, a história já é outra. Agora só tem para frente e diagonal! Cá entre nós, é uma decisão de design duvidosa, mas na prática acaba funcionando. Você sempre sabe onde seu salto vai começar, pois só tem três opções!
A parada é que, assim que subir aos ares, poderes sobrenaturais de magia negra o permitem alterar sua direção no ar, e agora virou bagunça, pode ir pra onde quiser! Isso significa que o salto inicial possui apenas três trajetórias — se você alterar ângulos durante o trajeto é possível chegar onde quiser com precisão. Prática leva a perfeição, e quanto mais grindar e pular, mais os ângulos e velocidade do personagem invadem seu cérebro. Vai se sentir um gênio!

Mas era pra eu ter falado dos tipos de salto, né? Foi mal, me empolguei. Pressionando A a qualquer momento, nosso parceiro Beat pode atingir dois níveis de altura. Short hops feitos ao leeevemente pressionar o botão, e full hops ao segurá-lo. Básico de jogo de plataforma, né? É importante saber onde e como administrar os dois! Full Hops são indicados para deslizar na parede, Short Hops para rails. Só que, na prática, depende do contexto, sabe? Em termos de Super Mario 64, Short Hops são como o primeiro salto do encanador em altura, enquanto Fulls são o segundo.
Ainda no chão, saltar após um Boost no tempo certo realiza um salto com extrema velocidade. Tão rápido que, fora de rails, é o método mais veloz de movimentação! Boost Jumps são seus melhores amigos nas ruas, use-os com sabedoria, capiche? É claro, são comparáveis ao Long Jump do nosso amigão Mario.

O último tipo de pulo é o único não acessível numa corrida qualquer. Estes são os Air Tricks! Para conseguir um Air Trick, é necessário saltar com um grau superior de velocidade. Isso pede um morro para descer, um corrimão para grindar ou uma parede para saltar. Air Tricks são velozes e muito altos, ainda mais que Boost Jumps! São o ápice da sua movimentação e alcançá-los é quase sempre o seu objetivo.
Com moderada velocidade, qualquer parede deslizável garante um Air Trick. E, se houverem paredes adjacentes de qualquer forma, dá para fazer outro e mais outro! O Air Trick em si é como o Triple Jump do Mario Bros, mas o das paredes parece bastante um Wall Kick, né?

Esses movimentos básicos constituem o seu arsenal para desbravar as ruas de Tóquio, e cada um se liga no outro por elos inquebráveis. Um Short Hop sobe em uma rail, da rail sai um Air Trick e dele dá para chegar em uma parede, aí em outra parede, volta pra rail, se precisar voltar para estrada mantenha momentum com Boost Jumps até chegar à próxima rail, parede, descida ou mesmo um carro, porque você pode segurar na traseira deles para seguir seu rumo! É um ciclo muito lindo.
Transmite um senso de liberdade, e isso é tudo que um grafiteiro procura. Um Rudie pode ir onde quiser, quando quiser e como quiser! Só ter um pouquinho de criatividade e o mundo é seu.

E só como um bônus: sabiam que podem andar de ré? Isso mesmo! Pressionando para trás então rapidamente para frente, Beat pode deslizar de costas. Faça antes de um salto em rails para trocar sua direção no ar! O timing é complicado; afinal, estilo também é uma arte.
Mas e aí, e quanto ao Graffiti? Seguinte: as áreas da cidade estão infestadas por sprays voadores de três cores diferentes. Os amarelos equivalem a uma latinha de spray, os azuis contam como cinco, e os vermelhos recuperam sua vida. Fecham até tiro de Uzi!

Façam como as flechas mostram! Já os veteranos… hehe…
Todo artista tem um número máximo de Sprays que podem carregar ao mesmo tempo, e artes maiores precisam de mais Spray! Tem as pequenas que pedem apenas um, as grandes que pedem três, as extra grandes que pedem sete e as extra extra grandes que pedem 14! Colete Sprays pelo cenário usando sua extensa gama de movimentos acrobáticos e deixe sua marca na cidade pressionando L!

No meio de graffitis maiores, quick time events pedirão movimentos específicos do seu analógico. Alguns são mais complicados, mas você consegue. E aí vai um segredinho: a ordem de direções será sempre a mesma para o mesmo personagem, pois cada um tem seu jeitinho. O primeiro Tag do Beat é sempre para baixo! Agora faz assim: aperta pra baixo, então pressione L. Você acabou de sair do modo de Spray. Pressione L de novo, e voltou para ele, apertando para baixo de novo. Repita esse processo rapidamente e você termina uma obra gigantesca em dois segundos!
Agora que você já sabe marcar seu território, está livre para causar um tumulto. Abram as portas do canil e sejam livres! Woof Woof!

CAPÍTULO FINAL — A ÚLTIMA DANÇA EM SHIBUYA-CHO
Nada que é bom dura pra sempre, e chegou a nossa hora de desligar. Mas antes, gostaria de dar as últimas palavras ao meu parceiro da staff, o Bordas! Bordas, o que você achou de Jet Set Radio?
“Cara, achei foi bom, em tudo eu diria, apesar de não ter jogado”.
Sniff… palavras tão lindas sempre me deixam emocionada… enfim! Jet Set Radio mudou o mundo, e esperamos que mude você também. A gente vai ficando por aqui, se cuidem, olhem para os dois lados antes de segurar na traseira de um ônibus e boa noite! JET SET RADIO!!
