“Samanosuke, você ainda é o único em quem posso confiar.”
Enquanto as chamas da guerra queimam sobre a nação, o castelo de Inabayama enfrenta uma ameaça de origens sobrenaturais. Pessoas desaparecidas, vozes estranhas a noite, e o coração angustiado da jovem princesa Yuki condensam o ar em uma escuridão profunda após a morte de Nobunaga Oda.

É nesse momento que a espada de Samanosuke cintila ao pôr do sol de Inabayama, e seu olhar flamejante almeja salvar a princesa Yuki a qualquer custo. A noite então chega, e a única esperança dos inocentes contra a ameaça do clã Genma é a manopla Oni na mão direita do samurai…
Onimusha é um dos maiores e mais influentes jogos do PlayStation 2. Por mais que a premissa de um samurai enfrentando demônios para salvar uma dama não pareça muito original, é esse ambiente que deu o poder para a Capcom realizar uma ideia absurda: e se Resident Evil fosse sobre katanas, samurais e ninjas?

Com câmera fixa, cenários pré-renderizados, controles de tanque e um aviso de “Esse jogo contém gore” no começo, Onimusha é uma clara resposta à fórmula de Survival Horror de Resident Evil. Ele também tem os puzzles e progressão da franquia! Mas a verdade é que ele não tem nada de Horror, muito menos de Survival. Onimusha é, na verdade, um dos pais do hack and slash como conhecemos, e sem ele, Devil May Cry jamais existiria.

Onimusha é um jogo bastante simples em suas ideias, mas juntas, fazem dele bastante único. É fácil de entender, mas difícil de dominar. O combate se assemelha a um duelo até a morte entre dois espadachins: você precisa criar uma abertura, enganar seu oponente, e então derrotá-lo em um ou dois golpes.
Os golpes do Samanosuke são bem… comuns, sabe? Os cortes do quadrado são apenas cortes de espada. Ele pode usar um stab a distância, um corte para cima e também pode chutar. Onimusha (teoricamente) não tem launchers e combos como Devil May Cry, mas todos os seus golpes possuem uma utilidade clara, e você usará todos eles.

Apesar dos controles de tanque, Onimusha possui um sistema de lock-on que permite que o samurai se mova para os lados sem perder a visão do seu oponente. Dessa forma, fica mais fácil executar seus golpes, mas também possibilita desvios. Junto do bloqueio, desviar é uma das suas habilidades mais importantes!

Com desvio, eu não digo um dodge roll ou dash. Em Onimusha, apenas andar para o lado ou para trás faz parte da mecânica, como os princípios de footwork são usados em batalhas reais.
Quanto ao bloqueio, vale dizer que nem tudo pode ser bloqueado ou aparado. Samanosuke pode bloquear golpes de espada, flechas, e até kunais, mas este não é o caso para um machado. Bem, você até pode tentar, mas Samanosuke tem sua defesa quebrada logo após, e os oponentes sabem como retaliar nessas situações.

Os parries são uma versão mais forte do bloqueio, mas que ainda segue os mesmos princípios. O parry tem duas vantagens: a primeira é dar mais tempo para contra-ataque, e a segunda é o Issen.

Issen é uma das mecânicas principais de Onimusha, mas ela nunca é ensinada ao jogador. Samanosuke começa o jogo com ela, e o jogador vai começar a percebê-la com o tempo. Issen é uma finalização, mas não como as de God of War. Uma batalha de espadas termina quando um erro é cometido, dando espaço para um golpe fatal. Issen é um exercício de paciência, estratégia e atenção.

Issen pode ser usado ao desviar de um golpe, seja com strafing para os lados ou para trás, ou ao aparar um golpe, ou prevê-lo e golpear no momento certo. O Issen mata qualquer inimigo em um único golpe, e pode até acertar múltiplos oponentes. O seu poder é apenas ofuscado pela dificuldade em executá-lo!

Por mais simples que seja apenas desviar e apertar quadrado, os padrões diferentes de cada inimigo exigem muita precisão e aprendizado. Não é possível se prender a apenas um tipo de Issen, pois os Genmas e seus diferentes ataques pedem um outro tipo de contra-ataque. Enfrentando a machadada de um ogro gigante, você não pode esperar que um parry seja suficiente!
Mas, além da morte súbita dos seus inimigos, por que motivo você usaria Issen? Bem, acontece que ele te dá mais almas, e sempre inclui uma amarela para recuperar sua vida. Aprender Issen permite que Samanosuke não só vença inimigos rapidamente, como recupere sua vida e magia, garantindo seus golpes mais poderosos. Usar Issen é um risco, mas não usá-lo também é!

Complementando essas mecânicas, estão as habilidades da manopla. A mais básica é poder selar as almas dos demônios! Almas são as orbs do jogo: vermelhas são usadas para Upgrades, amarelas recuperam sua vida e azuis magia.
O interessante dessa mecânica é que você precisa manualmente absorvê-las pressionando bolinha, e se elas ficarem pairando muito tempo sem serem absorvidas, vão sumir. Isso significa que, em meio às batalhas, você precisará encontrar os momentos certos para coletar almas, não perdê-las e também não ser atacado no meio. Inimigos costumam soltar almas ao morrer, mas chefes regularmente deixam uma alma ou outra escapar, permitindo que você recupere sua vida ou magia.

Falando em magia, Samanosuke tem três diferentes, cada uma em uma arma: a magia Shiden pertencente à espada Raizan, a magia Kooen pertencente à espada Enryuu, e a magia Arashi que pertence à lança Shippuu.
Raizan é uma katana, ou mesmo um sabre, que tem o poder dos raios. A velocidade e poder da Raizan são bastante moderados, sendo um meio termo entre suas irmãs. A magia Shiden acerta apenas um oponente em um combo mortal, mas o golpe final que invoca um raio vindo dos céus pode acertar múltiplos oponentes. Importante salientar que, durante toda magia, Samanosuke fica invencível.
Enryuu é uma espada europeia em visual, e possui o poder do fogo. É a espada mais lenta, e também mais poderosa. Ela possui menos ataques no seu combo base, mas alguns inimigos morrem em apenas um hit com ela. Eu disse que ela é lenta, mas não é tanto! Só não é tão eletrizante quanto a Raizan (heheh). A magia Kooen é uma explosão de fogo que acerta múltiplos oponentes, mas acaba sendo mais direcionado.
Shippuu é talvez a minha favorita, sendo uma lança de duas lâminas. Shippuu domina o vento, e é a arma mais rápida pelo preço do seu dano por golpe. O combo da Shippuu é o mais longo em hits, e ela costuma ser muito boa em combates contra poucos oponentes. Arashi é um feitiço que cria um furacão em volta do Samanosuke, causando dano em todos os inimigos medianamente aproximados do seu protagonista.

Magia em Onimusha funciona como uma ajuda ao jogador. Quando estiver com problemas, quando seus Issens falharem, contra inimigos poderosos e em momentos de necessidade, Samanosuke pode usar um desses golpes invencíveis para não só causar danos, mas talvez tirar uma alma ou outra dos seus oponentes.

Além do combate, a apresentação de Onimusha é bastante impressionante para a época, e ainda muito bonita hoje em dia. Os modelos e animações com motion capture são bastante convincentes, e os cenários pré-renderizados às vezes parecem ambientes 3D. Eu acabei de jogar ele e, de alguma forma, na minha cabeça todos aqueles cenários eram 3D.

A música é um dos aspectos mais elogiados e mais controversos de Onimusha. São composições maravilhosas, feitas com uma grande orquestra para representar a grandiosidade heroica da ambientação, mas a verdade é que as composições não foram creditadas ao seu real compositor. Mamoru Samuragochi tomou todos os créditos pelas trilhas de Onimusha, e ainda mentia publicamente que era surdo. O real compositor foi Takashi Niigaki. Ainda assim, aprecio as músicas como composições do Takashi, por mais que tenha uma polêmica ou outra por trás.

Onimusha mudou a indústria, seja pela sua influência direta ou indireta, mas acima de tudo, é um jogo muito divertido e viciante. A simplicidade do seu combate também é o seu charme e, sendo um jogo curtinho, vale a pena dar uma chance. Boa noite a todos!

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