Depois de duas formidáveis edições, ambas no Sesc 24 de Maio, a Firma Gamedev reascende em 2025 com mais uma edição do sólido Festival Jogatório! Além de trazer uma nova gama de jogos selecionados, mais espaço para o Artist’s Alley e uma exposição mais consistente dos jogos de tabuleiro, a nova edição do evento contou com uma esplêndida adição em comparação com os outros eventos de jogos do Brasil: a disponibilização de visitas mediadas em Libras.
Nesta sexta-feira (04/07/2025), nós do Recanto do Dragão tivemos a oportunidade de acompanhar uma dessas visitas, conversar com os mediadores e até com a staff do Festival Jogatório para entender melhor seus processos. Confira mais na matéria abaixo!
Conhecendo os Guilhermes
As visitas ocorrem em horários específicos do evento e são mediadas pela sorridente dupla de Guilhermes: Guilherme Andrade é falante e Guilherme Felipe é não falante. Em entrevista, ambos puderam dar suas visões sobre o processo das visitas e o que os levou até este momento:
RDD: Em primeiro lugar, como foi o processo de chegada neste festival? Vocês já eram mais atrelados a mediações na área da cultura e vieram para cá nessa linha, ou já tinham uma veia mais puxada para a área de jogos e por esse interesse escolheram trabalhar com o Festival Jogatório?
Guilherme Andrade: Fazemos parte de uma empresa chamada “Conexos Produções e Acessibilidade”, que presta serviços de acessibilidade em Libras em produções de conteúdo audiovisual. A Conexos tem parceria com a PocCon, que já é um evento na área de arte e cultura, áreas em que costumamos trabalhar, e através disso fizemos algumas edições aqui no Sesc 24 de Maio no “Festival do Vale”, fazendo as visitas mediadas. Nisso, o próprio pessoal da coordenação do Sesc gostou do projeto e sugeriu a proposta de incluir essas visitas mediadas no Festival Jogatório, como parte da programação do evento.
Guilherme Felipe:
Então, vim pela empresa Conexos juntamente do Guilherme Andrade à convite deles, fazendo essa proposta de mediação em Libras no Festival Jogatório. Você perguntou a respeito desse interesse da mediação ou do interesse nos jogos; na verdade mesmo eu sendo uma pessoa que trabalha com mediação em Libras, sempre tive muito contato com jogos eletrônicos e jogos no geral desde pequeno, então é uma coisa que tenho bastante interesse. Essa afinidade acabou casando bem com a visita mediada!
RDD: Como tem sido a mediação para vocês nesse espaço onde o foco é mais no interativo? Vindo de espaços culturais como a PocCon, um evento mais focado nos produtos, em ver as performances… Como tem sido lidar com essas diferenças? Conseguem observar novos desafios?
Guilherme Andrade: Eu acho que não. Independente do evento, do lugar, só das pessoas saberem que existe um grupo específico para oferecer visitas guiadas em Libras já se sentem mais confortáveis em participar! Independente se vai ter palestra, se a pessoa vai vir só para curiar, ou se quiser ter uma interação com os desenvolvedores, vai existir essas possibilidades. Eu pelo menos não sinto nenhuma limitação em relação a isso, muito pelo contrário, sinto que é um lugar que propicia conforto ao público por chegar já sabendo da possibilidade da visita mediada.
Guilherme Felipe:
Na verdade eu acho que essa questão de oferecer esse recurso de acessibilidade é muito importante, complementando com o que o Guilherme Andrade comentou, de trazer esse conforto para o público, até para desenvolvedores dos jogos que querem ter essa interação com todos os tipos de público. A gente consegue trazer essa acessibilidade para que os desenvolvedores consigam ter essa interação e que todos possam experienciar uma visita mais completa!
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RDD: Já que é o primeiro evento de jogos digitais do país que conta com esse tipo de mediação, vocês sentiram que houve muita procura tanto do público PCD quanto do público não-PCD?
Guilherme Andrade: Atendemos três pessoas hoje, cada uma em uma das visitas, e acho que é uma vitória sempre quando se tem essa possibilidade, é algo necessário, importante. Nós que convivemos com pessoas surdas, com pessoas com deficiência, sentimos a falta de atrações para participarmos de eventos. Então, no fim, acho que são só ganhos e que o Festival vai ter muito a acrescentar com esse público, que vai se sentir mais pertencente dessa vez.
Guilherme Felipe:
Ter esse aumento de acessibilidade acaba sendo inédito e a tendência é que aumente, a intenção é essa e que seja cada vez mais! A gente recebeu visitas mediadas não só de pessoas surdas, mas de pessoas que sabem línguas de sinais e que querem ter visitas mediadas com uma pessoa surda como eu, então é uma possibilidade de ter essa acessibilidade para todos os tipos de pessoas. É uma primeira vez, é uma experiência do Festival e torcemos para que isso se torne o padrão e se torne o comum.
Por fim, para além dos Guilhermes, também tivemos a oportunidade de perguntar sobre o processo ao Lucas Toso, um dos responsáveis da Firma Gamedev! Vamos ver como foi o processo pelo lado deles:
RDD: Como foi todo o processo da chegada da proposta do Sesc até vocês, as ponderações e a implementação desse tipo de mediação nessa nova edição do Festival Jogatório?
Lucas Toso: O Sesc já carregava essa parceria com a Conexos de outros eventos e nos apresentaram a proposta. Um dos principais pontos tanto do Festival Jogatório quanto de outros eventos da Firma Gamedev é de apresentarmos essa inclusividade total. Então, a maior parte do processo depois de aceitar a proposta foi justamente fazer uma curadoria dos jogos com maior apelo visual e de mecânica, evitando jogos que tivessem mecânicas muito atreladas a ritmo por exemplo; passar isso para os mediadores, apresentar eles aos desenvolvedores para que os Guilhermes pudessem conhecer melhor o pessoal, os jogos e etc., e aí organizar os horários. No fim, eu fiquei muito feliz que conseguimos organizar as visitas guiadas para fazer os jogos chegarem em ainda mais pessoas.

Lembrando que o Festival Jogatório também está rolando durante todo esse fim de semana dos dias 05 e 06 de Julho! Vocês podem conferir toda a programação disponível nas redes oficiais da Firma Gamedev e também na nossa cobertura que está disponível logo logo.