Com a predominância dos temas adolescentes dominando o mercado cinematográfico norte americano atualmente, a “vida inteligente” cultural migrou para a TV. Este fato é exaltado tanto pela crítica especializada quanto pelo público adulto ou mais exigente. Heróis de cartuns ou de HQs invadiram as telonas, deixando pouco espaço para filmes com temática mais alternativa e independente.
As emissoras de televisão, abertas ou fechadas – sem falar nos novos (e bons) produtores televisivos, tais como o Netflix, em menor escala – apostam com muito mais ousadia em temas diferenciados. Dramas familiares, livros com histórias medievais, zumbis, vampiros, advogados, médicos, bastidores de publicidade, jornalismo e peças teatrais, há temas tão variados que é impossível listar tudo.
Há, no entanto, uma tendência atual em adaptar filmes para a TV, não se sabe se isso acontece por uma crise de criatividade que começa a acontecer ou de um novo filão se estabelecendo. Não que seja a primeira vez. Em 2005 surgiu a série Tilt – dos mesmos autores do elogiado filme Cartas na mesa, de 1998 – que relatava a ciência por trás do poker, todo o estudo e conhecimento necessário para praticá-lo.
A série foi muito elogiada, o roteiro era complexo e bem elaborado e foi a primeira vez em que o esporte mental foi mostrado de maneira realista, contudo ela não passou da primeira temporada. Ainda não havia a realidade que encontra atualmente, com diversos atletas de outras modalidades e celebridades competindo nos inúmeros sites de poker online que podemos encontrar hoje em dia, ao redor do mundo. Agora, praticar o esporte se tornou muito popular.
Irmãos Cohen e Robert Rodriguez produzindo
Quando foi anunciada a possibilidade de adaptação do cultuado filme Fargo para a televisão, alguns críticos e fãs da premiada obra dos irmãos Cohen ficaram apreensivos. Aos poucos, detalhes começaram a ser divulgados e o medo de todos foi diminuindo. O principal fator para acalmar os fãs do drama foi que os Cohen iriam produzir a série e acompanhar de perto o novo show.
Outro dado relevante foi o elenco inicial divulgado. Nomes de peso como Billy Bob Thornton, Martin Freeman e Colin Hanks foram confirmados como elenco fixo, além de Oliver Platt, Kate Walsh, Keith Carradine, e dos experientes Bob Odenkirk, Adam Goldberg e Glenn Howerton como elenco secundário. Não faltam bons atores a serie, o que promete ao menos uma similaridade com o filme de 1996.
Fargo levou 2 Oscar, de melhor roteiro e de melhor atriz para Francis McDormand – no elenco ainda havia os excepcionais Steve Buscemi e William H. Macy, além do ótimo Harve Presnell (já falecido) e de alguns atores suecos – e é cultuado pela maneira brilhante como é contada a história da policial grávida que desvenda um crime brutal em meio a muita neve e humor negro.
O filme é considerado a obra prima de Joel e Ethan Cohen. A história é contada de maneira pouco usual, o público sabe quem são os bandidos, mas o suspense é crescente e as atuações fazem com que a história ganhe ainda mais credibilidade. Há algumas cenas brutais de assassinato e elas aparentemente vão fazer parte da adaptação televisiva. O fato de o programa passar em canal fechado nos Estados Unidos permite que certas ousadias televisivas possam ser mostradas.
A série estreou dia 15 de abril e dois episódios já foram ao ar, nos Estados Unidos. Ainda não há previsão de lançamento no Brasil, provavelmente através do canal fechado FX. Na internet, já é possível encontrar os capítulos iniciais, com as devidas legendas, mas apenas de modo não oficial. Para quem quiser esperar, existem alguns vídeos com o making of disponibilizados, como este abaixo:
Outras séries adaptadas de longas metragem
O fenômeno está se repetindo com outros filmes de sucesso, no oportunismo costumeiro que o mercado cinematográfico sempre apresentou, só resta esperar que o negócio depure a tendência e apenas os bons produtos – com consistência e qualidade – fiquem. Diversos filmes estão sendo anunciados como prestes a se tornarem series televisivas, uma delas até já estreou: From Dusk Till Dawn (no Brasil, foi traduzida como Um drinque no inferno), de Robert Rodriguez.
A princípio, era impossível imaginar que a atmosfera de Rodriguez – e principalmente de Quentin Tarantino, roteirista e ator da película – fosse transposta para a telinha, mas parece que o produto final vem agradando. Ao optar por atores que se assemelham fisicamente com os que atuaram no filme, Rodriguez quis diminuir o estranhamento com o novo formato. A história também praticamente não mudou nada.
Com o sétimo dos 10 episódios já tendo sido transmitido, nos Estados Unidos, a série foi confirmada para a próxima temporada pelo Netflix, que a produziu. Os fãs do filme original torceram um pouco o nariz, principalmente por causa da atriz que interpreta a personagem Satânico Pandemonium – originalmente conduzida por Salma Hayek, no papel que a lançou ao estrelato – Elza Gonzalez, já que ela não faria jus a beleza da primeira interprete.
Estão também previstas para o segundo semestre de 2014, a adaptação dos filmes: O Show de Truman, pela Paramount e do suspense O nevoeiro, através do produtor Bob Weinstein, com a colaboração do diretor original Frank Darabont. Muitos fãs estão de cabelos em pé, amedrontados com a possibilidade de que a ganância dos produtores venha a estragar obras primas cinematográficas. A esta possibilidade, cabe ao espectador responder com a arma que possui: não assistir!
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