Horimiya retrata um simples romance perfeitamente – Análise

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Em meio à volta da popularidade de animes de romance que vem acontecendo nos últimos anos (que se deve principalmente ao sucesso de Your Name), um dos lançamentos deste ano se provou especialmente popular. Este anime foi Horimiya.

Horimiya é uma adaptação de uma adaptação, já que sua publicação original foi feita em formato de webcomic grátis em 2007 através do pseudônimo HERO, da autora Hiroki Adachi, usando o nome original Hori-san to Miyamura-kun e contendo um estilo visual bem simples. A sua primeira adaptação transformou a história em um mangá com arte mais detalhada e diversas alterações narrativas, substituindo o nome para o ship dos protagonistas, Horimiya.

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Sua adaptação para anime foi completada em 4 de abril de 2021, possuindo apenas 13 episódios no total. Isso me incomoda bastante, já que o último episódio do anime termina no mesmo ponto que o mangá, que é bem mais longo, contendo 122 capítulos, então é justo assumir que muito foi cortado na adaptação.

É fácil perceber o quanto foi cortado, principalmente nos episódios finais da série que introduzem diversos personagens e fecham seus arcos de maneira muito rápida, muitas vezes dentro do mesmo episódio. Isso acaba tirando parte do impacto emocional deles, já que eles não possuem o mesmo tempo de aparição que no mangá para se desenvolverem de maneira natural.

Mas antes de continuarmos a falar do ritmo do anime, acho importante discutir a história.

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A história de Horimiya o diferencia de outros animes do gênero, não por sua premissa ou as situações que os personagens passam, mas pela maneira que ele as conta. Os protagonistas e casal principal são Miyamura Izumi e Hori Kyouko, dois estudantes de uma escola normal de ensino médio em seu último ano. Miyamura é timido e cobre seus piercings e tatuagens com seu cabelo despenteado e roupas grandes. Hori é uma estudante exemplar e esconde sua vida caseira onde ela passa a maior parte de seu tempo cuidando de seu irmãozinho Souta.

Em um dia comum Miyamura encontra Souta na rua com um machucado e leva ele para casa para o ajudar, assim se encontrando com Hori, que o vê com todos seus piercings e estilo diferente. A partir daí, Miyamura começa a visitar a casa de Hori diariamente para ajudar ela a cuidar do seu irmãozinho.

Isso cria uma dinâmica interessante entre os dois, já que Miyamura sabe do segredo de Hori e vice-versa, ajudando eles a criarem um relacionamento mais profundo rapidamente. Mesmo assim, a parte principal que faz o romance clicar entre os dois é a simples química que eles têm. Horimiya é bem sutil no diálogo dos personagens, se desviando de muitos clichês de animes do gênero que usualmente exageram bastante a intensidade de suas cenas.

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Mesmo assim, os pequenos conflitos e arcos de Horimiya conseguem ter um impacto maior do que as cenas mais exageradas de outras romcoms por causa de seu realismo. As situações que os personagens deste anime se enfiam são coincidências rotineiras que acabam levando a sutis confissões e interações até entre pares inesperados.

Ah, claro, existem outros personagens no anime. Yoshikawa Yuki e Ishikawa Tooru são o segundo casal principal da série, que passam por um vai e volta constante e vão trocando os seus sentimentos um pelo outro de maneira suave. Seus dramas pessoais nunca são apontados com clareza pela direção do anime, fazendo suas interações falarem por si só. É importante também notar a pura qualidade das vozes dos personagens. Todas as performances encaixam perfeitamente em seus respectivos personagens e, segundo o diretor do anime, eles nem precisaram de muita interferência da direção para gravarem suas falas.

Agora acredito que é necessário falar do único real problema que eu tive com o anime, que foi sua curta duração. Ela não seria um problema se Horimiya conseguisse terminar sem parecer que estava acelerando sua história, mas já que o mangá possui uma duração muito maior e a única temporada de Horimiya termina junto com seu mangá (como dito antes), Horimiya acaba deixando um gosto de “quero mais”.

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Sua pequena duração não só machuca o desenvolvimento de personagens, mas também deixa algumas cenas muito repentinas, principalmente no último episódio.

Sem dar spoilers, no último episódio existem várias situações novas introduzidas que ocupam boa parte de sua duração, fazendo com que a graduação do elenco principal na escola seja colocada em segundo plano e até alguns personagens acabem sem um final concreto (principalmente Akane Yanagi).

Mesmo assim, todos os personagens recebem um final conjunto que se encaixa bem nos temas e que é satisfatório o suficiente, mas o anime ainda não inclui os capítulos que se passam dez anos depois da história de amor de Hori e Miyamura, que eu recomendo a leitura pra quem gostar da série.

O visual de Horimiya é um dos melhores que eu já vi para uma série de TV de anime. Sendo produzida pelo aclamado estúdio Cloverworks, o anime consegue ser confundido por um filme em muitas de suas cenas pela animação fluida e complexa para um anime que é fundamentalmente sobre um cotidiano mais casual.

O estilo de arte também consegue perfeitamente representar os sentimentos calmos e nostálgicos oferecidos pela história com uma paleta de cores variada e composições interessantes. O design dos personagens é praticamente impecável, já que suas personalidades e maneirismos se destacam por suas poses e retoques visuais, mesmo sendo um pouco difícil se acostumar com o fato de que todos os protagonistas do anime tem cabelos de cores vibrantes completamente diferentes.

Horimiya é um maravilhoso anime que tem qualidades em todas as áreas de sua mídia. Mesmo com seu pequeno problema de tamanho, ele consegue ser fácil de recomendar por este exato motivo. Seus personagens são todos humanizados e possuem seus próprios arcos separados, e ele ainda consegue ter alguns dos melhores visuais que animes conseguem oferecer.