Uma coisa que tenho observado é como a música boa fica escondida. Ela não se mostra ao mundo, salvo raras exceções. Desde que eu comecei a assistir MTV a partir da minha pré-adolescência, sempre notei que a música que tocava nas chamadas dos programas era muitas vezes mais interessante que a música que o canal de fato se propunha a transmitir. Ao finalmente conhecer a internet e abrir minha mente, eu pude concluir que, de fato, a música boa realmente se esconde de nós.
Pense no seguinte: existe um ditado, comumente chamado de Lei de Sturgeon, que afirma que “90% de qualquer coisa é uma porcaria”. Isto se aplica, claro, à música, mas os 10% que prestam não são separados pela sua popularidade. Em fato, a Lei de Sturgeon se aplica tanto na música mainstream como na mais desconhecida, e temos muito mais músicos desconhecidos que músicos populares, como fato. Logo, você pode conhecer os 10% de música popular boa, mas será que você conhece os muito mais numerosos 10% da música desconhecida?
Em fato, o recente surgimento da ideia do “hipster”, cujo estereótipo envolve um apreço pela arte desconhecida, a ponto de rejeitar qualquer música ou forma de mídia popular (“eu só gostava dessa banda antes de se tornar popular! Agora ouve só essa banda de garagem de uma cidadezinha da África do Sul!”), reforça esta noção. Embora obviamente de forma cômica, este pensamento reflete, sim, o fato da existência de muito material de qualidade fora do mainstream.
Sempre interessado em trazer música boa ao mundo, decidi estrear no site com esse post. Meu foco será sobre música mais pesada, que é o meu estilo predileto em particular. Quando eu falo de música pesada, você provavelmente já pensou em Iron Maiden e Metallica, talvez Sepultura, ou possível embora dificilmente Cannibal Corpse (e presumidamente, você fez uma cara de “blergh” ao pensar no último). O que trago aqui você provavelmente jamais viu e jamais verá passar na TV ou no rádio.
Devin Townsend / Band / Project
Devin Townsend é, definitivamente, um dos músicos mais ecléticos que eu já vi. Os trabalhos dele incluem rock progressivo, country, rock ambiente, punk rock, música eletrônica e uma vasta gama de variantes de metal, indo do rock mais pesado ao mais tranquilo. A música dele é notável pela criatividade musical que emprega, pelas referências retroativas que as músicas exibem entre si e, muitas vezes, pelo humor cru embora inocente encontrado em algumas de suas obras.
Como indicado no subtítulo, minha recomendação se estende a todas as etapas e títulos que o projeto solo dele assumiu, como Devin Townsend Band, (mais atualmente) Devin Townsend Project e simplesmente Devin Townsend. Vale à pena dar uma conferida em tudo.
Para lhe guiar a respeito de onde começar, neste último parágrafo vou cobrir alguns dos estilos que ele já cobriu, com álbuns representativos para você conferir.
- Metal “pop” (Addicted!, Epicloud, Sky Blue)
- Metal progressivo (Synchestra, Ocean Machine, Ziltoid The Omniscient)
- Death metal sinfônico (Deconstruction)
- Ambiente (Ghost, Devlab, The Hummer)
- Country (Casualities of Cool)
Se você gostar do material mais pesado dele, vale à pena conferir Strapping Young Lad (também dele), muito agressivo mas, eventualmente, contendo a genialidade musical do senhor Townsend. Ele também teve um projeto curto de punk rock, chamado Punky Brüster.
Algumas músicas recomendadas: The Way Home, Sumeria, Universal Flame, Triumph, Down and Under e o álbum Ziltoid The Omniscient inteiro (é uma ópera rock, não tem como recomendar uma música só)
Fair to Midland
Começando com más notícias, essa banda já terminou, ainda que sem anúncio oficial. Fair to Midland é uma daquelas bandas que você ouve, gosta, não sabe por que gostou tanto e continua gostando. Em termos de ritmo, as suas músicas são agitadas até certo ponto, mas o que realmente faz dessa banda especial é a atenção dada à execução da melodia. O som é muito agradável, bem aplicado, mesmo em sua simplicidade, e com um gosto muito distinto. O vocal chama a atenção e se encaixa impossivelmente bem no som desenvolvido. Mas passa da hora de eu parar de enrolar aqui, porque sei que você quer é ouvir:
Essa banda é basicamente um experimento espetacular.
Músicas recomendadas: Amarillo Sleeps On My Pillow, Musical Chairs, Kyla Cries Cologne, Walls of Jericho, embora basicamente todas as músicas do álbum Fables From a Mayfly sejam excelentes.
Scar Symmetry
Eu não poderia jamais fazer uma matéria destas sem mencionar essa banda, que é a minha predileta há coisa de seis anos. É uma banda de death metal, o que faz dela muito pesada (e sim, aquele estilo vocal que provavelmente te deixou com nojo lá atrás quando eu mencionei Cannibal Corpse está aqui); entretanto, ao mesmo tempo se encontra como uma banda imensamente melódica. Ao lado da brutalidade, se encontra beleza pura. A execução é absolutamente brilhante em quase todas as músicas, com um clima sombrio mas inteligente, e cada álbum parece uma verdadeira odisseia, uma sequência de músicas imensas, não em tamanho, mas em sensação. Ainda mais incrível é a capacidade de incluírem influências dos anos 80 em suas músicas, providenciando um incrível flashback que você não sabe donde veio, já que o som é indiscutivelmente moderno.
Pode-se dizer que a banda tem duas fases, antes e após a saída de seu então vocalista, Christian Alvestam, após o álbum de 2008, Holographic Universe. Embora a essência da banda esteja intacta (ainda que tenha sido um pouco “balançada” no álbum seguinte, para se estabilizar posteriormente), este fato é relevante, já que Christian é o que eu gosto de chamar de dono da voz mais maravilhosa do mundo. Eu não estou exagerando, apenas ouça:
Após a saída dele, foi necessário DOIS vocalistas para cobrir a variedade de vocais que Christian cobria sozinho; um ficou com os vocais ‘sujos’, e o outro com os ‘limpos’. Poucos diriam que o encarregado dos vocais melódicos chega a se equiparar a Christian, mas o consenso geral é de que a banda continua incrível.
Para quem gostou, recomendo Solution .45, uma das bandas atuais de Christian, que se assemelha muito a Scar Symmetry em estilo. Quem não gostar dos vocais pode tentar se aventurar com a música instrumental de Paul Wardingham, cujo estilo é fortemente influenciado pela banda e pelo guitarrista Per Nilsson.
Músicas recomendadas: Qualquer uma de Holographic Universe (Morphogenesis, em especial), Astronomicon, Reborn, Dreaming 24/7, Neuromancers, A Parenthesis in Eternity
Frost*
(Desculpem, uma busca pelo Google só me deu fotos de neve. Vai ter que ficar sem foto mesmo.)
Depois de toda essa epicidade, apresento-lhe Frost*, algo mais tranquilo. Para falar a verdade, conheço pouco desta banda, então não tenho muito a dizer, mas não posso ficar sem dividir com vocês este “rock neo-progressivo” (segundo a Wiki) absurdamente agradável.
Minha experiência com a banda se resume aos álbuns Milliontown e Experiments in Mass Appeal, que, pelo que o senhor Youtube me mostrou, pareciam-me os melhores. Qualquer coisa fora disso é aventura, caso esteja interessado.
Músicas recomendadas: Black Light Machine, Snowman, Hyperventilate
Stam1na
Stam1na é basicamente a resposta finlandesa ao System of a Down. Como qualquer boa resposta ao System of a Down, tem um estilo diferentão, e este vale à pena ser ouvido, especialmente pelo fato de que cantam em finlandês, tornando a coisa ainda mais exótica. Lançam discos praticamente todo ano, então material realmente é o que não falta.
Músicas recomendadas: Vartijaton, Pakkolasku, Valtiaan Uudet Vaateet, Murtumispiste
Então, o que acham? Se tiverem algum som legal pra apresentar ou se acham que eu tenho péssimo gosto, mandem a ver nos comentários.