Entre os dias 4 e 6 de julho, ocorreu a terceira edição do Festival Jogatório, agora parte da iniciativa FestA! Festival Aprender do Sesc 24 de Maio. O evento contou com cerca de 35 jogos independentes nacionais da maior parte dos estados do país, e desta vez de forma completamente gratuita, incluindo o passaporte, que antes era pago à parte.
Múltiplos membros da redação do Recanto do Dragão estiveram presentes no evento; Stinsoup, Yan Heiji, Avatics, Lanyaners, Cauê Batista, Lucas Souza, Leo Ferreira… batemos papo, testamos jogos e aproveitamos a cafeteria boa & barata do Sesc! Não deu para testar absolutamente todos os jogos (eram muitos!), mas aqui estão nossos destaques da edição 2025 do Festival Jogatório!
Nota: Inclusive, Avatics está trabalhando em um documentário sobre o evento, que contará com múltiplas entrevistas, incluindo trabalho de câmera de Lanyaners e uma entrevista com Stinsoup :> Ele será linkado neste texto assim que ficar disponível!
RoboGAL: Gaga Delta Lady

Data de Lançamento: A Anunciar (WISHLIST)
(YAN) Plataformas precisas, fauna e flora cibernética, lasers ricocheteando pelas paredes, e uma pixel art tão icônica que é impossível não reconhecer de cara. RoboGAL utiliza da mesma esteira de montagem que transformou Mega Man em uma das mais impactantes franquias da indústria, com sua própria camada de personalidade, mas com as mesmas cores metálicas, efeitos neon, controles de personagem – e níveis de dificuldade! – que os fãs tanto conhecem.
(STINSOUP) Nada como um Mega Man-like que faz o esforço necessário para te deixar nas pontinhas do pé constantemente após o menor erro – as peças pregadas pelo design das duas fases de RoboGAL disponíveis na demo são exatamente o que o masoquismo simplista megamânico pede. Controles simples, obstáculos complexos que clamam por execução minuciosa e veloz. Até fãs da saga X podem gostar de seu design de chefes mais aberto e senso de momentum levemente elevado. Estou muito feliz.
(AVATICS) RoboGAL me fascina por muitos motivos, e reconhecer a sua beleza é um dos primeiros. o segundo talvez seja o pequeno jogo de palavras com a cantora Lady Gaga… o terceiro é claro: o carinho que cada uma das telas do jogo habitam, uma linda homenagem com o potencial de estar a par daquilo que já foi lançado oficialmente para o Mega Man recentemente, e sem vergonha de se expressar.
RitMania (da Garoa Studios, dos também analisados Stand By Me e Cartomante)

Data de Lançamento: A Anunciar (WISHLIST)
(YAN) Dando sequência à cultura pulsante da Garoa Studios, o RitMania promete ser o próximo hit hipercasual que vai estremecer sua biblioteca de jogos e grudar em você com os batidões mais chicletosos dos games. O jogo conta com uma coletânea de minigames rítmicos, cada um com seus próprios artistas convidados, músicas-tema em diversos gêneros da cultura brasileira (bossa nova, samba, pagode, funk e mais!) e diferentes tipos de desafios, super fáceis de se entender e completamente jogáveis com o uso de um único botão.
(AVATICS) Ritmania fascina em como se inspira em toda a vibe Rhythm Heaven, mesmo nos midis de instrumentos de sopro, mas consegue acalentar uma sensação de sua personalidade, com toda idiossincrasia. O minigame da quadra do ginásio é o tipo de coisa que obriga a lembrar dos convívios na minha antiga escola! Quer dizer… das partes positivas.
(CAUÊ) Seguindo com a nossa relação de amor e parceria com o Garoa Studios estamos aqui com seu mais novo e reluzente trabalho: Ritmania! RitMania se mostra muito interessante não somente como um sucessor espiritual de Rhythm Heaven merecedor de tamanho legado, mas também como uma encapsulação de todos os traços que tornam o Garoa um estúdio extremamente potente. A estética segue viva e colorida porém distante do estereotipado “Brasil colorido!” (vide não somente das paletas variadíssimas de minigame para minigame mas também da ampla gama de artistas diferentes que o jogo promete trazer), os comentários sociais que vezes sutis vezes escancarados como no minigame de profissionais públicos sendo contratados para entupir o máximo de trabalhadores possíveis no mesmo ônibus e em principal a contemporaneidade que o estúdio faz presente na esmagadora maioria de suas obras. RitMania surpreende não somente como a retomada de estilo de jogo de ritmo muito amado, mas também como o polimento de um estúdio que vem se tornando cada vez mais querido no nosso cenário indie.
ARTIUS: Pure Imagination

Data de Lançamento: A Anunciar (WISHLIST)
(STINSOUP) Artius não se contenta com seguir apenas a intensidade que a mistura de um Sonic e Wario Land lotado de movimentação maluca proporciona – seu senso de humor chega ao ponto do ridículo. Não conseguia parar de rir enquanto plataformava entre trocentos objetos (e conceitos) com toda a velocidade cômica do Papa Léguas e a manha engenhosa do nosso querido amigo Wario – as rotas são labirínticas e modulares; os obstáculos borrões a serem passados, e o desenvolvedor PVic ajudou muito a hypar minhas jogadas tortas.
Roller Heist

Data de Lançamento: A Anunciar (WISHLIST)
(YAN) E se Jet Set Radio fosse um jogo sobre roubar museus na base do patins? Pois bem, se você já perguntou isso, saiba que o estúdio Ânimacídio tem a resposta nas mãos! Unificando manobras radicais, muita arte de rua e uma trilha sonora cheia de gingado, você tem a tarefa de resgatar obras roubadas de museus para devolvê-las aos seus locais de origem, aproveitando esculturas, rampas, escadas e corrimãos pra desviar dos guardas raivosos com o máximo de estilo.
Love Sick Cats

Data de Lançamento: A Anunciar (Linktree)
(YAN) Começando pequeno mas logo conquistando as redes, o cabeçudinho gato-Hellsing de Pockolas surpreendeu o público com uma gameplay rogue-lite de combate intenso e estilização frenética, regada por dopamina graças ao feedback audiovisual viciante de estourar ratos na marretada e coletar cristais pra melhorar seu arsenal.
(STINSOUP) O ritmo de arena pautado em bunnyhops (ou cathops aqui!) de Love Sick Cats não cansa, mas é porque não sobra tempo para isso. Seu recoil elevado e ataques corpo-a-corpo arriscados tornam cada engajamento perigoso e cada erro um tipo de dor diferente. O world map pixelado me lembra os minigames de Nightmare Reaper! Um roguelike (talvez lite? ainda não sabemos!) de ação veloz como esse não tem como errar se trouxer arenas criativas o suficiente e inimigos tão perigosos quanto sua protagonista.
(AVATICS) Droga… preciso admitir, este jogo é demais! As rédeas da jogatina compulsória de Love Sick Cats parecem estarem apenas me esperando para o dia que esse jogo lançar, coisas como o recoil e o potencial bunnyhopstico dão um gostinho especial, e a falta de munição na realidade faz toda a diferença! Pois usar o seu taco para descer o cacete nos oponentes mais complicados é divertido demais.
Relatos de Vera Cruz

Data de Lançamento: A Anunciar (WISHLIST)
(YAN) Seguindo rastros de gêneros de investigação, voltados ao diálogo e à solução de puzzles (mas sem pesar a mão para não afastar os detetives iniciantes e desacostumados), Relatos de Vera Cruz segue a desanimada Alice Veríssima em sua construção de reportagens sobre as múltiplas facetas do país ditatorial de Vera Cruz. Com apresentação bem-humorada e um estilo de arte marcante (do desenvolvedor Razor Finger), fica nas mãos do jogador encontrar todas as provas para montar a notícia perfeita… ou se contentar com as rasas “reportagens” publicitárias que poderiam ser escritas por qualquer outro.
(CAUÊ) Eu sou suspeito para falar sobre Relatos de Veracruz. Como um fã de jogos focados em escrita de personagem e personagens 2D em planos 3D com iluminação semi realista, o jogo parece ser estranhamente feito sob medida para mim, ainda assim farei um esforço para não tietar demais. Relatos de Vera Cruz se destaca pela imersão de ser uma jornalista cansado escrevendo sobre algo que não a interessa e parece perigoso demais para falar de maneira leviana. Toda a escrita traz uma vida cativante para os cenários e reforça a peculiaridade de cada cidadão desta curiosa pátria para qual nossa protagonista foi convidada. A liberdade da jogabilidade também é admirável no sentido que muita coisa pode passar batida, o jogo não vai segurar sua mão e se você quer achar um furo digno de manchete principal você vai ter de se rastejar pelos locais mais distintos para o achar.
(AVATICS) Relatos de Veracruz me pareceu um dos jogos mais incríveis do evento, e talvez por razão disso, eu tenha jogado ele por muito pouco tempo, e passado o controle para uma criança que estava cativada em jogá-lo. O bom humor e a arte tão expressiva me faz aguardar ansiosamente a chegada desta história nas prateleiras virtuais. Shoutout Pedro Lopes “Razor Finger” – artista que deixa saudades no coração de quem o conheceu.
The Stochastic Dungeons of Apogee

Data de Lançamento: Alpha Disponível no Itch.io
(YAN) Um roguelike de carne-e-osso, com “mais de 2 quadrilhões de itens” possíveis, uma dungeon de múltiplas camadas sem fim à vista. TSDA é uma obra polida e visualmente encantadora que força o jogador a se adaptar ao caos do imprevisível, coçando aquele ponto que todo fã de roguelikes adora.
(AVATICS) Talvez distante pareça algo longe de ser uma novidade, mas o resultado deste jogo é tão encantador quanto se pode imaginar de um roguelike tão meigo, mas caótico.
Coralina III

Data de Lançamento: A Anunciar (Twitter)
(YAN) Sem muitos detalhes adicionais, o Festival contou com o começo do terceiro capítulo de Cora, a estudante de cinema que se viu presa no Limbo mesmo ainda estando 100% viva. Obras deslumbrantes de múltiplos artistas, diálogos divertidos e uma narrativa pseudo-póstuma, psicodélica e cativante continuam permitindo que a alma de Coralina navegue à misericórdia dos quatro ventos do plano astral pós-vida.
(STINSOUP) Após o tornado que foi Coralina: A Memory Tale, o segundo capítulo de Coralina, a demo do terceiro exibida no Jogatório foi uma de rememorações, calmaria e um pequeno gosto do que está por vir. Cora caminha com Cometa e ensina a garota o que é um beijo enquanto os eventos mais tensos se acumulam em outro canto. Está lindo e surpreendentemente sacia tanto quem já jogou os outros capítulos quanto quem está conhecendo este mundo pela primeira vez.
(AVATICS) O que eu posso dizer de Coralina III? A sequência de seus episódios anteriores e terceiro capitulo da jornada de Cora… realmente nada! Eu ainda não joguei nenhum destes jogos anteriores e apenas os encaro na home do meu Steam Deck… além da vergonha de não ter começado eles, são jogos particularmente fascinantes com suas brincadeiras visuais, e os vários retratos de diferentes artistas, conferem algo muito singular neste mundo que tanto anseio em visitar.
Pivot of Hearts

Data de Lançamento: Disponível na Steam
(YAN) Nessa visual novel de romance do estúdio Dragonroll, jogamos como o programador taiwanês-brasileiro Wén Xiàn, que lida com as múltiplas adversidades de uma vida adulta enquanto reconstrói uma velha amizade, forma outro vínculo inesperado e ressignifica seus conceitos de amor. O título se destacou por acontecer em São Paulo, com um pano de fundo específico: o Bairro da Liberdade, notório pela grande congregação de cultura asiática, além do sistema de decisões baseadas em cartas (que representam emoções), e de sair da mesmice quando trabalha com uma boa diversidade de cenários – incluindo campanhas de RPG de mesa e ir em shows de heavy metal!
Drowned Lake

Data de Lançamento: A Anunciar (WISHLIST)
(CAUÊ) Lembram da nossa cobertura do primeiro Festival Jogatório? Lá tive a oportunidade de conhecer Teleforum, o incrível jogo de terror que marcou o nascimento da Monumental Collab como estúdio. O que não esperava após o lançamento de Teleforum é que na verdade o jogo se tratava apenas de um teaser muito bem elaborado para o que está vindo a ser Drowned Lake. Sendo uma reimaginação do projeto de jam que leva quase o mesmo nome (Our Lady of the Drowned Lake) Drowned Lake carrega o multimodalismo de Teleforum e eleva ele com novas mecânicas, múltiplos personagens jogáveis e uma ambientação ainda mais cativante. Com inspirações que variam desde as quase póstumas chamadas a cobrar até as mecânicas de chance de Disco Elysium Drowned Lake promete ser um grande passo na história dos jogos de terror nacionais.
Morro Acima

Data de Lançamento: A Anunciar (Twitter/Bsky)
(CAUÊ) Morro Acima se desloca em altíssima velocidade como a promessa do estúdio Rede Scale de movimentar a cena de jogos focados em parkour. Com uma visão em primeira pessoa e jogabilidade acelerada Morro Acima remete a clássicos como Mirrors Edge, entretanto sua maior diferença mora justamente no ritmo em que o jogo decide tomar. Diferente de Mirrors Edge onde a narrativa força a protagonista a estar sempre em movimento indo incansavelmente de um ponto para o outro sempre com um objetivo em mente, Morro Acima opta por um pacing de sandbox e permite o jogador explorar livremente a cidade ao seu redor, conversar com os habitantes, entender seus mistérios e fazeres cotidianos e então agir sob suas demandas.
Avoren

Data de Lançamento: Disponível no Itch.io
(CAUÊ) Como esperado da Hensley, Avoren marca mais uma entrada na galeria de projetos recheados de personalidade da desenvolvedora nordestina. Avoren é um shooter em primeira pessoa com ênfase em exploração, a narrativa acompanha você, um fiel e reconhecido funcionário da Avoren Inc, na sua missão em encontrar dimensões alternativas que possam conflitar com a realidade em que vivemos e apagá-las para que nenhum humano corra risco de se perder lá novamente. O gameplay loop lembra muito o de Kletka no sentido que envolve você explorar esses espaços hostis/decadentes mas ainda curiosos na busca de recursos para alimentar seu meio de transporte (no caso nosso trem), porém diferente de Kletka Avoren expressa muito mais personalidade além do que poderia ser mais um jogo de teror nessas linhas, por mais que em certos momentos a excelente atmosfera possa te levar para um lugar mais desconfortável o toque estético de Hensley se faz presente durante toda a experiência e a diferencia de qualquer experiência tangencial a mesma.
Astercys

Data de lançamento: Não Anunciada
(AVATICS) O segundo jogo da Hensley na cobertura do evento? Wow! Falar que um jogo é psicodélico e surrealista é fácil. Agora, tentar entender tudo que cria as sensações que cativam esse subgênero de jogos é a brisa mais complicada. A cada atualização, Astercys vai se transformando em sua própria coisa, como um lindo bebê mutante. Os cenários de side-scrolling, unidos a um combate tão intenso e espalhafatoso, são aquilo que faz esse jogo entrar em sua mente e destruir um pouquinho da sua massa encefálica… com carinho.
Code Bunny

Data de Lançamento: Já disponível na Steam
(STINSOUP) Eu tenho quase certeza que, na prática, Code Bunny é um anti-Azure Striker Gunvolt 3… Mas eu ainda preciso traçar essa linha entre os dois. Por uma coincidência do destino, o moveset de Axel, uma das protagonistas de Code Bunny, e o de Kirin, a protagonista de Gunvolt 3, é bem similar – mas enquanto Kirin requer um engajamento ativo e facilmente quebrável e/ou ignorável do jogador para marcar e se teletransportar para seus inimigos, Axel, por sua vez, te solta mais (e requer o uso do teletransporte para usar seu pulo duplo). Você também depende mais do flow de fisicamente combar seu inimigo e se defender com parries ou desvio em Code Bunny, o que torna o combate mais pessoal. Amo os dois, fazer o que…
Lunr.rdio.taxi

Data de Lançamento: A Anunciar
(AVATICS) Dirigir seu táxi com tanta intensidade e molejo entre cilindros, num sistema de drift simples de se entender, mas que se compele um desafio nos meios que o mapa vai encontrar para ferrar com sua vida, ao som de uma linda trilha, é definitivamente uma bela experiência. Aqueles que amam F-Zero ou WipEout podem encontrar um bom lugar, caso se aprofundem nas drifitabilidades rítmicas do mundinho da Soin Coletivo.