Final Fantasy VII é um dos jogos mais amados, prestigiados e comentados da história. De maneira similar (e muito menos importante), é um dos jogos que mais mudou minha vida, e também o meu favorito. Hoje é meu aniversário, onde eu paro de ser uma pirralha mimada e viro uma adulta mimada. Esse texto é um projeto especial meu. Por muitos anos (uns três) eu me perguntava como poderia abordar esse jogo tão especial de algum jeito único e eu finalmente descobri como. Esse é provavelmente meu maior texto em tamanho (até maior que o de Kingdom Hearts II), e também em importância. É o projeto da minha vida, e vou fazer dele uma ótima celebração de Final Fantasy VII… e da vida.
Naturalmente, é meu aniversário de 18 anos, então eu começo a pensar bastante sobre a vida. Eu estou muito grata por estar aqui, e jogar FFVII na época atual foi um presente maravilhoso. Sabe, eu tenho muita dificuldade pra rejogar ele pela extensão e gameplay com pacing mais lento, mas esse foi o momento perfeito pra finalmente conseguir ter essa vontade. Nesse texto vão ter muitas imagens e uma boa parte delas não vão ser desse ano. Vão ser de 2022, 2021, 2020, 2019, 2018 até chegar em 2017, que foi o ano que joguei pela primeira vez. Eu tenho tudo guardado no PC e vou usar o máximo dessa história que conseguir. Obrigada por terem aberto esse texto.
Parte I
Aqueles Escolhidos pelo Planeta
Prelude
Final Fantasy VII é inevitavelmente inesquecível e conhecido por quase todo mundo. Inúmeros prêmios e diferentes análises foram feitas pelos anos, com certeza mais de 10.000. Dar seu próprio palpite em um jogo dessa magnitude não é pouca coisa, mas honestamente eu não vejo esse texto dessa forma. Isso é bem mais algo pessoal do que sobre o mundo inteiro. Por isso, resolvi separar essa análise em duas partes, com muitos capítulos em cada. Essa primeira parte é uma análise tradicional do jogo, algo que a maioria das pessoas esperaria ao entrar no texto. Também recomendo que leiam essa parte e pensem bem antes de seguir para a segunda, que vai constituir a maior seção do texto muito facilmente. Escrevi elas para que você não precise ler a segunda se não quiser, já que ela vai ser uma análise da história inteira do início ao fim. Eu particularmente não gosto de análises desse tipo mas eu resolvi fazer isso porque… porque eu quero. É meu jogo favorito, é meu aniversário, é meu texto. Mas, claro, ninguém precisa ler essa segunda parte pelo tamanho dela e pelos inúmeros spoilers que vocês podem pegar. Recomendo passarem pra ela só se jogaram Final Fantasy VII.
Sem mais delongas, a primeira coisa que você vai inevitavelmente notar ao jogar é a ambientação. O mundo de Gaia é uma ficção futurista quase-distópica que segue muitas ideias originais e bastante realistas para cumprir seus propósitos. Vendo a lore e certos detalhes desse universo, você pode facilmente acreditar que isso seria possível na vida real. A maneira como VII apresenta e desenvolve seus conceitos é incomparável, principalmente por estar presente em tudo no jogo. Isso é algo que não se pode vencer, o mundo de FFVII é vivo e consegue fazer isso sem ter que imitar a realidade, embora às vezes a imite muito bem.
A tecnologia em VII é baseada principalmente na energia Mako. “Mako” é um tipo de energia que pode facilmente ser “real” porque explica de uma maneira diferente coisas existentes no nosso planeta. “Mako” por exemplo seria a vida dentro das plantas, o que faz o universo funcionar e seus ciclos serem possíveis. Naturalmente, sem essa energia vital do planeta, ele e tudo que existe nele vão morrer. Essa energia anda por algo chamado “Lifestream”, e o Lifestream se torna semi-infinito pelo ciclo da vida. Quando uma pessoa morre, seu corpo volta para a terra e se torna uma nova vida dentro desse Lifestream. Mas se você retirar a energia do planeta, ele não vai ter tempo para repô-la. É isso que energia Mako faz. Embora exista eletricidade em Final Fantasy VII, Mako é muito mais eficaz, prática e poderosa. Mako possibilita coisas surreais, e os extensos avanços científicos de um mundo levemente cyberpunk vm dessa energia.
Mas ainda em um mundo que em muito seria mais avançado que o nosso, existem coisas que não aconteceram e com boas razões. A exploração terrestre já não é perfeita, visto que existem muitas ilhas e cidades que não se conectam de nenhuma forma com o resto do mundo. Por exemplo, Mideel é a única cidade (até então) de um pequeno “continente” ao sudeste, mas quase ninguém conhece esse lugar. No nosso mundo pode não existir algo tão forte quanto energia Mako, mas a grande maioria das terras do nosso planeta tem uma certa comunicação. Também é fácil notar como existem poucas cidades em Final Fantasy VII, mostrando que a ocupação humana também não é tão avançada quanto a do nosso mundo real. Mas algo que é ainda mais fácil de notar é a exploração espacial.
Todo mundo em nossa realidade sabe que já fomos para o espaço muitas e muitas vezes. Até o fodido do Elon Musk foi pro espaço. Em FFVII, isso nunca aconteceu. Os seres humanos já tentaram ir para o espaço, mas desistiram. Claro, tudo isso só seria possível com o apoio da Shinra, que é a empresa globalizada que controla quase o mundo todo. É também a Shinra que criou a energia Mako em primeiro lugar. Os esforços para ir para o espaço levaram à construção do primeiro e único foguete do planeta, mas por um problema no lançamento acabou por não decolar. Teoricamente eles podiam tentar de novo em outro momento, mas a Shinra não achava que seria algo benéfico em questão de lucros, então desistiu. Isso é muito interessante, porque mesmo que algo que ocorreu no nosso mundo fosse possível, uma simples mudança no destino levou isso a ser esquecido.
Mas algo sobre a tecnologia que é muito legal é que você pode ver diferentes veículos pelo jogo, que tem um foco meio diferente. Ele também faz questão de mostrar como certas coisas funcionam em tecnologia, como as rotas dos trens que circulam Midgar tanto pelos setores superiores quanto inferiores. Gaia é um mundo muito detalhado, e há muitos aspectos dele que também parecem algo da vida real, fazendo tudo ainda mais acreditável.
Esse mundo também não é só feito da tecnologia, pois também é do que ela acaba causando. Existe uma desigualdade social gigantesca, já que a mega-corporação que controla todo o planeta visa apenas seus próprios lucros… como no mundo real. Midgar é a megalópole, uma cidade gigantesca que precisou ser separada em oito setores diferentes, que por si só eram cidades grandes. E ainda assim, Midgar tem dois andares. O segundo andar é onde vivem as pessoas economicamente estáveis que tem condições. No andar inferior estão as favelas. Pessoas que criam uma vida para si próprias sem a ajuda da Shinra, vivendo no lixo e resquícios do passado. Fora Midgar também existem muitas cidades que embora tenham importância comercial, estão vivendo na miséria. North Corel é uma pequena cidade que foi destruída pela Shinra (um fato encoberto na sociedade), mas ainda existe pelo esforço das pessoas, pela presença de um Reator Mako no local, e por uma estação que pode levar as pessoas até o maior estabelecimento do mundo, o Gold Saucer.
Por fim, vale mencionar que houve uma guerra no passado do jogo entre a Shinra e uma nação ao oeste chamada Wutai. O motivo foi a possível construção de um Reator Mako nas terras, porque além de energia, Shinra teria controle econômico sobre a nação. É muito interessante ver a política de universos fictícios, e um mundo sendo controlado economicamente por uma corporação é muito interessante. Quer dizer, a Amazon é global, mas ela não tem possibilidade de travar uma guerra. Ah, e algo muito interessante é que aparentemente não existe uma religião em Gaia, mas o conceito de um “Deus” ainda é real. O mais perto que chegamos é o planeta, mas é amplamente conhecido e cientificamente comprovado que o planeta tem vida, até porque ele é a própria vida. Assim, ele não é um deus, e os protagonistas até se referem a ele como uma criança que precisa ser cuidada. Também existem os seres chamados “Ancients”, mas eles foram uma raça que viveu há muito tempo em Gaia e que tinha conhecimento e tecnologia extremamente avançada, assim como conseguiam viver em conexão com o universo em uma relação de dar e receber, ao invés de arrancar tudo do planeta. Foi o conhecimento dos Cetra (o nome real deles) que fez a energia Mako possível, e a extinção deles foi feita majoritariamente por culpa dos humanos.
A ambientação do jogo também não é apenas geral, mas específica. Quando você faz parte de um grupo terrorista e vai explodir reatores para tentar “salvar o mundo”, você realmente se sente assim. Mas, ainda mais impressionante, são os momentos de “terror” desse jogo.
Who… are you?
Embora o sentimento deixe de ser frequente mais à frente no jogo, o início de Final Fantasy VII traz muitos momentos assustadores. Por vezes, você vai ouvir vozes, ter alucinações, ver vultos. Alguém fala com Cloud em momentos específicos sem que você saiba quem é, trazendo indagações sobre o passado do protagonista. Dúvidas sobre si mesmo, e o medo de estar esquecendo algo importante.
Muitos sentimentos de medo são passados pelas músicas do jogo, e causam um impacto muito maior em cenas importantes. O massacre que ocorre dentro do prédio da Shinra é visto pelos protagonistas enquanto eles seguem rastros de sangue de algo que eles não conhecem, mas sabem que não é humano. A cena icônica do Sephiroth em meio ao fogo sucede um dos momentos mais agonizantes liberados pela música “Those Chosen By The Planet”, que além de medo traz ansiedade, incerteza, e desespero. Sephiroth é um vilão que dá muito medo, e o imenso respeito que o mundo inteiro (o real) tem por ele é em muito transmitido pelas músicas relacionadas a ele.
A verdade é que a música desse jogo é simplesmente inesquecível. Seus efeitos de áudio característicos fazem dela uma das trilhas mais icônicas da história dos videogames, algo que não pode ser reproduzido. Essa é uma das melhores trilhas sonoras do mundo e isso é amplamente reconhecido. One Winged Angel, JENOVA, Fight On, o próprio tema do jogo ou da personagem “Aerith”, constituem na indústria um time de trilhas memoráveis e instantaneamente reconhecíveis. Não é à toa que a ambientação do jogo é tão boa, já que a música perfeitamente engloba os sentimentos que cada cena quer passar.
Pode ser que o assunto não caiba muito no capítulo “Who… are you?”, mas os gráficos do jogo são muito interessantes. De certa forma “envelheceram” bastante rápido, já que mesmo no PS1 a própria Square lançou Final Fantasies mais bonitos, mas VII tem um carisma sem igual. Os personagens fora das lutas tem um design extremamente simplista e meio esquisito, aliados de texturas com quase nenhuma sombra e os gráficos pixelados de um PS1. Esses bichinhos engraçadinhos fazem algumas cutscenes hilárias por eles serem essas coisinhas estúpidas. Mas os gráficos dentro das lutas mudam para algo muito mais refinado e bonito, com proporções adequadas e animações bem feitas. Tudo fica extremamente mais atraente quando você entra em combate, o que é bem apreciado. Também existem os gráficos em CG das cutscenes, que são muito mais “HD” embora não tão bonitos por conta da época. Esse estilo gráfico é bem recorrente em Final Fantasy para cenas que precisam ser mais detalhadas ou são mais importantes. Em FFVII é um adendo necessário, já que os gráficos fora dos personagens são apenas imagens com colisões. Cenários pré-renderizados para terem mais detalhe, são só fotos e texturas.
Those Who Fight!
Antes de entrarmos no mérito de escrita precisamos passar pela gameplay, que consiste uma boa parte do jogo embora não a maior. As batalhas funcionam com o sistema de ATB característico de Final Fantasy. Isso significa que a ordem de ações é determinada em tempo real com uma barra enchendo. Você pode mudar a velocidade dela de diferentes formas, e enquanto você seleciona suas ações o inimigo pode estar recebendo ATB. Seu ATB fica mais rápido quando você usa a habilidade Haste ou tem um Limit Break pronto pra uso; esse último também te dá prioridade nas suas ações. ATB é um sistema um pouco controverso, mas eu gosto bastante, embora seria melhor que tudo parasse quando meu personagem fosse fazer uma ação. Afinal, mesmo que eu tenha enchido a barra antes, o meu oponente pode atacar primeiro porque eu tava me decidindo. Isso acontece bastante nesse jogo, porque a luta só para quando você entra em um menu como o de magias, então entrar no menu errado sempre me dá um aperto no coração porque quando eu sair dele pra ir no certo meu inimigo provavelmente vai atacar. Mas o sistema de ATB é só isso mesmo, ele tem algumas sub-regras mas tudo acaba voltando pro conceito básico da descrição dele. Vamos seguir em frente.
Algo muito importante pra algumas mecânicas que eu vou falar são os status dos seus personagens. Força, Destreza, Vitalidade, Magia, Espírito e Sorte. A força aumenta seus ataques físicos, destreza aumenta a velocidade da sua barra de ATB, vitalidade é defesa contra ataques físicos, magia aumenta a força dos seus ataques… mágicos né, e espírito sua resistência contra eles. Sorte faz algumas coisas mas normalmente é pra danos críticos. Também existem mais três atributos especiais, que na tradução original são Attack%, Defense% e Magic def%. Isso é basicamente Precisão, Evasão e Evasão Mágica. Isso significa que eles ditam se você vai acertar seus ataques e se vai desviar dos inimigos. Tá escrito em porcentagem mas é meio estranho que vai bem além de 100, como visto em uma arma que tem 255% de precisão e não vai errar nunca. Isso é balanceamento com relação a evasão dos seus inimigos, mas podia ser feito de um jeito mais prático né?
O motivo para esses status serem importantes é o sistema de Materia, a mecânica principal do jogo. Materia são… tudo, todos os seus comandos. Claro, você pode atacar normalmente e usar itens sem Materia, mas qualquer outra ação precisa delas. Você as equipa nas suas armas e armaduras mas não vamos falar disso ainda. A questão é que além delas terem seu próprio efeito, elas mudam seus status. Magia normalmente diminui seu HP, por exemplo. Isso faz as decisões no equipamento de Materia muito mais impactantes, já que certos personagens talvez não devessem usar magia se forem perder muito HP, e vice versa. No início do jogo as diferenças são pequenas, mas depois da segunda metade uma simples materiazinha pode tirar 1000HP do seu personagem, já que as reduções são feitas em porcentagem.
Com isso em mente, vamos falar sobre Materia. Primeiro, cada equipamento tem um número determinado de slots e alguns deles vão estar ligados. Cada equipamento também tem um determinado ganho de AP (o que evolui as Materias), podendo ir de nada até triplo ganho. Os slots de Materia, quando ligados, deixam que elas se combinem em efeitos. Por exemplo, uma magia de Cura (Recovery Materia) com uma “All Materia” fazem que você possa curar todos os seus amigos no mesmo turno sem gastar mais MP pra isso. E evoluir essa All Materia deixa você fazer isso mais vezes por batalha na mesma magia. Evoluir Materia é feito simplesmente lutando, e você vai receber AP baseado no tipo de “Materia Growth” dos seus equipamentos, o que já foi explicado. Se Fire receber AP suficiente, você vai receber a magia “Fira” (no jogo é Fire2 por uma tradução malfeita). De igual modo, algumas Materias simplesmente aumentam seus status sem fazer mais nada, essas vão acabar por aumentar mais ainda quando evoluem. Mas vamos para os tipos de Materia pra falar mais especificamente.
As primeiras são as mágicas (Verde), as mais conhecidas e comuns. Elas são as magias, como Fogo, Terra, Cura, Veneno, essas coisas. Elas tem seu próprio menu, mas não são o único tipo de magia do jogo.
A segunda Materia é de Suporte (Azul). Essas não funcionam por si só e precisam ser equipadas junto com alguma outra Materia. Por questão de lógica, nem toda Materia pode ser usada com uma dessas, como a “All” que não vai funcionar em muitas Command Materia. Support tem coisas como “HP Absorb”, “All”, “Elemental” que adiciona o elemento pareado ao seu equipamento, ou “Final Attack” que faz seu personagem usar a Materia equipada antes de morrer automaticamente. Essa você pode linkar com o summon “Phoenix”, fazendo não só seu personagem reviver automaticamente como também outros membros do time que podem ter morrido.
Em terceiro, temos as Comando (Amarelo). Existem poucas Command Materia no jogo (na verdade tem bastante só que a maioria é late game), mas elas são muito, muito úteis. Como cada uma é uma coisa completamente nova por si só, vale a pena falar de todas:
Throw – Você pode jogar um item e evoluindo, dinheiro também. Poder jogar dinheiro é muito bom contra certos superbosses.
Manipulate – Você literalmente pode usar seu inimigo, e os ataques dele. Pra uma certa sidequest do jogo isso é muito necessário.
Deathblow – Todo Deathblow que você acertar é um critical hit, mas ele tem bem menos precisão e vai errar mais vezes. Pareado com a Sniper CR do Vincent que tem 255% de precisão é uma materia muito boa, senão não se vê muito uso pela falta de consistência.
Steal – Roubar, e caso você upe bem vira a habilidade “Mug”, que é roubar… enquanto dá um soco!
Morph – Um ataque fraco, mas se matar um oponente (ou seja, ser o último hit pra matar ele) você o transforma em um item. Nunca usei muito porque me testa a paciência essa Materia, mas tem bastante coisa boa pra pegar com ela.
Sense – Uma análise do seu oponente, mostrando vida, MP e suas fraquezas.
Mime – O personagem vai copiar exatamente a mesma ação do último personagem aliado, independentemente se ele usou algo que você não possa fazer (exceto Limit Breaks).
Double Cut – Seu ataque normal vira um de dois hits, o que é atacar duas vezes por turno. Se você evoluir, vai poder atacar quatro vezes, e os personagens tem animações diferentes pra cada ataque, o que é bem divertido e bonitinho.
Master Command – Você tem todos os comandos pra usar. Período. Muito foda.
Slash All – Seu ataque normal acerta todos os oponentes de uma vez.
W-Item – O W é “Double”, significa poder usar dois itens, e não precisa ser o mesmo!
W-Summon – Invocar dois Summons de uma vez.
W-Magic – Usar duas magias!
O quarto tipo de Materia é Invocação (Vermelho). Ativa uma longa animação pra invocar um bicho muito foda que vai acertar todos os oponentes do seu próprio jeito. No início do jogo, os Summons básicos já são seu ataque mais poderoso. Mais pra frente ainda tem os Bahamuts pra causar bastante dano, embora você também cause muito dano sozinho então não são mais o ápice do seu poder. Cada Summon só pode ser invocado uma vez por luta, a não ser que você o evolua permitindo que invoque mais vezes.
O quinto e último tipo são as Independentes (Roxinhas), que fazem algum efeito passivo que vai estar sempre ativo. Por exemplo, Counter (roxo, não azul) vai fazer com que seu personagem revide ataques de vez em quando com um ataque normal. Isso é muito bom mas já me irritou bastante porque às vezes eu esqueço que tá equipado no Cloud e decido evoluir Limit Break de outros personagens até que os inimigos começem a atacar o Cloud e morrer um por um automaticamente. E sim, isso aconteceu com o Sephiroth, então não teve finisher fodão de Omnislash. Aqui também tem Materias que aumentam Stats, ou atraem Chocobos, ou atraem inimigos com mais frequência.
Mas existe um sexto tipo secreto… na verdade se você jogou deve ter notado que eu não mencionei ainda. Enemy Skill é uma Materia de comando, mas ela é especial então deixei pro final. Essa é uma das melhores do jogo inteiro e por boas razões. Acontece que FFVII, embora tenha um sistema de combate muito bom, possui algumas habilidades que não podem ser inseridas nos outros tipos de Materia por balanceamento, ou por uma decisão de organização. Por exemplo, a habilidade LV 5 Death, que não quiseram colocar em uma Materia porque já existe uma que tem o efeito “Death”. Enemy Skill é uma Materia que aprende ataques dos seus oponentes quando eles usam no seu personagem. Assim, você pode usar ataques de água mesmo que não exista uma Materia “Water” no jogo. O mesmo pra vento. Também deixa que você use coisas muito mais específicas como “???” que não entendo o nome mas causa dano no seu oponente em uma matemática do HP atual e HP máximo ou sei lá o quê, nunca entendi direito. O que eu entendi é que sempre vai tirar metade da vida do seu inimigo mas nunca matar ele. As habilidades mais fortes do jogo estão aqui; como White Wind que retira qualquer efeito ruim dos personagens ou Big Guard que causa Barrier, Magic Barrier e Haste em todos eles (protege contra ataque, magia e te deixa mais rápido). Existem apenas quatro dessa Materia no jogo, e você tem que conseguir as habilidades por si próprio pra cada uma se quiser ter mais de um personagem com elas. Tem mais de 30 Enemy Skills!
Esse é o sistema de Materia, a mecânica principal do jogo, mas não a única que foi introduzida! Os Limit Breaks teoricamente existem desde o jogo anterior, mas nunca funcionaram como aqui (e acredito que não tinham o mesmo nome). Todo personagem tem uns sete ataques especiais fortes pra burro que são conseguidos ao encher uma barra de “Limit”. A barra sobe quando você toma dano, mas não desce quando se cura. Isso significa que você vai se ver querendo tomar hits altos pra aumentar ela com frequência e poder usar seu ataque esmigalhador de bichinhos. Existem quatro níveis de Limit Break, cada um com duas habilidades, exceto o LV4 que é a sua mais forte e só tem um. Pra conseguir o segundo Limit Break de um nível você precisa usar o primeiro muitas vezes. Pra evoluir de nível precisa matar um certo número de inimigos. Isso faz com que a progressão pelo jogo seja natural, mesmo que você possa ganhar todos no primeiro momento que ver Random Encounters, só que esse é o jeito mais imbecil de fazer isso. E eu já fiz isso antes. Não vale a pena. Vale mencionar que Vincent tem só um Limit Break por nível e que Cait Sith só tem dois níveis, com só uma skill em cada.
Outra mecânica é a formação do seu time, no caso, se o personagem está atrás ou na frente. Isso é muito importante porque decide quanto dano você toma e quanto dano você dá. Mas é uma mecânica bem simples mesmo, e existe a Long Range Materia que permite seu personagem dar o mesmo de dano mesmo estando atrás. Também deixa que você ataque inimigos que estejam longe demais pra tomar hit básico.
Os itens são importantes aqui também, diria que bem mais do que outros RPGs que to acostumada. Só que também é provável que você sempre tenha o item que procura, então não existe muito uma manutenção dos seus recursos. Existem itens que aplicam efeitos normalmente curativos (seja de HP, MP ou Status), e então itens de batalha, que causam efeitos especiais. Por exemplo, granadas que causam dano de fogo a um inimigo. Você talvez use essas coisas, talvez não, mas são bem úteis na verdade. Me salvaram algumas vezes, embora sejam poucas.
Evoluir personagens é algo que eu nunca tinha pesquisado sobre mas acabei percebendo nessa última playthrough. O sistema de experiência faz com que personagens que você não esteja usando sempre recebam metade do XP que os outros receberam, o que é algo que gosto muito. Não sou fã deles receberem tudo, mas é muito bom que eles recebam metade porque sempre vão estar perto dos que você usa mais, caso você acabe precisando usá-los. Eu não tenho esse problema porque sempre tenho no meu time quem tem o nível mais baixo (logicamente, trocando quando eles sobem acima de outros), e eu gosto disso porque eu acabo usando todo mundo.
E por último, os inimigos. Inimigos normais não são problemas nesse jogo, eles costumam ser bem mais fracos que seus personagens. Mas eles estão lá por dois motivos: treinamento e balanceamento. Com treinamento me refiro à experimentação e aprendizado das suas mecânicas, já que sempre que tiver algo novo vai ter muitas chances de experimentar com inimigos normais antes de realmente precisar usar. Isso serve pra personagens, Materia, armas, itens, etc. O balanceamento é que mesmo que você ignore todos os inimigos que puder, o fato deles serem aleatórios e não dar pra esquivar vai sempre fazer seus personagens estarem no nível ideal pro que eles vão enfrentar. FFVII é um jogo extremamente fácil e é meio que por culpa disso. Nos ports recentes você pode desligar Random Encounters e isso deve ser muito interessante no quesito de balanceamento. Talvez o jogo finalmente fique difícil! Quero muito fazer uma run com isso pra ver.
No início do jogo os bosses são muito, muito bons e de fato desafios. Mas depois que você consegue coisas como Ultima já não são mais. Ainda tem bosses absurdamente difíceis como Ruby e Emerald Weapon, mas essas são superbosses secundários que você talvez nunca enfrente. Agora Sephiroth é obrigatório, e ainda assim bastante fácil. Não significa que você não vai morrer pra alguns deles, mas em um jogo tão longo a maioria acaba pesando, e a maioria realmente é bem fácil. Um boss realmente fodido é o Lost Number, o boss da Mansão Shinra. Esse é opcional, mas obrigatório se você quiser ganhar o Vincent o que eu realmente espero que você faça porque ele é muito bom. Outra coisa sobre os inimigos em geral é que tem muitas animações absurdamente longas e entediantes pra ataques que não dão nada de dano e isso é muito irritante. Mas, de novo, dá pra aumentar a velocidade do jogo nos ports mais recentes.
Em geral o combate é… interessante. Embora tenha seus bons momentos acaba por ser um estilo de luta simples demais em um jogo muito fácil. E como é um jogo fácil, o sistema de atributos com Materia acaba por não fazer tanto efeito quanto poderia. Os lugares em que o combate de fato se mostra efetivo são em lutas secundárias feitas para serem difíceis, e nelas você normalmente vai pegar uma estratégia da Internet pra vencer. Combate em turnos acaba por ser um pouco difícil de se acertar em um Final Fantasy por eles serem meio que o padrão de um, mas existem RPGs de turno com combate desafiador e alguns até usam ATB como Chrono Trigger. Persona 3 me vem à cabeça pelo seu personagem mudar todos os seus stats quando troca de Persona, dando muitos motivos diferentes pra você usar um ou outro deles, além das habilidades. Ainda assim, não é no combate que FFVII realmente se destaca.
Listen to the Cries of the Planet
Essa é uma das histórias mais belissimamente construídas da história (dos videogames). É isso o que um bom número de pessoas achava também até sair The Last of Us e todo mundo magicamente mudar de ideia. Ok, eu to exagerando, mas FFVII é conhecido pela sua história mais que qualquer coisa, e ela é de fato muito única.
Existem diferentes maneiras de uma história ser boa, e quem olha de fora talvez não enxergue isso com Final Fantasy VII, porque, de diversas maneiras, ela se encaixa em uma jornada heroica fantasiosa cheias de desafios, perigos, perdas e sei lá mais o que vocês poderiam dizer sobre a maioria dos RPGs. De fato, muitas histórias são elogiadas por mudarem o método de serem contadas, ou por adicionarem um twist especial que as tire desse padrão. Mas algo que eu gosto muito sobre arte é que não existem regras. FFVII é sim uma aventura fantasiosa relativamente comum, mas não é como nenhuma outra.
Como mencionado antes, o mundo desse jogo é muito vivo, mas a história também é. É muito fácil de perceber que houve um esforço absurdo na criação desse enredo e pra fazer desse universo o mais bonito que você vai ver. FFVII mudou muitos padrões e quebrou outros, e seria fácil dizer que naquela época uma coisa ou outra não era tão comum, implicando que é por isso que VII é bom… mas a questão é que é realmente muito bem feito até hoje.
Os personagens são absurdamente carismáticos e oferecem muita profundidade, o que é um jeito bem repetitivo de dizer que eles tem múltiplas facetas. As relações entre eles também são complexas e interessantes, de modo que mesmo que todos eles sejam bons amigos no fim do jogo, isso não foi conquistado sem muito suor e trabalho. Mesmo quando aliados, tem gente ali que em certo momento nunca se importou com a missão, ou era um inimigo dos outros forçando eles a se juntar, ou que simplesmente seguia em frente sem saber o que estava fazendo (algo que até pode ser real pra um bom pessoal lá).
Se existe algo que faça essa história diferente das outras é que não existe potencial perdido nela. Quando existe uma oportunidade ou algo no plot se conecta, a escrita toma iniciativa pra desenvolver. Todos os momentos de VII acabam por ser muito completos, e isso também é evidência de uma época menos pesada no desenvolvimento de jogos AAA que dava mais liberdade para os escritores, por assim dizer. Claro que não era perfeito, mas o pessoal realmente teve tempo e trabalhou duro pra criar uma história dessas. Mas o que eu to dizendo agora é só pra te convencer que FFVII não é só qualquer outro plot mas esse não é o único motivo dele ser tão bom.
Não faz diferença a qualidade de uma criação se ela não tiver algo importante – sentimento. É isso que importa, e é isso que fez VII ser o que é. É uma aventura inesquecível; não porque você a presenciou com a mente, mas sim sentiu com o coração. E isso não é só feito com momentos impactantes, como o fim do primeiro CD (em que a maioria das pessoas já sabem o que rola), mas com música, visual, ambientação, conforto, medo, tristeza: quando você sente algo nesse jogo, você sente pra valer.
A verdade é que esse jogo mudou minha vida lá em 2017, me dando uma felicidade que eu nunca tinha conhecido. Eu entrei em uma depressão pouco antes de jogar e voltei à ela uns meses depois de terminar, mas eu tinha uma esperança. Enquanto eu jogava FFVII nada mais importava, e ao mesmo tempo eu começava a apreciar o que importava quando eu não tava jogando. Atualmente, eu sinto isso de maneira ainda mais forte. Eu só cheguei onde cheguei, e só sou quem sou por causa desse jogo. Eu sou muito mais feliz agora e tenho ainda mais esperança, algo que foi plantado em 2017 por esse jogo. O pior é que nesse ano específico e enquanto eu jogava FFVII, tudo ainda dava errado. A vida não tinha parado de ser dura, e foi durante os anos seguintes que eu realmente entendi o que é depressão. Mas em 2017 isso não importou nadinha.
Eu tinha um refúgio em FFVII, mas ele também me liberava para o mundo com algo bonito dentro de mim. Honestamente, as memórias e sentimentos desse jogo me fizeram passar por muitos momentos difíceis. Existem muitas obras especiais pra mim, mas essa aqui foi algo muito, muito lindo.
Nunca um elenco de personagens foi tão absurdamente incrível pra mim. Tanto nas personalidades e história quanto esteticamente, essa é a party de protagonistas que eu mais amo em RPGs, com um dos meus vilões favoritos (a Shinra, não só Sephiroth) e o universo que mais bizarramente se conectou comigo. O planeta, as lutas, os problemas dos personagens, não tem algo tão forte quanto isso. Eu juro que queria estar falando mais coisas, mas não tenho como expressar como eu amo essa história sem entrar mais nela… mas isso é meio que a Parte 2 do texto, então eu to tentando resumir de alguma forma. Só é muito difícil juntar o amor de anos em tão poucas palavras.
Mas também eu sinto que poderia falar sobre esse jogo infinitamente. Em palavras mais exatas e diretas: Final Fantasy VII é o RPG mais foda de todos. Esse enredo adapta diferentes situações e acontecimentos, além de ter muita inspiração na vida real, pra fazer uma aventura que parece uma vida toda em 60 horas de duração. Talvez menos. Esse jogo é uma dádiva e mesmo que outros RPGs também consigam reproduzir sentimentos parecidos, tem um negócio especial demais nesse pequeno universo. Os temas que ele lida também são muito interessantes e é uma história extremamente detalhada – no nível dos seus protagonistas serem terroristas com boas intenções mas ainda assim ver todas as coisas ruins que acontecem por sua causa, pelo que você julga ser certo. FFVII levantou essa questão para que você pense em coisas que de fato existem no mundo real. Desigualdade social, transtornos, depressão, abuso. Pode ser que sejam só detalhes em algumas coisas e que parte desses temas tenham um fator fantasioso, mas eles são reais e muito facilmente se relacionam com algo que existe no nosso mundo. Cloud é um personagem absurdo de foda, muito bom mesmo, e a história dele é algo a ser pensada com mais frequência.
E além do Cloud ser um protagonista muito bom, Tifa é uma personagem extremamente bem feita e uma mulher muito forte mental e fisicamente desde o século 20. Aerith é um dos personagens mais interessantes e complexos dos RPGs, com uma das personalidades mais carismáticas também. Barret é um personagem maravilhoso e seus sentimentos e motivações são algo extremamente real, principalmente por ele ser alguém que tem falhas evidentes e ainda assim é um dos melhores do time. Nanaki, Cait Sith, Vincent, Cid e até a Yuffie são pessoas incríveis por si só, mas ainda melhores em um time tão incomum e ainda tão conectado.
Sephiroth é um vilão que embora comece sendo fácil de simpatizar, cada vez fica mais cruel e absolutamente assustador. O pessoal da Shinra como Rufus e os Turks são pessoas carismáticas e profundas, muito fáceis de gostar também, mesmo que estejam fazendo merda e do lado errado. Personagens menores como Shera, Dyne ou a mãe da Aerith (Elmyra, mas ninguém lembra o nome dela) são pessoas reais que, mesmo não sendo protagonistas, têm seu próprio espaço na história do universo e vivem nos corações das pessoas que fizeram tudo que podiam para salvar o planeta. E “salvar o planeta” é algo muito interessante, porque nenhum deles tá nessa jornada pra salvar o planeta especificamente mas por algo que eles se importam e amam. Mesmo que não sejam pessoas; pode ser apenas uma ideia ou conceito, mas eles vão estar lá para proteger tudo que eles têm no mundo. Isso é muito bonito, e bem pessoal.
Mas Final Fantasy VII é a melhor história já feita no mundo dos videogames? Fico receosa em concordar porque existe muito jogo nesse mundo, mas eu também não colocaria outro jogo nesse patamar. O problema é que pra realmente falar os motivos pra isso eu teria que entrar mais profundamente nela e esse jogo teve 100 horas na primeira vez que eu joguei. É muito jogo pra falar em pouco tempo. Mas não vamos pra parte 2 ainda, tem um pouco mais à se falar.
In Search of the Man in Black
Em gameplay, esse jogo não é só combate. Na verdade, a maior parte dele é fora dela, já que no meio das lutas não se desenvolve a história, por exemplo. Como esse é um JRPG em turno, tem muitos elementos de puzzles, conteúdo secundário, exploração e mudanças de gameplay, algo muito comum em muito jogo da época (não reclamo, eu amo pra caralho aventuras tão variadas que não dá pra ter a mesmo gameplay por ela inteira). Essa parte de FFVII é bem divertida, porque os cenários são bem detalhados e cheios de coisa, mas tem seus problemas.
Esse jogo tem bastante conteúdo que você pode perder se não pegar no único momento que são possíveis. Tem uma sidequest inteira que só rola em diversos momentos muitos específicos, alguns em que é até impossível o jogador ir até (isso é má programação e planejamento mesmo, porque de fato tem coisa que você nem tem como pegar nessa sidequest). Isso não é algo que gosto muito, especialmente porque no quesito exploração tem itens bem importantes e muito bem escondidos em lugares que você normalmente não olharia. O que estaria tudo bem, se eles não sumissem pra sempre depois de você passar dessa cena do jogo. Por exemplo, no fim do CD2 você retorna à Midgar e tem que ir em um lugar específico. Mas na direção contrária por um motivo nada a ver, você pode voltar pro prédio da Shinra sem explicação ou dica de que teria que ir pra lá, e lá vai ter alguns itens não só importantes mas como a arma mais forte de um dos seus personagens que nunca mais pode ser acessada depois disso. Além de que tem uma sidequest que só pode ser completada se você viu um negócio no prédio da Shinra, algo que você só tem a oportunidade de fazer duas vezes no jogo. Esse tipo de coisa induz muita ansiedade porque você sempre se pergunta se não tem que ver absolutamente tudo de cada canto mesmo quando não faz sentido pra não perder algo vital (quer dizer, não é vital se é secundário mas talvez seja pra sidequests). São umas coisas muito absurdas como andar por 10 minutos em um corredor absolutamente vazio (com random encounter no caminho) ao invés de simplesmente seguir a missão principal que é precisa e clara em onde você tem que ir. Mas FFVII é um dos mais leves nesse quesito, confiem em mim, o VIII é MUITO pior, muito mesmo. Mas esse tipo de coisa inevitavelmente vai pedir que você abra um walkthrough de vez em quando, o que até eu fiz mesmo sabendo das coisas porque acabo esquecendo algumas. É muito fácil zerar o jogo sem ajuda externa, mas as sidequests são literalmente impossíveis de 100%ar se você não ver um guia (como a dos Chocobos).
Words Drowned by Fireworks
Esse é o fim da primeira parte. Eu menti e vai ter uma terceira, que meio que completa essa primeira ao invés da segunda. Ela só fica muito melhor no final do texto de qualquer forma. Essa primeira parte foi feita como um possível final, então se quiserem parar de ler aqui, agradeço a leitura porque isso aqui já foi bastante coisa. Obviamente agradeço também quem quer continuar. A segunda parte vai falar não só sobre história, mas a experiência como um todo também. Só que ela não vai ser tão divertida de ler ou muito interessante então não precisam ler ela. A terceira e última parte vai falar sobre conteúdo secundário do jogo, que é algo bem grande sobre ele. Decidi deixar isso pro final por algumas razões, mas podem ler se quiserem independentemente de terem ou não pulado a segunda parte.
O texto até aqui já é uma carta de amor à Final Fantasy VII, mas é uma carta que não me orgulho tanto porque não expressa meus sentimentos por completo. Eu quero mostrar o que realmente sinto. Isso pede algo não tão refinado, chamativo ou sequer organizado. Sentimentos são uma bagunça, vocês entendem. De novo, obrigada pela leitura até aqui, vou seguir em frente agora.
Parte II
Segurando Meus Pensamentos em Meu Coração
(Essa parte vai conter spoilers do início ao fim)
Final Fantasy VII começa com uma incrível ambientação. Uma menina com um cesto anda pela cidade, carros, pessoas, luzes, até que o zoom some e você vê ela. Midgar, uma teórica utopia para os ricos, brilhando com a sua estética Cyberpunk no meio da noite. Até que…
Bombing Mission
Um trem em movimento, um homem pula dele e acerta um guarda, para então um companheiro dele acabar com o outro. Um homem maior e robusto pula, até que uma figura diferente que acaba se destacando aparece.
Cloud Strife
Idade: 21 anos
Altura: 1,73
Sangue: AB
Gênero: aberto a debate
Gostos: esportes radicais, perigo, parecer legal para as they/thems, longas caminhadas na praia
Profissão: à disposição da empresa
Arma: espadas gigantes, Buster Sword
Cloud é um Ex-SOLDIER, ou seja, Elite do exército da Shinra. Suas habilidades em combate são incomparáveis, mas seu cabelo e atitude ainda mais. Trabalha como faz-tudo então ele faz tudo, mesmo que não se importe nem um pouco com as motivações por trás. A missão? Explodir um reator. Fuck yeah.
“I don’t care what your names are. Once this job’s over… I’m outta here.”
Depois de dar uma sova em mais dois caras que só estavam fazendo seu trabalho, você conhece seus colegas de trabalho, o grupo AVALANCHE, e seu líder:
Barret Wallace
Idade: 35.
Altura: 1,97, caralho?
Sangue: O
Gênero: cis male mas não acho que seja hetero. Mãe solteira embora cis
Gostos: cheiro de napalm pela manhã, colegas de trabalho exceto Cloud, filhinha querida do papai
Profissão: líder de facção anti-Shinra
Arma: força bruta e tiros fodas de metralhadora lançados pelo seu próprio braço
Barret é o forte líder da Avalanche, um grupo terrorista que luta pelo futuro do planeta. A energia Mako é a fonte de vida vital do planeta e das pessoas, e tá sendo sugada por esses reatores malditos até não sobrar nada! E isso é obviamente culpa da Shinra, a megacorporação maldita que só liga pra dinheiro e não dá uma foda para os mais pobres. Barret tem mais motivos para odiar a Shinra, mas isso vai ficar só entre nós por agora. Barret é um homem extremamente determinado e passional, agindo pelo impulso e pelo que considera certo mesmo que seja cancelado nas redes sociais.
“If you push the directional button while pushing the [CANCEL] button to run. (earlier marked X)”
Avalanche finalmente entra no Reator Mako. No núcleo do gerador, Cloud instala uma bomba porque Barret precisava ficar olhando vendo se ele não ia ratear com os guri (trair Avalanche). “Watch out! This isn’t just a reactor!”, Cloud escuta uma voz momentaneamente, mas não tarda em ligar o detonador. Então chega sua primeira boss fight. Nessa batalha você provavelmente vai ver os “Limit Breaks” dos personagens e perceber como esse jogo é legal. Você também pode ser enganado pela infâme frase do Cloud: “Attack while its tail’s up!!”
Com o inimigo derrotado, o contador começa e você precisa correr! Quando tudo explodir você não vai querer estar por perto! Ah não, Jesse tropeçou, she so clumsy xP! Logo após ajudá-la… boom. Um reator gigante é demolido por uma explosão no núcleo. Finalmente fora de perigo, Avalanche precisa se encontrar separadamente na estação do Setor 8. Final Fantasy VII começou.
Anxious Heart
O início de Final Fantasy VII é um dos melhores em qualquer RPG. Ao invés de começar calmo e subir em intensidade com o tempo, todo momento em Midgar é repleto de uma história contínua cheia de ação. Nós somos apresentados perfeitamente ao universo e os personagens dessa história em um enredo completamente linear e bastante direto. Não tem viagens longas por um grande mapa, ou sidequests. Você acompanha uma história muito envolvente e carismática que está sempre presente, e todo tipo de coisa acaba acontecendo nesse prólogo de Midgar. Esse é um dos melhores prólogos de qualquer jogo que já joguei, e não tem maneira melhor de apresentar uma aventura. É muito fácil de entender por que o primeiro Remake decidiu se passar inteiro em Midgar, já que essa é uma seção muito interessante e divertida de acompanhar no original também. O ambiente de Midgar por si só já é muito único e criativo em qualquer JRPG da época e, por vezes até atualmente, e as coisas criadas aqui vão ser usadas durante o jogo todo quando você sai dessa cidade. É importante dizer que acima de bonita, a história de FFVII é muito divertida.
Mas seguindo em frente, após a explosão do reator somos levados até o esconderijo do grupo, um bar do setor 7, “Sétimo Céu” (para as pouquíssimas pessoas que leram o meu livro, sim, é daí que veio o nome). Dentro desse bar, somos apresentados à…
Tifa Lockhart
Idade: 20 anos
Altura: 1,67
Sangue: B
Gênero: transfem, she/her
Gostos: socos fodas, crianças, fazer coquetéis incríveis, privar Cloud de informações importantes para protegê-lo
Profissão: membra da Avalanche
Arma: os próprios punhos, mais forte que Barret em tudo, possivelmente o personagem mais forte do jogo (fisicamente)
Tifa é como uma mãe pro grupo e se importa demais com os outros antes de ligar pra si mesma. Uma amiga de infância de Cloud, agora o quão próximo eles eram é… questionável, no mínimo. Os dois compartilham uma promessa feita sob as estrelas, mesmo que no dia da promessa Cloud e Tifa tenham se falado pela, sei lá, terceira vez na vida? De alguma forma eles tem um laço muito forte atualmente.
“Flowers? How nice… You almost never see them here in the slums. But… A flower for me? Oh Cloud, you shouldn’t have…”
“…
Give it to Tifa
> Give it to Marlene”
Depois de tomar uma vodka com limão, Cloud desce para o porão para uma reunião, onde ele briga com Barret sobre seu dinheiro e aceita seu próximo trabalho – o segundo reator. Por mais dinheiro, claro. Mas antes, um pouco de memórias com Tifa.
Abaixo às estrelas, Cloud prometeu que ia entrar na SOLDIER e ser o maior de todos como Sephiroth. Ele também prometeu que quando fosse famoso e Tifa estivesse em apuros, ele estaria lá para salvá-la. Sendo sincera, é a Tifa que normalmente salva Cloud em toda ocasião. No dia seguinte, Marlene (filha do Barret) cuida do bar enquanto Tifa, Cloud e Barret vão causar destruição e terror na cidade superior. Marlene é muito responsável!
A viagem de trem dá errado porque “someone blew it!”, e todo mundo precisa pular do trem mais cedo. Tifa pula, e então Cloud porque Barret disse que o líder vai por último. Então Barret pula, deixando outros membros do grupo pra se virarem dentro do trem. Dessa vez a invasão vai ser um pouquinho mais complicada para a Avalanche. Depois de andar um pouco pelos dutos e se reencontrar com Jesse, ela diz que o problema no trem foi porque ela resolveu fazer a identidade falsa do Cloud extra-foda.
No reator, o time não teve problemas para chegar no núcleo de novo. Mas ver Tifa no reator trouxe uma memória desconfortável à Cloud que ele não consegue desvendar. Muitos dos problemas desse jogo poderiam ser resolvidos com uma conversa, mas tem motivos emocionais pra eles não conversarem sobre certas coisas nesse início.
Bomba plantada, hora de dar fuga. Subir as escadas, passar pelos canos, pular um buraco, subir mais escadas, apertar um botão, até finalmente chegar na ponte que liga a saída principal com o Reator Mako. Até que chegam soldados de um lado, soldados do outro, e de trás passos. É o presidente da Shinra. Em uma pequena conversa, o presidente menciona Sephiroth, o que perturba Cloud um pouquinho, mas Barret dá um passo à frente para falar algumas slurs pesadas para o presida! O homem fica em choque e vai embora no seu helicóptero pessoal, deixando para trás um robô que ele chama de “Technosoldado”. Mais uma boss fight. Esse robô leva dois anos pra fazer qualquer coisa então depois de uma luta razoavelmente longa, o reator está prestes a explodir, e o robô também! Destruindo uma parte da ponte, Cloud acaba quase caindo no abismo, até que realmente cai enquanto o reator é reduzido a migalhas. Essa cena é ridiculamente engraçada porque é só um bichinho extremamente estúpido caindo de muito alto. Parece o vídeo do cara jogando uma pelúcia do Among Us do quinto andar.
Quando Cloud começa a recuperar a consciência, uma voz fala com ele. Agora, eu sei quem fala, mas não é a menina que finalmente consegue acordar Cloud.
Aerith Gainsborough
Idade: 22 anos
Altura: 1,63 engual eu fr
Sangue: O
Gênero: enby, they/them
Gostos: flores, amigos :), ver através do frio semblante de Cloud
Profissão: moça das flores ela vende flores
Arma: bastões
Aerith é minha favorita, e eu descobri que de alguma forma eu sou minoria porque todo mundo que eu conheço prefere a Tifa. De qualquer forma, ela é um dos “Ancients”, e por conta disso, é perseguida desde a infância pela Shinra. Ela é muito ligada à vida e consegue escutar o planeta (que representa a própria vida). Esperançosa e animada, ela também gosta de brincar com Cloud e consegue fazer ele rir.
“I’m Aerith, the flower girl. Nice to meet you.”
Cloud e Aerith conversam por um tempo, ela é uma menina muito carismática. Esse é um momento fofo, e Aerith explica como essa igreja é o único lugar em que flores podem florescer em Midgar. Bem, isso é mentira, porque na casa dela também tem um quintal cheio de flores. Mas a conversa é interrompida por Reno, um dos “Turks”. Turks fazem o trabalho sujo da Shinra: espionagem, sequestro, assassinato… e Reno é um dos mais legais deles. Embora sejam inimigos, eles acabam cooperando até demais com Cloud e o pessoal durante o jogo. Mas, agora, eles querem capturar Aerith. Como Cloud é o faz-tudo, Aerith pede para ele ser seu guarda-costas. “Certo, mas vai te custar”, e Aerith oferece pagar com um encontro. Cloud aceita um pouco fácil demais, os lgbts se atraem.
Em uma fuga desesperada pelos destroços da igreja, Cloud e Aerith sobem no telhado deixando os soldados trapalhões pra trás. Enfim, acho legal como toda cena desse jogo tem tanta importância e tenta ser um filme de ação, mesmo quando os inimigos são tão fraquinhos. É imersivo, na verdade, mas quando algo dá errado você perde mais é tempo mesmo. Em cima do telhado, Cloud pergunta por que os Turks perseguem a Aerith. Ela brinca dizendo que talvez ela seja forte suficiente pra entrar na Soldier! Eu gosto muito da Aerith por essas coisas, ela consegue fazer qualquer um sorrir. Mas embora fosse uma piada, Cloud concorda, ela talvez tenha o que é necessário pra ser Soldier, já que despistou a Shinra por anos.
Aerith é uma pessoa muito doce e divertida. É um raio de luz para todos até o fim, mesmo após acontecer o que vocês já sabem porque é um dos momentos mais conhecidos da história dos jogos. Seguindo em frente, os dois pulam por cima de telhados até chegarem na casa da Aerith, passando por um pequenino vilarejo. Nele, tem um cara doente, e você sabe que ele é doente já que a Aerith diz em alto e bom som “This guy are sick”. Então, ao falar com ele, você percebe que ele tem uma tatuagem de um número por algum motivo. Esse homem vai ser muito importante logo, e essa tatuagem é a prova. Se você tá lendo isso provavelmente já jogou FFVII, mas ele e Cloud são muito parecidos. É até inesperado que Cloud não tenha tido visões ou sentido um desconforto ao falar com ele.
Na casa da Aerith, a mãe dela te agradece por protegê-la e Cloud pergunta se é difícil chegar no Setor 7 daqui, “eu quero voltar pro bar da Tifa”. Aerith brinca com ele perguntando se é a namorada dele, que faz Cloud ficar muito envergonhado. Em resumo, Aerith vai levá-lo ao Setor 7, Cloud tenta enganar a menina e ir sozinho mas não dá certo porque ela é esperta. “Não sei, ser ajudado por uma garota…”, “Uma garota!? Você espera que eu fique sentadinha depois de escutar essa porra?”, exatamente como ela disse. Acho que ela ficou muito irritada pelo misgendering. Tá bem ela não swearou. Cloud também teve uma lembrança da mãe dele.
Os dois param em um parquinho na caminhada e sentam em cima de um brinquedo para conversar. Aerith diz que Cloud é do mesmo rank de Soldier que o primeiro namorado dela. Vale mencionar que houve um flash quando Cloud foi responder o rank dele, porque ele precisava resgatar essa memória de algum lugar. “Eu provavelmente conhecia ele, qual é o nome?” e se Aerith tivesse respondido “Zack” talvez Cloud tivesse algum lapso de memória muito importante. Eles não tem tanto tempo pra conversar porque uma carroça levando a Tifa passa pelos dois, e obviamente eles tem que investigar isso.
Don of the Slums
Apesar do título, não vamos falar quase nada sobre Don Corneo. O que rolou é que o Don tem informações importantes sobre a Shinra e ele é um merda miserável que quer ser sugar daddy, mais ou menos, porque não acho que ele planeje oferecer alguma coisa por sexo já que ele é um arrombado. De qualquer forma, Tifa tá tentando tirar a informação dele se esgueirando como uma das pretendentes pra ser esposa do Don, como se alguma desgraçada quisesse isso… pensando agora, sendo esposa você provavelmente teria o dinheiro dele. E esse cara apanha de mulher facilmente então a esposa dele seria dona da fortuna. Talvez não seja má ideia… então, quando Aerith descobre que a única maneira de entrar é sendo uma das pretendentes, ela diz que logo volta com uma amiga muito fofa junto. Sim, Cloud.
Agora eu preciso entrar em um certo assunto. Eu sou uma mulher trans, e os acontecimentos dessa parte são um pouco questionáveis. No jogo por si só, não acontece tanta coisa nojenta. As pessoas tratam Cloud de maneira transfóbica por ele querer um vestido, e talvez tenham algumas conotações bem ruins em certas cenas, mas nada é 100% claro. Pela época, pela cultura e, sem ofensas, pelo país ser bem transfóbico, provavelmente a intenção das cenas não era lá tão boa. Mas só olhando pro jogo em si, não tem nada demais. E muito provavelmente, o remake faz essa parte muito melhor. Só tem uma coisa realmente ruim, não importa como você olhe, que é uma das cenas do Honeybee Inn, com os caras na piscina. Eu não me sinto confortável falando sobre ela, mas é uma piada de muito mal gosto.
Ainda assim, é nesse mesmo motel que temos uma ótima cena. Cloud entra em um dos quartos com a desculpa de que tá procurando mais coisas pro seu disfarce, o que talvez seja verdade, talvez não. Mas esse quarto que ele entrou não tem um nome. As luzes piscam, e uma icônica música toca. No canto do quarto, estava Cloud. Outro Cloud, ajoelhado, que começa a falar com o protagonista. Essa é uma das cenas mais legais do jogo pelo absurdo medo que ela dá, é uma coisa muito bizarra. Esse “Cloud” diz que não tem como resolver seus problemas só pensando neles e olhando pro passado. “Já começou a se mexer”. Cloud desmaia, e é acordado aos tapas em uma cena humildemente desconfortável, mas o outro quarto era muito pior. Uma coisa importante a ser dita: nem todas as vozes que Cloud escuta são da mesma pessoa. Ou, ao menos, interpretei dessa forma. Jogando pela primeira vez, essas coisas acontecendo do nada te deixam bastante preocupado. Os flashes quando Cloud fala do passado, ou momentos como esse quando ele vê ilusões. É muito mais do que uma amnésia ou algo parecido, Cloud tem algo diferente pra contar, mas você não sabe o que é. Ele não é um protagonista comum.
Se você olhar a história como um todo, ele nunca foi o protagonista, até agora. Mesmo salvando o mundo no final do jogo, Cloud só é especial por causa de coisas que fizeram com ele. No fundo ele é só um menino, mas ainda diferente dos outros. É interessante que ele não é destinado a vencer ou qualquer coisa parecida, embora eu até goste dessa trope, em FFVII ela não cabe. As coisas que seriam “destinadas” não acontecem. Eu falei que ia ter spoilers, então já vou dizer. Era profetizado que Holy seria a salvação contra o meteoro, o Holy que Aerith invocou. Mas Holy falhou, e o mundo foi salvo por… ele mesmo. O Lifestream salvou o planeta. Embora os personagens tenham dado o tempo necessário pro planeta poder resistir, não foram eles que fizeram acontecer, e se alguém além do planeta fez algo, foi a Aerith.
Mas… voltando pra Midgar, Wall Market, quest de crossdressing. Essa parte tem muitas referências a abuso sexual, muitas lidadas sem tato. Quer dizer, quando as mulheres do Honeybee Inn dizem que um homem é “do tipo violento”, fica implícito que já houveram outros antes. Eu não posso discutir muito sobre isso, mas em alguns momentos essas coisas são apresentadas como pequenas piadinhas. Não quero entrar no mérito de qualquer coisa, eu não gosto de falar sobre o assunto, mas essa parte não é muito boa e não representa o que o jogo é. É claro, é impossível ignorar isso, e não é por ser da época que os erros cometidos aqui não são erros, porque na época ainda eram fodidos. Mas eu quero falar mais sobre.
Os assuntos relacionados à transgeneridade, homossexualismo ou algo LGBTQ em geral, foram escritos de uma maneira obviamente cômica. Isso não é muito legal. Nessa época eles viam isso só como uma piada engraçada, o que atualmente a maioria sabe que não é. Mas, sabe, como mulher trans, eu nunca me senti tão ofendida assim por essas cenas. Acontece que poder ver Cloud em um vestido, depois de Aerith dizer que ele queria ser “bonita ao menos uma vez” é… bem impactante. Eu não acho que é o que o jogo queria, mas já vi relatos e até análises de outras mulheres trans sobre isso e eu acho que é um pensamento comum. O Remake por tudo que eu vi executa essas cenas de uma maneira muito melhor. Ao invés de ser uma piada, é algo mais confortável, apresentado como uma coisa normal. Dizendo que as noções de gênero não importam, e Cloud parece nem desgostar da situação, ele claramente não se importa depois de alguns minutos com o vestido. “Nailed it, I know.”
Só… tem um certo peso na vida de uma menina poder vestir o protagonista como você queria se vestir. Isso é real pra todo mundo, por isso que existe mudança de visual em jogos. Também é fato que Cloud se vestir pra enganar um homem é o claro pensamento de que mulheres trans tentam “enganar” os outros, e tenho certeza que essa cena não fez bem pra essa situação também. O que eu posso dizer é que os tempos mudaram, e os escritores não pensam mais dessa forma. Jogos não eram muito inclusivos naquela época, e eu gostaria muito que não fosse assim no meu jogo favorito, mas essa é uma parte muito pequena dele. E mesmo essa pequeno pedaço tem coisas boas, como o fato de que você pode fazer esforços a mais pra ficar bonita. Tipo, dá pra só pegar o vestido e peruca e seguir em frente, mas você pode conseguir perfume, maquiagem, lingerie e outras coisas. De alguma forma, isso serviu de expressão pra uma Rosie do passado, onde eu podia fazer meu protagonista super masculino (nem tanto) ser bonita como eu queria ser, e ser reconhecida por isso. E ele não se importa com isso também, dá pra ver que ele só reclama uma vez e mesmo 30 minutos com o vestido ele só se sente um pouco envergonhado da Tifa ver ele o vestindo, o que é normal, eu também fico assim de vez em quando. Eu fico muito feliz que isso foi mantido no Remake sem as partes nojentas, porque FFVII nunca teve más intenções, embora estivesse errado em apresentar os problemas como algo cômico. Enfim, só queria falar sobre isso porque não me sentiria bem em simplesmente ignorar os problemas do meu jogo favorito mesmo que eles sejam… desse calibre.
Mas… vamos voltar a falar sobre a história. Cloud conseguiu um vestido e consegue entrar com a Aerith dentro do “palácio”. Esse lugar me deixa desconfortável. Eles se encontram com a Tifa e conversam um pouco. Como as três são as pretendentes, elas se juntam para que qualquer que seja a escolhida, ainda possam retirar informações do Don. Don diz para os outros caras que “eles podem ficar com as outras”. Dessa vez não é problema no jogo, o intuito é mostrar como o Don é nojento e como vê mulheres como simples objetos. Eu odeio isso, mas pelo menos, todas as mulheres aqui conseguem acabar com todos os caras desse estabelecimento sem muito esforço. Se o Don não te escolher, você vai ser mandada pra uma sala onde vai poder fazer justo isso e destruir todo mundo. Se você for escolhida no entanto, precisa ir com o Don até o quarto dele. Mantendo uma farça de que você pretende dar alguma coisa pra ele, você pode ficar conversando por um tempo. Você pode, por exemplo, dizer que Barret é seu namorado.
Tifa e Aerith se salvaram sozinhas, como já esperado, então elas invadem a cena. Então uma das cenas mais satisfatórias começa, quando se inicia um interrogatório com o Don Corno, enquanto todas ameaçam destruir o pau dele de diferentes formas. Cortando, rasgando fora, esmagando… eles tiram a informação de que a Shinra pretende demolir os pilares do Setor 7, o que vai fazer a cidade acima cair na debaixo, matando todas as pessoas ali. Isso tudo apenas pra se livrar da Avalanche, e mesmo se não acontecer, eles tem um perfeito bode espiatório. Mas Corneo não vai dar as informações e ficar por isso, então faz todo mundo cair no esgoto pra lutar contra o bichinho dele: um javali gigante de água chamado “Aps”. Depois de vencer esse bichinho, precisamos correr para salvar o Setor 7.
Under The Rotting Pizza
Depois de um rápido puzzle, chegamos ao setor e não estamos sozinhos. No topo do pilar, Avalanche está lutando para salvar a vida das pessoas, tentando impedir Shinra de explodir tudo. Cloud e Tifa vão subir para ajudá-los, enquanto Aerith procura Marlene para deixá-la em um lugar seguro. Começa a subida pelas longas escadarias até o topo do pilar. E… esse é o último momento que você vai ver os membros da Avalanche. Você ainda pode se despedir deles, porque Cloud agora tem palavras gentis a dizer. Mas, de qualquer forma, você chega até Jesse perto do topo do pilar. “Tá tudo bem… por causa das nossas ações… muitas… pessoas morreram… isso deve ser… nossa punição…”
Não tem como negar que o que Avalanche faz é terrorismo. E Final Fantasy VII não apresenta um posicionamento em relação a isso, porque quer que você pense sobre. Eu já falei disso então não vou me estender muito, mas a Avalanche sabe que o que fez custou a vida de pessoas. Eles sentem culpa por isso, todos eles, especialmente Barret. Mas eles não fizeram pelo pagamento, fizeram pelo que achavam certo: salvar o planeta. Eu não tenho uma opinião formada sobre o assunto, porque acredito que isso requer mais estudo, mas também é fato que não existe mudança sem sacrifícios. Talvez houvesse outra maneira de lidar com a situação, mas alguma outra coisa seria sacrificada por isso. O que é mais justo ou não, não vem ao caso. Embora errados, a Avalanche queria o bem do planeta e destuir a mega-corporação que causa tanta dor e sofrimento ao redor do mundo todo. O jogo nunca pede que você concorde ou simpatize com eles, isso é você que vai decidir. Por isso, as coisas que você diz nesse final para os membros da Avalanche são escolha sua. Se você quer ter empatia com eles, ou se quer continuar sendo o Cloud “frio”, vai de você. Essa discussão vai ser trazida de novo futuramente por um dos personagens.
No topo do pilar, Cloud, Barret e Tifa se juntam para lutar contra Reno, após ele apertar o botão que vai iniciar a explosão. A luta não é tão difícil, mas não há maneira de desarmar a bomba. Ela vai explodir automaticamente se alguém tocá-la, e só quem trabalha pra Shinra saberia como desarmar. Ainda por cima, eles sequestraram Aerith logo após Marlene ser levada para um lugar seguro. Sem outra escapatória, Barret se segura em um guindaste extremamente longo, enquanto Cloud e Tifa seguram nele. Os três conseguem escapar, mas o Setor 7 caiu.
A cinematografia dessa cena por algum motivo é boa até demais. Você vê as pessoas olhando para o céu, vendo o telhado cair sobre elas. Vê o noticiário da TV sendo interrompido ao vivo, já que ele era gravado no Setor 7. De uma visão aérea, podemos ver o Setor inteiro, tanto inferior quanto superior, explodindo e queimando. A visão afasta um pouco mais, e revela-se o presidente da Shinra assistindo tudo de camarote no mais alto andar do prédio mais alto de Midgar, enquanto aproveita uma boa ópera. Essa cena é impressionante pra um jogo com gráficos e animações datadas. O momento final com o presidente traz um sentimento de extrema crueldade e terror, e a ópera por si só ajuda muito nessas emoções. Shinra faria qualquer coisa para chegar onde quer, e a culpa disso tudo vai cair na Avalanche. O plano perfeito.
Depois disso, nós precisamos assistir o sofrimento do Barret. Chorando e gritando sem parar pela vida dos seus companheiros e, principalmente, da sua filha. Barret ainda não sabe que ela está viva, e se esse jogo fosse dublado eu choraria ainda mais nessa cena. Depois de se acalmar, Tifa conta pro Barret que Marlene provavelmente está a salvo, e embora ele acabe ficando mais leve, ainda tem relutância em aceitar a morte dos seus colegas. “Lutamos lado a lado! Eu não consigo pensar que eles estão mortos…”
Ao mesmo tempo, Tifa se pergunta se isso é culpa deles, mas Barret replica. Barret tá certo, é culpa da Shinra. Mas também é fato que se a Avalanche não tivesse aparecido, isso não teria acontecido também. Barret é um homem inspirador, pelo fato de que mesmo sentindo culpa e tristeza, ele ainda consegue olhar pra frente. Ele pode ter receios, mas tem convicção de que isso não teria acontecido se não fosse a Shinra. Eles podiam ter tomado ações melhores que talvez não provocassem isso, mas ninguém imaginaria que uma seção inteira de Midgar seria destruída pela própria Shinra, pra acabar com meia dúzia de criminosos. Barret reconhece suas falhas e seus erros, mas escolhe seguir em frente para consertá-los, e não fazer as perdas serem em vão. Isso é respeitável, mesmo que você não respeite as ações dele. Ele tem uma frase importante: “Não tem como pular desse trem que entramos”, é um caminho sem voltas.
Agora, eles estão a caminho de encontrar a filha do Barret, e no meio dele, Cloud cai de joelhos. Mais vozes, e dessa vez ele acha que é Sephiroth. “Eu sou um dos herdeiros do planeta”, é o que diz. Não dá pra saber se quem diz isso é Sephiroth ou… outra coisa dentro do Cloud.
Infiltrating Shinra
Antes de prosseguir, vamos dar uma pequena pausa. Essa é a primeira vez que eu escrevo um texto desse formato, e estou um pouco assustada com o tamanho dele. É uma jornada pra mim também, porque agora estamos na palavra 11.325, e é aqui que eu também estou. Eu também tenho um pouco de medo de tocar em certos assuntos. É até um pouco estranho separar em tantos capítulos, mas isso é porque eu não sei se conseguiria me organizar direito sem eles. Ainda tem muito texto pela frente, então quero reiterar que não precisam ler tudo. Mas vamos em frente.
A casa da Aerith é bem perto de onde eles já estavam, então rapidamente chegam até lá. A mãe dela explica que é apenas a mãe adotiva, porque Aerith é um “Ancient”. Essa historinha é bem triste na verdade. Se eu comentar sobre não vai passar o sentimento, mas esse jogo dá bastante detalhe pra certas coisas. Eu sei que tá conectado à um protagonista da história, mas ainda assim eles não precisavam mostrar tudo isso, Elmyra (mãe) não é um personagem tão relevante assim. Mas vou comentar que Aerith era uma criança adorável.
Aerith foi levada em troca da segurança da Marlene, e Barret sente muito por isso. Elmyra dá uma bronca nele por deixar sua filha sozinha, e Barret diz do fundo do coração que realmente queria estar o tempo todo com ela, mas ele precisa lutar pra proteger o planeta, e a própria Marlene. Na verdade, ele faz isso mais por ela do que qualquer coisa, assim como todo mundo nesse jogo. Proteger o planeta é uma consequência de proteger quem você ama. Barret sobe para o segundo andar para ver sua filha, e se você seguí-lo (é obrigatório) vai ver uma das cenas mais fofas do jogo. O gigante Barret, sempre duro e irritado, ajoelhado abraçando sua filha o mais forte que pode enquanto chora. E você descobre que a barba dele pinica. Eu só… não consigo não amar esse jogo, amar esses personagens.
Os três decidem que vão salvar Aerith, e partem para o Wall Market em busca de informações, já que não tem mais trem pra levar todo mundo pra superfície. E no mercado, descobrem que existe uma maneira, se eles escalarem uma grande parede. E o cara da loja de armas vende umas baterias pra ajudar. A subida é um parkour absurdo e escalada por diferentes pedaços de lixo que tem no caminho. Isso tudo é provavelmente por causa da queda do Setor 7. Queria abrir um espaço pra dizer que jogar FFVII sem buscar fazer nada secundário ou tomar rotas secretas pra pegar itens é… libertador. Tudo flui tão rápido e as lutas ficam mais difíceis.
Chegando no topo, você tem dois caminhos. O caminho do Barret de chegar quebrando tudo é mais emocionante e você vai ter mais lutas e mais cenas. Também dá mais experiência. Mas se você pegar o caminho da Tifa tem muitos andares de escadaria pra subir até o quinquagésimo nono andar. E sabe, eu peguei essa rota dessa vez e foi bem divertido porque eles ficam conversando enquanto sobem. É muito divertido ver eles conversando mais descontraidamente, algo que não acontece muito em jogos antigos mas rola demais em jogo novo, como no próprio VII Remake. Só que tem um problema sim nessa cena e é exclusiva da versão americana. A Tifa fala uma slur, aquela com “R” e vocês talvez já tenham ouvido falar dessa fala. Me impressiono muito que manteram isso na versão da Steam, porque ela claramente não disse isso em japonês. A tradução americana original de FFVII é muito ruim (por ter sido feita por apenas um cara em pouquíssimo tempo), e no mínimo a Square teria que revisar ela toda antes de lançar de novo mas eles não fariam isso. Só mudaram problemas ortográficos, mas a slur? A slur fica.
Bem, independentemente da rota que você pegou, em pouco tempo nossos personagens chegam no andar de número 59, e daí pra frente as rotas são dão na mesma. No caminho até o topo você faz coisas diferentes para conseguir cartões que te levam aos andares subsequentes. É divertidinho e recompensador, e no 62º andar você pode ler muitos documentos da Shinra, que detalham mais o mundo e sua política. O que você quer é chegar no andar 66, onde acontece uma reunião da Shinra que você pode observar dos dutos de ventilação… que vem do banheiro. Costumam reclamar que tem um cheiro estranho nessa sala de reuniões.
A Shinra não vai reconstruir o Setor 7, e planeja aumentar o consumo de Mako e exigir mais dinheiro da população pelo uso da energia. E assim como no nosso mundo, as pessoas não vão começar a odiar a Shinra do nada por causa disso, afinal, depois de um atentado terrorista e a explosão de dois reatores, “eles precisam de ajuda”. A pobre megacorporação precisa exigir mais dinheiro pra continuar servindo a população fervorosamente… de qualquer forma, Hojo intervêm na reunião para falar a coisa mais absolutamente nojenta e grotesca do mundo. Então um aviso antes de ler o próximo parágrafo, ele vai falar sobre abuso sexual. Não vou entrar em detalhes sobre o assunto agora pra você não precisar ler se não quiser, o parágrafo após o seguinte já é sobre outra coisa.
Hojo diz que a pesquisa vai levar tempo demais e vai exceder o tempo de vida do “espécime” (Aerith). Então o filho da puta vai forçar a Aerith (estupro) a fazer sexo com outra espécie pra gerar um filho que possa seguir a pesquisa. Ele inclusive já se refere à Aerith como “mãe” de uma criança. Isso é a coisa mais perturbadora, maligna e repugnante de todas. Mas nada disso vai de fato acontecer, porque o “pai” da criança é nosso próximo party member, um menino doce que nunca faria nada de mal pra Aerith. Hojo é de longe o personagem que eu mais odeio em Final Fantasy VII e no resto da franquia.
Voltando à história, não vamos falar sobre temas pesados por um bom tempo. Seguindo Hojo, chegamos ao andar seguinte. No andar 67, enquanto Tifa olha o precioso espécime do doutor Paulo Kogos, Cloud olha pro lado e percebe algo. “Jenova”. Ele entra em um estado de choque e escuta um zunido alto na cabeça que o faz cair no chão. Por conta da missão pra salvar Aerith, ninguém pensa muito sobre isso. Ou porque Barret disse “Where’s its fucking head!? This whole thing’s stupid. Let’s keep goin’.”
Andar seguinte, finalmente vemos Aerith, mantida cativa dentro de uma espécie de cápsula transparente. Hojo pede para que o espécime dele seja trazido até aqui para experimentos. É aí que Barret metralha essa merda e Hojo fica com medinho de perder seu precioso trabalho e abre a cúpula. O bicho que não é bobo pula em cima desse merda e Cloud salva Aerith, até que o elevador começa a se mover dentro desse grande recipiente. É uma boss fight, e nosso novo amigo oferece ajudar.
Nanaki (Red XIII)
Idade: 48 anos, que é 16 em idade humana
Altura: 1,20, ele é meio que um cachorro
Sangue: ele é um cachorro
Gênero: enby mas não faz questão por nenhum pronome
Gostos: família, casa, ser um garoto comportado
Profissão: ele não trabalha
Arma: acessórios de cabelo, o que é uma ideia muito foda
Red é de uma espécie em extinção e valoriza muito seus antepassados, principalmente pai e mãe. Ele se porta, age e fala como um adulto, mas na verdade ainda é um adolescente e, em momentos, ele pode agir como um, o que é um detalhe bem bacana. Sempre educado, e mesmo quieto, muito empático além de conseguir ser sentimental. Quer dar orgulho à quem lhe importa, e protegê-los do perigo.
“Hojo has named me, Red XIII. A name with no meaning whatsoever to me. Call me whatever you wish.”
Depois do boss, todo mundo se separa em dois grupos e vão se encontrar no elevador no 66º andar, pra não atrairem tanta atenção andando em grupos grandes. E quando Cloud chega nesse elevador, é recebido pelos Turks. Com algemas, o grupo todo é levado para a sala do presidente. Ele explica então o plano por algum motivo, provavelmente pra irritar os protagonistas. A Shinra quer construir “Neo-Midgar” na Terra Prometida. Um lugar que flui Mako sem parar. “Oh sério, você não sabe? Hoje em dia tudo que você precisa para realizar seus sonhos é dinheiro e poder.”
Trail of Blood
Todos atrás das grades, Cloud passa um tempo da noite se preocupando com seus amigos. Aerith, ele e Tifa conversam sobre a Terra Prometida e sobre Aerith ouvir o planeta e a voz da sua mãe desde sempre. Barret pensa no que a Shinra quer fazer e como ela vai destruir o planeta ainda mais rápido se encontrar essa “Promised Land”, e pergunta se Red quer se juntar à Avalanche. Red não responde, querendo dormir, mas ainda pensando no seu avô (Barret ri disso porque Red mesmo parece que seria avô de alguém). E por último mas não menos importante, você pode acalmar a Tifa dizendo pra ela que vai dar um jeito de escapar… ou dizer que é “kinda hard” como um bobão!
Após dormirem, Cloud acorda com a visão da porta da cela aberta. Lá fora, um oficial morto. Cloud e Tifa pegam a chave dele e salvam seus companheiros. Quando Red vê o corpo, decide ir em frente para investigar. Seguindo-o, tudo que você encontra é sangue, e mais mortos. E o pior: Jenova sumiu. Muitos espécimes de laboratório foram soltos, e você vai acabar lutando com alguns no caminho. Esses monstros bizarros revelam ainda mais do caráter perturbado do doutor. Os rastros de sangue continuam, passando pelos andares seguintes, com um sentimento assustador no ar. Até que, subitamente, terminam no último andar, onde jaz o presidente da Shinra, com uma espada gigante atravessando seu corpo. Sephiroth. De alguma forma, tão pouco tempo após a morte de seu pai, Rufus Shinra chega em seu helicoptero para proclamar seu trono. Esse é seu primeiro encontro com um dos principais e mais legais antagonistas, que pergunta para o grupo quem eles são.
“Sou Cloud, ex-SOLDIER, primeira classe!”
“Eu sou da Avalanche!”
“Eu também!”
“Uma garota das flores, moro nas favelas.”
“Espécime de estudo.”
“Que pessoal. Bem, eu sou Rufus. Presidente da Shinra Inc.”
O presidente anterior administrava a cidade com dinheiro. As pessoas acreditavam que seriam protegidas pela Shinra e se, por exemplo, terroristas atacarem, o exército da Shinra iria protegê-los. Mas Rufus vai controlar o mundo com medo, porque seria um desperdício gastar dinheiro com essas pessoas comuns. Cloud diz para que todos fujam enquanto ele toma conta do Rufus, “essa é a verdadeira crise do planeta”.
O time então precisa lutar uma boss fight no elevador, agora liderados pela Aerith meu bebê. É uma lutinha até que bem divertida, se você tiver Thunder claro. Enquanto isso, Cloud luta contra Rufus, que é uma lutinha até que bem fácil. Muito. Surpreendentemente, essa é a única luta contra o Rufus no jogo inteiro, porque ele nunca luta corpo-a-corpo. Mas com Rufus fugindo no seu helicoptero, temos essa única chance para tentar fugir.