Kingdom Hearts II.9 — uma rápida olhada em um forte potencial

Se você leu o título do texto talvez se pergunte o que “II.9” quer dizer. Bem, II.9 é o nome que o Nomura deu pro início de Kingdom Hearts III, como uma espécie de piada. Infelizmente eu não consegui terminar esse último jogo. O motivo é algo que já mencionei algumas vezes, mas eu não posso rodar esses jogos no meu computador e usava o do meu irmão emprestado.

Muitos e muitos textos que lancei, como Luigi’s Mansion, Wario World, e quase todos os Kingdom Hearts só foram possíveis graças à gentileza do meu irmão. Ele confiava o PC dele à mim sempre que saía ou ia trabalhar, e nesses últimos três meses, ele esteve morando em outra cidade. Quer dizer, ele ainda tá, com a esposa dele que também é uma amiga querida minha. Levou um tempo até que ele pudesse levar o computador, então ele me deixou por dois meses jogando o que fosse necessário enquanto eu podia, e eu aproveitei esse tempo ao máximo. Saíram muitos e muitos textos nesse tempo, e eu streamei durante esses meses inteiros. Foi uma experiência ótima, mas agora já foi. Nos últimos dias com o computador (falando assim parece tão dramático?), eu joguei KH3 o máximo que pude, mas não deu pra ir tão longe. Com “tão longe” eu digo que joguei 10 horas do Proud e mais 15 do Critical dele, mas nunca terminei, ou cheguei perto disso. Então por que eu decidi fazer esse texto?

Assim, eu normalmente não faço isso, mas acontece que eu só vou ter acesso a KH3 de novo em… bem, provavelmente agosto, setembro ou sei lá quando. Eu preciso arranjar um trabalho antes, e quanto eu vou receber eu não tenho como saber. Ao menos, minhas chances são maiores porque agora com 18 anos e Ensino Médio completo eu acho que fica mais fácil conseguir um trabalho. Mas até lá, queria ao menos deixar uma “primeira impressão” de Kingdom Hearts III. Esse texto é meio que uma “demonstração” do que vai ter beeeeem mais pro fim do ano, e não é uma opinião conclusiva. Eu não terminei o jogo, nem de longe, e ele parece muito melhor do que eu já acho que é então vou dizer apenas o que já sei. Não tomem essas opiniões como definitivas, é apenas o que eu acho até agora e suposições do que pode vir a ser. Com isso em mente, vamos dar início a provavelmente meu texto mais prepotente.

Você pode ver os outros textos da nossa retrospectiva de Kingdom Hearts aqui!

Kingdom Hearts II.9 ratatouille

Sem capítulos porque vai ser mais curto, mas Kingdom Hearts III é sem sombra de dúvidas muito impressionante. É de longe o jogo que mais me deixou boquiaberta nessa franquia, por simplesmente entregar quase tudo que eu sempre quis dela. Ao menos até agora, não é o melhor Kingdom Hearts, mas chega muito, muito perto. Embora a história ainda seja Kingdom Hearts clássico, a maneira de contar ficou extremamente melhor. Agora os personagens conversam no meio da gameplay, e raramente as cutscenes vem com um fadeout pra indicar que começou uma cutscene. Dessa forma, o enredo nunca larga você e ao mesmo tempo tem muito mais gameplay nesse jogo que em qualquer outra aventura do Sora.

Todos os mundos de KH3 vem com bastante detalhe e um realismo que combina muito com o charme de Kingdom Hearts. Ao invés de corredores vazios, somos apresentados à mundos gigantescos cheios de segredos, coletáveis e, mais do que tudo, pessoas! Nesse jogo as cidades realmente tem gente e aos montes. Cada mundo é vivo e 100% acreditável. Os NPCs andando por aí conversam entre si e fazem dos lugares que o Sora visita muito mais confortáveis e nem perto dos Liminal Spaces que todos os títulos da franquia tiveram até aqui. As florestas também tem animais! Também é notável que você vai ficar horas e horas se aventurando no mesmo mundo pelo tanto de plot e importância que cada um tem. O mundo de Enrolados e Frozen simplesmente conta a história inteira do filme em detalhes da sua própria maneira. Rapunzel teve muitas e muitas cutscenes feitas iguais às do filme na engine de Kingdom Hearts, enquanto Frozen mostra seu filme todo acontecendo, mesmo que Sora não presencie todos os momentos dele. E por algum motivo eles colocaram Let It Go pra tocar em Kingdom Hearts, o clipe inteiro da música mas com a participação do Sora no fundo.

Kingdom Hearts II.9 ELSA

Embora nem todos os mundos sejam perfeitos, não dá mais pra dizer que falta worldbuilding em Kingdom Hearts. O Coliseu do Olimpo agora é só “Olimpo” porque você vai explorar uma cidade grande, subir montanhas e ver o próprio lar dos deuses no topo do monte Olimpo. E esse é só o primeiro mundo do jogo! É muito normal da franquia fazer apenas o mínimo nos seus cenários para que tenha um pouco de gameplay e história, fazendo todos os mundos parecerem sem vida e nenhum deles sequer remeter a um lugar real ou dos filmes. Mas aqui, o filme todo de Frozen poderia facilmente ter acontecido nos lugares que Sora presenciou, porque teve muito cuidado pra fazer isso acontecer. Eu ainda não vi nem o mundo de Monstros S.A. mas me falaram que Piratas do Caribe é um arquipélago todo e Big Hero Six tem uma cidade grande toda pro Sora ver. Eu to muito ansiosa pra quando ver esses lugares… no fimzinho do ano! Mas essa é uma primeira impressão maravilhosa. Mesmo que o mundo de Toy Story seja pouco inspirado e meio chato por só ser luta aleatória atrás de luta aleatória, a atenção a detalhe de uma loja de brinquedos gigante é algo que aprecio demais e é um tiro certeiro na direção correta. Ainda assim esse mundo tem a melhor história e escreve muito bem seus personagens (Woody e Buzz, no caso).

Kingdom Hearts II.9

A música continua o padrão de qualidade da franquia mas, como é um jogo numerado, ele tem uma nova música tema… duas, na verdade! Face My Fears não é grandes coisa mas Don’t Think Twice pode ser a melhor música de todos os Kingdom Hearts. Ok, talvez não seja pra tanto se considerar Hikari, mas essa é sem condição mesmo. Ambas orquestral e a versão da Utada são muito, muito, muito, muito boas mesmo. Do caralho. Ah, e os gráficos na Unreal Engine são bonitinhos porque é mais difícil perceber quando o personagem troca pro modelo HD dele, já que todos os modelos tem expressões faciais de verdade agora.

Só que o que realmente interessa é a gameplay, e é de longe o que mais me hypava pro 3. Como sempre… começa com um problema. Por algum diabo de motivo esse jogo lançou muito mais fácil que qualquer outro Kingdom Hearts até então. O Proud do jogo é tão fácil quanto o Standard do 2, que por si só é tão fácil quanto o Beginner do 1. Eu joguei dez horas nessa dificuldade até perceber que eu não tava me divertindo. O de sempre. Nenhuma mecânica era útil, eu podia ignorar tudo e só atacar sem parar, o que vocês já devem estar acostumados de me ouvir falar. Mas, bem, eu não joguei esse jogo na época que saiu, e sim em 2022. Em 2022 temos uma DLC chamada Remind que adiciona mais umas 15 horas de conteúdo e… bem, Critical Mode num update conjunto não pago. De longe, o Critical desse jogo é a melhor dificuldade dele mas… não tá livre de falhas.

Ok, sendo sincera, o problema do Critical não é ele em si, mas é por ele ser a única dificuldade mais difícil que o Proud. O problema dessa dificuldade é que você tem um pulo gigantesco de desafio, e ele é por si só a opção de dificuldade mais ferrada que eu joguei nessa franquia. É difícil DE VERDADE, por vezes até injusto. É por causa dessa dificuldade que eu não consegui terminar o jogo a tempo, porque a cada boss eu ficava uma ou duas horas na mesma luta até finalmente vencer ela. E não é muito divertido não, porque as lutas costumam ser gigantescas nesse modo justamente por você precisar ser 100% defensivo o tempo todo. Valia a pena voltar pro Proud pra terminar o jogo? Não, com certeza não valia. Entre não me divertir nada e me divertir bastante enquanto me estresso pra caralho, eu prefiro a segunda opção. Ainda assim, o lobo do Frozen foi o último boss que eu lutei contra e não consegui passar por causa da dificuldade. Não importa quantas refeições eu desse de buff pro Sora e quantas estratégias diferentes eu tentasse, durante dois dias tentando eu não cheguei nem na metade da vida dele. Era hora de parar. Se eu tivesse tempo ilimitado pra jogar, não seria problema. Eu só continuaria tentando, uma hora eu ia ganhar com certeza. Mas eu não tinha como fazer isso, e mesmo tendo, é uma dificuldade elevada DEMAIS e com certeza não é o adequado pra mim. O problema é que é a única realmente divertida, e não tem mais nada bom abaixo dela. Eu chamaria essa aqui de “Critical 2” ou algo assim e daria uma outra dificuldade mais abaixo dela que se equipare à do 2, mas do jeito que tá é meio estressante demais pra qualquer um.

Kingdom Hearts II.9
Sinto falta desse jogo…

Mas a gameplay em si, quando você pega a dificuldade que te diverte mais… é provavelmente a melhor de todas após o 2. Embora Kingdom Hearts II seja incrivelmente bom, ele também é o terceiro jogo. Depois dele veio Birth By Sleep, Days, Re:coded e DDD, além de spinoffs como Union X. Todos esses trouxeram conceitos novos e diferentes mecânicas pra franquia, mas nenhum chegou no nível de profundidade e diversão do 2 (parte por serem projetos “menores”, parte pela troca de estúdio, parte por… eu não sei, eles podiam ter tentado igual). É aí que o 3 entra.

Kingdom Hearts III tem o sistema de MP do 2, tem Formchanges que juntam 2 e BbS, Shotlocks de BbS só que MUITO mais interessantes e divertidos (você pode usar como movimentação), Flowmotion de DDD, uma barra ativa que cresce a cada ataque como em BbS (a que habilita Finishers e Formas no PSP) e algumas novas ideias como cozinhar ou uma repaginada nos seus combos. Você também pode trocar de Keyblade no meio do combate (o que também muda sua forma e Shotlock), dá pra levar 12 atalhos de habilidade ao mesmo tempo, Sora pode atirar magias enquanto se move e a customização dos seus party members em estratégias é ampliada ao extremo. Agora você pode pedir pra eles curarem só o Sora e mais ninguém! Isso é algo muito necessário no Critical e te dá mais confiança quanto a equipar itens neles. Mas vamos falar um pouco de cada vez.

Kingdom Hearts II.9

Seus combos básicos funcionam de forma parecida, mas agora desde o início você tem um Finisher forte ao invés de só um terceiro hit normal como no início de qualquer Kingdom Hearts. Você também pode cancelar seus ataques em launchers ou spikes (que jogam pra baixo), e dá pra usar o launcher mesmo no ar por algum motivo, levando seus inimigos mais pra cima ainda. Outra coisa incrível é que você pode cancelar seus combos em Guard ou Dodge! Isso significa que sua ofensiva é mais rápida e prática do que qualquer outro jogo, mas isso também dá espaço para inimigos ainda mais rápidos e destrutivos. Também elimina o problema que muitos KHs tem com inimigos que não sofrem stun, já que você pode cancelar seus golpes em manobras defensivas quase que automaticamente. Mas, já que você pode defender no meio de um combo, isso significa que seus modificadores foram passados para outro botão, o botão de pulo. O que faz sentido, na verdade, porque você nunca pode pular no meio do combo e nunca precisei fazer isso em qualquer Kingdom Hearts.

O sistema de magia agora conta com muitas habilidades elementais diferentes, e evoluir uma para Fira ou Blizzaga por exemplo não elimina as anteriores. Isso significa que Thunder e Thundara são habilidades diferentes que usam quantidades diferentes de MP, o que permite que você equipe ambas separadamente. Isso te dá mais espaço pra estratégia e também permite que o jogo rebalanceie suas magias pra fazer cada uma mais forte do que o normal. E até onde eu joguei, Sora tem fogo, gelo, água, trovão e vento. Não sei mais o que ele vai ganhar, mas todas essas habilidades tem diferenças muito interessantes mesmo que pareça que não tenham, e como você pode equipar todas elas de uma vez nos seus 12 Slots de atalho, não faz mais tanta diferença que elas tenham funções práticas parecidas.

Assim, fogo persegue seu oponente, mas água também. A diferença é que fogo é mais barato e instantâneo, enquanto água leva um pouco mais pra sair, sendo um pouquinho mais forte também. No Critical você vai usar magia em muito por ser segura, já que Sora morre fácil demais pra literalmente qualquer inimigo no mapa. Por isso, às vezes você vai se pegar desviando e tentando se manter longe enquanto atira bolas de fogo. Conte com bastante Ether também! Você vai precisar. Isso é bem mais divertido do que o comum pra magia ofensiva, e os oponentes do jogo pedem que você seja muito mais estratégico usando seus feitiços e outras habilidades como Shotlocks.

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E falando nos Shotlocks, eles são uma coisinha bem divertida tirada do Birth By Sleep. Quando você ativa um, Sora começa a mirar nos seus inimigos e você vai somando alvos (pode ser o mesmo várias vezes) até chegar ao máximo e lançar seu projéteis. Shotlocks perseguem os inimigos que você mirou, e durante a mira o tempo fica mais lento. Alguns deles podem ser muito úteis se você não carregá-los completamente também, como o da Hero’s Origins que recupera sua vida. Usar Shotlocks gasta sua barra de Focus, e você pode usar a mira para se teleportar para algum lugar que você pegar como alvo. Isso pode ser um inimigo ou obstáculos diferentes por aí.

Kingdom Hearts II.9

Acima do seu menu de ações tem umas flechinhas que aparecem, e quando juntam três, um novo Situation Command pode ser acessado. Nesse jogo você não tá preso a só uma reação como no 2, agora você pode escolher entre várias que vão aparecendo. Elas podem ser ataques em time com seus party members, como podem aleatoriamente te dar magias super fodas como Thundaza, assim como mudanças de forma. Todas as Keyblades do jogo vêm com uma forma específica, e encher uma barrinha usando uma arma vai te dar a sua forma para usar. Você não precisa se transformar na hora, porque todos os comandos vão ficar ali por uns 30 segundos antes de sumir. Desse modo, você tem escolha sobre quando e se você vai mudar de forma, diferente de Birth By Sleep que te forçava a se transformar.

Por fim, você também pode invocar Summons por meio de D-Links, e quando você os usa Sora leva muuuuito menos dano dos seus inimigos, sendo uma ótima habilidade defensiva. Ah, dá pra cozinhar no jogo também, algo que vai ser essencial no Critical. Dar comida pro Sora vai buffar ele em diferentes coisas por uns 30 minutos ou mais, algo indispensável na maioria das boss fights. É recomendado explorar os cenários bem em busca de ingredientes se for jogar nessa dificuldade fodida.

Kingdom Hearts II.9

O combate em geral te dá um Sora rápido e extremamente dinâmico, que pode fazer muita coisa de uma vez. Assim como cada ação, por mais poderosa que seja, tem muitos baixos para balancear com seus altos, trazendo de longe o combate mais estratégico da franquia. Mesmo que se transformar seja uma conquista, é extremamente natural decidir não mudar de forma pelas desvantagens que elas podem acabar trazendo. Por exemplo, minha forma favorita até então é a Double Arrowguns, mas quando eu entro nela Sora não pode mais usar Block. Defender é vital nesse Kingdom Hearts, e não tem como vencer alguns chefes sem isso. Ainda assim, não significa que eu não vou me transformar lutando com eles, mesmo que seja pras Arrowguns, porque eu vou decidir o momento ideal pra fazer isso. É aí que tá a diversão. O motivo pro Sora poder se teleportar com Shotlocks, ter airdashes, poder cancelar seus ataques em manobras defensivas ou poder usar magias superfortes a qualquer momento é porque os inimigos não só dão mais dano, mas de fato tem uma inteligência artificial bem melhor que a dos outros jogos. Na verdade, isso é listado como uma diferença do Critical pra outras dificuldades. Isso significa que você vai precisar de absolutamente todas as mecânicas e qualquer coisa que tiver pra sobreviver, e a cada luta vai ter que dar seu máximo. Nada de ficar economizando recursos ou coisa do tipo, você vai ter que usar tudo que tiver e se esforçar pra sempre ter mais. Essa emoção, a adrenalina de estar sempre no limite da vida do Sora, é o que faz KH3 ser tão emocionante e legal. É diferente de qualquer outro jogo de Kingdom Hearts, e é o que mais vai pedir pensamento. É uma das melhores experiências que eu tive nessa série até então, mas ainda não terminei ela, então não tomem minha opinião como verdade. Obrigada por terem lido.