Contra minhas próprias expectativas nos últimos anos, comecei a jogar Kirby! É muito fácil jogar Kirby atualmente, é possivelmente a franquia mais acessível da Nintendo, e por isso resolvi ver desde o início como fiz com Wario Land há uns anos (e me diverti muito). Sem mais delongas, Kirby’s Dream Land!
Fui com expectativas baixas. Chamei meu amigo Benjamin pra me ver jogar porque achei que seria chato, e acabei me surpreendendo. É um jogo bem divertido! Na primeira run não tive grandes dificuldades mas ao menos dois game overs eu tomei. As boss fights são de fato mais desafiadoras do que eu esperava, e é bem divertido correr pelas fases destruindo tudo.
Mas a minha primeira reclamação são os controles de Dream Land — infelizmente acho que alguns desses problemas não vão mudar com o tempo. Esse primeiro Kirby é muito lento! Sem a possibilidade de correr ou dar slide, fica difícil desviar de ataques. Não mencionei ainda, mas não tem habilidades copiadas nessa primeira aventura (a técnica especial característica do personagem), mas esse nem é um problema. É até que divertido lançar bolas de ar nos inimigos e engolir um para jogar no outro. O que eu quero reclamar mesmo é o comando de voar. O que seria normal e natural na minha cabeça era pressionar para pular duas vezes, assim fazendo Kirby começar seu vôo. Mas nesses primeiros jogos, você precisa apertar para cima pra fazer isso. Sim, é um comando simples, e esse é o problema. Não é apenas comum mas esperado que você aperte esse comando sem querer, não perceber que está voando e perder toda a mobilidade do Kirby. Isso irrita muito e deixa a movimentação bem mais difícil de controlar. Também não ajuda que, quando você está voando, ambos botão de pulo e seta pra cima fazem você subir. Isso significa que quando você começa a voar, Kirby já dá um impulso pra cima e não parece que algumas seções do jogo tinham isso em mente.
No entanto, nada disso realmente atrapalhou muito a diversão. Como um jogo do Kirby, eu esperava que fosse fácil, e de fato é, mas os momentos que entregavam um desafio maior foram bem efetivos! Todas as Boss Fights (exceto a de navinha) tem alguma coisa em específico que as deixam mais complicadinhas. Os padrões dos chefes, embora sejam poucos em número, são bem legais de memorizar e até você pegar completamente, pode perder uma vida ou outra. A luta final contra Dedede é bem divertida, e até a Boss Rush antes dele foi legal! Mas quando você derrota Dedede e vê os créditos bonitinhos, Dream Land te conta um segredinho: apertar seta pra cima, A e Select ao mesmo tempo no menu principal vai começar o jogo no modo “Extra”. E o que é o modo Extra?
Pra início de conversa ele não é perfeito, mas é provavelmente minha parte favorita desse jogo que promete voltar na maior parte dos outros. Extra Mode em Dream Land 1 é uma versão difícil do jogo original, e põe difícil nisso! Ao invés de dobrar os danos que você toma (ele faz isso também), todos os inimigos ficam mais fortes ou são alterados para bichinhos novos com padrões mais difíceis que seus originais. A inteligência artificial inimiga é muito mais esperta, fazendo até o inimigo mais simples te dar problemas. A pior parte talvez sejam os Gordos, que tiram três pontos da sua vida de uma vez! O pobre Kirby só tem seis!
As lutas de chefes foram completamente refeitas também, deixando elas absurdamente desafiadoras. Mesmo o cara das bombas da primeira fase dá um trabalhinho, e Whispy é de fato um boss difícil! Junto com as maçãs também caem Gordos (relembrando, três de dano), e a árvore não está limitada nos seus movimentos. Ela pode atirar enquanto enche a tela de espinhos! Você precisa desviar de tudo (inclusive as maçãs!) e mirar muito bem para acertar Whispy com elas, e não seus sopros, ou um Gordo, ou outra maçã.
O segundo chefe já era o mais difícil para mim na batalha original, e agora ficou pior. Lolo (e Lala), personagens que tem seu próprio joguinho, levam consigo blocos e saem de diferentes portas. O cenário é completamente vertical e tem poucos lugares que podem te levar para cima ou para baixo. Kirby também não pode pular por estar apertado entre o chão e o teto, limitando seu desvio. Para desviar do chefe você precisa usar um dos buracos no teto ou no chão para mudar de plano, mas para atacá-los precisa pegar o bloco que eles carregam e jogar de volta. Quando Kirby inala um bloco, ele não pode descer para um plano inferior (apertar pra baixo, o que faria ele descer, o faz engolir o bloco), então você precisa fazer o que pode para acertar seus inimigos. São dois, e cada um tem três vidas, mas no modo Extra é muito pior. Eles estão bem mais rápidos, deixando praticamente impossível pegar o bloco, jogar nele e mudar de plano de uma vez só. A minha estratégia foi: pegar o bloco, subir para o plano do meio e cautelosamente esperar o momento que um deles passe por mim, assim eu desviava para o chão inferior, pulava atrás dele e atirava. É bem difícil fazer isso, sabia!?
O terceiro boss é uma seção de tiro. Kirby é controlado como uma nave e dá tiros sem parar. Parece um boss específico de Cuphead então esse chefe é só extremamente fácil, normal ou Extra. Isso é porque a movimentação do Kirby é boa. O que o Boss faz é atirar espinhos, aumentando a velocidade e lançando mais projéteis na sua versão mais difícil. Ele também pode dar um dash, que é bem difícil de desviar já que Kirby tem uma hitbox bem grande nessa parte. Ainda assim, sem problemas!
Mas foi no quarto que eu infelizmente desisti da minha run no Extra (não se preocupem, só tem cinco fases — ). Eu nem cheguei no boss principal do nível, acabei ficando presa no sub-chefe que é uma versão mais fraca do principal. O padrão dele é incompreensível pra mim, e desde o início eu tinha medo que esse modo Extra talvez fosse… difícil demais pra mim. Acontece que quando você perde todas as vidas (e são poucas), você precisa recomeçar a fase. Como as fases são bem mais complicadas agora, é raro você chegar no chefe com vidas suficientes para tentar. Considerando que tem uma boss rush na fase cinco, e que eu teria que enfrentar meus pesadelos de novo, achei melhor desistir. É difícil demais pra mim! Mas me provou que, sim, Kirby também tem compromisso com desafios.
Na verdade eu nunca fui fã da franquia, justamente por isso. Todos os Kirbys que eu tinha jogado eram só… fáceis demais. É claro, se eu chegasse a terminá-los, mesmo que a campanha fosse fácil, eu teria descoberto o Extra Mode de cada um e mudado minha opinião, mas antes tarde do que nunca. Dream Land é um jogo fácil, com um modo difícil MUITO divertido que pede reflexos e estratégia, e também me fez olhar para as habilidades padrão do Kirby com outros olhos. Um jogo do bonequinho rosa onde ele só pode cuspir, na verdade é bem divertido. Você de fato pega alguns Power-Ups em certos momentos! Como bolas de fogo ou um microfone, mas na maior parte do tempo você só pode voar, engolir e cuspir, e nem por isso foi um jogo chato. Kirby’s Dream Land me surpreendeu bastante, não só como um Kirby mas por ser a primeira de suas aventuras! E espero me divertir mais daqui pra frente.
Também peço perdão pelo atraso nos textos! Essa semana vou postar quatro pra compensar!