O Invencível é o mais novo sucesso da Amazon Prime Video. Baseado nas HQs de mesmo nome, criada por Robert Kirkman, o desenho apresenta um mundo com vários heróis repletos de problemas, vilões enigmáticos, um gigantesco mistério e muito, mas muito mesmo, sangue.
Aproveitando a onda de filmes e séries que desmitificam a crença de que todo herói é “bonzinho” (como The Boys), O invencível consegue ser diferente de todos em vários quesitos que irei apresentar aqui. Lembrando que não darei spoilers nessa análise.
A história
Como já disse, a história gira em torno do recém herói, o Invencível, ou Mark Grayson para os mais íntimos. Mark é filho de um outro herói chamado de Omni Man (podemos dizer que esse personagem foi inspirado no Superman), cujo poderes são conquistado devido a seu local de nascimento, o planeta Viltrum.
No inicio, o desenho parece tomar rumos calmos. Onde tudo indica que acompanharemos apenas como o Mark aprenderá a controlar seus poderes e treiná-los junto com seu pai. Mas toda essa simplicidade de roteiro acaba ainda no final do primeiro episódio. Com um acontecimento que servirá para te prender até o último minuto do episódio final.
A história é muito boa, acredito que seja o ponto mais forte de todo o desenho. Realmente ela te prende muito e faz com que você queira devorar um episódio depois do outro. Pode se preparar para muitos momentos de reviravoltas, já que cada episódio é mais impactante do que o outro.
Teremos momentos bem clichês
Pelo fato da trama ser envolvida por muitos personagens adolescentes, temos muitos momentos que se passam dentro de escolas e universidades. Além de também ter vários diálogos bem clichês.
Esse ponto até que não é tão ruim levando em conta que as cenas nesses ambientes escolares não são chatas. Todos esses momentos são importantes para a construção dos personagens e para o público se familiarizar com eles.
Ao todo, o desenho possui oito episódios muito bem distribuídos em cerca de 45 minutos cada. Basicamente, cada episódio é focado em um arco narrativo que se mistura de forma bem leve com o arco principal.
Esse ponto do desenho ter vários arcos apresentados durante a temporada pode ser considerado um ponto fora da curva, já que muitos desse arcos parecem não ter um motivo real para estarem ali, e acabam não acrescentando em nada na série. Acredito que, mesmo não acrescentando em nada nessa primeira temporada, alguns deles devem retornar na segunda para serem melhores explicados e se tornarem realmente importantes na trama.
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Os heróis principais
Mesmo que a HQ tenha sido criada há 17 anos, o desenho “surfa” na onda das séries que desconstroem heróis por meio de paródias dos mais famosos. Por exemplo, logo nos primeiros minutos somos apresentados a um grupo de heróis chamados de “Guardiões Globais“, que são uma grande referência à Liga da Justiça. No grupo podemos encontrar o Vento Vermelho (Flash), a Mulher Marcial (Mulher maravilha), Marciano (Caçador de Marte), Aquarus (Aquaman), Asa Negra (Batman), entre outros.
Além desse grupo de heróis baseados na Liga da Justiça, outros personagens da série também são inspirados em alguns nomes bem conhecidos. No desenho temos o diabo investigador Damien Darkblood, uma referência clara à HellBoy. Em um episódio, o protagonista acaba tendo que ir até marte, e lá encontra uma espécie de alienígena bem parecido com o que vemos no filme Alien.
Sem dar spoilers, posso dizer que por decorrência de alguns fatos, uma segunda equipe é criada, porém, os heróis não são tão prestigiados e poderosos quanto a primeira. Nesse “novo” Guardiões Globais teremos heróis mais novos, no qual os poderes ainda estão sendo desenvolvidos e será neles que a trama realmente terá importância. No grupo teremos a Dupli-Kate, Eve atômica, Rex-Splode, Robô, Encolhedora, a Menina Monstro e por último mas não menos importante O Invencível.
Pontos positivos
A dublagem
A dublagem é um dos quesitos mais bem trabalhados, o elenco foi escolhido com perfeição. Tem grandes nomes que já chegaram a trabalhar em outra obra inspirada em outra HQ de Robert Kirkman, The Walking Dead.
Entre os nomes que se destacam, posso enfatizar o incrível trabalho realizado pelo Steve Yeun (O Invencível). Que dublou com perfeição o personagem principal do desenho. Além dele, J. K. Simmon (Omni Man) e Grey Griffin (dublou duas personagens: Menina Monstro e Encolhedora) também se destacaram.
Outro ponto relacionado à parte de dublagem que quero destacar é a voz do vilão Face Mecânica (dublado por Jeffrey Donovan). Devido ao fato de que sua cara é uma máscara tecnológica, sua voz tem o efeito de Auto-Tune, o quê implementa muito mais imersão e realidade no desenho.
Os civis tem vida
Diferente de outras obras do mesmo tema, como filmes da DC ou da Marvel. A vida dos civis é levada muita a sério no desenho. Em muitos momentos vemos heróis debatendo sobre escolhas realizadas durante as batalhas e como eles poderiam ter salvo mais vidas.
Em certos momentos até nos apegamos à alguns civis e pessoas que não são importantes para a construção da história. A série coloca eles num papel de importância social tão grande que você acaba ficando até mesmo abalado devido ao destino de algum deles.
Praticamente não há cenas de lutas aonde você não irá ver civis morrendo, se prepare porque isso será bem recorrente ao longo dos episódios.
As lindas e sangrentas batalhas
Com certeza o ponto visual mais forte e marcante que faz com que o desenho se coloque em um patamar acima são as cenas das sangrentas batalhas. Praticamente em todo episódio vemos cenas extremamente impactantes como corpos sendo divididos no meio ou cabeças rolando.
Os desenhos 2D destinados à esses momentos foram feitos com muita cautela e o resultado foi perfeito, se prepare para ver muito sangue sendo jorrado e órgãos sendo mutilados.
Diferente de algumas obras, o desenho não abusa disso e deixa todas as cenas bem dentro do “esperado”, diferente de alguns filmes que parece que os diretores são obrigados a colocarem corpos destroçados só para justificar a fama da obra.
O visual antigo
O desenho é bem nostálgico, muitas vezes durante a série me peguei comparando a arte visual de Invencível com outros desenhos de super-heróis dos anos 90/2000 como X-men Evolution e Liga da Justiça.
Outro ponto visual que trás essa sensação de nostalgia são os uniformes utilizados pelos heróis do desenho. Todos eles usam uniformes bem diferentes e fora dos padrões atuais que estamos acostumados a ver. Algumas pessoas que assistiram podem até achar esquisito ou feio. Mas na minha opinião é um ponto que faz com que o desenho se diferencie ainda mais.
Personalidades de cada herói
Cada herói e vilão principal apresentados são surpreendentemente bem explorados e com um grau de profundidade altíssimo. Muitas vezes, em diálogos principalmente, o passado de algum personagem é revelado e acabamos sabendo muito do histórico do personagem. Com isso, pontos pessoais como ambições, medos, traumas e até inspirações são apresentados a nós.
Profundidade em temas reais
As obras de Robert Kirkman fazem sucesso por se tratarem de temas irreais que viram uma metáfora da vida real. Mesmo que O invencível tenha sido criado quando Kirkman tinha apenas 15 anos de idade. Há muitos fatos que conseguimos interpretar e fazer uma conexão com o mundo real.
Fatos ligado à sociedade, governo, grandes corporações, mentiras, intrigas e sujeira (no ramo de negócios) estão presentes na obra. Mas podem acabar passando despercebidos por grande parte do público por se tratarem de metáforas que acabam tendo que ser interpretadas.
Pontos negativos
Perca de qualidade visual
Com certeza o ponto que mais me desagradou visualmente foi a notável diferença visual entre algumas cenas. Enquanto no combate vemos muitos detalhes, corpos bem desenhados, alta qualidade gráfica e nenhum erro de animação. Nos momentos mais calmos como uma discussão em família ou uma cena de um casal dentro do quarto acabam ficando com uma animação bem simples.
Posso exemplificar isso com uma cena bem comum em filmes de heróis. No qual o Invencível flutua calmamente por sua casa enquanto mata o tempo. Neste tipo de cena aonde nada acontece, os personagens mal se movem, ficam estáticos. E quando se movem, parece mais uma animação feita de maneira bem amadora.
Um fator que pode ter influenciado nisso foi o provável limite de gastos que o desenho tinha.
Arcos narrativos não terminados
Como eu disse no início, basicamente cada episódio tem um arco narrativo próprio enquanto o arco principal vai se desdobrando. No caso, todos esses arcos individuais são finalizados ainda no mesmo episódio, porém, acabam não acrescentando em nada na série. Apenas ajudam no desenvolvimento de alguns personagens principais.
Minha esperança é que muito dos personagens que apareceram em um único arco voltem a aparecer na série. A maioria desses personagens demonstram um alto nível de poder e seria interessante revê-los com um uma importância maior.
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Momentos inapropriados para piadas
Não foi uma nem duas vezes que somos deparados por alguma piada no meio a um diálogo que é importante. Infelizmente esse recorrente ato atrapalha um pouco e é inconveniente. Mas entendo que serve para quebrar os momentos mais sérios e deixar o clima mais leve.
Continuação
O desenho já tem mais duas temporadas confirmadas de forma oficial pela Amazon. Porém caso você seja como eu e queira ler a HQ inteira depois de ter assistido a primeira temporada, ela está disponível apenas na versão americana e pode ser encontrada na loja da Amazon.
Continuação COM SPOILERS
Vou repetir, a partir deste ponto apresentarei SPOILERS sobre o final da temporada de O Invencível. Siga por sua conta e risco.
Antes de começar acho importante dizer que não li a HQ. Então tudo que eu dizer será apenas teoria do que pode acontecer na segunda temporada.
Com o final da primeira temporada, vemos Omni Man espancando o próprio filho e, aparentemente, se arrependendo. Com isso, o poderoso herói (já podemos defini-lo como vilão) aparentemente decide voltar para seu planeta, e isso deixa uma incógnita. O que ele foi fazer lá?
O que esperar da segunda temporada?
Tudo indica que nosso protagonista será um Invencível bem mais forte, comandando a formação atual do grupo Guardiões Globais. E isso atrairá muitos olhares de vilões, visto que antes o planeta tinha o poderoso Omni Man para defendê-lo, e agora o que restou foi seu filho que tecnicamente é mais fraco. Abrindo assim, brechas para uma possível tentativa de derrubar os “bonzinhos da história”.
Com certeza o retorno de Omni Man para a Terra irá acontecer, porém, desta vez ele não irá poupar esforços para concluir seu objetivo. Na minha opinião, sua volta ao planeta Viltron só significou uma coisa: ele irá reunir mais forças para não ter margens de ser derrotado. Então possivelmente teremos uma temporada na qual veremos uma luta dos Guardiões Globais defendendo a Terra contra forças Viltronianas.
Além dessa guerra, personagens que apareceram dentro de ciclos narrativos na primeira temporada devem voltar com maior relevância. Personagens como o Imperador Flaxan (Episódio 2) e sua raça alienígena, o Dr. Sísmico (Episódio 3) e o Battle Beast (Episódio 5) com certeza aparecerão na próxima temporada.