Após o anúncio de Pokémon GO, aplicativo para Android e iPhone que promete fazer do usuário um treinador Pokémon na vida real, a nerdosfera explodiu, com certa razão. O fantástico conceito é, com certeza, tudo que muitos sonharam, e não é difícil uma boa execução do projeto. Imagine só um Pokémon onde os lugares são o mundo real e os treinadores são pessoas reais como você!
O que poucos estão percebendo é que, por mais fácil que seja acertar a fórmula para o sucesso, é ainda mais fácil errar. Seja bem-vindo a uma análise curta e sóbria do futuro do aplicativo, e como a Nintendo e a Niantic podem fazer para que Pokémon GO corresponda ao que está na cabeça do seu público.
Lutando como nos portáteis
Pokémon sempre esteve alicerçado em dois pilares: a aventura e o combate. Há o aspecto da diversão em treinar Pokémons, interagir com os personagens e caçar as diferentes espécies ao redor do mundo. Por outro lado, o objeto principal de Pokémon está nas batalhas; aqui, importam as táticas, a estratégia e a sagacidade para se completar os objetivos, sejam enfraquecer um selvagem para capturá-lo ou derrotar um treinador oponente.
E o que pode dar errado aqui?
Jogos mobile são conhecidos por geralmente serem simples por serem direcionados ao público “menos gamer”, e isso é algo que a Nintendo não pode deixar acontecer aqui. O público será, em grande parte, aquele já acostumado com os jogos, e se o sistema de batalha for simplificado (como o é em Pokémon Rumble, por exemplo), há o risco de GO perder muito do seu apelo. Isto pode não apenas alienar os fãs, mas também arruinar grande parte do apelo da variedade de espécies. Entende-se que o robusto sistema de batalha é o que permite que cada espécie seja única, e portanto é imperativo que não seja simplificado. Ao mesmo tempo, é interessante que haja alguma forma de se mostrar a jogadores novos e aos casuais como se virar nas complexas batalhas, e a série nos portáteis já não é realmente boa nisto; temos, então, um desafio aqui.
Uma jornada a ser balanceada
A outra parte de Pokémon, a aventura, parece praticamente garantida, já que a própria proposta do jogo garante a sensação de capturar Pokémons nos seus arredores reais, e lutar contra treinadores reais. Porém, há algumas coisas que devem ser feitas para não tornar a vida dos treinadores desagradável.
Primeiro, como irá funcionar pelo ponto de vista monetário? Será um jogo pego desde o download ou será um sistema freemium, com compras feitas no próprio aplicativo? A segunda alternativa parece mais razoável, pois faz muito sentido cobrar por itens como pokébolas e afins, assim como se cobra virtualmente nos próprios games da série principal. Entretanto, neste caso, é necessário um certo cuidado. Como Pokémon GO terá muita interação entre jogadores, é possível que jogadores que optem por não gastarem seu precioso dinheiro por qualquer motivo sejam ultrapassados pelos que estão dispostos a investir – um problema mencionado em um episódio recente da série Extra Credits no Youtube.
Uma opção para não haver um grande impacto neste sentido é, por exemplo, é realizar microtransações no itens mas não alterar outros aspectos do jogo. Um treinador que receba 10 e apenas 10 pokébolas de graça não poderá colecionar muitas espécies, o que é justo considerando que estaria utilizando o jogo de graça, mas poderá montar um time tão bom quanto quem investir nos itens, e treiná-lo de acordo.
E a distribuição dos monstrinhos? Nos games, cada localzinho no mapa tem uma distribuição diferente de Pokémons, como espécies na vida real, mas como será em Pokémon GO? Se tivermos variedade muito pequena de espécies em um grande perímetro, isso irá certamente desanimar os jogadores que desejam encontrar bichos novos, mas também não faz sentido que o jogador possa encontrar 80% da Pokédex no seu bairro, e seria uma excelente chance de dar valor às interações entre os usuários (que tal trocar seu Sandslash com um amigo que acabou de voltar do Canadá com um Dewgong?).
Conclusão
Em resumo, os desafios que a Nintendo e a Niantic irão enfrentar são muitos, diferente do que alguns fãs podem imaginar. Portanto, é fundamental acompanhar com certa cautela o desenvolvimento do game, e conter um pouco daquele hype inicial que se instaurou em todos nós após o anúncio. As promessas que o jogo fazem são muitas, resta ver se serão realmente cumpridas como esperamos.
O tempo dirá. Em 2016, teremos o aplicativo em mãos, e vamos descobrir se terá chegado a nossa vez de sermos Mestres Pokémon.