Quando Bendis pensou que suas opções haviam esgotado, a Sony apresentou uma inesperável terceira possibilidade: O console de jogos do conglomerado, PlayStation, poderia fazer a stream da série em questão.
Bendis, que serve como um dos produtores executivos da série, acredita que sua propriedade está finalmente sendo lançada onde deveria ser. “Sinto-me bem“, ele disse. “Há um grande apelo entre fãs de quadrinhos e gamers“.
Bendis não é o único com alguma coisa pra provar: O próprio Playstation está aí para demonstrar que pode realizar o que nenhum outro console conseguiu: Lançar com sucesso uma série original do jeito que o Netflix e o Amazon fizeram. Enquanto o console oferece uma plataforma consideravelmente grande como outros gigantes da tecnologia, este é o mesmo território onde outro titã da área de games, o Xbox, da Microsoft, bateu em retirada no início deste ano, em meio sua crise corporativa, assim como a Sony mais tarde.
“Promover o PlayStation Plus e negócios relacionados ao PlayStation é nosso objetivo número um“, disse John Koller, vice-presidente de marketing das plataformas da Sony Computer Entertainment America, que está supervisionando a incursão da programação original para o conglomerado. “Há uma vitória publicitária e financeira em lançar (Powers) em breve“.
Uma conto obscuro e com classificação indicativa para maiores de 17 anos, que conta a história de dois detetives de homicídio encarregados de investigar casos envolvendo pessoas com habilidades sobre-humanas, Powers traz um elenco de rostos familiares, incluindo Sharlto Copley (Elysium), Eddie Izzard, Noah Taylor (Quase Famosos), Susan Heyward (The Following) e Michelle Forbes (Chicago Fire). O veterano da série Game of Thrones, David Slade, dirigiu dois dos primeiros dez episódios de uma hora cada um da série. Enquanto a Sony não divulga o atual orçamento do programa, é dito que é aproximadamente o mesmo que a maioria das séries – em volta dos 2 milhões por episódio.
“Nós não teríamos credibilidade com um conteúdo original e barato“, disse Koller. “(Gamers) estão acostumado a assistir coisas como House of Cards, Orange Is The New Black. Esse é o ponto onde nós devemos chegar“.
Desde que os donos de PlayStation começaram a usar o console para fazer stream de Netflix com crescente frequência, a Sony viu que conteúdo original era uma maneira de atrair mais inscritos ao PlayStation Plus, assim como o Amazon está fazendo, com seriados como Alpha House e Transparent para aumentar o seu índice de vendas. Chegar a esse ponto, porém, envolveu um mergulho profundo na compreensão do que os donos de PlayStation tinham curiosidade, se tinham interesse em algo como Powers. Considerando o número de projetos através de vários gêneros, incluindo terror, aventura e suspense, o PlayStation sabia que era necessário ser autêntico para a sua audiência gamer alvo.
Tirar Powers do papel foi um processo rápido comparado a lançar outros seriados, por um motivo: Ele ajudou a Sony Pictures TV e o PlayStation, já que ambos são da mesma família, tirando a necessidade de vender e lançar projetos. Assim como fez com Outlander, no Starz, e Helix, no Syfy, a Sony Pictures TV foi contra lançar um piloto de Powers, e formou uma sala de redação para desenvolver a série pelo script, supervisionado por Remi Aubuchon (24, Falling Skies) e o escritor iniciante Charlie Houston.
“Devido ao fato de estarem sob a mesma bandeira, podemos encontrar os programas que queremos fazer e assim, dar sinal verde para as séries“, disse Chris Parnell, vice-presidente sênior do desenvolvimento de drama da Sony Pictures TV.
Mas Powers não é a primeira tentativa do PlayStation de cortejar os seus donos de console com conteúdo original. Em 2010, a Sony revelou The Tester, um gameshow anunciado como a primeira série live-action distribuída em um console de videogame. “Era experiência de aprendizado“, disse Koller. “Não estava no nível de orçamento e produção e no nível de qualidade que nós queríamos“.
Programação original não se tornou mais fácil para o Xbox por causa disso, que tomou uma rasteira com a vida curta de gameshows em 2009, com o giro interativo no formato da TV Endemol, “Um Contra Cem“. Uma tentativa mais recente e ambiciosa de reentrar no espaço foi ainda pior: Há alguns meses atrás, a Microsoft seguiu em frente com demissões em massa, com o intuito de puxar o plug para criar a Xbox Entertainment Studios, uma divisão com esperança de que poderia produzir uma gama de séries com alto perfil. O Xbox continuará a ter séries digitais em produção, sinal verde quanto a isso, e duas delas para Halo.
Mas o novo console PlayStation, o PlayStation 4, mostrou uma oportunidade de ouro para a Sony, que já vendeu mais de 13,5 milhões de unidades desde que o produto foi introduzido Novembro passado. Há 7,9 milhões de membros na PlayStation Plus, conteúdo que pode ser acessado também por modelos mais antigos do PlayStation.
Michael Patcher, um observador da indústria de videogames e diretor gerenciador da pesquisa de equidade na Wedbush Securities, acha que a aparição da série será limitada a base inscrita. “Não creio que mais de 10% dos usuários liguem“, disse ele.
O PlayStation está pulando em uma crescente piscina, inundada por provedores com programação original de longa data, incluindo Hulu Plus, Yahoo, e a própria Crackle, da Sony, uma rede digital que está construindo uma lista séries com e sem script, além de suas pequenas raízes.
O talento anexado a Powers crê que telespectadores não irão mais distinguir conteúdo novo ou velho na mídia.
Isto não é diferente de qualquer outro projeto de filme ou TV“, disse Taylor, que interpreta um vilão em Powers. “Agora importa quem tem uma história sólida.“
Promoção pode fazer toda a diferença em meio a esse cenário incerto. A Sony começou a rever sua campanha de marketing para o seriado em Outubro, fazendo sua primeira amostra no New York Comic Con. Dado o investimento que é feito na série, a empresa voltará a lançar um campanha significativa para Powers, envolvendo uma variedade da mídia, incluindo panfletos e televisão.
A noção de que seja estranho assistir TV ou filmes em um console de games não se aplica, dado que os principais consoles, incluindo o da Nintendo, o único dos três que não se aventurou em uma programação original, ofereceu uma variedade dos aplicativos mais populares de streaming por vários anos.
Porém, os consoles correm o risco de perderem seus status como fonte mais popular de conteúdo em banda larga, considerando a competição ascendente das TV’s conectadas a Internet e streamings ramificadas como o Roku. A combinação do PlayStation, Xbox e o WiiU da Nintendo ainda contam como a maioria deste tráfego, com 43% em 2014, mas é menor que 48% em 2013, e 62% em 2011.
Enquanto a distribuição de Powers estará focada em volta do PlayStation Plus, a Sony está olhando além da caixa. Isso poderia incluir o Crackle e talvez o novo serviço de TV entregue em banda larga da Sony, esse no qual é esperado o lançamento até o final do ano. Enquanto a série estará disponível no PlayStation estritamente nos EUA, a Sony certamente venderá o seriado para novos continentes, alavancando as capacidades de distribuição internacional formidáveis da companhia.
Episódios individuais, em adição, sendo lançados em uma base semanal via PlayStation Plus, serão vendidos através da Video Unlimited e da PlayStation Store, componentes da rede mundial da Sony Entertainment Network, acessível através dos dispositivos de vídeo da Sony, por um preço ainda a ser anunciado. O primeiro episódio estará disponível gratuitamente.
“Estivemos falando por um bom tempo com a equipe do PlayStation“, disse Parnell, “Tem sido um desejo para nós e para eles tentar fazer algo juntos, pois eles tem um serviço de entrega de conteúdo e nós temos o conteúdo. É como se fosse pão e pasta de amendoim, por assim dizer.”
Powers deve se provar popular, e a Sony já está considerando planos em expandir a franquia para outras plataformas, sendo o movimento mais natural a adaptação para videogame, mas primeiro a parte difícil: Lançar Powers, o seriado de TV. “Não consigo imaginar pressão maior do que em não ser horrível“.
Fonte: Variety