O seriado Gotham retornou para a sua segunda metade da primeira temporada nessa segunda feira com Rogues’ Gallery, uma hora que configura o novo status do seriado noviço, em que o protagonista do mesmo, o único policial não-corrupto da cidade, Jim Gordon(Ben McKenzie), é remanejado para o Asilo Arkham enquanto as famílias do crime continuam a conspirar por poder no submundo.
Depois de 10 episódios, a série já se estabeleceu como muito mais do que uma simples prequela para aos 75 anos dos quadrinhos de Batman, em parte graças a Donal Logue como parceiro de Gordon, Harvey Bullock; Jada Pinkett Smith como a chefe de crime, Fish Mooney; e o recém astro Robin Lord Taylor como Oswald Cobblepot, o homem melhor conhecido como Pinguim.
Em entrevista com o site The Hollywood Reporter, o produtor de Gotham, Bruno Heller, discute a reação das pessoas com a série, como ficar longe da audiência esperada, e claro, uma dica ou duas do que está por vir nessa segunda metade da temporada.
Como você recebeu a resposta quando a recepção da série?
Eu gostei bastante do feedback recebido. Havia bastante expectativa e peso, e uma compreensão que estávamos lidando com – Eu não diria um material sagrado, mas um material de peso. Uma coisa que não queríamos era desapontar os verdadeiros fãs deste mundo, e era importante criar um mundo e um seriado que apelasse aos fãs hardcore, assim como uma grande audiência. Creio que conseguimos mantar a balança equilibrada.
Você era um fã hardcore das histórias em quadrinhos quando era mais jovem?
Não se conseguia conteúdo regularmente de Batman, ou qualquer quadrinho americano, quando eu era garoto. Elas chegavam como bananas em raras ocasiões. Era muito familiar, mas um mundo diferente, assim como a América de vários jeitos, este glamoroso, empolgante e perigoso lugar que você nunca visita muitas vezes. Eu não sou, de maneira nenhuma, um expert em quadrinhos, e francamente, para uma série como esta, seria um erro arranjar algum para produzi-lo. Deve haver apelo para ambas audiências. Se você fica muito imerso neste mundo, você não fica aberto ou suscetível a nada, a não ser este mundo.
A série não está só focada em recontar a história contada nos quadrinhos. Não é só uma história do passado, na qual os fãs estão acostumados.
O fator importante em contar histórias de origem é que você irá contar algo interessante, surpreendente e novo. Eu sempre uso a analogia de descobrir a infância de seus pais. Se a infância dos seus pais fosse mostrada a você e ela fosse exatamente o que você imaginou que a infância deles foram, seria um pouco desapontante. É importante seguir uma narrativa mítica familiar, mas também encontrar jeitos de subverter, ou tomar desvios da narrativa para surpreender as pessoas com diferentes abordagens da história em questão.
Um dos valores de ter Fish lá é de lembrar você que não é um mito sagrado, é um mito vivo na qual houveram numerosas versões. Os momentos canônicos, com o qual você é fiel – nós não mexeríamos em como os pais de Bruce Wayne morreram, por exemplo – mas além disso, você tem que adicionar seu próprio tempero no prato.
O que tem sido particularmente surpreendente de trabalhar no seriado? Foi uma performance ou personagem que você viu no piloto e pensou, “Nós deveríamos fazer mais disso?”
O prazer da televisão é que você pode responder imediatamente ao que está funcionando, e atores que surgem do nada, e histórias e personagens que oferecem caminhos instigantes. Robin Lord Taylor fez uma performance genial e digna de um astro no piloto e que foi natural[foco nele]. A intenção sempre foi que a primeira temporada seria a ascensão do Pinguim, e se não fosse mudaríamos os planos para haver mais participação dele. A intenção foi sempre de que o Pinguim seria central, e tivemos a sorte de ter alguém grande como Robin para interpretá-lo.
É absolutamente uma questão de balanço. Gordon é meio que o herói de queixo quadrado da série, ele é o cara bom, o antiquado e ético cara bom. Mas para haver um equilíbrio, você precisa ter vilões igualmente convincentes.
Eu também diria que, inicialmente, não pretendíamos usar muito Bruce Wayne, devido ao fato de você sempre querer ser defensivo com atores mirins, mas David Mazouz é um ator bom como eu nunca tinha visto antes – criança ou adulto. É raro você poder escrever cenas dramáticas e ter confiança que eles vão dar conta, mas com David, ele sempre dá conta, e pode fazer mais e mais. Nós definitivamente escrevemos para ele mais do que pretendíamos para o personagem em questão.
David tem sido bem agradável de ser assistido, especialmente quando ele compartilha a tela com a Selina Kyle de Camren Bicondova. Depois que os dois se despediram no último episódio exibido, veremos eles juntos novamente, em breve?
Absolutamente. A relação dos dois cresce, se desenvolve, e muda; eles possuem seus prós e contras. Eles possuem entre eles um maravilhoso contraste. Camren é cheia de luz e energia, e ainda possui a sua arrogância. Ela é incrivelmente agradável de assistir. David é pensativo, interior, intenso e apaixonado, e os dois juntos – você poderia fazer um grande filme com os dois.
Algo que tem sido notável é o quão rápido o seriado se move em termos de história. Estamos no ponto intermediário da primeira temporada onde pareceria, para outras séries, teria terminado seu primeiro ano.
Eu acho que a TV moderna, para o bem ou para o mal, você tem que queimar através da história para manter as pessoas interessadas. E isto é um mundo semi-sério, há um elemento dos quadrinhos – tanto quanto você tiver que leva-lo a sério, você não pode levá-lo muito a sério. Estamos contando numerosas histórias ao mesmo tempo. Há um certo elemento engraçado de music hall lá – esta ideia dos atos parecem vir ao pouco, mas vão embora de novo: “Se você não gosta disto, sempre haverá isto.” Há mudanças no humor e em um tom que criam uma experiência sensacional que é duro de fazer na rede de TV, mas que o faz diferente e excitante, penso eu. É imprevisível e irresistível, porque você conhece os personagens mas não para onde estão indo.
Séries de histórias em quadrinho sempre tem que ter um elemento visual forte por causa do material de origem. Como você chegou a estética visual da série?
Quando viemos com o seriado, era um princípio bem abstrado. Danny Cannon [que dirigiu o piloto] veio bem cedo no processo, e assim que sentamos e conversamos a respeito do que ambos queríamos fazer, nós visamos o mesmo – a ideia que seja uma verdadeira cidade dos anos 70, um tipo de pegada de Hades, com um toque de Bangkok e qualquer outra cidade, até mesmo de Londres. O estilo visual da série é graças ao gênio Danny Cannon. Ele já tinha claramente uma visão antes mesmo de termos sentado e conversado a respeito – ele é um ilustrador e um artista, em constante colaboração. Ele imaginou esse mundo desde que era criança, e foi bastante tocante transpor esse mundo para a tela.
Quando a série chegou a sua pausa de metade da temporada, você enviou Gordon para o Asilo Arkham, desfazendo sua parceria com Bullock. Isso foi apenas onde a história estava indo, ou uma tentativa de trazer novas pessoas a assistirem o seriado a partir de onde a história parou?
É o próximo passo da história. Não queria esgotar os outros após 10 episódios! [Risos] Arkham, em si, é um grande personagem, então é uma chance de introduzir Arkham como personagem e deixar a audiência ver como Gordon consegue sair dessa situação particular. Você tem que continuar seguindo em frente – O fato importante de Arkham, e o primeiro episódio explica isso, então por que é tão fácil escapar de Arkham? Nas histórias do Batman, há uma porta giratória lá dentro. É uma das coisas divertidas quanto a montar este mundo, sendo possível por a arquitetura no local e explicar coisas como essa. Isto é uma das coisas.
Que tipos de coisas você já pode dar uma palavra quando a volta da outra metade da primeira temporada?
Você verá Nygma dar um grande passo em se tornar o homem que ele se tornará. Você verá Fish Mooney colocada em uma situação onde é quase inimaginável o como ela sairá dela. A relação dela com Butch e o Pinguim será pressionada ao limite. Selina Kyle fará algo incrivelmente chocante – ah, Fish também, lembrei agora. Uma das coisas quanto a segunda metade da temporada é que toda a história que ajeitamos em breve é materializada. Algumas pessoas vem ao fim, outras pessoas são triunfantes. Gordon… Não, não posso chegar aí. Eu quase te contei a história, mas não posso. Mas eu garanto que, se você gostou da primeira metade da temporada, você amará a segunda.
Gotham é exibida nos Estados Unidos às segundas às 8 da noite na Fox e no Brasil às 10:30 no Warner Channel.