River City Girls 2 — Duplamente sáfico, duplamente River City

River City Girls 2 análise

Eu vou ser honesta. Talvez seja uma maneira estranha de começar uma análise sobre um jogo como esse, mas eu nunca gostei de beat’em ups. Você sabe, joguinhos 2D que você bate em caras pela rua; você provavelmente já sabe disso se entrou em um texto de River City Girls. Eu nunca gostei da falta de controle que beat’em ups (os mais famosos) te davam. Você não sentia que, quando tomava dano, havia uma maneira de ter evitado. E honestamente, sem mecânicas defensivas ou uma ofensiva realmente convidativa, todo beat’em up que eu joguei era só completamente entediante. Bem, isso foi até eu conhecer… Teenage Mutant Ninja Turtles — Shredder’s Revenge… mas River City Girls veio logo após!

River City Girls traz padrões mais divertidos para diferentes adversários, um sistema de bloqueio e parries, além de desvios super épicos das meninas mais legais de todas. Como um jogo de River City (que eu acho que é da franquia Kunio-kun?), você tem a cidade inteira para explorar e um sistema de RPG muito divertido e interessante que vem de muito tempo (River City Ransom tinha isso no NES). Mas sendo sincera, eu tive muita dificuldade para conseguir escrever essa análise. Como eu disse, não gosto de beat’em ups 2D e, bem, RCG2 é exatamente isso mesmo que com coisas que melhorem a experiência pra gente como eu. Eu só não me diverti muito nas primeiras horas da história, singleplayer ou multiplayer. Mas além de cumprir com o prazo e entregar um texto, eu também continuei jogando por algo a mais.

Esse jogo, embora pareça ser um exemplo fenomenal do gênero, impressiona majoritariamente por sua personalidade. Além do esperado da Wayforward de ótimas animações e cenários extremamente detalhados, as piadas nos diálogos e os personagens vendem cada partezinha da aventura. O enredo não é interessante e todas as situações são extremamente padrões em qualquer jogo, mas a escrita dos diálogos é o suficiente para criar uma ótima experiência. Misako e Kyoko são mulheres muito fortes e podem acabar com qualquer um, mas como protagonistas de River City elas não são bullies. Também não são bombadas ou algo do tipo, elas são bem femininas também. Misako é a séria e mais inteligente (ao menos, mais do que a Kyoko), e que tem os comentários mais negativos ou direto ao ponto. De certa forma, ela é quem faz a narrativa correr. Kyoko é burrinha e fofa, e todas as falas dela são as melhores do jogo, ponto. Embora elas sejam extremamente simples, é muito fácil criar ótimas conversas com essas duas e qualquer outro personagem, e River City é cheio de gente. Esquisitos psicopatas, esqueletos, zumbis, yakuza e até velhos personagens da franquia são encontrados na cidade, alguns amigos, alguns são desculpa pras meninas quebrarem alguma coisa. Elas são bem destrutivas.

Ao lado das duas, desde o início podemos escolher Kunio e Riki, protagonistas de River City há anos. Eles são, “teoricamente”, os namorados da Misako e Kyoko, respectivamente, e cada um dos personagens tem um moveset completamente diferente —  até em inputs. Também tem mais duas meninas para desbloquear na história (ainda na primeira metade dela), uma dançarina (que é provavelmente lésbica mas bem, quem não em River City Girls?) e a outra uma vendedora do jogo anterior que tem um abdome inacreditável que atrai a atenção da Misako e Kyoko.

Os personagens estão tentando recuperar River City que foi ocupada pela Yakuza, adversários comuns na franquia. Misako e Kyoko querem seus lugares favoritos de volta, e passam por cada área da cidade a fim de destruir os lacaios da Yakuza e salvar River City. Na aventura elas podem comer, aprender novos movimentos e encher os bolsos de grana. Comer aumenta seus status! E qualquer coisa que você comprar que aumente Status é comestível… e jogos e brinquedos contam! As meninas só comem qualquer coisa sem pensar duas vezes e ficam mais fortes por isso. Tudo no jogo é feito com dinheiro, que é conseguido do jeito mais óbvio de todos, lutando com caras e terminando missões.

RCG2 é, em questão de gameplay, como qualquer outro River City (que não seja esportivo). Cidade gigante pra explorar, muitos coletáveis e diferentes tarefas a cumprir, além do característico sistema RPG da franquia. Como eu disse, o importante é sua imensa personalidade, e o relacionamento gay entre mulheres porque esse jogo mais do que tudo atrai o olhar sáfico como nenhum outro. O estilo de “fanservice” de River City Girls é algo que atrai mulheres sáficas muito mais do que homens, e eu fico feliz de me enquadrar nisso.

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Mas honestamente eu sou melhor falando de gameplay então vamos entrar um pouco mais profundamente nesse buraco. As suas ações principais são Normals, Heavies e Specials. Você também pode pular, correr, bloquear e desviar verticalmente. Existem diferentes ataques que somam com essas ações como ataques aéreos ou correndo, mas uma boa parte deles podem ser feitos com inputs mais específicos como apertar para trás, para frente e então Heavy a fim de dar um dab com a Kyoko que lança todos os inimigos na parede… e deixa ela vulnerável por muito tempo! Todos os seus ataques podem ser cancelados de alguma forma, Normals podendo cancelar em Heavies e Specials facilmente. Alguns Heavies podem ser cancelados também, e alguns Specials podem ser cancelados em outros Specials. Você também tem launchers que lançam seus oponentes no ar, permitindo combos aéreos muito fortes.

Kyoko

Algo que me deixa bem animada nesse jogo é como você consegue reconhecer a funcionalidade específica de cada ataque. Claro, alguns são apenas visuais, como os dois heavies que lançam para cima da Kyoko, mas você tem um número bem grande de habilidades que vão ser úteis para coisas específicas. Por exemplo, o Special normal da Kyoko (Hyakuretsukyaku da Chun-Li… ou o ataque do vídeo de parry do Daigo, talvez alguém conheça por isso né) que serve como seu ataque mais forte no início do jogo, mas mais para frente é apenas o Special mais barato que vai ser útil quando não tiver outro. Ele também pode ser cancelado no Special para baixo, que é o meu favorito; um ataque muito longo com bastante alcance e que acerta tudo em volta da Kyoko. Heavy normal serve como… bem, um heavy all-around que você pode usar no meio do combo para derrubar seu oponente (e seguir atacando pisando nele). Mas o Heavy para cima (ainda da Kyoko, foi com quem eu joguei) atira oponentes no ar, criando distância entre você e ele. Isso é muito útil ao lidar com muitos caras de uma vez, já que você está tirando um da sua cola temporariamente.

Misako

Outro ataque com funções parecidas é o launcher primário, usado ao apertar o botão de pulo no meio do combo. A diferença desse é que seu personagem vai perseguir o oponente no ar, isso também pode ser usado como um desvio estratégico para se afastar de outros oponentes já que você vai bastante pra frente ao usá-lo. Outros ataques que você tem podem facilmente ser usados como Desperation Moves quando você realmente precisar não ser acertada. Para isso com a Kyoko, eu tenho não só o Down Special mas o Special aéreo, que é uma voadora se jogando para baixo. A parte interessante desse é que acerta inimigos caídos no chão de uma maneira que os mantém caídos, o que cria tempo e espaço para pensar.

Mesmo ataques como o Dash Heavy tem usos de nicho que são importantes em certas partes, como lançar seu personagem muito rápido para frente quando você tá preso na lama na floresta amaldiçoada. Air Heavy da Kyoko quica em inimigos, os Specials da Misako são feitos para linkar neles mesmos, além de outras coisas legais e específicas que cada personagem pode fazer. Seus moves podem ser qualquer coisa e seus atributos variam muito, o que faz das gameplays de cada um extensivamente diferentes (quando você tem moves novos, óbvio, porque nos primeiros níveis todos os personagens são iguais).

Por fim, a arte é muito bonita e as músicas são MUITO memoráveis e divertidas. Com memoráveis eu digo que eu to há uma semana cantando a mesma música que eu nem sei a letra. Mas não é só a música, o jogo todo e principalmente as protagonistas ficam na minha cabeça 24 horas por dia. Com meu amigo (que jogou comigo) às vezes nos perguntamos como Misako e Kyoko lidariam com certa situação (é divertido, tá?) e River City Girls por algum motivo virou um tópico de conversa frequente entre a gente? Enfim, tá na hora de terminar esse texto porque eu não sei bem mais o que poderia acrescentar. Desculpem pelo texto meio corrido e talvez de não tanta qualidade, eu poderia fazer algo melhor com mais tempo mas como esse jogo foi fornecido pra gente então por respeito trazemos o texto o mais cedo possível e antes do natal. Feliz natal pra vocês, comam muito e se divirtam, boa noite e beijos.

Uma cópia gratuita de River City Girls para a Nintendo Switch foi concedida pela WayForward para análise no Recanto do Dragão.