The Legend of Nayuta: Boundless Trails foi relançado para plataformas atuais há um tempo mas só agora recebeu uma localização para inglês. Eu estive interessada nesse jogo desde antes do anúncio desse relançamento, e pretendia jogá-lo no PSP mesmo, a plataforma para qual ele foi criado. Na verdade é até estranho que eu tenha me interessado por ele tão do nada. Quer dizer, eu não sei nada sobre Trails, e nem sou uma fã diehard da Falcom, e ninguém me recomendou também. Eu apenas… tive um pressentimento.
Eu achei Nayuta numa época que eu tava meio que procurando jogos como Alundra, uma franquia minúscula de jogos inspirados em Zelda que saiu no PS1. Eu cresci com Alundra e sempre adorei o sentimento único que a gameplay e música passam. Eu provavelmente vou falar desses jogos aqui futuramente? Mas então, eu baixei Nayuta pro PSP simplesmente imaginando que seria um JRPG legal. Ele parecia algo de PS2, sabe? Os RPGs do PS2 são de longe os que eu mais admiro, então acabou me atraindo de uma vez.
Os gráficos no PSP eram maravilhosos (no caso, ainda são), muito bonito mesmo. Um artstyle tão bonitinho e carismático, o charme realmente gritava Playstation 2. Eu joguei um pouco até que fui treinar com o mestre do protagonista e tive uma revelação… é um action RPG! E não só isso, mas focado em combate em tempo real, sem loadings que te levam a uma arena. Eu não sei com que fundamento eu senti isso, mas me passou a vibe “Alundra” que eu tava procurando, mesmo que agora depois de ter jogado eu não entenda bem o que passou na minha cabeça.
Ele ficou na minha listinha para que eu começasse daqui a pouco, não lembro que jogo era meu foco na época. Foi aí que eu entrei no Recanto, e Lily me mostrou que Nayuta seria lançado para Switch em breve e, o melhor de tudo, NIS America é um amor e sempre nos manda key independentemente do que seja. Agradeço fortemente à NIS porque faz meses que só eu no site tenho todas as Keys negadas então ela me tirou dessa maré de azar, e também para algo que eu queria muito jogar.
Para minha surpresa, descobri que Nayuta não tem nada a ver com Alundra, e por consequência, com Zelda. Mas ele também pouco tem a ver com um JRPG clássico. Nayuta é… um platformer 3D? Sim, é um jogo de plataforma collectathon em 3D, com algumas boas mecânicas de combate. Isso é perfeito pra mim! Então eu passei a última semana e um pouquinho mais só jogando Nayuta e me diverti muito. Na verdade eu cheguei extremamente perto de platinar tudo no jogo! Mas já, já entro nisso.
A história é sobre um mundo em que as pessoas tem quase certeza de que a Terra é plana. Ha! Bem, aparentemente o planeta tem um fim, mas desde sempre existem histórias de que existe algo além do fim do planeta, e que ele é na verdade infinito. Não sei bem sobre a parte de infinito, acho que quer dizer “globo”, né? Enfim, os pais do nosso protagonista (que obviamente se chama Nayuta) morreram na busca desse paraíso, chamado por todos de “Lost Heaven”. Nayuta e seu irmão de criação Cygna estão voltando da sua universidade para as férias de verão, retornando para sua ilha natal. Remnant Isle é lar de muitos mistérios, e um ponto turístico interessante para estudiosos porque aqui acontece algo bem diferente — caem estruturas do céu. Estruturas! Não meteoros, mas… coisas, feitas por seres vivos. Isso é bastante para animar um pequeno Nayuta que quer encontrar o paraíso dos seus pais. É aí que cai uma torre do céu e ao chegar no topo, os dois irmãos encontram uma fada, um homem de capa preta e seu ajudante mascarado. A fada leva Nayuta e Cygna para outro mundo por acidente, e aí descobrimos “Terra”, o que todos chamam de Lost Heaven.
O resto da história é sobre desvendar a origem desse mundo, o propósito do planeta e de Terra, enquanto Nayuta passa por diversas dificuldades acompanhado de sua irmã Eartha, a fada Noi (que é sua parceira), e todos os habitantes da ilha que compõem o elenco colorido de Nayuta no Kiseki. Ah e… Nayuta também passa o jogo todo procurando por Cygna, algo bem clássico de RPGs, né?
A gameplay acontece majoritariamente em Terra, onde você explora literais fases diferentes (TEM MUITAS) e aproveita a parte de platforming, combate e exploração do jogo. Mas, fora de Terra, você pode trabalhar como “Handyman” em Remnant Isle, fazendo quests para as pessoas da cidade. Tem um museu pra completar também, no maior estilo Animal Crossing.
O loop de gameplay é muito criativo e divertido, mas como é normal pra qualquer collectathon que eu analiso, acho bom falar sobre os coletáveis. Eles são:
· 180 estrelas
· 24 arts
· 80 equipamentos
· 60 receitas
· 128 doações para o museu
Dentro de cada objetivo também tem coisas a mais então vale à pena falar de cada um. Você consegue estrelas ao terminar fases, cumprindo alguns objetivos (dois deles são coletar). Você ganha uma estrela ao encontrar os três cristais gigantes escondidos em toda fase, esse é o coletável grande principal dentro dos níveis. Outra estrela é por encontrar os baús, a grande maioria das fases só tem um mas fases importantes que são separadas em duas seções tem dois baús diferentes. A terceira estrela de cada fase é adquirida por completar uma missão especial, como não tomar mais de 10 hits, pegar um número certo de cristaizinhos (moedas do Mario de Nayuta), matar certo número de inimigos… todas as missões são bem legais e você pode fazer elas direto na primeira vez que joga a fase! Bem, nem sempre mas já chego nisso.
A cada seis estrelas que você conseguir, Nayuta pode consultar seu mestre que vai o ensinar novas habilidades, normalmente focadas em combate. Eu falo mais sobre o combate depois, ele é legal.
As Arts são adquiridas quando você vence inimigos especiais (você sabe que tem um na fase antes de entrar nela), por prosseguir no jogo ou por fazer as quests dos “administradores”. São só quatro e elas são bem fáceis! Na verdade o intuito delas é que você explore mais então cabe bem no estilo de gameplay principal. Você também ganha golpes especiais de “Gears”, que também são quatro, um pra cada administrador. Mas eles não são exatamente coletáveis, você precisa de todos eles para sequer zerar o jogo. São coisas que abrem novas passagens nas fases! Mas não se preocupe, a maioria dos estágios podem ser completados 100% na primeira visita, e quando não puderem você vai saber bem. O contador de estrelas e do que você coletou dentro do nível também o ajuda a se guiar e saber onde retornar com um poder depois.
Os equipamentos são conseguidos por simplesmente prosseguir no jogo e explorar. Algo legal é que cada coletável que você pega tem chance de contar em outro. Por exemplo, abrir um baú para pegar a estrela no fim da fase também vai te dar o conteúdo do baú, que pode ser um equipamento ou algo para doar ao museu. Diferente de outros RPGs, todas essas coisas que parecem clássicas são estruturadas como um jogo de plataforma, então você sabe quais baús pegou e não pegou e nunca vai ter um escondido que o jogo não te contou que existe. Você precisa saber quais coletáveis pegou, afinal! Os equipamentos são muitos porque contam com os do Nayuta e da Noi.
As receitas são conseguidas por encontrar diferentes ingredientes (de novo, só explorar as fases) e então receber livros de receitas. Alguns são vendidos e outros são conseguidos por pegar mais coletáveis, como doar coisas pro museu. Cada receita precisa ser preparada pela sua irmã Eartha antes de contar como “coletada”, e daí pra frente o próprio Nayuta vai poder cozinhar nas viagens dele.
E por último, as doações para o museu envolvem exatamente as mesmas coisas que Animal Crossing. Insetos, animais marinhos, fósseis e peças artísticas. Você as consegue nas dungeons e completando quests; toda quest vai cair na sua caixa de correio então não tem como perder. Adicionalmente, sua cachorrinha vai encontrar coletáveis pra você sempre que você terminar uma fase nova, nem tudo é encontrado só por explorar! Mas acredito que pegar todas as estrelas faça com que ela ache mais coisas. Recompensas por recompensas.
Por conta do design das fases e dos inimigos é natural que apenas por jogar e explorar tudo você vá encontrar todas as coisas que precisa. Inimigos também tem drops de ingredientes, mas em nenhum momento na minha gameplay inteira jogando múltiplas vezes eu precisei grindar itens. Se você sair procurando as coisas pelas fases já vai achar! Além de cristais e baús você também pode achar ingredientes plantados no chão, mas esses não contam para as estrelinhas já que você pode pegar mais um sempre que retornar ao estágio futuramente.
Agora sobre combate, mas começando com movimentação. Nayuta é muito divertido de controlar, extremamente leve e bem rápido. Não é à toa que todos os seus ataques podem ser cancelados em alguma coisa! O protagonista tem dois pulos, um dodge roll e futuramente vai receber novas habilidades de movimentação mas já falo sobre elas porque elas também são golpes.
Seu ataque normal é um combo clássico de espadadas, que pode ter mais hits quando seu mestre te ensinar mais. Os hits são importantes! Você também aprende novos golpes por conseguir as estrelinhas. Você ganha um ataque giratório que pode ser usado no meio do dodge roll, um launcher que é ativado ao pular e atacar sucessivamente, uma estocada no chão quando estiver caindo de um Double Jump, uma espécie de super ataque feito por defender e atacar ao mesmo tempo… mas na verdade todos esses golpes estão ligados à uma mecânica especial.
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Chain é algo extremamente similar a combos, mas um pouco diferente. De fato os hits sobem quando você acerta inimigos (ou quebra coisas), mas a diferença é que Chain dura muito tempo. Na verdade é normal que uma Chain não suma antes que passe cinco segundos inteiros, ou até mais! A cada 20 hits Nayuta recebe um bônus. Com 20 ele recebe aumento no dano, em 40 nos golpes mágicos, em 60 você recebe mais dinheiro… e de 20 hits pra cima seus ataques especiais já mencionados evoluem. Você perde uma chain quando o tempo passa ou toma um hit, mas é extremamente comum jogar uma fase inteira sem perder seu combo, e ainda assim explorar ela inteira!
A mecânica de Chains estimula o foco em manobras defensivas e também em movimentação, para sempre se manter ativo quebrando algo. Até pegar os cristais gigantes conta na Chain! Mas esses são apenas seus golpes e mecânicas básicas.
Quando Noi se junta ao Nayuta ela estende muito seu potencial ofensivo. Primeiro, ela recebe um botão dedicado para lançar magias! As magias dela são quase que um ataque básico. Certos inimigos só podem ser acertados por magia, e outros por ataques físicos, enquanto a maioria sofre mais ou menos dano de um ou outro. Muitos oponentes podem ter estratégias ainda mais avançadas para influenciar o jogador a usar diferentes golpes. Ao todo são 24 magias, como mencionado antes (as “Arts”), e todas funcionam de maneira bem diferente. Não existe uma barra de MP para elas, na verdade todas tem seu próprio número de usos, que sobe naturalmente se você esperar ou atacar inimigos. Os feitiços vão de metralhadoras de luz à erupções vulcânicas, ou gases venenosos, nevascas poderosas ou simplesmente um arco de flores. Mais do que visual, todo golpe possui utilidade diferente por conta da sua área de efeito ou de quantos você pode lançar. Alguns são bem ruins, outros extremamente bons. Eu gosto muito dos que giram na sua volta, acabam por ser os mais úteis no meu playstyle.
E também tem os Gear Crafts. O primeiro é o Gear Buster, um ataque poderoso que lança a Noi como um beyblade. Tem até três hits e é usado ao segurar o botão de ataque. Embora seja lento, é muito útil quando linkado no meio do seu combo e pode quebrar armaduras e escudos. Gear Hold é o próximo, e é totalmente sobre movimentação. Ele permite que você literalmente se teleporte para umas esferas verdes no ar, e então se segure nelas. Você pode usá-las para te dar impulso horizontal também, ajudando em movimentação e deixando que você chegue em lugares novos. Gear Shield é a proteção definitiva, mas também permite que você ande sobre água, lava, neve funda ou areia movediça sem pestanejar. Ele protege Nayuta de apenas um hit inimigo mas faz isso sem nenhuma preocupação. Por último, Gear Drive é tipo a merda mais legal do mundo. É o spindash do Sonic só que tipo, você pode mudar a direção a qualquer momento, fazer no ar, ou usar apenas como um Dash. É extremamente libertador poder usar ele, e te dá um bom momentum caso você precise. Também é um golpe forte por acertar muitas vezes enquanto você rola por aí podendo desviar de golpes. E ele escala certas paredes!
Só que todos esses Gear Crafts tem uma barrinha própria, que quando não está sendo usada sobe bem rápido, mas se esgotar Noi vai ficar cansada por um tempo sem poder fazer nada.
A seleção de fases conta com sete diferentes mundos, mas quatro deles são especiais. Os quatro continentes de Terra possuem quatro fases cada. A última é de templo então é especial. Com o poder do Astrolabe você pode mudar a estação de cada um dos mundos, e quando o faz, as três primeiras fases (as mais importantes) mudam completamente. Literalmente viram outra coisa! Embora o layout pareça um pouco o original, tudo mudou. A progressão, os coletáveis, as vezes até o sentido. E cada estação também altera completamente o visual de cada continente, fazendo com que tenha 16 mundos totalmente diferentes em visual só em Terra, sem contar com os três últimos mundos. Você desbloqueia novas estações por prosseguir no jogo, e cada uma tem inimigos mais difíceis e desafios maiores de platforming. O primeiro continente, Altapea, começa na primavera (Lv. 1), então pode ir para o verão (Lv. 5), inverno (Lv. 40) e por fim, outono (Lv. 55). É literalmente três fases completamente originais pra cada uma dessas estações, e é por isso que tem tanta estrelinha pra coletar. São 60 fases no jogo, ao todo.
Mas se tem um problema eu diria que é o tanto de conteúdo que acaba sendo exclusivo do New Game +. Quer dizer, o NG+ é divertido e tal, mas acaba sendo meio chato terminar o jogo inteiro e ver que você não pegou quase nada dos coletáveis! Isso é porque apenas no New Game + você tem acesso às últimas estações de cada mundo, à quests novas, os últimos equipamentos, arts e receitas. E… eu sofri pra platinar esse jogo viu.
Nayuta tem um sistema de Achievements dentro do jogo, o que significa que o Switch também tem. Alguns deles são parte da história, como matar cada um dos bosses, zerar o último capítulo, terminar o jogo no Normal, no Hard… mas aí tem os importantes né. Derrotar 5000 inimigos, 100 inimigos com técnicas de espada, 1000 com Arts da Noi, bloquear 100 ataques… esses também são fáceis e talvez você os consiga naturalmente. Mas aprender todas as receitas, conseguir todos os equipamentos, doar tudo pro museu, aprender tudo que o mestre tem pra ensinar, terminar todas as 60 fases… cada um desses achievements te dá pontos, e esses pontos vão ser usados no NG+ para desbloquear coisas novas. Você pode aumentar o nível máximo do Nayuta ou das suas magias, upar a velocidade de movimentação do personagem, upar sua barra de Craft… e também é aqui que você compra as fases novas do New Game +. Eis o problema, eu saí gastando os pontos em tudo sem ver quantos eu tinha e acabou que no último continente eu não tinha os 100 pontos que faltavam pra conseguir as últimas fases.
Eu acabei caindo em um triste dilema. O achievement do museu, dos equips, das receitas, das arts, das estrelas, de terminar todas as fases… eu conseguiria todos esses só em completar as últimas três fases que eu não consegui comprar. Isso ia me dar muito ponto e tal mas não tinha mais nenhum achievement que fosse possível pra mim na hora… exceto por um, 50 horas de jogo. Eu tava literalmente pertinho de platinar e só tinha 35 horas. Bem isso apenas me fez ficar um bom tempo sem jogar enquanto deixava o Switch parado acumulando horas… quando eu cheguei a 50 pude finalmente comprar as últimas fases e ainda assim, não deu pra platinar.
Por algum motivo mesmo que não haja nenhum espaço vazio no meu bestiário, eu só fiz 97% da conquista de encontrar todos os inimigos. Fiz questão de ver tudo que dava então realmente não sei o que falta! Também não zerei no Hard e no Infinite ainda, porque isso ia tomar muito tempo e eu precisava fazer o texto. Eu vou fazer essas só que no meu próprio tempo. E também não consegui 1.000.000 de dinheiro, tipo, você tem que ter tudo de uma vez só. Eu tenho 600.000 agora, o que é bem perto, mas já terminei tudo no jogo então parece cansativo só repetir fases que eu já fiz 100% pra pegar dinheiro. Eu já tive tudo isso antes! Mas não ao mesmo tempo, porque fui comprando coisa.
Ok, tem mais alguma coisa que eu queria falar…? Ah, é. A história deixa você bem triste. Não tem exatamente acontecimentos trágicos e tal, mas é bem emocionante e tem uma linda mensagem. E se você leu meu texto de Dragoon, Nayuta diz algo muito parecido sobre o destino do mundo não poder ser decidido por um deus que nem sequer vive nele. Mesmo que o mundo esteja destinado a acabar, existem pessoas vivendo nele e se esforçando para sobreviver. Não posso ir mais além por ser spoiler mas isso é o básico. Por fim, escutem a soundtrack absurda desse jogo. Boa noite!
