13 Lentes De Um Final Feliz — um longo desabafo

Victor Schiavon é um artista que você provavelmente conhece. Seja como GEMAPLYS, Vito Palmito, MC VV, N11ne, Yung Lixo ou qualquer outro nome que ele tenha usado (incluindo Tulyo Zynga), você já deve ter ouvido falar dele. Bem, não sei direito qual a opinião geral que todo mundo tem dele (não ando usando redes sociais), mas ao menos eu notei que entre meus amigos, poucos são fãs de algum dos trabalhos dele. Bem, eu sou. Bastante.

Ele teve uma forte influência nos caminhos que tomei na minha vida, e até agora, continua tendo. Eu não seria jornalista se ele não tivesse me mostrado no início do canal que mesmo uma menina brasileira pobre podia trabalhar com isso, e fazer conteúdo tão bem trabalhado quanto os muitos americanos estavam fazendo.

Eu não teria me ligado tanto a game design se ele não tivesse começado o próprio jogo e mostrado seu trabalho, deixando claro para mim que era possível. Eu não teria começado os Among Gamers sem o Jogandofoddaci, não teria essa paixão por arte se ele não tivesse aberto meus olhos. E também, não teria uma visão mais positiva da vida atualmente sem as músicas mais recentes do Yun Li com seus temas de família, sonhos e mais coisas que vamos falar sobre hoje.

O Victor não foi o primeiro a fazer reviews de games em vídeo ensaio no Brasil (embora tenha sido um dos), o Jogandofoddaci veio depois de mais de uma década de história em longplays, e é claro que as composições do Yun Li não são as únicas com as mensagens que ele quer passar. Antes do JF eu já havia assistido Cartuchito e diversos canais de gameplay de Minecraft. Antes de escutar os álbuns novos do Yun Li (Validation, Bittersweet Memories…) eu já escutava Rap, então eu não sou nova no gênero e muito menos fui apresentada à ele pelo Victor.

O que me comoveu, no entanto, foi o contexto. Pelotas, que é onde ele nasceu e vive, é aqui do lado. Na verdade, eu vou até a cidade uma vez por mês de tão perto. Ele é brasileiro e tinha um estilo não muito convencional. Não importa se ele é o pioneiro ou o melhor: ele ressoou comigo e acompanho ele há quase dez anos. Eu não faço as coisas para ser “como o Yun Li”, e não acho que ele me apresentou aos meus sonhos, mas me deu esperanças de que são possíveis. Tudo nos leva ao último álbum dele: 13 Lentes de um Final Feliz.

Eu evitei falar dos anteriores por… vergonha. Admito que eu tinha certa timidez em relação a dizer o quanto Yun Li é importante pra mim, considerando o tanto de gente que eu conheço que odeia as coisas dele. De fato, até nas análises que ele faz no canal (GEMAREVIEW) eu mesma concordo de que não são das melhores em conteúdo, apesar de serem muito bem trabalhadas. Mas eu tenho um respeito enorme por ele. O trabalho musical dele, na minha visão, é foda demais.

O que me levou a falar agora não é apenas uma forma de mostrar meus gostos, ou estabelecer uma opinião sobre o trabalho dele. Eu quero contar histórias, desabafar, e dizer o que esse álbum e os últimos dois (sem contar Bons Tempos) causaram em mim. Perdi a vergonha e acho que não tenho por que sentir que minhas emoções não são válidas porque tanta gente que eu conheço desgosta dos projetos que ele tem. Não preciso validar minha opinião! Muito menos meu coração.

Pra algumas músicas vou ter mais pensamentos que outras, mas pretendo falar sobre cada track. Como estou escrevendo sobre uma por dia, a qualidade pode variar um pouco. São só 13 então não vai ser muita coisa! Sem mais delongas então…

Au Revoir

“Eu prefiro ser ignorado do que ser convidado pra esse circo”

13 Lentes
Não sabia bem que imagens usar no texto então vou usar fotos da minha cidade.

Essa tem só 40 segundos e é apenas um áudio da rádio “Sucesso FM”. É uma continuação do início de Validation. Mais curto, pois agora o áudio do locutor é cortado (ou diluído) pelo Victor falando. É uma introdução tão curta que talvez você nem perceba que não faz parte da próxima música.

Carruagem

“Me recorta um pedaço desse bolo, pelo amor de Deus!
Pode ser a fatia mais fina que eu não me importo, não!
Prêmio de participação em algo bem maior que eu
e se a vida não quiser deixa que eu corto então!”

13 Lentes

Carruagem é a primeira trilha tradicional do álbum, e um kickstart belíssimo para o resto da mensagem que 13 lentes vai transmitir. Já no começo, Victor começa a dizer quem trabalhou no álbum com ele: Bife (Leandro) e Luan na produção, Hakuro no instrumental. E qual é o tema de Carruagem?

Uma reflexão do estado atual dos sonhos dele, e dos objetivos que conquistou: não foram os resultados mais glamourosos, não foi a fama mais avassaladora do país ou do mundo, nem milhões e milhões que façam dele o Tio Patinhas. Yun Li conseguiu tudo que ele queria: uma vida boa para sua família e amigos.

“Ver meus amigos sorrindo é uma bela imagem.”

A ideia de Carruagem expressa bem o que ele queria com todos esses projetos, e qualquer um pode dizer algo do tipo para soar melhor do que é, mas como alguém que acompanha o Victor e vários dos amigos dele (especialmente o Jean Carteiro Cósmico), essa é a verdade. E mais ainda, eu sei que esse sonho é real porque é o meu também.

Eu deixaria mais pra frente no texto para falar sobre isso, mas não vejo problema em dizer agora. Meus sonhos na vida são simples e eu tenho poucos grandes objetivos, mas o maior deles é exatamente esse: usando do meu trabalho, da minha arte e do meu esforço, fazer dos meus amigos e familiares as pessoas mais felizes do país.

Não como caridade, mas como retribuição, eu quero compartilhar do meu sucesso com as pessoas que eu amo. Presentes são minha linguagem do amor, eu gosto tanto de receber quanto de dar presentes. E seja com criação de conteúdo, música, game design ou qualquer coisa que eu enfie a cabeça no futuro, quero que as pessoas importantes para mim também saiam ganhando.

Talvez eu tenha mais oportunidades de falar sobre isso mais à frente, mas gostaria de dizer que Carruagem é uma música que ressoa comigo por esse motivo. Eu tenho o mesmo sonho que o Yun Li realizou.

Agradeço (feat. Liwan)

“Mas eu tive que andar porque a idade bateu
Só que dentro de mim nossa amizade nunca morreu”

13 Lentes

Essa é uma das tracks que falam mais sobre o intuito do álbum. Tem pelo menos umas três com essa ideia. 13 Lentes De Um Final Feliz é um álbum que fecha um ciclo, e é natural que diversas músicas falem sobre isso.

Agradeço é sobre crescer, seguir seu próprio caminho e que a distância e o tempo não separam relacionamentos e amizades verdadeiras. Pessoas são diferentes, com sonhos e objetivos diferentes, e logo os caminhos param de se cruzar. Isso é natural e não significa que as pessoas estão brigadas ou perderam sua intimidade.

Um exemplo disso é um dos meus melhores amigos, o Arthur. Nossa amizade começou meio estranha, mas em alguns meses convivendo juntos em um curso de mecânica do SENAI, eu e ele nos tornamos amigos próximos. Foi um dos primeiros a respeitar minha identidade também, me conhecer antes da transição não mudou a aceitação dele quanto a minha mulheridade.

Atualmente, ele tem seus projetos como eu tenho os meus. Ele segue seu sonho como eu faço, e até mesmo vai ser jornalista em outra área (já que eu falo de arte). Somos amigos meio improváveis mas ele me ajudou a conhecer muito de mim mesma e é um companheiro fiel que tá sempre comigo, não importa a distância. Como todo jovem sonhador de São José do Norte, agora em abril ele vai se mudar para uma cidade com mais oportunidades, e que tem a faculdade que ele quer: Pelotas. É, Pelotas, a cidade que o próprio Yun Li reside. Que mundo pequeno.

Apesar da distância e dos meses que ficamos sem trocar mensagens, sempre que eu penso nas pessoas que mais importam pra mim, ele é um dos primeiros nomes. Não sei se ele vai ler isso, mas amo você mano Arthur. Sucesso para todas as suas empreitadas e seus sonhos mais profundos.

Corrida (feat. Massaru)

“Salve, Senna, essa volta é pra você
Pai e mãe, liga a TV
Eu vou chegar estourando no zerin
Rasgando a linha de chegada, bandeirada, tão charmoso
Não esqueça que no pit stop eu não fiquei sozin!”

13 Lentes

Sax, guitarra, baixo, a bateria mais foda desse lado do país e os samples mais inspirados da cena, Corrida é uma das tracks mais empolgantes e divertidas do álbum. A letra em si, apesar de muito criativa, fica um pouco de lado dessa vez. Afinal, o que ela faz em suma é comemorar o final de uma vitória destruidora. Todo álbum tem espaço pra um tico de flexing, né?

É uma música viciante e muito dinâmica, e me dá espaço pra falar sobre o nível de produção e instrumental inacreditáveis que os álbuns do Yun Li passaram a ter nos últimos. Eu sinto um pouco de vergonha de dizer que essa é minha opinião real, mas é minha opinião real então vou bater no peito com orgulho pra falar que esses álbuns do Yun Li tem o mesmo nível de trabalho que os maiores nomes do Rap mundial. Kendrick é meu artista favorito e eu também comparo com ele.

Apesar de que nada pode ser comparado no impacto dos álbuns, afinal Yun Li pode inspirar muita gente, mas Kendrick é uma bandeira pra toda uma raça, ainda me sinto orgulhosa de ver o nível que um brasileiro consegue chegar com esforço. Não falo isso pra diminuir nossa cultura: na verdade Racionais e Emicida já eram referência antes, é apenas uma observação — Yun Li não é a segunda vinda de Cristo para a música, mas talvez ele seja a vigésima.

Ainda assim, o estilo dele é bastante único e é claro que digo “Yun Li” com certa leveza, pois ele dedica o seu trabalho também aos seus amigos e companheiros que são os primeiros nomes mencionados em Carruagem. São pessoas incríveis, apaixonadas e habilidosas, que complementam as letras do Yun Li de forma que nenhum aspecto seria o mesmo separado. Apesar de ser um conjunto de grandes artistas somando seus trabalhos! Victor carrega o Bastão do aprendizado e inspiração de muitos grandes artistas nacionais e internacionais: não o primeiro, mas um dos melhores.

Jóias da Família (feat. MAIK sbkaos)

“Que pingue ouro no pescoço de má companhia…”

13 Lentes

Essa é… pessoal pra mim. Antes disso, a guitarra aqui, contando com o solo absurdo no final da música, vende completamente o sentimento de dor e saudade. Os samples e a letra são alguns dos melhores do álbum.

A mensagem da música é simples: família não é o sangue. Sua família pode ser seus pais, seus tios, seu cachorro ou amigos da faculdade. É bizarro que essa soa como uma resposta para “For My Family”, de Bittersweet Memories, um twist realista para uma trilha que era tão esperançosa.

A descrição de festas em que todo mundo se reúne e compartilha abraços e amor é muito forte, quando a resolução é clara: tudo era falso, uma ilusão. Nem toda sua família é realmente sua família.

Minha mãe tem um problema na coluna. Não é qualquer um, são diversos e eles não são tratáveis. Tudo que é possível com tratamento é aliviar a dor, mas ela nunca vai ser curada e vai viver assim a vida toda. Há uns meses, minha avó por parte de pai fez uma cirurgia simples nos olhos, e que ela até mesmo podia cuidar sozinha: é só colocar um colírio. Apesar disso, foi decidido entre meu pai e minha tia que ela não pode ficar sozinha, e ela passou 80% do tempo na minha casa, 20% na casa da minha tia.

Por quê? Não sei. A casa dos meus tios é maior, eles podem cuidar dela melhor, e não tem ninguém que mal consegue andar tendo que se esforçar o triplo do que pode. Minha vó é uma pessoa difícil, exigente e… manipuladora, especialmente com os filhos. E meu pai se sente culpado por qualquer coisa com relação a ela. Apesar disso, ele estava trabalhando e minha mãe era encarregada da minha avó enquanto isso.

Mas e eu? Bem, eu estava fazendo tudo que podia, mas eu também trabalho, e minha avó especialmente queria que minha mãe fizesse tudo. Minha mãe, mesmo sendo uma pessoa doce e esperançosa, se sentia podre. Ela queria mais que tudo que minha vó fosse embora porque ela não aguentava mais sequer ficar em pé. Ela não conseguia dormir com a minha avó ligando pra ela no meio da noite, não conseguia descansar com as costelas perfurando ela por dentro, e se sentia horrível por estar criando um tipo de ódio que enchia ela de culpa.

Na verdade, minha avó gerou não brigas, porque meus pais raramente brigam, mas um sentimento de desconforto e tristeza bizarro em casa. Foram dias horríveis e meu pai nem falava com minha mãe. Eu nunca vi eles fazerem isso na vida, então dá pra imaginar o tanto que minha vó tem de influência sobre meu pai.

Claro, ela é uma mulher idosa, mas chega a ser inacreditável algumas das atitudes dela. Mas o pior não é minha avó: são meus tios. Eu sei que eles não vão ler isso porque eu duvido que apoiariam meu trabalho mesmo, mas eles são egoístas e pessoas muito falsas.

Estão com a gente apenas em duas ocasiões: churrasco e ano novo. Nesses dias com minha avó, minha tia tratou minha mãe como uma mentirosa inventando suas dores, foi esnobe em relação ao ambiente que minha vó tava morando (que já era melhor que o nosso), quebrou o chuveiro e exigiu que meu pai consertasse (é o melhor chuveiro da nossa casa), e meu tio nem quis dar carona pra minha mãe comprar coisas pra gente fazer pra comida quando ninguém podia levar ela. Na verdade ele fez uma única vez, e tava tão puto que não disse uma palavra pra minha mãe.

Eu já ouvi da boca deles as palavras “pode sempre contar comigo” diversas vezes, mas nunca antes contamos com eles e recebemos respostas. No natal e ano novo passado, eu falei pros meus pais que queria passar em casa, com minha família, composta do meu pai, mãe, meus irmãos e amigos. Foi um natal maravilhoso, sincero, e alegre, com as pessoas que eu amo e me amam de volta.

Eu fiquei tão revoltada com a situação, especialmente com o descaso que eles fizeram com a dor da minha mãe, que até hoje não tô olhando na cara deles. E vai ficar assim. Minha mãe não guarda rancor mas, por enquanto, tô guardando. E me doeu muito ver tudo isso.

Pessoas que eu considerava de verdade, que me viram crescer desde pequena e que estavam presentes na minha vida, nos tratando como lixo. Na verdade, me fez perceber que a presença deles era bastante limitada — assim como em Jóias da Família, apenas nos natais e outras festas. Um presente no aniversário não é prova de amor, é meramente uma obrigação pra dizer “eu lembro que você existe”.

Essa música veio no momento em que ela mais tocaria em mim, e me fez apreciar de verdade quem eu tenho do meu lado. Minha mãe, meu pai, meu irmão, minha cunhada, minha irmã, meu cachorro Max, meu melhor amigo Benjamin e meus muitos amigos virtuais, claro que incluindo a Jenny, Lottie, Sol e meus colegas do Recanto. Essa é minha família. E é uma família bem cheia.

Esse texto é um desabafo, mas não quero que vejam isso como jogar tudo nas costas dos meus tios: eu sei que eles tem os próprios problemas. Não acho que preciso explicar mais além como as atitudes deles mostram falta de caráter ainda assim. O intuito do desabafo é dizer que isso tudo me deixou mais próxima de quem realmente importa, e é o que quero passar.

Que pingue ouro no pescoço de má companhia
Pode ficar com essa prata que eu não compro briga
Pois toda essa riqueza é falsa, herança maldita
Sucesso e simpatia são as jóias da minha família

Nunca Paro

“O Sonic corre rápido, mas quem voa é o Tails”

13 Lentes

Alguns dos meus amigos mais próximos podem ter percebido que, de uns tempos pra cá, meu ânimo e motivação subiu muito. Minha vontade de sonhar, convicção nos meus objetivos e valores, e também dobrei meu esforço em diversos projetos. Isso aconteceu durante a época das enchentes no RS, que me afetaram.

E, naquele momento, em uma casa estranha na qual morei por uma semana, eu escutei dois álbuns do Yun Li, um após o outro: Validation e Bittersweet Memories. A inteiridade desses dois álbuns me afetou muito, especialmente as últimas trilhas de BM que, de fato, eu poderia escrever muito sobre. Mas outras duas me mudaram de verdade foram Waiting to Fly e Dirty Dancing. Nunca Paro é como uma sequência para elas.

É uma mensagem clara e direta, tocando em todas as feridas para te fazer entender: não espera, não crie desculpas; se você tem um sonho, é agora e não depois. Dinheiro, oportunidades, ou mesmo sua casa estar alagada, essas coisas não podem te parar. Sempre tem um jeito. Isso eu devo ao Yun Li, pois aquelas noites escutando esses álbuns, refletindo no que foi dito nas músicas, no amor que eu tenho pelas pessoas ao meu lado e no privilégio que eu tenho de em uma situação tão horrível ter um PC ao meu lado, eu finalmente comecei a me empenhar de verdade em tudo.

Estou escrevendo isso poucas horas antes de ir gravar para os Among Gamers com meu mano Benjamin e duas convidadas, enquanto faço alguns esforços para meu futuro. Nos últimos dias eu só penso nisso: depende de mim. E isso não me desespera mais, e sim me motiva como nunca antes.

A mensagem de Nunca Paro não é tão impactante mais, simplesmente porque o Yun Li me convenceu em Dirty Dancing, mas com certeza não convenceu todo mundo. Alguém precisa de um pontapé a mais, com os dois pés na porta talvez.

Não vou chegar aqui e dizer pra vocês que estou vivendo sem um teto acima da minha cabeça e me alimentando de pão mofado. Eu tenho comida na minha mesa todo dia, isso já é muito mais que uma parcela absurda e diria até majoritária do mundo. Mas ainda assim, não tenho muito mais dinheiro além disso. Não significa que eu não tinha o que precisava pra dar os primeiros passos: ainda que fosse um papel e uma caneta eu já teria o suficiente. Assim como foi com um PC de 200 reais que eu tinha há 10 anos e um celular que sequer abre um navegador. Tem gente que tem, por exemplo, um super PC gamer, condições pra comprar um mic fodão, e podendo comer fora mais de três vezes no ano, e ainda assim não começou a seguir seu sonho.

Eu tinha tudo que precisava, e dependia de mim. E depois disso eu consegui um emprego por essa motivação, comecei a postar no canal e chegamos aos 200 vídeos há pouco, fiz diversos artigos gigantes e estou bem perto de comprar um computador novo que me dê mais oportunidades para trabalhar com Internet. Ainda não recebi um centavo por nenhum dos meus projetos mas, quando eu receber, vou ter orgulho em dizer que foi porque eu decidi seguir meus sonhos.

Memórias

“Beijão, vó, te amo, viu? Abração.”

13 Lentes

Escrever sobre essa é… difícil. Eu na verdade posterguei um pouco e procrastinei. A música é sobre a perda dos avós, bastante recente, que aconteceu com o Victor. Ela começa com um áudio dele mesmo enviado para a avó, e o resto da letra descreve os sentimentos que ele tinha pelos avós, e toda a situação dos últimos dias deles. Tristeza, saudade e mesmo culpa por não ter aproveitado esse tempo são o foco da música.

E, bem, quando eu estava terminando o ensino fundamental, em um ano que eu passei por diversos grandes problemas se tornando o pior da minha vida, minha avó por parte de mãe faleceu. A vovó Teresa, que a gente chamava de Tetê. Isso foi um ano depois do assassinato do irmão da minha mãe, o tio Leandro, Galinho. O tráfico levou a vida dele mesmo depois dele sair desse mundo, e não levou muito pra depressão tirar minha avó da gente. Ela não resistiu no Hospital e o marca passo não foi suficiente pra salvar ela dessa tristeza.

Minha mãe passou muitos meses chorando, mal se alimentando. Eu lembro que, no dia do funeral e enterro dela, eu fui pra escola, porque na época eu não queria faltar nenhum dia e, quando eu estava lá, minha professora me instruiu a pedir na direção para voltar pra casa. Ela não ia passar mais nada que eu não pudesse perder, então eu decidi que seria bom voltar e ver o funeral da minha avó.

Eu perdi o funeral, cheguei na minha casa sem ninguém, e achei o celular da minha mãe ainda na cama dela. Como em uma cena de filme, ela esqueceu em casa e assim que eu peguei pra ver umas fotos da vó, eu vi ela no papel de parede. Vi algumas fotos e desabei em choro de uma forma que eu não chorava há muitos anos. Eu corri pro enterro pra não perder ele. Cheguei lá e encontrei todo mundo chorando.

Recebi um dos abraços mais sinceros que meu irmão já me deu e chorei sem parar no ombro dele. A vó Teresa era realmente uma segunda mãe pra mim, e nos últimos dias ela passou uma boa parte com a gente, aqui em casa. Eu encontrava ela de madrugada quando não estava jogando e conversávamos. Pela manhã, eu acordava mais cedo pra tomar café com ela. Desde pequena ela sempre fez tudo por mim.

Ela sofreu muito na vida de diversas formas, e em uma vez ela já havia quase morrido por um ataque do coração. Foi quando ela passou a usar o marca-passo. Ela contou pra gente que viu o céu, e pediu a Deus para voltar e ver nosso futuro. Ela queria nos ver na faculdade, queria ver seus bisnetos. Ainda que não tivesse ido daquela vez, muitos anos depois ela não resistiu e não conseguiu ver esse futuro.

Nos últimos dias a memória dela veio à mente de novo. Quando eu fiz a minha primeira entrevista como jornalista, eu pensei nela. Queria contar pra ela. Meus sonhos, queria dividir com ela. Queria ver minha vózinha de novo e dar orgulho nela. Claro que eu senti dor na época e doeu ainda mais ver o sofrimento da minha mãe, mas hoje em dia eu sinto que podia ter passado muito mais tempo com ela. Eu acho que é talvez a primeira vez que eu choro assim escrevendo um texto, e essa parte eu escrevi tremendo.

Os últimos álbuns do Yun Li sempre falam sobre perda em algum momento porque, antes mesmo de 13 Lentes, ele perdeu um amigo muito querido. Flores de Outro Carnaval é totalmente sobre esse amigo, e me fez chorar inúmeras vezes. Mas esse aqui foi sacanagem. Eu sei que pra ele é como um desabafo, mas me atacou profundamente, ainda mais nessa época.

O áudio que ele mandou para a avó foi trazido de novo na música, como parte do instrumental… mas só o final. “Te amo, viu”, “Beijão, vó” e “Abração” usados pra te lembrar disso. Para ele deve dar um certo fechamento em relação a isso.

Essa música não me fez pensar só em quem eu perdi, pois tive poucas perdas na minha vida (e sou grata), mas me faz pensar em quanto tempo ainda tenho com quem eu amo e tenho comigo hoje. Principalmente com meus pais.

“O jeito que o ponteiro gira, tá me dando uma agonia.”

Eu amo muito eles e não consigo imaginar o que seria minha vida sem eles. Eu sei bem que é um pouco infantil chorar sobre isso, pois eles provavelmente ainda tem metade da vida pela frente, mas o tempo passa tão rápido e a vida é tão curta. Quero conseguir retribuir todo o amor que eles me deram o quanto antes, e aproveitar a presença deles o máximo que eu puder.

Lost in Translation (feat. SHO-SENSEI!!)

“Cheguei onde sempre quis ‘tar
Voei pro Japão like shooting stars
Sonhei com esse dia de ser star
Pera aí, mas aonde você está?”

13 Lentes

Não achei que isso aconteceria, mas nessa música eu posso falar do maior acontecimento de 2019 pra mim, que mudou minha vida pra sempre. Lost in Translation é sobre término, sonhos que você compartilhava com alguém e assim que realiza percebe que nada disso faz sentido pois aquela pessoa não está mais com você. Talvez ela também tenha realizado o mesmo sonho, mas sem você. Right on time, but at different stations.

Tem limites pro que eu posso falar sobre mas eu já namorei uma pessoa por três anos. Foi meu único relacionamento de verdade, pois foi nesse que houve amor de verdade. Eu era bem jovem ainda, tanto no início quanto no final, e muitos dos problemas se deram por isso… mas não terminamos por um problema no relacionamento em si.

O ser humano que compartilhei esses três anos com é talvez a pessoa mais maravilhosa que eu conheci no mundo. Talvez até boa demais pra mim. Gentil, sincera, honesta, divertida, carinhosa e até hoje uma das minhas melhores amigas. Foi a primeira pessoa que me ensinou o que era amor e até hoje eu sou perdidamente apaixonada por ela. Tínhamos muitos sonhos juntas, de todos os tipos, e alguns eu ainda possuo comigo… mas sem ela, não tem tanto sentido.

Obs: Usando o pronome feminino pra combinar com “pessoa” aliás, e não porque era uma menina. Ambas transicionamos em um momento depois do término então atualmente ela usa “she/her” mas é oficialmente não binário. Não que isso importe muito, só esclarecendo!

Tínhamos um relacionamento conturbado, no sentido de sermos obcecadas uma pela outra. Isso nos impedia de viver e não era uma vida muito feliz mas… bem, o amor era real. Hoje em dia, como adulta e entendendo mais de relacionamentos, isso não aconteceria de novo. Mas… por alguns motivos enigmáticos que pouquíssimas pessoas sabem, não vamos voltar. Não tem nada a ver com aversão entre nós duas, e ainda que ela tivesse os sentimentos que eu tenho por ela até hoje, nada mudaria. É um fator externo e imutável.

Eu não sou capaz de seguir em frente porque não tem para onde ir em relacionamentos para mim. Eu poderia dizer algo poético como “não tem ninguém melhor do que ela” ou “éramos almas gêmeas” e, independente de isso ser verdade ou não, não é o que me impede. O mesmo fator que nos fez terminar criou isso em mim. Eu sou bem azarada.

Eu não espero consolo sobre isso, porque aprendi que eu sou muito boa sozinha. Posso ser feliz sem ela ao meu lado. Aceitar isso levou um bom tempo, mas é o futuro que eu quero. Eu ainda sinto muita saudade, e choro toda vez que escuto Tim Maia ou certas trilhas de Cowboy Bebop. Pisar no Cassino (em Rio Grande, é a praia que eu falo) ainda dói muito pra mim, sentir o cheiro da cidade de Rio Grande me traz muitas memórias agridoces. Sofremos muito juntas com nossa própria imaturidade psicológica, mas nos amamos muito naqueles três anos. E eu ainda amo. Sempre que eu tento externar esses sentimentos, parte deles ainda ficam de fora, por serem complexos e intraduzíveis… Lost in Translation — chegam no destino, mas parte do significado se perdeu.

Só como um adendo, também queríamos ir pro Japão juntas. Queríamos fazer faculdade juntas, fazer jogos juntas, ter um gatinho juntas. Algumas dessas coisas ainda são parte dos meus sonhos, mas agora sozinha. E sempre que eu penso na ideia de realizar algumas dessas coisas sem ela do meu lado, levam alguns longos segundos pra me levantar.

Primavera

“Nesse sucesso cê também tem parte
Suas palavras também já me guiaram
Quando cê mandou mensagem contando que me ouvir salvou seu dia
Aquilo faz valer mais um álbum”

13 Lentes

Primavera é sobre… suicídio. É uma mensagem para pessoas, com certeza não só do público alvo que vai escutar a música, mas que o próprio Yun Li conhece. Eu não consigo me relacionar de forma 100% pessoal com todas as músicas do álbum, e essa é uma delas, porque eu não tenho pensamentos relacionados a tirar minha própria vida. Dito isso, eu vejo essa música como especial de outra forma.

Eu conseguiria citar, mas não vou, pessoas que eu conheço que escutaram essa música e repensaram muitas coisas. Amigos meus, alguns bem próximos. E eu tenho muitos amigos com a vontade de sumir do mundo. Eu não tenho esse sentimento comigo mesma, mas eu não quero perder as pessoas que eu amo, e por isso já passei horas e horas, talvez totalizando dias se você juntar, falando com amigos sobre isso.

O sentimento não é algo que pode ser vencido com lógica. O desejo pela morte limita a sua visão para muita coisa, e eu não digo de uma forma do tipo “olha as coisas boas a sua volta”, porque as vezes de fato não tem. E pensar nisso pode piorar ainda mais sua situação. Mas a sua visão se limita para outras coisas, pois a mente não consegue pensar direito nessas horas. Primavera fala coisas que eu nunca ouvi em mensagens de setembro amarelo, ou em textos motivacionais, vídeos de auto ajuda, ou aquela música do Logic. É uma letra clara, direta, sincera, por vezes até agressiva, mas com preocupação; escrita por alguém que entende porque passou por isso.

“Não vou mentir, eu já quis privar o mundo do Yun Li”

Não quero falar muito sobre Primavera pois não senti na pele essas coisas, mas eu… convivo com isso desde pequena. Na verdade, a primeira vez que eu escutei sobre suicídio, foi porque minha mãe tentou quando eu tinha seis anos. Eu lembro bem daqueles dias em que ela ficou no hospital, e todo mundo da vilinha do Chaves que eu morava abraçou eu e minha irmã. Lembro de assistir Carrossel com meu pai na cama pensando na minha mãe, e de chorar justamente no episódio que a Maria Joaquina rejeita o Cirilo.

Não foi a última fez que minha mãe mencionou suicídio, pois há poucos anos ela trouxe o assunto de novo falando comigo, mas sei que ela nunca mais tentou. E, ainda assim, outros membros da minha família já passaram por isso. Amigos meus até hoje também. Desde bem pequena eu convivo com isso, e na época do fundamental eu tinha colegas falando sobre. Eu já tive o sentimento de querer sumir, mas nunca pra sempre, só…. por um tempo. O pensamento suicida parece uma versão bem mais drástica do que senti.

Se você precisa de ajuda, não posso te prometer que a música de um rapper pode mudar sua cabeça como fez com alguns amigos, mas posso te lembrar que nenhuma dor é eterna. Toda tempestade torna o campo mais calmo, por mais longa que ela seja. Tem gente que te ama de verdade e se alegra com sua presença, ou se entristece com você por amor. Tem pessoas que se sentem sortudas por te conhecer. Tem oportunidade e sonhos que você pode realizar, e se você não tem um objetivo na vida ou energia pra algo, faça do seu objetivo encontrar um sonho para perseguir. Comece pequeno, busque coisas menores.

Eu ouvi dizer que o CVV, apesar de bonito na teoria, não ajuda muito as pessoas, então se quiser desabafar alguma coisa pode falar comigo. Meu Bluesky é @rosiemymelody. Posso não ser de grande ajuda com conselhos, mas posso te ouvir e conversar.

Let Me See The Sun

“Let me see the sun, while the sky is blue
Let me see the sun, let it shine through”

13 Lentes

Essa é uma das músicas do álbum que ficaram mais populares, apesar de ser bastante simples. É uma reflexão do caminho até chegar aqui, de como, mesmo com a falta de apoio de muita gente, com inseguranças e medos, ambos Victor e Leandro (Yun Li e Biffe) chegaram onde estão agora.

Não é uma riqueza abundante, mas o Victor comprou uma casa pro pai dele com pouquíssima idade, e hoje não falta nada pra ele ou pra família. Isso não… é suficiente? É importante mencionar que a produção do álbum é muito importante também, porque enquanto as letras mostram a evolução do Yun Li e contam a história dele, a produção expressa os sentimentos do Leandro.

Eu sou uma grande fã de The Story em Bittersweet Memories e como fica claro que os dois precisaram um do outro. Biffe completava o Yun Li desde o início, o filho pródigo e a criança prodígio.

Considerando que é o final de um álbum conclusivo como 13 Lentes De Um Final Feliz, todas as próximas músicas terão essa pegada um pouco mais pensativa. Não sei o quanto vou ter a comentar sobre elas, mas tenho mais a dizer com certeza.

Adeus

“Se tudo tem um começo e um meio
Me deixa escolher
Como vai acabar”

13 Lentes

Apesar do nome, essa não é a última do álbum, mas denota o objetivo dele. Esse é o último álbum do Yun Li, ninguém sabe se ele vai fazer outro futuramente (ao menos, não como Yun Li ou um sério). É a forma dele de dizer Adeus enquanto ainda ama o trabalho, e em um ponto que ele só faz por amor já que não precisa mais da música pra sobreviver.

Talvez alguém veja isso como uma maneira esnobe de ir embora, mas o Victor dedicou os últimos anos da vida dele completamente à internet. Isso deu certo pra ele, mas foi bem complicado. Seja como desenhista, músico, YouTuber em diversos gêneros de vídeo ou game dev, ele passou esses anos criando sem parar. Ele não vê esse tempo como perdido, até porque fez bons amigos e criou ótimas experiências, até fez algumas viagens pra descansar com os amigos — mas sempre com o pressuposto de que na volta ele teria um super vídeo pra editar.

Ele já falou algumas vezes que não tem mais tanta vontade de criar quanto tinha no passado e que, se for para ir embora, seria melhor sair enquanto ele tá satisfeito com o trabalho dele antes de começar a criar sem o amor e cuidado que ele tem agora com os projetos. Não importa muito se você gosta do trabalho dele em qualquer um dos meios que ele produza, mas todos eles foram feitos com cuidado. Eu mesma até gosto das edições das GEMAREVIEWS, mas não gosto do estilo de análise dele. E isso não importa, ainda é alguém expressando o amor pelas coisas que gosta, ou não gosta, do jeito que eu faço também. E ele que me inspirou a ser jornalista em primeiro lugar!

Ele inspirou muitas pessoas e tocou diversos corações. Não é o momento perfeito para escolher parar, e deixar um final feliz como término? É uma ação talvez um pouco controversa, mas dá pra entender se você pensar um pouco.

Deixa Doer

“Sentir raiva é menos doloroso
Do que sentir sua falta”

13 Lentes

Eu não sei bem porque essa vem depois de Adeus porque… bem, ela também é sobre amor, como Lost in Translation, só que menos melódica e mais triste. Eu gosto bastante dessa. Como eu disse, apesar de seguir em frente, eu… ainda penso muito no passado.

Ainda guardo as memórias fundo no meu coração, e em cima do meu armário, na minha mochila, no meu celular. Todas as lembranças que eu tenho dela. E existe uma chance de ela ler esse texto, porque ela sempre me apoiou nos meus projetos e só não lê todos os meus textos por falta de tempo. Eu sinto falta daqueles dias que eu passei na casa dela, porque não foram perfeitos, mas mudaram tudo na minha vida.

Eu penso muito nas férias de inverno que passamos a madrugada jogando Symphony of the Night, e foi a primeira vez que eu zerei esse jogo que foi tão importante na minha infância. Lembro de descobrirmos juntas os segredos e onde ir em seguida, sem pesquisar na Internet. Caso esteja lendo, lembra como foi descobrir sobre o final secreto? Eu sabia que tinha um castelo reverso, mas como chegar nele, não fazíamos ideia.

Eu lembro das vezes que jogamos Skullgirls, e como você era tão melhor que eu e isso sempre me deixava irritada. Brigamos algumas vezes por jogos de luta, principalmente Smash, e a culpa era sempre minha. Você me fazia me sentir envergonhada porque sempre me tratava bem quando eu criava essas discussões infantis.

Eu lembro de chorar nos dias que você passou aqui em casa, e de descobrir coisas sobre mim que são importantes até hoje. Sem você eu não saberia que sou uma mulher. Eu lembro do meu coração bater mais forte no carro sempre que eu e meus pais íamos pra algum evento que você estava.

Lembro de voltar correndo da Portugal até a hidroviária porque alguém perdeu uma peça na oficina do SENAI e o professor não nos deixou sair até encontrarmos. Eu queria muito te ver e não podia me atrasar e perder a lancha. Apesar de que, olhando agora, era triste o quanto eu dependia de você. Ainda te amava muito.

Hoje em dia eu fico feliz quando você conta boas notícias, e espero que você seja a pessoa mais feliz do mundo. Mas não posso me impedir de pensar no que poderia ter sido se o mundo fosse diferente. Se ficássemos juntas, estaríamos melhores ou piores? Eu ainda quero andar de moto com você por Rio Grande, apesar de tudo.

E você sabe de todos esses sentimentos muito bem. Eu estou satisfeita em poder ter eles, mesmo que não seja recíproco. De uma maneira infantil, me lembra até dos meus personagens favoritos que por coincidência ou não acabam tendo esse mesmo traço de personalidade.

Pra seguir em frente e conseguir viver minha vida normalmente como hoje, precisei parar de me lamentar pelos sonhos que não vivemos juntas e parar de sentir raiva de Deus pelo fim. Decidi deixar doer dentro de mim até que a dor se aliviasse e virasse só mais um dos traços que me compõem.

Minha vida é muito mais do que nosso namoro, que já vai fazer seis anos desde que terminou. Eu sou muito mais eu mesma agora, ainda que você nunca tivesse me impedido. Eu sou grata por quem sou hoje, e sei que posso chegar longe sem você, apesar de te querer por perto. Não digo isso agressivamente, mas foi algo que aprendi. Eu não preciso do seu amor, por mais doloroso que seja admitir. Sua amizade é suficiente. Acho que expressar essas coisas aqui seja importante para mim.

Tem mais uma música para falar sobre, a décima terceira lente. Acho que podemos terminar isso agora.

Não Me Faça Falar

“E nada nunca mais vai ser igual
Mas que bom que tudo mudou”

13 Lentes

E agora é oficial. Essa última é como uma metralhadora de sentimentos e lembranças, e “não me faça falar” deixa claro que cada pedaço é uma longa história que compõe uma ainda maior. Os próximos passos do Victor ainda são um mistério pra todo mundo, mas a história até aqui, apesar de imperfeita foi melhor do que ele esperava.

A mudança é necessária pro crescimento, e o mundo nunca para de girar. As sementes que o Yun Li plantou no coração de muitas pessoas ainda vão crescer. O mesmo vale para mim.

Eu pincelei rapidamente esse pensamento durante o texto e já ando falando sobre essas coisas nos últimos textos, mas acho que agora quero dizer de forma bem direta. Meu sonho final, o lugar onde quero chegar com todos, é dar aos meus pais e amigos a melhor vida que eles poderiam ter. Pagar as contas de luz, água, Internet, Netflix e mais sei lá o que que meus pais acabem assinando. Pagar um tratamento de qualidade pra coluna da minha mãe e do meu pai, e fazer com que meu pai não precise mais arriscar a vida no mar, pois muitas vezes tivemos medo de perder ele, até bem recentemente.

Quero que, sempre que um amigo meu diga que tá juntando dinheiro pra comprar alguma coisa, eu possa dar para ele na hora. Quero poder doar para as causas que eu me importo, como a causa da Palestina, de pessoas trans no país, e apoiar a cena artística da minha cidade. Quero que meu dinheiro seja usado para o bem que eu quero ver no mundo porque, pra mim, eu não tenho muito onde usar.

O que eu quero agora é um computador bom, só. Com ele, posso focar em criar conteúdo, fazer lives tanto no Recanto quanto no meu próprio canal, editar e renderizar vídeos com facilidade e gravar pros Among Gamers. Conseguir dinheiro com minha arte, enquanto trabalho em algum emprego qualquer para garantir que consigo pagar as contas de casa. Não ligo para muito mais que isso, pois não tem nada que eu queira para mim com riqueza. Eu já sou feliz tendo minha família e meus amigos ao meu lado.

Vou levar meus pais para comer fora sempre que quiserem, encher as pessoas que amo de presentes em toda ocasião que eu puder, e ao mesmo tempo aproveitar para ver o mundo acompanhada dos meus amigos, talvez até pagando a viagem deles também. Essa seria uma vida linda para mim, e se eu puder fazer essas coisas como o Victor consegue, eu também entenderia o porquê de ele ter parado tão cedo, apesar de que eu pretendo continuar criando após isso.

Não quero me estender muito mais para não me repetir, até porque eu já falei coisas assim em Azumanga Daioh, Skies of Arcadia e provavelmente mais alguns artigos esse ano, mas é claro que aqui era muito importante. 13 Lentes De Um Final Feliz é bastante especial, mas não consigo ver ele separado dos álbuns anteriores. Essa é mais a minha desculpa para desabafar sobre tudo que me aconteceu e que ainda vai acontecer, e como essas últimas produções do Yun Li me inspiraram.

Não busco mudar a opinião de ninguém sobre ele, e acho que esse texto, mesmo tendo seus pontos fortes, tem alguns baixos também. Não é perfeito, como a história relatada pelo álbum. Acho que não precisa ser. No mais, isso era o que eu tinha a dizer. Como sempre, boa noite.