Na BGS 2024, tivemos uma quantidade maior do que o normal de demos para jogos ainda não lançados. Esta era uma das características definitivas do evento no início da década passada, mas o evento se diversificou tanto entre e-sports, merchandising e startups variadas que até perdemos a presença de stands de gigantes como Xbox e Playstation, que antigamente pintavam parte do evento com suas cores indistinguíveis. O bom é que, mesmo com alguns grandes nomes a menos, ainda tivemos grandes lançamentos inéditos no evento de outubro! Pelo menos quando cobrimos… pois alguns já lançaram nesse meio tempo. Mantemos a esperança de que nossas palavras ainda valem a pena, mesmo quase dois meses após o evento.
E olha, não ignoramos os indies de propósito não! Tinha muita coisa legal lá, inclusive… mas com nosso time pequeno e focado e algumas turbulências de planejamento, resolvemos voltar nossos olhos para destacar os inéditos jogos que estavam disponíveis para testar. Nosso time da BGS este ano foi composto por Drinkrust, Avatics e Yan como redação e Lanyaners como fotógrafo. Vamos lá!
Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii
Data de lançamento: 21/02/2025
Drinkrust
Pirate Yakuza in Hawaii mescla o foco em combate com espadas revisitado pela Ryu Ga Gotoku Studios no remake de Like a Dragon: Ishin! com o molde que Like a Dragon Gaiden criou. Além disso, ele também confunde ainda mais os títulos dessa franquia tão complexa! Na demo da BGS, pudemos explorar tanto o mapa do Havaí, já conhecido por quem jogou Infinite Wealth no início deste ano, quanto uma parte de Madtlantis, a cidade perdida cheia de ilegalidades de Yakuza in Hawaii. É, ela é basicamente mais uma versão do submundo repleta de lutas ilegais e apostas, como visto no Purgatory do resto da franquia – mas não se engane! Madtlantis parece ainda mais The Castle como visto em Gaiden. Um local que, além de te entregar partes importantes da narrativa, vai ser absolutamente lotado de conteúdo secundário, e provavelmente uma arena cheia de torneios também.
Agora Gaiden está virando sua própria subfranquia de Yakuza: podemos esperar uma narrativa relativamente contida que eventualmente transbordará em um impacto gigante no personagem do Majima assim como vimos no Kiryu em Gaiden, e talvez um foco grande em conteudismo barato também… ao menos o estilo novo do Majima parece compensar as inúmeras distrações que Yakuza in Hawaii buscará indulgir.
Yan
Falando da postura de fã normie que apenas experienciou os títulos entre Yakuza 0 e 6: Song of Life, é verdadeiramente assustador ver o quanto essa queridinha da Sega continua tendo material o suficiente para se esticar em mais e mais arcos, cada vez mais surreais e absurdos, como ilustrado pela expressão de surpresa no rosto de todo mundo que ouve a premissa do título. O retorno ao combate em tempo real é algo que considero bem-vindo, focando em combos à la hack and slashes com uma rápida fluidez similar à duologia Judgment.
No fim das contas, fico satisfeito em saber que o Majima pode tomar conta dos holofotes mais uma vez, considerando que Yakuza 0 foi a única vez em que o coitado verdadeiramente pôde assumir a postura de protagonista e ter sua personalidade destrinchada diante do jogador, e o fato da campanha inteira se derivar da ideia mais estupidamente divertida do mundo (o que aconteceria se ele tivesse amnésia e virasse um pirata?) – faz parecer como se tudo fosse um sonho febril. Ou apenas mais uma substory do universo Yakuza.
Avatics
Honestamente é impossível eu não me sentir entusiasmado para jogar qualquer coisa da franquia depois de uma streak de jogos que eu tanto gostei, mas Pirate Yakuza realmente me parece uma surpresa e incógnita em minha mente; um misto da zoeira hiperbólica do Yakuza contemporâneo, mas com um protagonista que para além das primeiras impressões tem na realidade uma história tão densa e árdua quanto outros protagonistas que conhecemos. Só espero que o minigame de návio me entretenha, pois eu tenho sérios problemas com aquele outro pirata mafioso doidinho, o Edward Kenway.
Sonic X Shadow Generations
Data de lançamento: 22/10/2024 (já disponível!)
Desde então, Sonic X Shadow Generations saiu e a ilustre Rosie fez uma tocante análise dele!
Drinkrust
A demo de Sonic X Shadow Generations é dividida entre seus dois personagens titulares. A parte do Sonic é o esperado: uma remasterização visual de níveis já vistos no primeiro lançamento de Generations de 2011. Eu não gosto de Sonic Generations. Ele é simultaneamente a versão mais básica e procedural da fórmula “boost” de platforming em 3D e uma interpretação flácida das aventuras em 2D do Sonic, nosso grande amigo. O remaster não me apetece neste sentido, mas ao menos está bem bonitinho!
Na completamente nova seção do nosso grande iniamigo Shadow, todavia, vemos um comprometimento maior com o estilo de platforming 3D virtuoso que definiu sua primeira aparição em Sonic Adventure 2. Também não tenho medo de qualquer fase que tente adaptar uma do jogo Shadow the Hedgehog (2005) de PS2. O pedido principal de um Sonic 3D é o balanceamento da fluidez inerente aos controles simples e grudentos com o simples reflexo necessário para tomar decisões arriscadas em alta velocidade, além de também misturar um gerenciamento de recursos com a barra de boost inerente à primeira era pós-Shadow da franquia. Os anos 2000 realmente estão de volta.
Yan
Sendo um dos 3,5 brasileiros que tiveram acesso a um Nintendo GameCube na infância, Shadow the Hedgehog não apenas foi parte do meu cardápio de jogos como também me introduziu aos AMVs da minha banda preferida de hoje, Linkin Park. Mas enfim, temática edgy à parte, uma coisa que todo fã de Sonic sempre teve consciência é que a franquia desses animais rápidos e coloridos regularmente transitava entre esportes radicais e um lamaçal de problemas técnicos e designs sensacionalmente mal-executados. Shadow, em particular, foi muito criticado pela implementação esquisita de armas de fogo, um problema muito piorado pela natureza dos seus level designs e objetivos focados em combate, sem contar nos problemas de câmera que assombram tantos títulos dessa franquia. Pelo visto, a Sega busca a nova oportunidade de lustrar a identidade do personagem preso nesse limbo enquanto busca sua redenção, mas pelo que pudemos observar no evento, apesar da nova aproximação mais pé-no-chão de Shadow (aparentemente sem armas de fogo dessa vez), ainda há uma boa cota de problemas, acompanhados de uma câmera transtornante como sempre.
Avatics
Eu acho o Shadow muito foda. Sonic Generations? Nem tanto. Todavia é nessa dança entre um dos jogos mais experimentativos da Sonic Team (Shadow The Hedgehog) e um dos mais seguros e comemorativos (Sonic Generations), uma fragrância ousada, mas ainda assim elegante e perpétua, Shadow Generations parece compreender e respeitar o legado do Vegeta dos Games, e depois de quase 20 anos valorizar aquele ouriço que gosta de armas fodas e Nu Metal.
Path of Exile 2
Data de lançamento: 06/12/2024 (Early Access)
Drinkrust
Mesmo apenas possuindo experiência com o primeiro Diablo e Xanadu Next no gênero de “RPG esmaga cliques”, Path of Exile 2 faz uma barganha irresistível: uma experiência gratuita, ponderada e com um combate bem pesado pro gênero. Não faço ideia se o primeiro jogo também tinha controles tão cabeça dura, mas fiquei feliz de me adaptar neste estilo durante meus 20 minutos com o segundo. Um dos focos mais impressionantes de Path of Exile II está em seus chefes virtuosos. Tal qual em um jogo de ação tradicional contemporâneo, seus ataques são chamativos, bem avisados e esmagadores quando te acertam. Além do espetáculo visual, também esbanjam uma qualidade próxima ao de um duelo, onde ambos jogador e chefe trocam ataques constantemente. Enfrentei dois na demo da BGS: um humanoide e um monstro com mecânicas mais tradicionais de um Diablo-like. Ambos foram bem memoráveis. Até pra alguém que não costuma grudar tanto no estilo, vou precisar me segurar pra não ao menos testar o jogo quando for lançado em early access em novembro.
Yan
Uma fusão exemplar de Diablo com a franquia Souls, Path of Exile 2 poderia ser o primeiro título a me fazer dar uma chance ao gênero. Para além da imensa coragem necessária pra se fazer um jogo dessa magnitude no formato free-to-play, é muito necessário louvar a imensidão de possibilidades que o jogo oferece em flexibilidade de builds e quantidade de habilidades disponíveis – coisa que certamente foi atordoante pra alguém razoavelmente desacostumado com RPGs robustos como esse. O combate que consiste de golpes devastadores e premeditados foi, pra mim, bem mais punitivo que eu gostaria de admitir, mas o volume de conteúdo de qualidade (em particular os bosses) certamente foi um diferencial que me fez reconsiderar sobre meu distanciamento desse tipo de RPG de Ação. Fãs do gênero: aproveitem, vocês (provavelmente) irão amar.
Dune: Awakening
Data de lançamento: Início de 2025
O Yan e Avatics tiveram a chance de entrevistar o diretor de arte de Dune: Awakening!
Avatics
Dune Awakening é o tipo de jogo que a gente não consegue prescrever uma percepção muito bem definida. Entre as dezenas de estruturas de jogabilidade e sistêmicas baseadas no mundo de Arrakis e suas delimitações obvias que as ressoam influências ambientalistas de cada livro da saga e claro, na nova franquia estrelada pelo ator do Willy Wonka (não aquele… e nem o outro) e é produzida pela Legendary Pictures.
Não se engane com o material promocional, este é um genuíno jogo de sobrevivência mundo aberto de facção e não um ubisoft originals baseado em setpieces extraordinárias. Eu acho isso excelente! Espere coletar pedrinhas com maquinários incompreensiveis, invadir bases e instalações de inimigos sem nada no bolso e vermes para te engolir naquele vasto e vazio deserto de Arrakis. Só não espere seus órgãos expostos tal qual em Conan Exiles.
HUNTER×HUNTER NEN×IMPACT
Data de lançamento: “2025”
Avatics
Sim, eu sei. O material promocional deste jogo quando anunciado não valorizaram ele nem um pouquinho, ainda que não trazem a noção de movimentação e a beleza oculta de um potencial novo clássico da Eighting. É um jogo belo (em conceito!). Tudo parece extremamente familiar neste tag team 3v3 e a integração dos personagens de hunter x hunter nesse sistema se desdobra de forma plenamente coerente na hora de enfim espancar seus oponentes.
Eu não posso negar que o jogo certamente não parece estar em seu máximo potencial. Na realidade, ele parece uma joia perdida do Xbox Arcade que lançará a priori apenas com modo offline e/ou com um online alienígena. Se tornando um clássico cult com o passar dos anos, até os fãs clamarem que o jogo precise lançar no PC com Online Rollback e em algum momento isso ser a realidade. Mas o jogo lança ano que vem!
Super Mario Party Jamboree
Data de lançamento: 17/10/2024 (já disponível!)
Avatics
Depois de duas décadas, a franquia Mario Party deixou as experimentais dinâmicas de party games mais baseadas naquela diversão de jogar Nintendo Wii em 2007 (eu nunca joguei Nintendo Wii… em 2007) e finalmente retomou seu pódio de acabar com a vida dos amigos e oponentes nos jogos eletrônicos baseado nos clássicos do Nintendo 64, e esse trabalho é feito com um primor sem igual.
Os tabuleiros clássicos, minigames diabólicos e seus gráficos cristalinos em uma experiência de sessenta quadros por segundo muda tudo na hora de ver as suas suadas estrelas furtadas por aquele grande amigo de confiança. Sinto muito, mas as pessoas são realmente cruéis. E apenas e exclusivamente, esse é o tipo de crueldade que diverte muito!
FATAL FURY: City of the Wolves
Data de lançamento: 21/04/2025
Avatics
Como o tipo de pessoa que conheceu e se divertiu em maioria dos jogos de luta da SNK que não fossem The King of Fighters através do MAME entre jogatinas de no máximo uns 5 minutos, Fatal Fury e mesmo Garou: Mark of the Wolves sempre me pareceram um tanto alienígenas.
Mas o videogame que conheci no evento me parece um futuro promissor decorrente desta década lotada de aprendizados para uma nova (e polêmica) SNK que se constituiu desde a época de KOF 14.
Combos brutais, que soterram o jogador que não tem a pachorra de ser ousado e um tanto desesperado em meios às adversidades, FATAL FURY: City of the Wolves é explosivo e impulsivo na medida certa, e cada personagem que exploramos na demonstração me cativaram e transportaram alguma emoção e idealização através de suas atitudes de violência.
Drinkrust
Como alguém que defende o combate fugaz e errático de KOF, devo admitir que não sou completamente adaptada ao ritmo mais luxuoso de Fatal Fury e, especialmente, Garou. Porém, ao jogar City of the Wolves e ver suas leves gesticuladas ao estilo mais puxado para Street Fighter contemporâneo, meus olhos brilharam. Sim, dá pra aumentar a velocidade sem enfiar bunny hopping. Sim, dá pra fazer personagens novos parecerem parte de um jogo completamente inédito. E sim, Fatal Fury ainda tem espaço nessa indústria onde jogos de luta foram lentamente morrendo até sobrarem apenas os nomes mais reconhecíveis.
Neva
Data de lançamento: 15/10/2024 (já disponível!)
Drinkrust
Este é o segundo jogo do Nomada Studio, responsável pelo tão popular Gris de 2018, que encantou muitos pela sua chuva de cores e temas… bem diretos. Eu acho ele ok! A trilha é boa e os visuais são fofos, mas ele realmente martela na sua cabeça uns temas bem simples, e o Neva deixa isso ainda pior!!! Meu deus. Esse jogo é basicamente Ico + Gris, mas ao invés de uma namorada como em Ico, você tem um doguinho que na real é um lobo. Fofo, mas meio pedestre considerando a demo que jogamos.
Você dita seu ritmo no do seu lobo-dog, mas ele é bem lento. Isso funcionava melhor em Ico, que era estruturado em volta de quebra-cabeças e não platforming. Sombras misteriosas o atacam, você o defende. Ele toma um caminho diferente, você espera; ele dita o ritmo, e qualquer senso de charme que isso poderia passar se perdeu a 20 anos atrás. Pelo menos a trilha sonora ainda é ótima. O controle acessível disponível no estande da Devolver também foi uma maravilhosa surpresa!
Stick it to the Stickman
Data de lançamento: “2024”
Drinkrust
A Free Lives não para! Desenvolvedores de múltiplos outros jogos publicados pela Devolver Digital como Broforce, Anger Foot e Genital Jousting, este é o terceiro jogo deles desse ano. Ou será, se realmente lançar antes de 2025… De qualquer forma, ele puxa o ritmo acelerado e brincalhão de seus jogos passados e os transplanta para ambientes de trabalho gerados proceduralmente com combate de Hollywood + aquelas maravilhosas animações com stickmans passadas que parecem de animes shonen.
Infelizmente, essa demo não foi tão interessante assim. O combate requer que seu stickman cicle por habilidades sem seu controle, todas executadas por um único botão de ataque. Você praticamente monta um deck na ordem desejada e vai apertando botões sem parar para executá-las na ordem da barra da parte de baixo da tela, rezando pra sua ofensiva dar certa. Seria muito legal executar estes ataques por si próprio mas, até considerando o que está ali, enjoa muito rápido fazer ataques pré-planejados em construções de nível procedurais. Ou é um ou é outro! Os dois juntos dão um ar de descuido em relação ao jogo que não me apeteceu tanto.
O Recanto do Dragão agradece à BGS por mais uma oportunidade de estarmos presentes realizando a cobertura do evento! Esperamos que vocês tenham gostado, e até 2025 :)