Dragon Ball: Sparking! ZERO — escalas cintilantes | Análise

Dragon Ball: Sparking! ZERO — escalas cintilantes | Análise

Todos os dias que escrevo, tenho como intenção contar uma boa história. Uma boa história que envolva quem lê, e claro, quem escreve. Definir o meu “público-alvo” está para além de uma intenção de limitar o texto. Afinal, eu não gostaria de limitar meu texto, mas eu gostaria de te fazer uma pergunta:

Você gosta de Dragon Ball?

O Recanto do Dragão por muitos anos foi um site regido pelo carinho da franquia de Akira Toriyama: guias, curiosidades, análises de episódios e até mesmo o Goku com uma GoPro. Eu não vivi esses momentos e posso apenas imaginá-los. Eu sequer vivi o momento de ascensão de Dragon Ball nos anos oitenta e noventa.

Minha nostalgia por essas coisas se deriva da consolidação de Dragon Ball como uma franquia de peso na multimídia pós-encerramento da mesma, principalmente do conhecimento de experiências passadas e de como tais foram repassadas a mim ao decorrer do tempo.

Dragon Ball Sparking! Zero análise - Recanto do Dragão!

Antes de maratonar tudo em meu notebook, meu Dragon Ball era o KAI e, depois da Saga Cell, eu só tinha noção do que era relatado em AMVs de Linkin Park e jogos eletrônicos.

Nesse caso, a coisa fica mais vasta; entre as dezenas e dezenas de obras dos mais diversos gêneros que estão loucas para dizer alguma coisa sobre Dragon Ball, cada pequeno ser humano decidiu seus próprios jogos para seguir perante a limitação de seu console, e claro, de sua renda.

Dragon Ball Sparking! Zero análise
Goku + Naruto = Gorutoku

Devo admitir que meus favoritos são Dragon Ball Online, Raging Blast 2, Dragon Ball Z: Tenkaichi Tag Team, Dragon Ball: Advanced Adventure e… Dragon Ball Z: Ultimate Tenkaichi.

Poxa, mas cadê o Budokai Tenkaichi 3? Ele é muito foda! Eu sei! mas essa lista respeita as minhas memórias mais do que a definição do que é ser fodão. Cada um destes jogos despertou algo em mim para além da interação com o videogame e remetem aos próprios capítulos de minha vida em que eu os conheci e vivi.

O tempo passou e os Xenoverses da vida lançaram… eu não joguei. Os Fighterz da vida chegaram… joguei um pouquinho. Não gostei! Dragon Ball Kakarot? naah. Minha jornada se travou no lançamento de Dragon Ball: Battle of Z no Xbox 360, lá em… 2014? Eu não havia pensado nisso até agora… uau.

Dez anos depois!

Dragon Ball: Sparking Zero chega abalando as multidões e os gamers vão à loucura. Todo mundo quer lembrar de sua velha infância, brincar um pouquinho na campanha e já partir para porradaria online. Cuidado! Suas memórias podem se estilhaçar na sua frente e você vai finalmente entender os perigos de um videogame como este.

Dragon Ball: Sparking Zero é um jogo lançado no dia 11 de Outubro de 2024 para Playstation 5, Xbox Series e Windows PC. Desenvolvido pela Spike Chunsoft e publicado pela Bandai Namco, ele é basicamente a volta dos que não foram…

“Dragon Ball: Sparking! Zero é o novo jogo da franquia Sparking. Caso esse subtítulo não faça sentido para você, é por que aqui no ocidente conhecemos essa franquia carinhosamente pelo nome de Budokai Tenkaichi.” — eu, quatro meses atrás no texto: Dragon Ball Sparking! Zero | Primeiras Impressões.

Então é basicamente um Budokai Tenkaichi novo e, se tudo der certo, os mods trazem de volta alguns ícones cult como o clássico Goku Policial Militar e o Freeza Maconheiro.

Dragon Ball Sparking! Zero análise

O videogame… falha. É isso que eu gostaria de deixar claro a princípio. Afinal, de forma alguma as campanhas e os desdobramentos ao redor delas são interessantes. Quando eu estive na gamescom latam 2024, existia no material promocional uma intensidade muito grande na hora de falar sobre a possibilidade de cenários não-canônicos nas historinhas e as batalhas personalizadas criadas pelos próprios jogadores.

Isso não significou basicamente nada em minha jogatina, já que as campanhas funcionam no molde de protagonistas. A campanha do Goku, por exemplo, se limita apenas às lutas cânones de Goku. Isso se aplica da mesma forma para Vegeta, Gohan, Piccolo e toda essa trupe, e isso não é exatamente a coisa mais engajante com quem joga por razão dos timeskips e lapsos de memórias microscópicos. Campanhas de personagens como Goku Black e o Jiren são minúsculas e não dizem praticamente nada para o jogador.

Ah, mas veja só o Goku virando Super Saiyajin antes da hora hein… olha o Gohan Black!!! Poxa vida, eu só realmente não me importo com a forma que esse tipo de jogo se estrutura e nem vejo sequer um motivo para me importar. Dragon Ball Heroes trabalha com what ifs bem mais interessantes, e se eu fosse brincar disso eu estaria lendo Dragon Ball AF.

Tudo ao redor de Sparking Zero soa muito plástico: suas campanhas miseráveis; sua HUD e UI? Degradantes. Não se faz jus à nada que Dragon Ball um dia serviu nos anos 2000. Tudo é tão plástico quanto brinquedinhos na feirinha e mesmo os retratos de cada personagem são tão vazios quanto a embalagem de uma cópia física deste jogo para Playstation 5 ou Xbox.

Tudo é desconexo, e eu realmente acreditava na época que o joguei em acesso antecipado que eram apenas coisas que seriam resolvidas ao decorrer do desenvolvimento. Eu só consigo parabenizar a pachorra! Mas não tem o que fazer; na hora de jogar esse videogame, TUDO faz sentido.

Tudo que é referente ao combate simplesmente funciona num eixo quase natural de seu próprio fundamento. Sim, ainda é um combate rígido, maximalista e absurdo por essência, tal qual a ideia de uma batalha de Dragon Ball foi se construindo ao longo do tempo, seguindo o desenvolvimento dos próprios personagens.

Em razão desta análise eu decidi que só jogar Sparking Zero não me traria insights o suficiente sobre o que realmente é Dragon Ball, portanto me foi necessário reler Dragon Ball até enfim chegar aos capítulos atuais de Dragon Ball Super; capítulos que estão à frente da história do anime, que foi encerrado no ano de 2018 no Torneio do Poder. Sabia que agora tem um cara chamado Granola do Planeta Cereal?

Mas acabei não lendo praticamente nada! Afinal, eu usufrui deste tempo para, bem… jogar Dragon Ball: Sparking Zero e realmente conseguir ganhar alguma partida naquele jogo! Não foi tão simples, mas eu consegui. Ao menos assisti dezenas de cortes de Dragon Ball Z dublado em português, japonês, espanhol e inglês no meu TikTok, então as cenas mais épicas estão gravadas em minha mente.

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Em meio a esse ano tão conturbado em que fomos obrigados a nos despedir de Akira Toriyama, buscar simbolismos é uma coisa natural do ser humano, e esse ano em si parece uma longa homenagem à vastidão de tudo que um dia Toriyama produziu.

Se por um lado jogos como SAND LAND destacam o gene e a criatividade que nunca foi embora das mãos do autor; Dragon Quest III-HD retorna como o jogo que o pavimentou como um dos maiores nomes da indústria de videogames, nesse que é um dos maiores e mais influentes RPGs de todos os tempos.

Já na franquia Dragon Ball, nasce um novo anime de sua autoria que foca em remeter na inocência e jornada que destaca aqueles traços que a série possuia antigamente. Mas o que significa Sparking Zero?

Um Dragon Ball diferente do que você pode esperar ou entender como Dragon Ball. Sparking Zero é a máxima da hipérbole do poder; se por um lado tudo é rustico e travado, isso reflete na própria pretensão de um jogo como esse. Tudo e todos gritam contigo. É explosivo e cintilante.

Isso é refletido obviamente nos elementos visuais que surgem décadas depois. Os cenários destrutivos em meio a cenas emblemáticas conferem a teatralidade nessa convergência de poder — a maior maleabilidade e conectividade dos combos intensificam esse papel.

Uma percepção de Dragon Ball que não nasceu da noite pro dia, mas sim em torno de uma misticidade ao decorrer de sua existência. Entre as dezenas de filmes fillers que giravam ao redor de temáticas já exploradas, mas com suas próprias figuras antagônicas, ou até mesmo quando a Toei enrolou a luta de Goku contra o Kid Buu no final de Dragon Ball Z; enfim chegamos em coisas como batalhas contra divindades e multiversos onde Saiyajins são magricelos. Já falei que tem um cara chamado Granola?

Uma ideia da máxima de uma obsessão por poder. Uma obsessão por ser mais forte. A intenção por trás do obstinado. Nunca e de maneira alguma parar. Não importa quantas vezes você dá de cara ao chão. Não importa se seu oponente te humilha sem parar com um personagem tal qual o Yajirobe e você só pode e precisa aceitar seus erros e continuar se esforçando e se esforçando.

A máxima de um conceito intrínseco ao que leva o ser humano, um potencial ilimitado e constante que só consegue fazer o que faz do jeito que faz, pois se define pelo que faz. Entre mais de cinco opções de defesas diferentes que fazem praticamente a mesma coisa, ataques direcionais, combos de dois botões que são meticulosos e plenamente baseados em ritmo de uma dança na velocidade da luz. Tudo tem um propósito que não é nada simples de se compreender, mas necessário para ser incorporado.

A obsessão de ser melhor do que o dia de ontem define a experiência de um videogame como esse. Um sentimento que eu nem sequer planejava ou imaginava sentir com um gênero que eu nunca de fato me engajei. Mas eu me esforcei e me dediquei para entender esses valores sobre minha própria percepção. Eu era um poser de Budokai Tenkaichi! Eu achava que sabia alguma coisa por acumular algumas dezenas de horas no PSP, mas fui acometido pela realidade de um lobby online. Mas, nesse momento, eu sinto como se tudo tivesse ficado claro em minha mente…

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Eu te garanto que se assim como eu, você precisou tomar mais tempo do que gostaria de admitir para entender algum elemento básico, uma hora você conseguirá incorporar todas as minúcias de jogabilidade e passar do Rank D! Sendo assim, você pode ser finalmente destroçado por dezenas e dezenas de Gogeta Super Saiyajin 4 até o fim dos tempos!

Dragon Ball: Sparking Zero falha em qualquer acervo de qualidade necessária para um jogo ser essencialmente cativante nos seus próprios moldes. Características que me angustiam em uma franquia de videogame que carrega um legado tão criativo.

Mas ainda assim, ele entende um legado que está além de percepções visuais e que mora quase que exclusivamente no coração. Isso demonstra como Dragon Ball: Sparking Zero faz jus e se potencializa de ideais que nunca morrerão.

Uma cópia gratuita de Dragon Ball: Sparking Zero foi concedida pela Bandai Namco para análise no Recanto do Dragão.

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