Fullmetal Alchemist é a obra mais importante da minha vida. É muito difícil dizer isso já que fui exposta a jogos, animes e filmes desde beeeeem pequena, mas eu consigo dizer com precisão que eu não seria nada do que sou hoje sem Fullmetal Alchemist. Essa é um cold take absurdo mas esse é de longe o melhor anime de todos pra mim, e eu já pensava isso desde que tinha três anos e nem sabia que outra pessoa conhecia FMA. Minha história com essa FRANQUIA data de 2008, 2009; com o anime clássico e jogos. FMA foi apresentado à mim pelo meu irmão e era meu vínculo mais forte com ele na época. Ao invés de achar Fullmetal Alchemist o melhor porque vi na Internet (algo que quando era mais nova fazia muito com meus gostos, todo mundo teve essa fase), eu baseava minha opinião apenas no meu sentimento e o relacionamento com meu irmão, que em muito se desenvolveu por causa da franquia. Sério, eu até brincava com ele de Fullmetal! Eu tenho muita história pra contar sobre essa franquia mas algumas talvez sejam um pouco depressivas porque eu era uma criança muito anti-social e acabava vivendo minhas aventuras ao lado de mim mesma.
Mas de um jeito ou de outro, quanto mais os anos passam, mais a importância de Fullmetal Alchemist na minha vida fica clara. FMA me ensinou muitas das coisas que eu acredito de verdade e me ajudou nos momentos mais difíceis. Isso também é verdade porque eu não tinha amigos realmente próximos, e no lugar disso eu tinha Ed e Al. Fullmetal também foi provavelmente o primeiro anime que eu assisti, porque eu não tinha descoberto a Rede TV ainda com Pokémon, Super Onze e Digimon, e eu tinha um irmão pra me apresentar ele. Só que a parte ruim de estar tão conectada com algo desse jeito é que é muito difícil falar sobre. Isso também é real pra jogos como Shadow of the Colossus, onde é complicado demais explicar meus sentimentos com a obra mas provavelmente vai ter texto sobre ainda. E Fullmetal talvez seja o mais difícil de todos.
Isso se dá porque nunca vi uma história ser tão bem contada, tão detalhada e tão cheia de sentimento. Eu não conseguiria fazer jus ao peso de Fullmetal Alchemist não importa o quanto tente, mas durante toda minha vida eu fui uma nerd completa dessa franquia. Agora mesmo eu tenho do meu lado esquerdo dentro de uma escrivaninha ambos Fullmetal Alchemist Broken Angel e Curse of the Crimson Elixir de PS2. E no meu lado direito, ao lado do monitor, um guia completo (Volume 1) do mangá, um livreto que me divertiu por anos (e tá em português). Eu também tenho correntes e braceletes dessa franquia, e no quarto que eu e meu irmão dormíamos em um beliche na minha antiga casa tinha o símbolo de Flamel gigante na porta feito com tinta. Honestamente, se eu tivesse dinheiro eu já teria todos os volumes do mangá facilmente. Eu sou obcecada por FMA e isso dificulta ainda mais dizer porque é tão bom, mas eu to me perdendo.
O que eu decidi fazer no entanto é… separar em partes. Eu quero analisar Brotherhood, mas não conseguiria fazer isso com um texto só falando sobre tudo. Eu não conseguiria falar de modo geral sobre todo esse universo porque eu simplesmente quero falar de todos os episódios separadamente e… é o que vou fazer. Esse primeiro texto vai falar dos primeiros 12 episódios do anime, e no final de todos eles (vai levar um tempo), gostaria de juntar tudo em um só. É como se estivesse falando de cada temporada! Embora o anime não seja separado por temporadas. De qualquer forma, obrigada pela leitura!
Esse texto faz parte da nossa comemoração do Mês das Mulheres! Você pode ver os outros clicando aqui!
I — O Alquimista de Aço
Os primeiros quatro episódios de Brotherhood todos passam por um certo problema de serem extremamente rushados. Na verdade até no mangá o início da história é rápido demais e acaba não sendo tão interessante como o resto do enredo todo. No anime isso é mais notável porque essa é a segunda adaptação de Fullmetal Alchemist em animação. O início da história, tanto Lior quanto o passado do Ed e Al são muito mais detalhados no anime clássico, algo que nem sequer tem no mangá. Muito mais tempo é dado (às vezes tempo demais) pra cada ponto, resultando em momentos que por vezes são mais impactantes, por vezes não tanto.
Aqui em Brotherhood somos apresentados ao universo, personagens e à maneira que a narrativa vai fluir nos primeiros quatro, e isso por si só é cativante e chama a atenção de quem assiste mas não é nem perto da qualidade geral da obra. No mangá as coisas já são bem rápidas nesse início, mas em Brotherhood coisas como a história de Youswell são cortadas. O motivo é provavelmente a existência do anime clássico. Fullmetal Alchemist de 2003 é 70% filler e uma história completamente diferente, porque começou a ser feito muito cedo enquanto o mangá estava no início. Por isso, a animação rapidamente ultrapassou o material original e teve que se tornar sua própria coisa. No Brotherhood, que é uma adaptação quase 1:1 com o mangá, eles decidiram encurtar esse início da narrativa que todo mundo já conhece. O passado dos Elric, a cidade de Lior e Shou Tucker são momentos muito importantes do enredo, mas aqui são apenas um curto prólogo. Adicionalmente, o primeiro episódio é completamente novo e embora seja canônico, não está no mangá. Esse primeiro episódio tem alguns problemas, particularmente por não ser diretamente escrito pela Arakawa (eu acho) mas serve pra ambientar bem o universo, o que… honestamente, não era necessário. Afinal, Amestris é bem apresentada apenas contando o início como ele é.
De qualquer modo, o primeiro episódio chamado “O Alquimista de Aço” conta a história de um homem chamado Isaac, o Alquimista do Gelo. O episódio em si é mais uma festa de lutas e informações jogadas à toa, que é o tipo de coisa normalmente pra fazer você ficar interessado pelo universo de cara, o que é até bem feito. O problema é que a escrita é bem ruinzinha, especialmente porque tenta resumir muitos conceitos do anime em apenas um episódio. Ed, por exemplo, é um personagem completamente “edgy” e exagerado com umas falas meio fora da sua personalidade. Notoriamente tem muitas piadas sobre a altura do protagonista aqui de uma maneira muito artificial e certamente irritante. São piadas recorrentes durante o anime que com o tempo esfriam, mas elas foram jogadas de propósito nesse episódio pra tentar de maneira forçada ambientar o tipo de humor que o resto da história vai ter. Não é muito bem feito. É muito fácil de perceber como os diálogos são robóticos e super expositivos, pra explicar ao máximo o funcionamento de alquimia antes da hora. Tudo isso é desnecessário, porque nos episódios seguintes seria melhor apresentado de qualquer forma, mas aqui estamos.
Algo legal do episódio no entanto é ele juntar muitos personagens importantes e fazer foreshadowing pra eventos futuros. Mostrar o personagem Kimblee tão cedo, ou ver o Führer no início do episódio, conhecer a família do Hughes, o Major Armstrong… de certa forma introduz bem essa parte do universo, mas por outro lado é muito mais fanservice do que qualquer coisa. Ainda assim, os objetivos não tão claros do Isaac são algo que fica na sua cabeça durante os próximos episódios, porque ele tinha algo importante à revelar sobre o mundo do anime. O Isaac por si só é um personagem muito legal, tanto em design quanto na alquimia porque o jeito que ele usa água é muito inteligente. Controlar pressão, temperatura e usar água de todos os lugares como da atmosfera e até sangue é uma tirada muito bem pensada. E falando nisso, as lutas desse episódio são especialmente muito bonitas — mesmo que a coreografia não seja espetacular ainda é boa. É um episódio focado em ação no geral e ao menos é bem divertido. Você também é apresentado à algumas das melhores composições do anime, usadas em momentos que não são tão incríveis quanto elas. A trilha sonora de Brotherhood é a minha favorita em qualquer anime e eu consigo sentir coisas até demais escutando músicas dela.
II — O Começo de Tudo
Nessa parte do prólogo somos apresentados à história de Edward e Alphonse, crianças numa cidadezinha no campo chamada Resembool. Aqui e até no mangá, essa história não é contada com tantos detalhes nesse início. Ao menos, não antes da morte de Trisha, a mãe dos meninos. No clássico esse passado toma muito mais tempo de tela pra deixar claro a importância avassaladora que a mãe tinha na vida dos dois, e também mostrava sua relação familiar com a vó Pinako e Winry. Mas isso são adições do anime clássico, e são mérito próprio dele. Ainda assim, as cenas desse episódio conseguem passar muita emoção.
Talvez você não entenda a decisão repentina de tentar reviver a mãe, mas também tem que lembrar que os dois eram crianças. Mas, de todo jeito, começa a fazer mais sentido com o tempo e o brilho da história vem no momento que eles de fato o fazem. Algo extremamente bem feito nesse anime todo é o sentimento de medo e desespero, com um foco em atmosfera e a trilha sonora que não só complementa mas também constrói as cenas. Eu vi esse plot 460 vezes, tenho tudo decorado desde os cinco anos. Ainda assim, reassistindo agora pra escrever esse texto, eu acabei chorando no momento que Ed volta do portão da verdade e chama por sua mãe, apenas encontrando um cadáver monstruoso que criaram. A dor e arrependimento na voz do Ed são muito comoventes, especialmente quando ele pede com todas as forças pra que devolvam o irmão dele, que é a única família que ele tem.
Depois disso Ed pareceu perder completamente a vida dentro de si. Sem um braço e sem uma perna, vivendo da dor, arrependimento e horror do que passaram. O trauma absurdo também era somado com o fato de que eles não têm a mãe ao lado, mesmo que tivessem alimentado a esperança de vê-la de novo por anos. Isso por si só parece horrível demais. Sendo sincera, eu não teria feito diferente no lugar deles. Só imaginar não poder ver minha mãe nunca mais me faz pensar que não vale à pena seguir vivendo.
Quatro anos depois, o coronel Roy Mustang vai até Resembool porque ouviu que haviam dois jovens alquimistas com muito potencial no vilarejo. Mas quando visitou a casa deles, não encontrou ninguém… mas sim, um círculo de transmutação usado na Transmutação Humana. Este é um crime inconcebível na alquimia, é o “Tabu”. Mas nada é exatamente especificado no porquê de ser proibido, embora todos que tentassem tenham aprendido da pior forma o motivo. Pelo que eu sei, alquimistas costumam saber que as consequências são absurdas, e que nunca houve sucesso na transmutação humana, por isso Roy vai furioso até a casa da vovó Pinako pra falar com os Elric.
Nessa parte do episódio você também pode perceber alguns detalhes sobre o universo, como o desdém e ódio aos militares no país, principalmente nessas regiões rurais e simples. Isso aconteceu por conta de uma guerra, a guerra de Ishval que logo vamos falar sobre. Os pais da Winry foram mortos durante essa guerra, e esses também eram filhos da Pinako fazendo as duas terem rancor do exército.
Roy entendeu a situação dos dois e ofereceu a eles a possibilidade de serem alquimistas federais. Um alquimista federal, embora seja um cão do exército, tem muitos benefícios e pode realizar pesquisas de alto nível. Com isso, eles poderiam achar uma maneira de recuperar seus antigos corpos. Isso é mais do que dar um emprego, isso é dar uma grande esperança para os dois meninos que perderam tudo.
Mas chega de narrar os acontecimentos. Esse segundo episódio é muito melhor que o primeiro, e dessa vez bem escrito de um jeito aproximado ao que o resto do anime vai ser. Os sentimentos que ele passa são extremamente vivos, e é algo que ativa nossa empatia com muita força. É uma ótima introdução a quem os irmãos Elric são, e nos apresenta de os personagens importantes da história, como Winry, Roy e Riza. É muito bom ter uma noção real sobre o objetivo dos irmãos e sua determinação em alcançá-lo. Mas em geral, esse é um bom episódio que tá aí mais por necessidade, já que o mangá mesmo vai direto pra Lior, que é nosso próximo episódio.
III — Cidade da Heresia
A história de Lior é uma das mais conhecidas e uma ótima introdução à Fullmetal Alchemist… por isso mesmo, é o primeiro capítulo real. Lior é uma cidade próspera por conta de milagres feitos por um profeta de uma religião monoteísta que chegou até o povo. Essa religião e os milagres trouxeram felicidade e esperança pra essa cidade (que fica no deserto), mas por trás dos panos, a religião do deus Leto é um meio de criar pessoas fiéis que dariam a vida pelo profeta, o pai Cornello. Converter fiéis faria um exército invencível que não teria medo da morte porque espera o pós-vida maravilhoso.
A verdade é que Cornello usa a Pedra Filosofal, o material perfeito que Ed e Al procuram para recuperarem seus corpos. A pedra filosofal é muito mais do que um amplificador alquímico, porque ela simplesmente não segue leis. Você pode usá-la para fazer qualquer coisa, exceto reviver pessoas. Com ela, Cornello pode facilmente transformar plantas em minerais e, no anime clássico, ele conseguia dar uma vida curta para seres mortos, algo que seria o mesmo que criar uma quimera — não era reviver.
Um dos fiéis é uma menina chamada Rose, que perdeu seu namorado há muito tempo e quando estava na lama, foi o pai Cornello que a salvou e deu esperança de que Kain voltaria à vida se ela orasse e tivesse fé. Rose é uma mulher completamente dependente, que não consegue viver sem se agarrar à alguma coisa. E Cornello fez com que todos nessa cidade entrassem na mesma condição, vivendo apenas pelo deus Leto, pelos milagres e a esperança de um futuro maravilhoso no horizonte.
Ed e Al, no entanto, sabem o que é uma reação alquímica e conhecem a pedra filosofal. Por isso decidem ir até o templo, encontram Rose e marcam uma audiência com o profeta. Inclusive o diálogo entre a Rose e o Ed sobre Ciência vs Religião é uma das conversas mais obsessivamente irritantes que eu já escutei. Tipo, de verdade, calem a boca. Rose não para de enfiar religião pela goela do Ed, e o Ed todo fodido fica de edgyzão provocando e falando coisas como “nós alquimistas somos os mais pertos de deus” e isso é só muito ridículo. Rose dizer coisas como “receber punição divina” também é meio estranho, mas eu diria que a religião de Leto não é exatamente inspirada em uma real específica, o que é bom já que não ofende ninguém. Porque o cristianismo, que mais se assemelha, segue princípios completamente diferentes em relação à “punição” e milagres.
De qualquer forma, a audiência com Cornello acaba cedo porque os fiéis do profeta tiram uma pistola pra dar só uma na cara do Ed, e são abatidos pelos irmãos. Quando Cornello aparece ele ainda tenta mentir, mas a verdade aparece sobre a pedra filosofal e, em uma das cenas mais badass da história, Ed luta contra uma quimera. Essa cena seria muito melhor se esse fosse o primeiro episódio, porque é assim que é revelado pro telespectador que Ed tem membros de aço, quando a quimera tenta morder o braço dele e não consegue, assim como quebra suas garras ao tentar atacar a sua perna. Cornello também pede pra Rose atirar no Ed, e em pânico ela acaba acertando o Al revelando que ele é uma armadura vazia.
O final desse episódio acaba levantando uma pequena questão moral. Ed e Al podiam levar a pedra filosofal embora por seus próprios objetivos e deixarem a cidade de Lior no abismo. Mas, ao mesmo tempo, libertá-los dessa farsa no futuro acabaria por ser a melhor opção, já que Cornello queria usar todos eles como armas em uma dominação mundial… e a pedra filosofal quebrou, porque era falsa. Ainda assim, os milagres e a religião eram a esperança dessa cidade e… principalmente da Rose. Rose diz, com lágrimas no rosto e desespero no olhar:
“Ele disse que poderia ressuscitá-lo, que meu desejo se realizaria se eu rezasse… que um milagre aconteceria… no que eu devo me agarrar agora pra viver daqui pra frente…!? Me respondam!”
“Você é que vai ter que descobrir a resposta. Levante-se, e ande. Siga em frente. Você ainda tem as duas pernas para poder caminhar. Não precisa se agarrar a nada.”
Embora isso só vá aparecer no episódio cinco… um terceiro grupo trouxe algo muito pior à Lior, mesmo que a cidade tenha sido liberta da influência do Cornello. Com manipulação de informações e um Cornello falso que acabou de “voltar de viagem”, uma guerra civil começa em Lior. Uma guerra muito sangrenta, que destruiu a cidade de vez. Mesmo que não fosse a intenção, os Elric terem revelado a farsa de Cornello acabou resultando no pior final possível. Não foi culpa deles, mas Lior se foi.
IV — A Angústia dos Alquimistas
Após o incidente em Lior, Edward começa a se perguntar sobre a síntese de corpos vivos pela quimera que viu naquela cidade. O coronel Mustang então apresenta aos irmãos um especialista no assunto — o alquimista da Trama Vital, Shou Tucker.
Esse é o episódio mais conhecido de Fullmetal Alchemist, por motivos ruins. Se não fosse pela super saturação dos acontecimentos desse episódio, esse seria um dos momentos mais traumáticos da história do anime, e provavelmente o mais cruel. É o que eu sentia sobre isso quando era uma criança e não tinha interagido com outras pessoas que presenciaram essa mesma história. A comunidade de Fullmetal só conhece uma piada e é o acontecimento chave desse episódio que rola no final dele. Você provavelmente sabe do que eu to falando.
A trama do episódio foca em uma família que Edward e Alphonse visitam para estudar alquimia. Aqui, Shou Tucker vive com sua filha Nina e um cachorro chamado Alexander. A esposa de Tucker o abandonou há dois anos por culpa da extrema pobreza, mas esse também foi o período que ele conseguiu sua licença federal e os salários altíssimos do exército deram a ele e sua filha condições para viver, mas sozinhos.
Durante o decorrer dessa história Ed e Al entendem melhor a situação da família e pouco estudam nas suas visitas, porque passam mais tempo fazendo companhia pra Nina que se sente tão solitária. Ela é uma criança doce e radiante, e os irmãos ficam felizes em poder ajudá-la a se divertir um pouco. Você cria um laço com essa criança e com seu cachorrinho, mas sempre tem um sentimento estranho no ar.
Ao mesmo tempo, o exército investiga assassinatos em série de alquimistas federais, que foram feitos por um homem com uma cicatriz no rosto, cujo eles chamam de Scar. Tentando descobrir o porquê dos assassinatos visando matar pessoas do alto escalão com muito poder na alquimia, o Major Armstrong ao lado do Tenente Coronel Hughes acham que a licença federal seria exatamente o motivo. Isso é porque os alquimistas federais não são bem vistos pelo povo, principalmente após serem usados como armas humanas na guerra civil de Ishval. É aí que recebem a notícia de que Scar foi visto na estação da Cidade Central, indo para outro lugar. Ele está indo para a Cidade do Leste, onde os Elric estão agora.
Voltando para os irmãos, os dois estão para visitar Shou Tucker mais uma vez, em um dia nublado prestes a chover. Quando chegam na casa se deparam com as luzes desligadas e um silêncio absoluto. Procurando por um tempo, chegam no laboratório de Tucker e o encontram ao lado de uma figura estranha. É uma quimera que consegue falar. Tucker já fez uma quimera falante antes, que apenas disse “Quero morrer” e acabou morrendo por não comer. Agora ele fez uma perfeita que consegue se comunicar normalmente. Shou apresenta Edward à sua quimera, e ela começa a falar com ele.
“Ed… ward… Ed… ward… Irmãozinho…”
É quando Edward percebe algo terrível. Há dois anos Tucker conseguiu sua licença federal. E também há dois anos, sua esposa o abandonou. Depois de ter certeza disso, Ed faz uma última pergunta. “Onde estão… a Nina e o Alexander…?”
Mesmo depois da saturação dessa cena na internet, esse momento é extremamente poderoso. Se você não conhecia ela, talvez deva ter percebido o que aconteceu aqui de qualquer forma. Tucker sintetizou uma quimera usando sua filha e o cachorro Alexander, assim como fez com sua esposa há dois anos. Ed entra em uma fúria que dói de ver, e Tucker brinca com a cabeça dele dizendo que o que ele fez agora e o que os dois fizeram com a mãe no passado são a mesma coisa, “é o que você chama de brincar com vidas humanas”. Ed começa a socar Tucker com a mão direita (de aço) até que Al o para porque o homem morreria se continuasse. É aí que a quimera se aproxima.
“Papai… está… doendo? Está… doendo?”
Ed grita de desespero e dor. No momento seguinte, o coronel aparece para averiguar a situação. Ao ver Ed e Al sentados na escada lamentando o que aconteceu, ele diz que alquimistas federais não são tão diferentes de Tucker. Usados para matar sem pensar duas vezes pelo exército, eles também não tem tanto respeito pela vida humana, e os Elric ainda podem ver muitos casos assim na sua jornada.
“Não me importo que me chamem de cão do exército, ou me chamem de demônio… eu e Al vamos recuperar nossos corpos… mas mesmo assim… não somos demônios… muito menos deuses… nós somos seres humanos…! Não temos força sequer para salvar uma garotinha… somos apenas míseros seres humanos…”
Em meio à chuva uma figura entra na casa dos Tucker. “Quero saber se você é Shou Tucker”, diz um homem com uma cicatriz no rosto. Ele entrou na casa mesmo que houvessem guardas no portão. “Alquimistas que contrariam as leis de deus… devem ser aniquilados”. Após matar Tucker, a quimera Nina chega perto do corpo do seu pai e começa a chorar. Scar sente tristeza pela pobre alma que nunca mais pode voltar a ser humana, e também a mata para que mande-a para Deus.
V — A Chuva da Tristeza
Ed começou a ter pesadelos e sentir culpa por coisas do seu passado, duvidando dos seus objetivos e se perguntando se realmente entenderam tudo que precisaram aprender no caminho até aqui. Ed está a ponto de desistir de tudo. “Me pergunto se não podia ter feito alguma coisa, mesmo sabendo que não tinha o que fazer…”
Ao mesmo tempo a investigação pelo homem da cicatriz chega ao coronel, e eles percebem algo muito importante. Os alquimistas mais famosos na cidade agora são Roy, Tucker e… Edward Elric. Enquanto Ed tenta se animar com as gotas de chuva (e fica mais deprimido no processo), Al diz que quer recuperar seu corpo porque não pode nem ao menos sentir a chuva na pele. É nesse momento que são visitados por um homem com uma cicatriz na testa. “Você é o alquimista de aço, Edward Elric?”
Por um momento Ed não percebe o que está acontecendo, mas quando a mão direita do Scar começa a se aproximar, Al puxa seu irmão para protegê-lo. Rapidamente, Edward cria uma parede em volta do homem da cicatriz, que é completamente aniquilada pelo poder destrutivo do mesmo. “Quem é esse cara…? Ele é perigoso…! Eu preciso fugir! Eu tô perdido! Eu vou morrer!”, Ed sai do seu pânico e os irmãos começam a fugir, correndo por suas vidas.
É nesse episódio que Fullmetal Alchemist dá suas caras realmente. A escrita, direção e fluidez desse anime começam aqui, em um episódio que inicia completamente deprimente antes de virar uma luta pela sobrevivência. Ed e Al não podem derrotar Scar, só fugir e esperar que não morram. Inevitavelmente, eles são encurralados pelo homem da cicatriz e precisam lutar com ele. No seu primeiro golpe contra Scar, parte da armadura do Al é destruída impedindo que ele possa ficar em pé. Irritado, Ed avança contra seu oponente e é forçado a revelar seu braço direito. Scar decide que vai destruir o braço para impossibilitar que ele use alquimia, porque Ed junta seus braços em um arco para criar energia, mas sem um deles seria impossível.
Quando o braço é quebrado, Alphonse começa a implorar para que seu irmão fuja, mas Edward já aceitou que vai morrer. Ele pede para que Scar prometa não tocar no seu irmão, e Scar promete. A jornada dos Elric acaba aqui. Quando o homem aproxima sua mão direita da cabeça de Edward, um tiro ecoa no ar. O exército chegou. Essa é uma cena de luta bem interessante, em que Roy, o major Armstrong e Riza Hawkeye juntam suas forças para vencer Scar, fechando um cerco a sua volta. No meio da luta, Armstrong revela que o que Scar faz é alquimia.
O processo de transmutação tem três etapas: compreensão, decomposição e reestruturação. Scar para na decomposição, e é daí que vem seu poder destrutivo. Isso inevitavelmente vai contra o deus dele, deixando seus motivos mais nebulosos. Quando ele é encurralado e não tem por onde escapar, cria uma explosão abaixo de si e desce para os esgotos, fugindo.
Nesse momento Edward vai até seu irmão preocupado, também revelando para todos os presentes que a armadura vazia destruída é o irmão do alquimista de aço. Mas não se preocupem, eles vão guardar segredo. É aí que Alphonse dá um soco no Ed, e começa a brigar com ele. Al está tentando dizer isso desde o início do episódio. A jornada dele inevitavelmente passaria por coisas como as que aconteceram com a Nina, mas seguindo em frente, vivendo e aprendendo mais alquimia eles poderiam fazer algo em casos assim. E mesmo assim, Edward ia jogar sua vida fora. Ele tinha medo que Al fosse morrer, mas talvez ele não morresse se seu irmão fugisse para continuar vivendo. É claro que ele nunca faria isso, mas Ed completamente desistiu de viver e jogou tudo fora. Mesmo que a culpa chegue até você, sua vida é importante e sua existência ainda vai fazer muito bem no futuro. Ed entende a mensagem e percebe que eles estão completamente destruídos depois disso. “Mas estamos vivos…”, e nesse acontecimento, os dois redescobriram a felicidade em saber que ainda têm vida. Esse anime é lindo.
Também é nesse momento que eu vou explicar a história de Ishval, porque eles descobriram que Scar era, na verdade, um Ishvaliano porque tem pele escura e olhos vermelhos. Ishval era um povo do leste de Amestris (país que se passa Fullmetal), e em um momento foi anexado ao país. Ainda assim, ocorriam conflitos na região com frequência, até que um oficial do exército matou uma criança Ishvaliana inocente e esse foi o estopim de uma guerra civil em grande escala. As chamas da guerra se alastraram por toda a parte leste do país, e o comando do exército deu a ordem para que alquimistas federais fossem usados como armas para acabar com o conflito. Como? Com a campanha de extermínio de Ishval. Isso é algo interessante sobre esse universo, porque os alquimistas têm grande horror e culpa pelo que fizeram e viram na guerra, muitos deles abdicaram da sua licença por não suportar a culpa e o peso de serem armas humanas. Por conta dessa guerra, os alquimistas federais são muito odiados pelo país, tanto pelos seus benefícios quanto pela campanha.
Mustang acredita que é por isso que Scar ataca alquimistas federais, mas nada é confirmado. Agora, Ed e Al precisam retornar para sua cidade natal para conseguirem consertar seus corpos mecânicos. Embora Ed claramente possa consertar o corpo do Al se fizer um círculo de transmutação ao invés de juntar as mãos, talvez a Arakawa não tenha pensado nisso e fez com que Ed precisasse dos dois braços pra conseguir realizar o feito.
VI — O Caminho Esperançoso
Esse é um episódio muito mais calmo e leve. No início dele conhecemos o médico Tim Marcoh, um ex-alquimista federal que fugiu durante a guerra civil. Ed, Al e o major Armstrong (que é a escolta deles enquanto não podem lutar sozinhos) decidem parar no meio do caminho para conversar com Marcoh. Ele pesquisava a pedra filosofal e se recusa a deixar Ed ver suas pesquisas, principalmente porque ele tem o potencial para criar uma perfeita. Mas quando os três estavam para embarcar no trem para Resembool, Marcoh os interrompe para entregar um papel que diz onde estão os documentos. Isso é importante pra depois. “Talvez você seja capaz de ver a verdade por trás da verdade”.
O resto do episódio é talvez um dos mais felizes do anime. Não é só conforto que passa, mas um sentimento de carinho e amor familiar que faz dessa história tão importante pra mim. Em Resembool, Ed e Al tem um lar na casa da sua avó Pinako e da Winry. São a família dos dois, que sempre estão de braços abertos a recebê-los. Os dois são muito gratos por isso. No decorrer do episódio também conhecemos mais sobre a determinação dos irmãos, porque Armstrong e Pinako conversam sobre isso por um tempo enquanto Ed visita o túmulo da sua mãe.
Quando o mais velho tirou sua licença federal, ele e Al atearam fogo na própria casa, cheia de lembranças e tudo que restava da sua mãe. Fizeram isso para que não tenha mais volta no caminho que tomaram, não importa o que eles tenham que enfrentar. Também é muito bonito ver Ed e Al apenas relaxando e passando momentos calmos com sua única família. Um momento como esse depois das últimas coisas que Ed e Al viram aquece bastante o coração.
Mas após três dias, as Rockbell terminam o automail do braço direito de Edward e com isso ele pode consertar o corpo do seu irmão. Agora, os dois podem voltar à sua jornada, indo até a Cidade Central para encontrar os documentos sobre a pedra filosofal. Mas… Winry esqueceu um parafuso muito importante no Automail já que teve que ficar três dias sem dormir para terminar o trabalho. Eu tenho o nome do parafuso memorizado por algum motivo, é o A-08.
VII – A Verdade Escondida
Assim que os Elric chegam na Cidade Central descobrem que a Extensão 1, o local onde estavam guardados os documentos de Marcoh, foi completamente queimada. Por quem? Por um grupo secreto que até agora levanta muito mistério. Ed e Al se livram da escolta do Major Armstrong, para receberem outra escolta. Denny Brosh e Maria Ross, subordinados de Armstrong, acompanharão os irmãos enquanto estiverem na Central. Denny e Maria são personagens muito divertidos, e é o começo de algo muito importante de Fullmetal Alchemist – todo personagem é importante. Na construção dessa história, todos os rostos tem grande importância e impacto, mesmo esses dois que começaram apenas como um alívio cômico, fofocando sobre as coisas bizarras que descobriam sobre os Elric, ou ao lado deles.
Esses dois levam Ed e Al até a casa de uma mulher que trabalhava na Extensão 1 até ser demitida. O nome dela é Sheska. Ao entrarem na casa se deparam com uma montanha incompreensível de livros, e com uma Sheska soterrada embaixo de uma pilha deles. Sheska é um dos meus personagens favoritos por puro sentimento, já que ela mal aparece em ambos clássico e Brotherhood. Ela é uma devoradora de livros que não consegue fazer nada além de ler (e escrever também). Sheska tem uma memória excelente e consegue capturar com precisão tudo que lê, e de todo esse universo de Fullmetal Alchemist essa talvez seja uma habilidade mais impressionante que a própria alquimia — mas provavelmente é neurodivergência. Ela também é uma miserável fodida desempregada igual eu, e sua motivação também é conseguir um emprego. Bem, eu quero isso por motivos pessoais, e ela quer ajudar sua mãe doente. Talvez não sejamos tão parecidas assim…
A memória da Sheska fez com que ela transcrevesse todas as pesquisas de Marcoh, do início ao fim, exatamente como foram escritas (ou com pouquíssimas divergências). Os Elric acreditam demais no potencial dela, porque em nenhum momento durante a leitura eles questionaram o que Sheska escreveu e isso acabou levando eles à uma verdade escondida. As pesquisas do Marcoh estão codificadas em um livro de culinária: Mil Pratos para o Dia a Dia de Tim Marcoh. Ainda assim, é um livro de alquimia e usa de códigos que apenas o próprio Marcoh entende. A alquimia é muito perigosa nas mãos erradas, e essa pesquisa sobre a pedra filosofal não pode ser encontrada por pessoas comuns, então faz total sentido que ele a esconda.
Mas se só Marcoh entende o código, como Ed e Al vão decifrar? Foi o que perguntou Denny Brosh. “Com conhecimento, muita intuição e paciência”. É bem legal que embora eles sejam prodígios no que se diz ciência (alquimia), os dois ficaram alguns dias enfornados na biblioteca central com inúmeros livros tentando decifrar os códigos do jeito que podiam. Muitas vezes eles tiveram um bloqueio mental absurdo e não coneguiam fazer progresso e, em um desses momentos, Sheska os visita. Ed pagou ela com uma quantia absurda de dinheiro já que é um Alquimista Federal, e isso foi mais do que suficiente para que ela levasse sua mãe para um ótimo hospital. Ela veio agradecer por isso, mas ainda não arranjou emprego, enquanto os Elric não desvendaram o segredo.
É nesse momento que o Tenente Coronel Hughes entra reclamando de papelada, e principalmente do incêndio na Extensão 1 onde ficavam documentos oficiais do estado. É o trabalho perfeito pra Sheska, e Ed a recomenda. Nas palavras de Al sobre a Sheska: “Você não é uma inútil. Só o fato de conseguir se dedicar tanto a algo já é um dom maravilhoso”, e essas palavras também serviram de motivação pro Ed se empenhar mais na pesquisa.
Mais alguns dias, muito esforço e algumas decepções, os Elric chegam a uma resposta. “Só pode ser brincadeira!”, grita o mais velho trazendo Denny e Maria para dentro da sala ver o que tinha acontecido. O código foi decifrado. O componente necessário para criar uma única pedra filosofal… são inúmeras pessoas vivas. A pedra filosofal é composta de vidas humanas.
Essa é uma das coisas mais legais desse anime e uma explicação absurdamente coerente pro milagre tão poderoso que é a pedra filosofal. A transmutação humana é um tabu porque não é possível transmutar o ser humano, mas a própria existência de uma pessoa já é algo incomparável na alquimia. Se muitas pessoas fossem usadas na composição de algo, é de se esperar que seria um artefato inacreditável. As almas de muitas pessoas foram usadas para criar a pedra filosofal que Ed e Al procuram, mas agora que eles descobriram que ela podia ser criada, a chance escapa entre os dedos porque a pedra é um presente dos demônios. Sua jornada até aqui perdeu o sentido.
Os dois se trancaram em um quarto para pensar, sem comer mas também não conseguindo descansar. Decepcionados e frustrados. É aí que Ed diz que quer perguntar algo para seu irmão, mas que sempre teve medo da resposta. Ele é interrompido pelo Major Armstrong que acabou por descobrir sobre a pedra filosofal (Maria e Denny não conseguiram ficar de bico fechado), arrombando a porta para chorar do seu jeito carismático. Eu amo Armstrong, ele é um cara tão legal :)
“Em pensar que o exército realizou uma barbaridade dessas, às vezes a verdade é muito cruel”… bingo! Algo estalou na cabeça de Edward. “Ser capaz de ver a verdade por trás da verdade… é como as pesquisas de alquimia, aquilo que conseguimos ver não passa de uma pequena parte da verdade. Tem mais alguma coisa escondida”! Investigando os laboratórios de pesquisa alquímica na Cidade Central, se deparam com um Quinto Laboratório que está desativado e se encontra ao lado de um presídio… o lugar perfeito para achar ingredientes para uma pedra filosofal. É pra lá que os Elric vão.
VIII – O Quinto Laboratório
Embora tenham sido proibidos de ir pelo Armstrong, Ed e Al escapam do seu quarto e vão até o laboratório sozinhos. Eles invadem pulando um muro, e então Ed entra pelos dutos de ventilação enquanto Al fica do lado de fora por ser grande demais. Nesse lugar existem dois cães de guarda esperando.
O primeiro, chamado de Número 48, é um espadachim serial killer conhecido em vida como “Slicer”. “Em vida”, porque ele foi transmutado dentro de uma armadura, assim como Alphonse. A luta dele contra o Ed é muito bonita e bem animada, o que é esperado da Bones Studio. Nela, Ed acaba por perder muito sangue, mas vence por tirar o capacete da armadura onde ficava o seu selo de sangue (o próprio Slicer mostrou pro Ed). É aí que o número 48 se releva não ser uma alma, mas duas. Slicer eram dois irmãos, e embora um esteja no capacete, o outro foi selado no corpo então ainda pode lutar. Depois de mais um pouco de luta divertida, Ed começa a pensar que vai morrer e precisa fazer algo. “Eu vou morrer” fez com que ele lembrasse do Scar, e isso deu a ele uma ideia. Juntou as mãos para fazer alquimia e tocou no corpo do 48 na primeira oportunidade, então o destruindo. Scar usa alquimia também, mas ele para na segunda etapa, a de decomposição (a próxima seria recomposição). É assim que Ed destruiu a armadura.
Os dois irmãos (Slicer) ficam contentes que lutaram com alguém tão forte mas pedem para ser mortos de uma vez. Ed não mata seres humanos então recusa. “Ainda somos pessoas com esse corpo?”, “Se começar a achar que vocês não são pessoas, significa que meu irmão também não é humano…” e isso ironicamente foi a primeira vez que os dois foram tratados como humanos, especialmente por serem assassinos em série. 48 decide contar os segredos ao Ed mas duas pessoas aparecem e destroem os irmãos, acabando com os dois selos de sangue e matando-os. Ed tenta lutar mas seu braço simplesmente para de funcionar, além dele já estar muito tonto por perder sangue, e isso facilita para que esses dois consigam desacordar o alquimista.
Enquanto isso, do lado de fora, Al é atacado por outra armadura, o número 66. 66 era um açougueiro também serial killer chamado Barry the Chopper, mas ele fica bem impressionado quando descobre que Al também não tem corpo. É aí que uma plotline meio sem graça e um pouco sem sentido começa. Barry põe na cabeça do Al que, na verdade, ele não é um ser humano. Ele é uma criação do seu irmão, com informações implantadas para que pareçam memórias. “Talvez todos estejam te enganando…” e Al começa a acreditar. Isso não faz tanto sentido.
Primeiro, Al sabe muito bem que na alquimia Ed não seria capaz de fazer isso. Talvez ele tenha começado a duvidar até da própria alquimia, mas ele tem provas o suficiente pra entender que é real. Isso também não segue nenhuma lógica e é um plot twist extremamente repentino, jogado do nada, e cria um dilema bem esquisito que até que se desenvolve bem no episódio seguinte. Mas Ed tinha algo pra falar com Al antes de ser interrompido há pouco tempo, talvez fosse isso. Ainda assim, Maria e Denny aparecem para resgatar Al, que não conseguia lutar direito pensando naquilo. O Quinto Laboratório começa a desabar, mas um dos dois que tinha desacordado o Ed o traz para fora, já que ele é “um precioso sacrifício”. Com o Quinto Laboratório destruído, os Elric não descobriram nada novo, e Ed precisou ser hospitalizado por perder muito sangue.
IX – Sentimentos Artificiais
Ed está hospitalizado. Já de início Maria Ross respeitosamente dá um tapa nele por ter se arriscado tanto e ter quase morrido. Ela e Denny ficam com medo de serem punidos já que um Alquimista Federal é um cargo muito acima do deles, mas Edward entendeu o sentimento.
Por conta do braço, ele liga para Winry vir até a Cidade Central fazer ajustes, mas ela não ficou zangada porque sabe que foi o parafuso que esqueceu de pôr. Enquanto ela vem, Ed espera no quarto e Al fica sozinho em um canto do hospital, pensando. Seus pensamentos ficam cada vez mais nebulosos, mas pensando agora, talvez ele não tenha chegado à algumas memórias que o tirariam essa dúvida. Como esse questionamento do Al é um arco razoavelmente curto, é bem possível que ele realmente não tenha pensado direito. Ainda assim, ele ainda se pergunta se é uma pessoa de verdade.
Quando Winry chega ela vê que Ed está ferido e fica muito preocupada, até porque ela sabe que foi sua culpa. Ed não pensa isso, ele nem sabe do parafuso, então sua amiga decide seguir o baile e não falar pra ele que esqueceu uma peça importante. Enquanto os dois conversam, Maes Hughes entra no hospital para visitar Edward e chega com a seguinte fala: “E aí Ed! Ouvi dizer que você trouxe uma garota pra cá e deu uns pegas nela!”, e após Ed (irritado) explicar que ela é só a mecânica, o tenente coronel segue com “Nossa quer dizer então que você tá se lambuzando de óleo é?”
O pessoal fica um tempo conversando, Winry briga com Ed por não beber leite e essas coisas… e Al aparece na porta vendo isso pra então ir embora sem dizer nada. Winry também pergunta o que eles estão fazendo pra se machucarem tanto, mas os dois não querem preocupar sua amiga nem a vovó Pinako então guardam tudo pra si. A menina é convidada pelo Hughes pra ficar na casa deles essa noite, onde tá acontecendo o aniversário da Elisia (filhinha do Maes). Ela e Winry viram amigas, enquanto a mecânica conversa com o tenente coronel sobre as dificuldades que Ed e Al passam. “Eles devem pensar que mesmo que não digam nada, você iria entendê-los. Mas se aqueles dois vierem desabafar com você, é aí que deve dar todo seu apoio”.
No dia seguinte, Ed e Al estão juntos no quarto de hospital conversando sobre Ed ter que tomar leite, já que ele tem um corpo e ainda consegue comer. “Você é que é feliz Al, já é grande e não precisa tomar leite!” e isso deixa seu irmão revoltado. “Mas eu não escolhi ter um corpo assim!” no exato momento que Winry aparece. Al diz tudo que pensou nos últimos dias, sobre suas memórias serem informações falsas, sobre ele ser de mentira e que todo mundo mente pra ele. Ed dá um soco na mesa a sua frente, se levanta e vai embora. Winry, chorando (e batendo na armadura do Al com uma chave de engenheiro, apelido que aprendi no Senai pra aquela chave inglesa ajustável) diz que o que Ed queria perguntar para ele é se ele guardava rancor por ter perdido seu corpo. É uma cena muito triste ver Ed no meio da cirurgia chorando sem parar porque tem certeza que seu irmão tem ódio dele. Ninguém arriscaria a própria vida desse jeito para criar um irmão de mentira. Winry diz para Al ir atrás do Ed, e ele vai correndo.
No terraço do hospital os dois têm uma luta depois de muito tempo sem treino, e nela Ed vence pela primeira vez. Os dois se deitam e começam a conversar. Eles viviam brigando quando eram pequenos, assim como qualquer irmão. Brigavam pela cama de cima no beliche, pelo lanche da tarde, pelos brinquedos. Brigaram quando brincaram no rio Rain, já que Al empurrou seu irmão pra dentro do rio. Brigavam no meio do treinamento de alquimia e até pra decidir quem ia se casar com a Winry. Al costuma sempre ganhar, mas mesmo nessa ele foi rejeitado. “Acha mesmo que tudo isso é mentira?”, e assim Alphonse finalmente consegue compreender. Algumas coisas precisam ser ditas.
Embora esse seja um dos poucos episódios que eu não goste tanto, eu amo esse final. Acabou por ser a maneira perfeita de desenvolver o relacionamento entre os Elric de uma maneira que você possa entender. Desde o início eles são bons irmãos, mas ver algo que desafie esse relacionamento e deixe ele mais forte faz da história mais palpável e bonita. Por isso eu perdoo um episódio não tão bom, no final ele acaba sendo muito impactante e um dos momentos mais memoráveis de Fullmetal Alchemist.
Enquanto isso, Scar acorda em um acampamento de sobreviventes Ishvalianos. Ele teve uma luta contra o grupo misterioso que age por trás das cortinas e acabou perdendo, mas teve sorte em ser resgatado pelo seu povo. É aí que descobrimos que seu braço direito é uma herança importante de família.
X – O Caminho de Cada Um
Esse texto ficou um pouco cansativo depois de um tempo, espero que não estejam exaustos de ler também. Estou narrando todos os episódios na verdade mais pra destacar pontos importantes que quero discutir e mostrar, mas ainda assim não é muito divertido. Talvez esse formato mude no futuro, especialmente porque eu iria preferir que assistissem o anime. Mas só faltam três episódios nesse texto.
“O Caminho de Cada Um” começa como um episódio calmo e pacífico. Vemos um pouco da amizade entre Roy e Hughes, e como sua subordinação é usada para que um apoie o outro dentro do exército até que Mustang se torne o novo Führer e mude o país. Também vemos cenas divertidas no hospital agora que Ed está quase se recuperando. O próprio Führer King Bradley visitou Edward! E eles conversaram sobre a pedra filosofal e uma conspiração dentro do exército antes que Bradley precisasse fugir pela escapulida que ele deu do serviço pra vir aqui.
Ed e Al vão para Dublith, onde vive sua antiga professora, mas no caminho vão passar por uma cidade chamada Rush Valley, o paraíso dos Automails. Winry pede excessivamente pra vir com eles e os dois acabam aceitando. Winry foi se despedir da família do Hughes quando o tenente coronel ia sair a trabalho, mas prometeu pra sua filha e esposa que voltaria cedo pra casa. Ele ficou meio triste porque, por conta do serviço, não ia poder ver os Elric de saída na estação.
Agora, com os irmãos e Winry no meio da sua viagem, Maes começou a investigar a organização secreta que Ed relatou sobre. Tatuagens de Ouroboros, envolvimento do exército… até que ele teve uma epifania e descobriu algo muito importante. É nesse momento, quando decide falar com alguém, que uma mulher aparece e fecha a porta atrás dela. Ela tem o intuito de matar Hughes.
Ele consegue escapar lançando uma adaga na testa da mulher, mas saiu de lá ferido. Hughes vai até o telefone do exército, mas desiste de ligar por essa linha. Tanto porque vai falar de um segredo militar, quanto porque já foi pedido muitas vezes para não fazer ligações pessoais pela linha do exército pelo coronel Mustang, seu melhor amigo. Ele decide então seguir para um telefone público, mesmo sangrando. Teve dificuldades para fazer a ligação porque, para provar que era do exército e ligar para Roy, ele precisava dar um código que ele não lembra de cabeça. Enquanto esperava Roy pegar o telefone, Hughes sente algo nas suas costas. Uma arma. Maria Ross, com um revólver apontado para Maes… não, Maria tem uma pinta embaixo do olho esquerdo, essa não é ela, e o impostor se revela. Mas não faz diferença.
Essa pessoa se transforma na esposa de Hughes, o que o desestabiliza não deixando que contra-ataque. Um tiro. O tenente coronel caído no chão nos seus últimos momentos pensou na esposa e filha, e pediu desculpas por não voltar cedo pra casa.
Quando eu era pequena essa era talvez uma das cenas mais memoráveis pra mim porque simplesmente me traumatizou. Foi meu primeiro anime, eu não sabia o que era presenciar morte. Nina não chegava perto do que Hughes era pra mim, um personagem tão legal que até aparecia na abertura! Hoje tudo fica muito pior quando você entende mais sobre a escrita de Fullmetal Alchemist. Hughes era a pessoa mais bondosa e fiel no exército, e deu a própria vida para ajudar os Elric na sua investigação. Sempre saía do trabalho (que era muito puxado) pra visitar os irmãos, sempre falava da sua família com entusiasmo e carinho e era um pai muito amoroso, além de um ótimo amigo.
A cena seguinte é um enterro. Enquanto todos prestam homenagem ao agora Major Maes Hughes, sua filha chora e pede para que não o enterrem. “O papai não vai poder trabalhar!” e essa é talvez uma das senão a cena mais triste do anime inteiro, e só piora. Após o enterro acabar, os únicos que ficaram ali foram o coronel Mustang e Riza, sua subordinada.
“Devo confessar que os alquimistas são uma raça desgraçada, tenente… neste exato momento estou desesperadamente montando uma teoria de transmutação humana dentro da minha cabeça. Agora eu sei como aqueles garotos se sentiram quando resolveram… transmutar a própria mãe.”
“Coronel, o senhor está bem?”
“Estou ótimo. Droga, parece que começou a chover.”
“Como assim chover? Não caiu nenhuma gota.”
“Não… é chuva sim…”
“O senhor tem razão. Vamos voltar… o tempo está esfriando.”
O coronel começa a investigar a morte do seu amigo, e sua busca o leva até o major Armstrong, que diz que não pode falar o que sabe mesmo que o coronel seja seu superior. Essa conversa faz com que Mustang descubra algumas coisas: quem matou o Hughes foi uma organização, envolve os superiores do exército e também a pedra filosofal. Nisso, ele diz uma fala que ficou marcada em mim desde pequena por algum motivo.
“Vou partir pra cima dos superiores. Você vem comigo?”
“E precisa perguntar?”
XI – Milagre em Rush Valley
De todos esses primeiros episódios, esse é o meu favorito. Depois de uma experiência tão triste quanto o episódio anterior, Fullmetal Alchemist sempre traz um pouco de alegria. Em Rush Valley, a terra das máquinas e o paraíso dos mecânicos de prótese, Edward é assaltado por uma ladra chamada Paninya. Os três (Ed, Al, Winry) descobrem que ela vive afastada da cidade com um mecânico chamado Dominic. Na perseguição da ladra, eles tem uma curta batalha (em que ninguém sai ferido) em que Paniniya revela dois automails nas suas pernas. Uma perna tem lâminas no joelho, e a outra tem um canhão! A sua fuga é interrompida pela Winry que apenas segurou o braço dela bem forte. Ela queria ver o automail de perto.
Todo mundo é levado pra dentro e se conhece melhor, então aparece o senhor Dominic, um velho sério e rabugento. Winry está determinada em ser discípula dele, especialmente porque ele disse que o automail do Ed é pesado demais e talvez seja o que faz dele tão baixinho. Os Elric (e Winry) passam o dia nessa casinha isolada, e os irmãos vêem que a esposa do filho do Dominic está grávida. Al pede para tocar na barriga dela, e Ed faz o mesmo. Eles estão completamente maravilhados com a criação de uma nova vida, e conseguir sentir o bebê chutando na barriga deixou os dois muito alegres.
Enquanto isso, Paninya conta sua história de vida pra Winry. Ela perdeu os pais e as pernas em um acidente de trem quando era pequena, e Dominic a encontrou na rua e forçadamente adotou ela e fez a cirurgia para pôr um automail em suas pernas. A cirurgia doeu muito e a reabilitação foi o pior momento da vida da Paninya, mas tudo valeu à pena quando ela pôde finalmente ficar em pé de novo. Desde então ela tenta conseguir dinheiro para pagar Dominic por ter a dado sua vida de novo, mas ele não aceita seu dinheiro. Winry fica um pouco irritada e diz que ela não pode devolver o dinheiro roubando, mas sim com trabalho honesto usando as pernas fortes que ela recebeu. Pagar pouco a pouco é o certo.
Isso leva Paninya a devolver o relógio, mas ela acha que quebrou porque não abre. Winry diz que foi selado por alquimia e usa de ferramentas para abrir a força e ver os segredos do Ed. Quando ela abre, apenas vê uma mensagem. “Não esqueça. 3 de Outubro do 11”, esse é o dia que os irmãos atearam fogo na própria casa e saíram de Resembool. Ela começa a chorar e se sente culpada, mas decide que vai pedir de novo ao senhor Dominic para que a aceite como discípula. E aí vem a melhor cena de todas.
A senhora LeCoulte vai dar a luz, e não vai dar tempo dos médicos virem até aqui. Ninguém sabe como realizar um parto na casa, mas Winry entende um pouco porque seus pais eram médicos. Ela deve ter só uma vaga memória dos livros que leu, mas é tudo que temos.
Essa cena tem um certo medo e tensão, enquanto os personagens esperam que tudo dê certo e confiam na Winry para realizar o parto. Mesmo que Ed não acredite em Deus, ele diz que tudo que podem fazer agora é rezar. É engraçado que toca a música tema do anime nessa cena, uma música que só toca em cenas de sofrimento e… bem, nesse parto.
No fim, tudo dá certo. O bebê nasceu e todos ficam felizes, e eu digo… MUITO felizes. “Que legal, ele nasceu mesmo! Nossa! Nossa! Nossa!” diz o Ed. Para ele, o nascimento de uma vida, um ser humano, é um milagre inacreditável, algo maravilhoso que nunca conseguiria ser realizado pela ciência. “O ser humano é incrível”, e esse é um pensamento que me deixa muito feliz. Não importa que merda aconteça na história, Fullmetal Alchemist tem muitas mensagens positivas para passar. Esse episódio e o próximo são sobre a importância da vida humana, e isso para uma Rosie mais nova tinha sido muito impactante. Essas mensagens mudaram minha vida pra melhor e influenciaram bastante quem eu sou agora. O ser humano é mesmo incrível.
Depois disso, Winry e Ed tem uma conversa sobre o passado, porque ela abriu o relógio de prata. Além desse diálogo mostrar muito bem a motivação do Ed, também diz muito sobre a Winry, que quer fazer de tudo para que os irmãos consigam recuperar seus corpos. Por isso ela quer muito ser aprendiz do senhor Dominic e dar próteses melhores pro Ed, algo que no futuro REALMENTE salva a vida dele.
No dia seguinte o médico chega ao lado do senhor Dominic que está muito feliz em ver seu netinho. O doutor diz que o parto foi realizado muito bem e com bastante cuidado, e como agradecimento Dominic… não aceita ela como aprendiz, mas vai mostrar um outro mecânico na cidade que pode ensinar muito à ela.
Winry fica em Rush Valley, enquanto Edward e Alphonse se despedem dela indo para Dublith. E agora, vamos para o último episódio do texto que já tá bem longo.
XII – Um é Tudo, Tudo é Um
Esse episódio segue o momentum do episódio anterior com mais mensagens positivas e momentos de família. Ed começa sonhando com seu pai, alguém que ele quer fortemente esquecer. Quando chegam em Dublith são recebidos por Sig Curtis, marido da sua antiga mestra, que fica impressionado com o quanto Ed e Al cresceram. É fofo porque Alphonse não é tratado como criança há muito tempo, já que tem um corpo gigante. Sig chama sua mulher, que estava deitada por conta da sua saúde. Assim que ela sai da casa nocauteia os Elric, irritada por Ed ter se rebaixado a um cão do exército. Uma ótima boas-vindas, então entram em casa pra conversar.
Ed quer saber sobre a pedra filosofal, o que Izumi desconhece, mas já viu um homem enquanto viajava que dizia saber. Von Hohenheim, o pai dos irmãos Elric. Edward tem muita raiva dele por ter abandonado sua esposa e filhos e nem sequer ter aparecido no funeral da mãe. Não visita, não manda cartas, e até agora nem sabiam que ele estava vivo. Os Elric não têm um pai, e Ed o culpa pela morte da sua mãe.
Escurece, eles se juntam para jantar, e no meio da refeição Alphonse fala sobre como acompanharam um parto. “A mãe dá a vida nessa hora. O ser humano nasce sendo abençoado por todos!”, e depois da refeição que Al não comeu nada por algum motivo eles vão dormir; então um flashback muito importante.
Eles começaram a estudar com Izumi porque viram ela salvar Resembool de uma enchente usando alquimia e imploraram à ela pra que os ensinasse. Ela só aceitou porque ficou muito mal em saber que os dois não tinham pais. Já no seu primeiro treinamento, os irmãos foram largados em uma ilha por um mês, para sobreviver às próprias custas com nada mais do que uma faca… e sem poder usar alquimia. Isso é bem fodido pra crianças tão pequenas. Eles têm que encontrar uma explicação para uma frase nesse um mês: “Um é tudo, tudo é um”.
Essa é a melhor parte desse episódio. Ed e Al precisam sobreviver sozinhos e nos primeiros dias não conseguem comer nada e precisam passar frio porque não têm uma fogueira também. Depois de um tempo Ed começa a ver miragens pela fome e pelo sol forte. Depois de morder seu irmão achando que era carne, ele vê formigas como chocolates e as come. “Eu comi… formigas pra sobreviver…”
Depois disso os dois mudam de atitude — eles não vão morrer aqui. Todo dia se esforçam ao máximo para conseguir comida, seja coelho, peixe ou sapo, e com muito esforço conseguem fogo também! A fome e as formigas mudaram algo na mente do Ed e no penúltimo dia antes que Izumi venha buscá-los, ele já conseguia explicar o que “um é tudo, tudo é um” significa.
No ciclo da vida Ed precisou comer formigas pra sobreviver. Quando ele morrer, sua carne servirá de alimento pra raposas e seu corpo vai se decompor e fazer parte da natureza. E, assim que crescerem plantas, vai servir de alimento para um coelho. Tudo tem importância no universo, porque o mundo é governado por leis inimagináveis que usam de cada componente em um todo. Tudo é o mundo, e o Um sou eu, essa é a resposta. A alquimia não é diferente. Quando você come algo, fragmenta componentes e então os reconstrói dentro do seu corpo pra fazer parte de você. No mundo precisamos usar de diferentes “uns” para nosso próprio bem, e no futuro nossas vidas serão úteis nesse ciclo mais uma vez. A alquimia é desconstruir algo para formar uma coisa completamente diferente, mas derivada dos componentes dessa primeira. Só se pode fazer alquimia se entender esse ciclo. Você precisa entender a vida, porque a alquimia é o mesmo que a própria vida.
De volta nos tempos atuais, Ed acaba percebendo que sua professora consegue fazer alquimia sem círculo de transmutação, assim como ele. “Ela viu a verdade…” então, na manhã seguinte, chamam sua professora para conversar, e antes de sequer falarem algo ela transmuta uma lança e começa uma luta, em que Ed altera sua prótese para uma lâmina sem o círculo de transmutação. Izumi sabe das próteses, e também descobriu sozinha que Al é uma armadura vazia quando lutou contra os dois. Eles fizeram a transmutação humana… assim como ela.
Izumi e Sig tentaram ter um bebê muitas vezes, mas nunca conseguiam. E na única vez que deu certo, ela ficou muito doente e o bebê morreu antes de nascer. Por isso, ela tentou a transmutação humana e pagou o preço com vários dos seus órgãos internos. Essa última conversa entre a mestra e os alunos é muito bonita, porque os Elric tentam esconder que não são afetados pelo que viram, o que fizeram e sua situação agora. Eles dizem que está tudo bem, mas Izumi sabe que não é verdade. O episódio termina com lágrimas e um caloroso abraço. Ver os protagonistas deixarem de serem fortes por um momento e chorar nos braços da sua professora me abre um sorriso muito genuíno. Fullmetal Alchemist é maravilhoso.
Uso (Encerramento)
Eu não sei como vou seguir com esses textos no futuro, talvez eu mude completamente o jeito que to escrevendo, mas eu quero mostrar acima de tudo a importância que Fullmetal Alchemist tem, e não só a que tem pra mim. Não importa quantas vezes eu assista, essa história sempre me impressiona de novo e de novo. Eu fico muito grata à Arakawa por ter escrito Fullmetal Alchemist, e ao meu irmão por ter me mostrado.
Esse é o último texto do mês das mulheres do Recanto, então espero que tenha sido um bom mês pra vocês. Arakawa vai receber mais um anime logo e eu vou estar lá pra ver, espero que dêem uma chance pra mulher de novo. Obrigada pela atenção, boa noite.