Como meu segundo e último texto do ano, irei dar continuidade a atividade de cobrir a pesquisa sobre quais obras da franquia “Kamen Rider” o povo japonês mais gosta.
As obras da vez são “Kamen Rider Zero-One” e o filme “Kamen Rider Zero-One REAL x TIME”, que ficaram na décima posição e décima sexta posição respectivamente. Irei seguir a ordem cronológica dos acontecimentos, então irei começar pela série e depois ir para o filme.
“Kamen Rider Zero-One” é a 30ª versão da franquia e a primeira obra da era Reiwa, estreada em primeiro de setembro de 2019 e finalizada em 30 de agosto de 2020, sucessora à obra “Kamen Rider Zi-O” e antecessora à obra “Kamen Rider Saber”. Ela possúi um total de 45 episódios, 4 filmes e 11 especiais.
Na história de Zero-One acompanhamos Hiden Aruto, nosso protagonista e aspirante a comediante. Em seu mundo a sociedade humana vive em harmonia com os robôs chamados Humagears, seres mecânicos equipados com inteligência artificial e utilizados para ajudar os humanos à protegerem seus sonhos. Eles foram criados pelo presidente da companhia Hiden Intelligence. Esse mesmo presidente é o avô de nosso protagonista, que ao falecer passa o nome da companhia para o neto.
A incorporação de robôs na vida humana passou por várias complicações no passado, não só políticas e sociais, mas também técnicas. A maior delas foi uma falha no sistema dos robôs, onde uma cidade foi completamente destruída por conta de uma explosão causada por eles.
Como antagonistas temos o grupo terrorista Metsuboujinrai.net, que acredita que os humanos são a causa do mal no planeta por causa do uso deles de Humagears como meras ferramentas. Este grupo terrorista deseja então não só libertar os robôs, mas também aniquilar toda a vida humana da Terra. O falecido presidente era ciente da existência desse grupo e seus objetivos, e como contra medida criou um sistema onde o seu sucessor iria poder se transformar no Kamen Rider para proteger a humanidade.
Para poder libertar as máquinas e fazer com que elas se rebelem contra os humanos, o grupo terrorista desenvolveu um cinto que consegue reprogramar seus princípios, se virando contra seus usuários. Isto cria um alto nível de insegurança dos humanos com Humagears, onde eles nunca sabem quando os Humagears podem entrar em um estado frenesi e machucá-los.
De forma meio resumida e sem spoilers, essa é a história de Zero-One. Ao meu ver, o começo da obra é extremamente fraco. Eu acabei demorando muito mais do que deveriapara assistir todos os episódios, mas mesmo com muita preguiça e pouco esforço eu consegui não só terminar, mas até me divertir e gostar bastante da obra.
Quando eu assisti os dois primeiros episódios no YouTube, eu tinha odiado eles. Sem exagero, eu tinha achado que o protagonista era sem graça e os antagonistas não tinham caráter nenhum. Porém, conforme eu fui assistindo, eu fui me surpreendendo com a evolução de todos os personagens. Todos os 8 Kamen Rider diferentes que aparecem na série principal tem uma evolução de personagem maravilhosa.
Aruto continua sendo sem graça por toda a duração da série, mas com propósito. Ele não é um comediante, mas sim um presidente de uma companhia e um herói. Essa evolução é perceptível onde o Aruto passa de um jovem inexperiente para um profissional e herói. Ele toma decisões fortes, como quando cria um novo sonho para unir humanos e Humagears e até quando apostou sua própria empresa com o bem comum da população em mente.
Algo que não mudou minha opinião é a armadura. Desde o primeiro dia em que eu fui pesquisar sobre quais tokusatsu assistir, a armadura do Zero-One me prendeu o olhar. Seu tom verde marca texto, sua temática de gafanhoto e suas numerosas evoluções esboçam uma das minhas armaduras favoritas da franquia até então.
Os antagonistas deixam de ser meros vilões com motivos medianos e cegos pelo seu líder, e passam a expressar motivações ótimas que me deixaram curioso para descobrir mais.
Como exemplo, vamos olhar a malícia. A emoção mesmo. Será que ela é exclusiva aos humanos? Ou será que os Humagears podem desenvolver esse e outros sentimentos também? Se sim, eles podem ser considerados humanos? Como que o grupo terrorista chegou à conclusão que os humanos são malignos, por vontade própria ou por decisão de um líder maior? Por que você faz o que faz, esse é seu sonho, seu desejo? Quais são seus sonhos?
Isso foi o que eu interpretei no final da obra. Eu posso estar completamente errado, mas para mim Zero-One atiçou a parte pensativa do cérebro que só a arte consegue. Eu adoro quando uma obra consegue fazer isso comigo, ainda mais quando eles abordam o tema do que é o ser humano. É por isso que “Kamen Rider Drive” (análise em breve™) tem um dos meus antagonistas favoritos.
A mensagem dessas duas obras são semelhantes e ambas maravilhosas. “Kamen Rider Zero-One” deixou de ser uma das obras mais detestadas por mim e virou uma das mais queridas. Isto me deixa ansioso para o resto da era Reiwa.
Agora indo para os outros aspectos que eu gosto de focar em tokus: Eu adorei os finalizadores! Todos são visualmente lindos, a qualidade dos efeitos visuais dessa temporada deu um salto enorme para a lua, mesmo que o CG poderia ser melhor, mesmo considerando o orçamento limitado de uma série de TV.
Tanto que no filme o CG é ótimo e os efeitos visuais são melhores ainda em comparação. Talvez nessa nova era os efeitos no geral sejam melhores. Estou ansioso para assistir as outras obras.
As armaduras, tirando as do protagonista que eu já comentei previamente, são ok. As formas base delas são bonitinhas, mas ainda assim variam entre ser muito sem sal ou muito exageradas comparadas com a do protagonista. Agora, as formas evolutivas são muito únicas, ainda mais as formas finais. A do personagem Kamen Rider Vulcan tem tantos detalhes que eu tive até que parar para admirá-la.
A trilha sonora é uma das partes mais impactantes de Zero One. O tema de abertura “REALxEYEZ”, é incrível, tanto como introdução quanto como tema para o protagonista. O tema do grupo Metsubojinrai.net me lembra o tom épico e orquestral do jogo “Nier Automata”, e isto não é nem de perto um ponto negativo.
Algo que me deixou confuso ainda é o tema, não das armaduras em si mas a origem dos poderes. Todos os Riders usam uma espécie de disquete, celular, não sei, é um quadrado tecnológico que contém informações, ao serem abertos e inseridos no cinto eles conseguem se transformar. É bonito, é interessante e me deixou com vontade de ter um, então aprovo.
Aproveitando que eu já mencionei acima, o cinto que o Aruto usa para poder se transformar é maravilhoso. Adoro tanto seu design quanto sua complexidade, parece que sempre que eu olho direito para ele tem algum detalhe novo que eu não tinha percebido antes.
Ao pesquisar um pouco sobre a obra, achei um relato da sua produção, e lendo descobri que o produtor Takahito Omori visitou vários institutos tecnológicos para ficar mais por dentro desse assunto de inteligência artificial. Ele até chegou a consultar profissionais da área para poder entender mais dessa tecnologia.
Além disso, a série foi nomeada como Zero One por ser o primeiro Kamen Rider a se passar em um novo período histórico do Japão. O termo também é uma referência à linguagem binária da programação.
Acho impressionante quando a produção quebra a cabeça para trazer um significado único para a obra e tentar ser criativo. Isto deixa claro que eles estão interessados na obra e são carinhosos.
Infelizmente, nem tudo em Kamen Rider Zero One me agradou. Como dito previamente o fluxo de narrativa é inicialmente lento demais. Eu já citei antes que a história vai melhorando, mas as primeiras impressões também importam.
Além disso, as formas base das armaduras são feias. O design dos inimigos é repetitivo, se eu me recordo bem existem mais ou menos 8 designs diferentes. É uma pena, pois acaba ficando um tanto enjoativo ver as lutas com os inimigos que já foram derrotados no passado pelas formas mais fracas dos heróis.
Em paralelo com as armaduras, o design das armas é horrendo. A pistola que alguns heróis usam é bonita, mas de resto as armas são muito feias. Aideia de que maletas executivas podem virar diferentes armas é legal, mas vê-las em prática é outra história (elas são horríveis visualmente!). Aespada do protagonista é feia, o arco que um vilão usa é feio, a lança que outro personagem usa é feia, todos servem muito bem como brinquedos, mas são muito feios.
A transformação do protagonista é bem imprática, considerando que é basicamente um gafanhoto enorme feito de holograma. Eu realmente não entendi como ele é materializado, mas aparentemente é uma materialização física onde o gafanhoto destrói tudo em sua volta. Em um determinado episódio uma transformação é feita em um ambiente interno e o inseto acaba por consequência quebrando o teto da casa, as janelas e o chão. É extremamente exagerada e com certeza a transformação mais estranha que eu já vi até agora.
Algo que também me incomoda em algumas séries do “Kamen Rider” é o uso excessivo de efeitos sonoros. Parece que eu estou assistindo uma mistura do programa do Ratinho com “Johnny Test”. Até as piscadas de alguns dos Humagear vêm acompanhada de um efeito. Pode parecer engraçado, mas na prática é irritante.
Porém, diferente de algumas outras obras, poucos dos erros de Zero One são perceptíveis. Não existem muitos erros de continuidade ou cinematográficos, então é justo dizer que a produção foi bem feita.
Algo que eu notei e que após dar uma pesquisada fez todo o sentido é que a obra poderia ter sido facilmente sido finalizada lá para o episódio 40, mas continua por mais 5 episódios supérfluos. Lá pro épisódio 40 o mal maior é derrotado e todas as questões que estavam em aberto são respondidas, todos os personagens tem seu desenvolvimento finalizado. Alguns deles mudam seus ideais, outros tem sua redenção, mas por algum motivo a história continua, e porque?
Devido aos imprevistos do COVID-19, a produção de Zero-One e várias outras pelo mundo entraram em hiato. Devido a esta pausa os planejados 49 episódios foram reduzidos à 41, pois a Toei estava apressando a produção para a realização de sua próxima obra. Entretanto por conta do desenvolvimento da narrativa mais 4 episódios foram concedidos e é assim que chegamos nesta confusão.
Não estou dizendo que é um final ruim, muito pelo contrário, porém acredito que seria mais organizado se eles tivessem realizado um especial ou um filme para poder concluir o que faltava. Eu tive a sensação que ficou corrido demais. Personagens queridos morrem, perdem o cargo, novos personagens aparecem do nada, o Aruto ganha uma nova forma do nada, e por que? porque sim.
Tirando a natureza convoluta do final, ele ainda é agradável. Lá para o finalzinho do último episódio foram deixadas partes em suspense, suspense esse que seria resolvido na história do filme. Esse tipo de cliffhanger instiga o público a querer consumir mais da obra e, como acontece apenas no final, seu impacto é limitado. É diferente, por exemplo, de outras obras que fazem os filmes e especiais serem canônicos e importantes no meio da série, e vão incrementando plots e personagens no meio dos episódios que só servem como forma de propaganda para o filme ou especial.
Kamen Rider Zero-One REAL x TIME
Agora falarei do filme “Kamen Rider Zero-One REAL x TIME” citado previamente, tentarei fazer uma análise com pouco spoiler então proceda com cuidado.
Como eu mencionei lá no começo do texto, “Kamen Rider Zero-One REAL x TIME” ficou em 16º na pesquisa. Agora não estranhem que esse é meu segundo texto para o site e meu primeiro foi sobre “Kamen Rider Den-O” o primeiro colocado da lista. Sim, eu não sei contar, mas além disso, a Fundação Japão realizou um evento chamado “Mostra de Cinema Japonês” durante os dias de 03 a 12 de dezembro de 2021 no shopping Center 3, lá na paulista.
Dentre os filmes que foram disponibilizados para gente estava esse do Kamen Rider, então resolvi só ir lá e ver logo. Foi por isso que eu parei de assistir “Kamen Rider W” e comecei a assistir Zero-One. Fui na sessão dia 11 de dezembro e foi bem divertido. Entrando na sala todos que foram assistir ao filme ganharam um agrado da Fundação Japão, temperos e shoyu de marcas direto do Japão e um livro de receitas. Foi ótimo.
Não só isso, eu também encontrei o pessoal do site do site Tokusatsu.com.br eles são muito animados e gente fina. Agradeço aqui o Daniel Verna com quem eu conversei e troquei mais informações, e também o Gustavo Iracema, foi ele que traduziu o filme para o português. Muito obrigado.
“Kamen Rider Zero-One REAL x TIME” foi estreado nos cinemas japoneses no dia 18 de dezembro de 2020, dirigido por Teruaki Sugihara e escrito por Yuya Takahashi.
A história do filme se passa diretamente depois dos eventos de “Zero-One”. Como personagens principais temos todos os Riders apresentados na série e os personagens coadjuvantes da empresa do Hiden Aruto. Todos os personagens estão em suas formas mais fortes e arcos finalizados, e isso explica os visuais diferentes deles no filme.
O vilão da vez se chama S ou Es, que junto com seus seguidores devotos, desejam erradicar toda humanidade e criar um paraíso, lançando um ataque programado onde os humanos têm apenas um período de 60 minutos para poderem aproveitar a vida antes de serem exterminados. Isso é tudo que da pra falar em um sumário sem spoilers.
O filme já começa com a intensidade em 1000% com uma luta insana e bela entre Hiden Aruto e Es. Os efeitos visuais da séries já eram bons, mas aqui eles são impressionantes. As lutas no escuro com as armaduras brilhando, a cenografia, temática do vilão inspirada em éden e sangue, tudo é lindo.
Em REAL X TIME temos tudo o que há direito, transformações em sangue, sons de ossos quebrando, transformações com o nome de lúcifer e (SPOILERS)um Humagear preso numa cruz, decepado ao meio com um cérebro humano no crânio… Ok…
A passagem de tempo no filme é em tempo real, ou seja, todos os 60 minutos de filme são equivalentes aos 60 que você passa assistindo. É apenas 1 hora, 60 minutos, 3600 segundos, é realmente “REAL x TIME”. Mesmo considerando apenas o conceito, o filme já é interessante.
Mesmo assim, ele ainda tem alguns tropeços. Algo que me incomodou no filme foi seu plot twist envolvendo um novo vilão, mas em um filme curto como esse, não tem espaço e nem tempo para uma virada tão elaborada como essa a que nos foi entregue.
O novo vilão precisaria de mais alguns minutos para ser mais elaborado, bem construído e menos corrido. Poucas obras que eu assisti já fizeram isso e nenhuma ficou boa, sempre sai apressado, parece que foi inacabado,
Fora isso o filme é ótimo, é uma brisa enorme mas já que ela se mantém diferente e criativa, tudo bem. Talvez mais alguns meses no forno o fariam bem na área de polimento, mas mesmo assim ele funciona bem do jeito que saiu.
Bom, essa foi minha análise de “Kamen Rider Zero-One” e seu filme “Kamen Rider Zero-One REAL x TIME” e meu segundo e último texto do ano de 2021. Muito obrigado àqueles que leram minhas análises. No que vem tentarei aumentar minha frequência de textos.
Muito obrigado novamente à Fundação Japão por trazer esse filme para gente, muito obrigado aos membros do Tokusatsu.com.br por alegrarem mais a sessão e um obrigado especial ao Gustavo Iracema por traduzir o filme.
Até ano que vem!