O potencial da Traveller’s Tales e Crash The Wrath of Cortex

Crash the Wrath of Cortex

Esse é um dos textos que eu mais enrolei pra fazer. Sério, me desculpa. Joguei esse pouco antes de sequer ter postado os textos de Crash originais no meu blog, em JULHO. E agora, retornei à ele e terminei em live, mas mesmo isso já faz umas boas semanas. Ao menos dessa vez foi porque eu tava sem PC, e esse é o motivo de eu ficar tanto tempo sem postar. Mas ele tá de volta, e eu tô animada pra voltar a escrever e fazer os seis textos que estão pendentes.

Confira nossos outros textos sobre Crash aqui!

Crash The Wrath of Cortex é a primeira tentativa da Traveller’s Tales de fazer um Crash principal e carro-chefe, de certa forma. Essa mesma TT foi responsável pelo eventual Twinsanity, e já esteve presente no meu repertório de texto pelo seu notório e exemplar trabalho em Sonic 3D Blast. Também são os caras que trouxeram Sonic R ao mundo, então eu sempre espero deles trabalhos criativos e divertidos, mas nunca 100% polidos. E, sendo sincera, esse é um dos jogos mais sólidos e consistentes deles.

Crash The Wrath of Cortex

Esse novo Crash é o que seria teoricamente “Crash 4”, e age como tal. Na verdade, ele é tão parecido com a trilogia original que com um pouco de esforço poderia ter sido lançado para o PS1 e combinaria muito. No entanto, possui uma estética bastante diferente de qualquer outro Crash Bandicoot, mesmo do Twinsanity que foi feito depois pelo mesmo estúdio. É uma vibe um pouco mais estranha para Crash, com seus gráficos meio esquisitos e cenários detalhados até demais em um artstyle que não remete a Crash Bandicoot. Mas não associo isso com algo ruim, na verdade, dá um charme muito especial para esse.

Crash The Wrath of Cortex

Infelizmente, embora criativo, WoC perde um pouco da ambição natural da Traveller’s Tales. Talvez por estarem dando seu take em uma franquia muito importante da Universal e serem os sucessores da Naughty Dog eles tenham se segurado um pouco. O estilo das fases segue um padrão muito parecido com Crash 3, embora não tão polido. Ao menos são fases grandes como em Crash 2, mas metade delas são veículos e outras gimmicks como no terceiro da franquia. Algumas gimmicks são divertidas, e outras são as fases de água que por algum motivo são ruins mesmo sendo inspiradas nos incríveis níveis aquáticos de Warped.

Crash The Wrath of Cortex

Ao menos, as gimmicks costumam ser bem mais nonsense e bizarras que nos outros Crash, o que por um lado pode ser muito estranho e por outro muito interessante. Crash usa robôs, controla aquelas esferas que você fica dentro e sai rolando, sobe em um jipe pra fugir de animais silvestres (clássico Crash!), entre outras maluquices. No 2 o jetpack era uma ideia divertida, no 3 andar de avião ou de moto é algo legal e esperado, mas as ideias de Crash The Wrath of Cortex não são nada convencionais. Isso é facilmente visto nas boss fights bizarras do jogo com as mais diferentes ideias e execução por vezes questionável, mas ainda boa. Crash nunca teve uma regra ou padrão para suas lutas com chefes, mas também não imaginava a maneira que seriam feitas aqui.

A música é algo que eu fico meio a meio, porque embora goste, não acho nenhuma trilha memorável. A estética geral dela, assim como em tudo do jogo, não se parece com a franquia nem de antes e nem de depois (e principalmente não tem nada a ver com Twinsanity, também da TT). De algum jeito, parece que WoC tentou parecer muito moderno e futurista de certa forma, abandonando um pouco os padrões da franquia para tentar impressionar. Deu um pouco errado porque o jogo ficou ultrapassado muito rápido mesmo no próprio console, e até pela mesma desenvolvedora quando lançou sua masterpiece, o já muito mencionado Twinsanity.

Em questão de gameplay eu diria que é uma aventura bastante competente e fiel ao design de Crash como um todo. É de longe o mais difícil, mas não deixa de ser bastante justo. O problema é que a movimentação do Crash, embora não seja ruim, possui alguns bons downgrades em velocidade e fluidez. Além de tirar algumas habilidades como o dash spin (dar slide e girar), e alguns upgrades legais. Como ideias novas o Crash pode andar sorrateiramente, o que não ativa caixas de Nitro. É interessante, mas situacional demais.

Crash The Wrath of Cortex

Mas a ambição não é tão baixa quanto fiz parecer. Ao menos no universo da franquia, WoC mudou tudo por alguns bons anos. Agora Crash tem um rival Bandicoot chamado Crunch, existem muitos outros tipos de máscaras baseadas em elementos, e nos deram a primeira Coco jogável em um ambiente normal de fases de plataforma. A Traveller Tales ou teve bastante liberdade criativa, ou começou a desenvolver suas ideias baseadas nessas temáticas já apresentadas, porque isso é bastante coisa para uma produção parcialmente terceirizada.

Traveller’s Tales em reunião para decidir como mudar a franquia para sempre
(Spoiler: eles conseguem, no jogo seguinte)

Em geral, essa pode não ser a melhor aventura do Crash mas vale bastante a pena. Mesmo que não traga o sentimento da franquia, é uma experiência única com gameplay sólida, mesmo com seu pequeno número de fases chatas. Mas o trabalho principal da TT em Crash Bandicoot ainda está por vir.

Crash The Wrath of Cortex