Eu tenho uma história com Sonic Generations. Como toda criança autista, eu era obcecada com Sonic. Assistia os desenhos, lia Archie, jogava os títulos mais obscuros do ouriço… apesar da minha memória sobre a época ser vaga, eu realmente era uma grande fã da franquia. Descobri Generations pouco tempo depois do seu lançamento, e não preciso nem dizer que fiquei espantada, positivamente falando.
Apesar do choque de descobrir o jogo, nunca realmente pesquisei sobre ele. De algum lugar do profundo abismo da minha mente infantil tirei a informação de que era um jogo de Wii, e passei os próximos anos implorando por um Wii. Claro, eu não recebi um, e até hoje nunca toquei em um Wiimote. Ainda assim, meu sonho nunca morreu.
Um dia, meu irmão tomou a decisão estranha de comprar um Xbox 360. Apesar de eu pensar que um PS3 fosse uma escolha melhor, já que eu cresci vendo os meus colegas de classe com um sem ter a chance de sequer imaginar como era, um 360 veio bem a calhar em uma época da minha vida sem qualquer tipo de console e um computador ruim demais para jogar qualquer coisa. Ainda assim, eu não tinha pensado ainda em pesquisar para quais consoles Sonic Generations havia saído… mas, como qualquer criança racional, eu queria um jogo do Sonic para meu novo console, e pedi para meu irmão um na próxima vez que ele saísse pra comprar alguma coisa. E, de fato, junto com Star Ocean, Castlevania Lords of Shadow e Shadows of Mordor, estava Sonic… The Hedgehog, 2006.
Eu abri o jogo animada pra ver que não era o jogo que eu pensava ser. Ainda assim, não era ruim. Não consegui zerar pelos bugs… mas não era ruim. Foi uma experiência gratificante ter um jogo do Sonic no console novo, um que eu nunca tinha jogado (mas que já tinha assistido todas as cutscenes no YouTube).
Eu lembrava de jogar Sonic Unleashed no meu PS2 ainda assim, e sabia que ele também tinha lançado para PS3. E, se tinha no PS3, devia ter no 360! Bem, tinha, mas eu não encontrei. Toda vez que íamos no camelô — quer dizer, em uma loja de eletrônicos, os vendedores diziam que não tinham o jogo. O mais perto que cheguei foi uma coletânea de Dreamcast com Sonic Adventure, o que… bem, eu devia ter pego, honestamente. Sonic Adventure é meu Sonic favorito atualmente! Muito triste pensar que o rejeitei na época…
Enfim, algum tempo depois, meu irmão adquiriu a habilidade de conseguir jogos para o Xbox sem precisar sair de casa, com um HD. Não explanarei os métodos, mas agora tínhamos quase todo jogo que queríamos. Ainda assim, nada de Sonic! Mas não importava. Eu jogava Soul Calibur, Shadow of Mordor, Guilty Gear Xrd… pois em uma manhã eu acordei e vi o quarto do meu irmão vazio. Como de costume, ele foi trabalhar. Liguei o Xbox para jogar alguma coisa qualquer e… o quê!? Dois Sonics? Pois como se para me atacar quando eu menos esperava, Sonic Generations, brilhando na minha frente. Foi uma experiência bizarra, parecia até um sonho. Na verdade, eu já havia sonhado com a situação antes, acordar e ver um Wii no quarto do meu irmão com Sonic Generations. Mas no meu Xbox 360? Não podia ser real.
Pois era real. Abri o jogo e terminei as primeiras duas fases, os dois atos de Green Hill Zone, ainda sem acreditar. Com o coração batendo forte, esperando acordar logo, e nada. Era de verdade. Nos próximos dias eu terminei Sonic Generations e o batizei como meu jogo favorito, de todos os tempos. Isso durou por bons anos, muito tempo amando Generations com toda minha alma. Alguns anos depois, meu irmão vendeu o 360 por um computador melhor pra ele, o que eu acho que foi uma boa escolha, e algumas vezes eu tentei fazer o jogo rodar no meu computador… sempre falhando. No computador do meu irmão eu tive chance de jogar de novo algumas vezes, de ano em ano, só pra matar a saudade. Mas não era necessário, eu já tinha realizado aquele sonho. Agora, fazia parte de mim.
Como uma adulta, eu ainda gosto bastante de Sonic, e esse amor continua se estendendo para Generations. Na minha carreira de jornalista, a melhor forma de expressar carinho por alguma peça artística seria escrever sobre ela, e eu apenas buscava a chance perfeita para fazer isso com Gens. Pois a chance surgiu do além, quando a SEGA anunciou não um port, mas um remaster com muito conteúdo novo. Tive que fazer alguns tratos com o diabo pra conseguir esse jogo, e também precisei negociar com meu parceiro Alexandre Avatics pela oportunidade. Todo mundo queria jogar, mas eu tinha uma necessidade. Uma sede, como se aquele sonho de criança nunca tivesse sido realizado, pois Sonic Generations voltou… com Shadow. Eu precisava, ansiava por esse jogo. E aqui estamos.
Way Past Cool
Memórias daquelas colinas verdejantes
Você já jogou Generations? Ou algum jogo de Boost nessa franquia? O boost é uma explosão de velocidade que lança Sonic para frente por quanto tempo a barrinha de energia puder aguentar. Foi introduzido em Sonic Rush, baseado na mecânica de Boost Mode dos Sonic Advance. O Boost pede por uma completa repaginada de level design e também exige muito dos consoles e dos desenvolvedores. Agora, níveis precisam ser gigantescos para suportar esse novo Sonic, já que agora ele pode explorar cidades inteiras em segundos! Mas, ainda mais preocupante que isso, é fazê-lo explorar fases antigas, que não foram projetadas para um Sonic tão veloz.
Essa é a ideia de Generations: pegar nove fases antigas e transformá-las. Assim, criando estágios completamente novos, ainda que utilizando partes do cenário antigo — seja em level design ou no visual. O time do jogo se esforçou muito nesses redesigns, e você pode ver isso não só na qualidade do jogo mas nas suas concept arts, que são muitas. Olha só esses esboços de rail grinding na Green Hill Zone:
A consequência disso tudo é que as fases do Sonic clássico não são tão interessantes ou empolgantes quanto as do moderno, que além de mais rápido, explora níveis mais bonitos e detalhados. Porém, seria injusto dizer que o jovem ouriço não é divertido, pelo contrário. Generations não tem física 2D tão perfeita quanto os jogos do Mega Drive, mas ainda construiu ótimos níveis para um Sonic que não possui Boost ou Homing Attack (teoricamente). Eu adoro o novo Spindash, que é bastante parecido com Sonic Adventure (feito com um botão e rápido demais). O Sonic clássico também possui um pouco de 3D, mas apenas na estética. A gameplay é sempre 2D, mas as fases usam da noção de 3D para brincar com os cenários. Assim, diria que ele usa um pouco dos dois mundos!
Enquanto o Sonic clássico só possui seus saltos e spindash (sem peel out), o Moderno tem mais habilidades. Homing Attack, boost aéreo, stomp, drift, wall jump… até Light Speed Dash de vez em quando! Algumas dessas ações são bem situacionais, mas estão lá. Eu gosto do design moderno que, apesar de ter certo grau de automação, ainda pede que você aperte vários botões e, apertando mais ainda, você adquire ranks mais altos ou coletáveis. Generations é um jogo bem fácil, mas muito divertido e recompensador! Coletar as coisinhas dele, tanto as antigas quanto novas (Chaos!!!), é muito gratificante e intuitivo. Admito que não sou muito fã de coletáveis em jogos do Sonic, mas a possibilidade de ganhar novas músicas e ainda escutá-las enquanto busco por mais mudou tudo! Eu também gosto de concept arts, pessoalmente, e Generations tem um vasto acervo delas, para diversos jogos do Sonic.
Uma coisa que eu sempre gostei em Generations desde pequena e que aprecio muito mais agora é o tanto de conteúdo que ele tem, considerando que o conteúdo é divertido! Certo que as missões secundárias são fáceis de implementar, meramente reutilizando todos os assets, mas ainda são fases divertidas e por vezes bem interessantes. Também gosto, em especial, do Doppelganger. Ele te dá um motivo para rejogar as fases, que já são divertidas e ficam mais legais sempre que você volta.
Apesar de nove zonas parecerem pouco, muitas fases são bem longas e isso faz bastante sentido para um jogo de boost. Afinal, estes são os jogos mais difíceis de fazer na franquia! Além disso, cada ato possui cinco Red Rings para coletar, além dos rankings (que são super fáceis de conseguir… eu não acho isso legal) e dos Chaos, com três sendo adicionados em cada um dos 18 níveis. Os Chaos são meio chatinhos por serem apenas mais um colecionável, mas todos têm designs diferentes o que é fofo. Também existem dez missões para cada fase, o que totalizam 90 se eu contei direito. Também tem quatro chefes e três batalhas de rival, cada uma dessas com um Hard Mode selecionável. Você também pode jogar Pinball!
Sonic Generations é visualmente impecável, utilizando o motor gráfico de Unleashed que sempre foi impressionante. Apesar de ser um jogo bem velho a esse ponto, seu estilo não envelheceu. A trilha sonora também é muito boa, e foi justamente esse jogo que me apaixonou por música. Não só de Sonic, mas música em geral! Dito isso, eu não gosto dos remixes do Sonic clássico. Tudo nele parece menos interessante comparado ao moderno, com suas composições grandiosas e energéticas. Só que, ainda que a trilha tocando no jogo seja legal, as músicas desbloqueáveis deixam a desejar. Quer dizer, diversas músicas daqui são favoritas dos fãs, mas só 50 músicas é, no mínimo, de foder. Ainda retiraram a única track de Sonic Rush aqui no remaster, isso me tirou do sério um pouco. Podiam ao menos ter colocado mais Sonic Rush Adventure no lugar, porque só A New Venture é uma piada! Plant Kingdom e Haunted Ship estão aí esperando para serem chamadas.
Gostaria de falar de Level Design agora, mas antes disso, preciso comentar sobre o redesign do Sonic clássico. Eu acho que já é opinião popular a esse ponto, mas sacanagem o que fizeram com ele. A ideia de trazer um Sonic do passado e chamar ele de “outro Sonic” não exatamente fazia sentido antes de Generations lançar. De fato, Sonic sofreu alguns redesigns com o tempo, mas nunca havia sido explicada uma timeline tão vasta entre cada jogo. Era costumeiro pensar que o Sonic do Genesis é o mesmo que vemos hoje, e tudo que evoluiu foi a franquia. A questão é que, quando Classic Sonic apareceu nas telas, ele veio… diferente.
O design dele remete às capas japonesas do personagem, fazendo dele mais redondo, mas… eu acho que ele tá redondo demais. O personagem todo ficou um pouco mais “bobo”, e perdeu o estilo que ele tinha na época. A vibe de que “Sonic não fala” não faz muito sentido, ele não falava porque era um jogo de plataforma… em que nenhum personagem falava. Jogos sem cutscenes, e sem a capacidade de ter uma dublagem. Tanto é que esse mesmo Sonic estreou em um OVA que, apesar de não canônico, era bastante similar ao estilo dos jogos. Nele, Sonic fala. Em Sonic CD, ele também diz algumas coisas. Em especial, “YES!” e “I’m outta here!”, que são suas falas mais memoráveis. Assim que Sonic passou a falar em jogos como Adventure, ninguém estranhou. Não houve um momento em que ele simplesmente decidiu que ia falar.
A caracterização do Classic Sonic faz ele parecer mais fofinho, e menos “legal”. Os espinhos dele parecem macios, o sorriso dele é como de uma criança inocente, o aspecto gordinho faz do personagem adorável. O Sonic da época sempre possuiu traços fofos, mas esses eram associados ao seu tamanho, e o resto do design era estiloso, forte e por vezes dava à ele um aspecto arrogante e convencido, que Sonic realmente tem. O tipo de herói que atraía qualquer criança. Esse não é o Sonic que veio para Generations, e se fosse, tenho certeza que muito mais gente gostaria de jogar com ele. Não vou esconder que meu design favorito pra ele é o da Toei, que desenhou a abertura de Sonic CD, e o novo Sonic do Mania e Superstars é bastante inspirado nesse. Por isso, acho que ele era um ótimo blueprint para um Sonic clássico, que se assemelharia mais ao atual de uma forma que faça as diferenças entre os dois parecerem naturais. A parte “infantil” dele se dá pelo seu ego, apresentado no seu design, ao invés do seu ar de bebê. E o Sonic moderno seria uma versão mais madura dele, sem perder sua atitude. Em outras palavras: :D e >:).
Believe In Yourself
I’m seeing double here, four Sonics!?
Vamos começar com Classic Sonic. O pequeno Sonic possui fases inteiramente sidescroller, e tenta muito remeter aos jogos antigos. No entanto, por conta da nova física e dos seus controles, acaba mais parecendo um Sonic Adventure 2D. Bugs de geometria, Spindash no meio de subidas pra escalar qualquer parede, velocidade absurda de um simples botão… é o bom e velho Adventure pelo qual me apaixonei! Ele até consegue um Homing Attack futuramente! E, bem, justamente por conta de falhar em parecer um Sonic de Mega Drive, eu gosto bastante dele.
Rápido, responsivo, e carregado dos bursts de momentum mais ridículos que um Sonic 2D já teve, eu adoro jogar com ele. Não tanto quanto sua versão futura, mas adoro. Com ele você também percebe que Sonic Generations tinha muitos problemas de física, que a essa altura são tão comuns em Sonic que eu só consigo achar engraçado. Sonic realmente vive nesse limbo de tentar e falhar constante, mas sempre errando um pouco menos no processo. Esse Sonic é muito melhor do que Sonic 4, mas não chega na física de Sonic 3. Apesar disso, funciona muito bem e o momentum ainda parece natural, ainda que nada realista.
Eu acho que a parte dele podia ser um pouco mais criativa… é divertido vê-lo explorar fases tridimensionais em apenas duas dimensões e entender como o jogo faz delas possíveis. Eu sonho bastante com um fangame de Sonic Adventure em 2D! Mas essa é a única coisa interessante sobre as fases. Elas não adicionam nada de novo para o personagem, e apenas temos acesso à algumas das habilidades dele em missões. Coisas como o ataque aéreo de Sonic 3, ou os escudos do mesmo jogo, são desbloqueáveis na loja. Para o retorno do pequeno ouriço podiam ter pensado em coisas novas, como escudos diferentes, habilidades que complementam o design antigo, algo que faça ele parecer mais do que só Sonic 2 de volta. E se ele desbloqueasse as habilidades dos escudos permanentemente na história, com fases focadas neles? Mas claro, apenas a movimentação, sem a habilidade especial de magnetismo, ou respirar embaixo d’água. Também acho esquisito que ele só luta contra um boss próprio e um rival. Quer dizer, o Sonic moderno encontrou mais personagens pela sua história, mas não é como se o Clássico não tivesse mais rivais. Knuckles, por exemplo, podia lutar com ele! Ou ao menos uma boss fight mais interessante com Metal Sonic… mas, Metal Sonic será mencionado de novo futuramente. Alguém deu a ele o respeito que merece…
Mas e o Sonic moderno? Para o bom funcionamento desse texto eu gostaria de ter boas críticas para ele mas… não tenho. Desde criança esse sempre foi meu Sonic favorito. Não só pelo jogo, como já expliquei, mas o Sonic mesmo. Hoje em dia, isso de fato mudou, mas não por perceber que Generations não era tão bom assim. O estilo Boost nesse jogo, além de divertido, é pra lá de intuitivo. Todos os seus movimentos parecem naturais e se complementam muito bem com os níveis que precisam explorar.
É fato que o Sonic clássico possui diversas rotas, mas isso é mais fácil de fazer em 2D. O sidescroller dá essa possibilidade de criar estágios que não possuem muita lógica ou realismo, e apesar de Sonic não ser muito realista em geral, o design estrutural de uma fase ainda precisa fazer certo sentido. Por isso, é muito impressionante que o Sonic moderno também possui diversas rotas diferentes! Algumas são por velocidade, outras por estilo, e mais outras para pegar um coletável. Seguir por diferentes caminhos pode ser tanto questão de escolha quanto habilidade e reflexos, tomando as ações certas na hora certa. Algo legal é que essas ações podem ser tanto tomadas em rejogadas futuras (por já conhecer a área) ou por reação, o que é bem mais legal. Claro que todo mundo tem um tempo de reação diferente, mas eu considero o meu bastante lento (o que deixa muitos jogos que eu amo mais difíceis pra mim do que deveriam ser) e ainda consigo tomar decisões rápidas em Sonic Generations.
Cada pedaço de level design entra lentamente na sua memória muscular, de forma que você passe a se imergir em cada fase e entender seu funcionamento. O Homing Attack de Generations é de longe meu favorito (possivelmente o mais poderoso da franquia) pela sua velocidade e pela mirinha, que não só é uma evidência visual de que o golpe vai conectar, como faz um som característico que ativa meu cérebro. O Boost dá bastante liberdade nesse jogo, e especialmente gosto do uso aéreo do mesmo que funciona como uma evolução do Homing, com mais risco e menos controle pelo preço de velocidade e distância. O Stomp complementa os dois, pois pode parar Sonic a qualquer momento e jogá-lo ao chão, como uma espécie de “freio”. Apesar de ser situacional, é muito divertido usar drift nesse jogo, tanto pela animação e gamefeel quanto pela sua utilidade em gerar barrinha de Boost grátis.
Mas, se existe algo que não me apetece muito nesse Sonic, é o 2D. Bizarramente, todo Sonic de Boost tem seções 2D. Os Rush (completamente sidescroller), Unleashed, Colors, Forces, Frontiers e… claro, Generations. Não consigo entender qual a pira por trás disso. Tá certo que o 2D permite verticalidade, mas não consigo ver essa decisão como algo mais do que só “é fácil de fazer”. As partes mais insanas e divertidas de qualquer fase do Sonic moderno são as lindas seções em terceira pessoa, e acho que todo mundo concorda com isso. As seções 2D são mais lentas, simples e pouco inspiradas, e parecem ainda mais redundantes em um jogo como Generations que possui metade da sua campanha baseada em um personagem INTEIRAMENTE sidescroller. Fora do sidescroller, o jogo parece mais grandioso, uma aventura empolgante e eletrizante. Até mesmo o platforming, quando se torna minimamente preciso, é mais divertido em 3D. Esse é o motivo para o Drift ser tão situacional, por exemplo, já que ele só pode ser usado em terceira pessoa.
Não sei bem qual a razão por trás desse conceito, pois todos os Sonic 3D antes de Rush e Unleashed eram, de fato, em terceira pessoa. Não há seções sidescroller em Adventure 1 ou 2, Heroes, Shadow The Hedgehog ou ’06. O que há de inerente à fórmula Boost que pede por esses momentos? Tudo que consigo pensar é na facilidade de desenvolver essas partes quando comparadas ao frenesi do third person, ou mesmo como uma quebra para esse mesmo frenesi. Um momento um pouco mais calmo para acentuar as seções rápidas e frenéticas. Seja como for, não vejo como uma necessidade. Quer dizer, se for para quebrar a empolgação, isso também pode ser feito em terceira pessoa — e é. Em Planet Wisp existem algumas partes de platforming mais lentas em 3D, como uma ponte entre duas seções velozes. Funciona muito bem e é, de fato, divertido. Não é necessário perder o diferencial interessante do jogo para isso! Eu já joguei um ato de Classic Sonic, no ato 2 eu quero é diversão pura!
Apesar dessa crítica, eu considero as fases de Generations extremamente bem feitas, até mesmo as pequenas missões. As seções 2D, por exemplo, não são ruins, apenas não tão boas quanto 3D. Dito isso, atualmente eu percebo que a seleção das fases deixa a desejar. Não os níveis em si, gosto bastante deles, mas parece que falta muita coisa, sabe?
Falta Sonic CD, Advance, Rush, os exclusivos de Wii, faltam Rival Battles, faltam bosses… não tem uma fase de cassino no jogo, ou uma assombrada, ou até uma de gelo, mas tem quatro fases de cidade! Cidade de noite, cidade de dia, cidade destruída, cidade na Europa… são todas fases legais e importantes para a franquia, favoritas de fãs e tudo mais. Mas falta uma certa variedade, e com o lançamento de Sonic X Shadow Generations, essa era a hora de consertar. De fato, muita coisa foi adicionada na campanha nova, mas o Generations original manteve-se quasse intocado. Vocês lembram que Blaze já foi rival do Sonic? Ou Knuckles? Cadê uma luta contra Dark Gaia? Ou Iblis? Até mesmo personagens da franquia que poderiam estar na história ou, mesmo, no aniversário do Sonic, simplesmente sumiram. Se ao menos alguém pudesse consertar tudo isso..
Se há luz…
Como uma criança de novo
Shadow Generations foi um choque. Um choque tão grande quanto a descoberta de Sonic Generations na primeira vez que eu vi. Shadow The Hedgehog é um personagem que dispensa apresentações, você sabe quem é. Por diversos pontos na história, sua fama rivalizava a de Sonic. Ele é amado por milhões e milhões de pessoas como um ícone lendário, atuando como um vestígio de uma era bastante incomum esteticamente falando, que era o início dos anos 2000. Eu, também, era muito fã do Shadow.
Na verdade, ele foi o segundo personagem que conheci da franquia. Eu conhecia o Sonic, e logo depois, Shadow. Lembro até que, antes mesmo de me tornar fã de Sonic e jogar qualquer jogo da franquia, eu brincava na rua sempre que saía com minha mãe, e nessas brincadeiras eu era o Shadow. É, eu não sabia que a Amy existia ainda, então era o que tinha pra mim. Foi meu personagem favorito por muito tempo, só por ele ser tão irado. É diferente da vibe edgy que é atribuída a ele — Shadow é radical, e na época isso era tudo que representava. Era estilo no seu ponto mais alto: red stripes, jet boots, e um estilo de cabelo diferente pra acompanhar. A “forma de vida suprema”, que para o tempo e corre como se estivesse patinando, quando na verdade desliza no ar. E, é claro, o nome: Shadow. Ele é tipo o Batman pra crianças dos anos 2000, se o Batman tivesse sequer deixado de ser popular.
É claro que, seguindo a estética radical da época, no jogo do personagem deram armas pra ele. Irado! Tá certo que o pessoal romantiza muito as armas, mas ele usa de tudo nesse jogo, tá: pistolas alienígenas, espadas, placas de trânsito. Apesar de no fim da minha adolescência eu ter desprezado esse jogo, eu amava ele quando era pequena por esse estilo absurdo. Eu desenhava o Shadow nos meus cadernos, usava foto de perfil dele no Google+, até fazia (Deus do céu…) roleplay de Sonic, sendo o Shadow, quando eu era uma pré-adolescente. Isso foi antes da minha fase Undertale, que foi muito pior. Muito pior…
E acho que com isso dá pra ver que Shadow não era só um personagem pra mim. Antes de me descobrir transfem e perceber que na verdade eu tenho tudo a ver com a Amy Rose, ele era uma parada muito grande na minha vida. E, assim como Sonic como franquia era minha obsessão, o Shadow, sozinho, era tão forte na minha cabeça quanto. Se Sonic Generations teve todo esse impacto na minha infância e pré-adolescência como eu descrevi, Sonic X Shadow Generations é a continuação desse sentimento. Não é um simples port de Generations — ele evoca todo aquele sentimento de novo, como se fosse a primeira vez, por conta desse ouriço preto e vermelho.
Shadow Generations atua como uma campanha paralela do jogo base, uma sequência de Sonic Adventure 2, de Shadow The Hedgehog, de Sonic 2006, de Sonic Frontiers e, quem sabe, também seja de Sonic Battle e Advance futuramente. Um jogo que faz muitas coisas, todas fundadas em outros títulos, assim como Generations era — e ainda assim, parece a primeira vez que tudo isso foi feito. A história segue diretamente os eventos de ’06, mas toda a sua temática gira em torno de Shadow The Hedgehog (o jogo), com enredo pensado para representar Shadow The Hedgehog (a ideia). Durante a história, você vai até enfrentar inimigos que são como versões alternativas de Shadow The Hedgehog (o personagem), como o Biolizard, Mephiles e o próprio Metal Overlord. Espero que o parágrafo não tenha ficado muito confuso, é uma piada que eu precisava fazer.
A gameplay, no entanto, é bastante similar a Frontiers, dentro e fora das fases. O Hub, por exemplo, é no estilo “Open Zone”, sendo como uma ilha de Frontiers. Eu diria que os níveis são uma evolução da fórmula daquele jogo, sendo mais bem pensados e divertidos, mas ainda é Frontiers. Diria que as fases, em sua maioria, também parecem menos como uma aventura grandiosa em comparação com Generations. Não só pela vibe do enredo, que é outra mesmo, mas pelo seu level design que é bem mais “videogame” em essência. As coisas estão lá pelo seu contexto em um jogo de plataforma, ao invés do estilo de set-pieces e espetáculo que existia no Generations original. Não que Shadow não tenha espetáculo, e eu diria que Kingdom Valley é bem próximo do estilo Generations e, por extensão, Unleashed, mas os outros níveis acabam sendo alguns bons tons mais fracos nesse aspecto. Eu prefiro o estilo do Sonic, mas me divirto muito com Shadow também.
Mas, pra dar uma ênfase: eu prefiro o estilo de aventura do Sonic, algo completamente baseado em um sentimento gerado pelo jogo. Mas em level design? Shadow é o GOAT. Fases ativas, lotadas de criatividade e caminhos alternativos. As mecânicas do Shadow também são mais interessantes, até porque são quase todas as do Sonic com algumas novas.
Sempre que um Homing Attack não é possível, Shadow possui um double jump. Esse é o padrão usado em todos os Sonics recentes! Apesar de que eu uso os controles Legacy, talvez você possa usar o Double Jump com ou sem uma mira nos controles novos… enfim, duplo pulo. O Stomp voltou, assim como o Boost que, apesar de ser mais lento (por ser o do Frontiers), dá certa verticalidade no ar (similar ao Forces). Então, Shadow possui algumas habilidades únicas dele. A primeira é que seu Homing Attack funciona como um teleporte, e o permite até mesmo passar por certas barreiras se houver um alvo do outro lado. Então, ele tem Chaos Spear, que é um tiro paralizante. É comumente usado para acertar botões ou permitir que inimigos invencíveis sejam acertados (normalmente com escudos ou barreiras elétricas). Similar aos tiros do Gamma e os mechas de Adventure 2, ele pode mirar em múltiplos alvos ao mesmo tempo.
Outra coisa que ele pode fazer é usar certos inimigos mais fortes como um meio de avançar, normalmente lançado-os para bem longe (e bem alto) e então se teleportando até lá. Sonic pode chegar a qualquer lugar se puder mirar em um inimigo, pois Shadow pode lançar inimigos onde ele quer ir. Bem inteligente! O ouriço também pode surfar na água e se transformar em uma espécie de polvo para atravessar certos terrenos como os Inklings de Splatoon. A última habilidade que você recebe são asas. Todas essas vêm diretamente da influência de Black Doom, pois Shadow tem seu sangue.
Por último, mas não menos importante, Shadow pode parar o tempo. É uma habilidade mais usada para rotas secundárias, já que necessita ser carregada, mas o level design complementa bastante esse poder. É muito comum enxergar coisas se movendo rápido demais, ou projéteis passando em ângulos perfeitos para serem transformados em plataformas. Chaos Control ajuda muito, e é bem divertido de usar. Se você jogou Shadow The Hedgehog, talvez lembre que, naquele jogo, Shadow podia pular seções da fase usando Chaos Control. Aqui, existem certas rails escondidas que só surgem com o tempo parado, e elas rapidamente te levam para beeeem à frente no cenário. A diferença é que também podem deixar você em caminhos novos, únicos para esses rails invisíveis. Ah, o jogo te mostra onde estão com uma luz verde, então você vai saber que existem!
Mas então, as fases são boas. Legal. Mas e o tal do Hub World? Bem, o Hub, chamado de White Space, é uma Open Zone, como expliquei. Isso significa que existem diversos desafios e seções de plataforma espalhadas por aí. Isso é tanto para locomoção quanto para encontrar coletáveis, pois esses caminhos podem ser mais rápidos do que só correr. Os coletáveis, no entanto, são opcionais. Em Frontiers, você os pegava para fortalecer o Sonic ou avançar na história. Aqui, são músicas, documentos, plot de jogos antigos, e concept arts diversas. Não muito diferentes das Red Star Rings de Generations, a questão é que ainda que você pegue coletáveis nas fases, só vai achar chaves. O item está escondido em baús pelo Hub.
Para esse texto, eu peguei todas as Red Star Rings de Generations, consegui a maioria dos Chaos, fiz todos os S Ranks (nos Bosses também, mesmo no Hard Mode, que não é difícil) e é claro que terminei todas as missões. Para o Shadow, fiz o que podia. Peguei muitos coletáveis, mas não cheguei a completá-los. Eu… não sou fã de fazer tudo nesse Hub. Uma coisa ou outra é legal, mas tudo? Já é demais.
Nem é tanta coisa, eu só me confundo muito nessa estrutura. Eu nunca consegui memorizar onde sequer ficam as fases no mapa, quanto mais encontrar pequenos itens e baús escondidos. No fim do jogo eu caí uma vez do caminho que leva para Devil Doom e demorei pra achar a entrada dele de novo, sendo que não era tão difícil. Isso também aconteceu em Frontiers!
Eu acho a ideia muito mais interessante do que um Hub vazio, e o sistema de zonas abertas de Frontiers é perfeito para um Hub World. São ligações entre fases principais, com coisas secundárias para fazer. É similar ao Hub de Sonic 2006, que por mais mal implementado que seja, ainda é uma ideia bem bacana. Gostaria de ver uma ideia assim retornar nos jogos futuros!
A última coisa que quero falar sobre level design é que a Sonic Team escuta bastante seus fãs, e deixa isso claro. Uma vez eu vi um pessoal falando que as rampas em Unleashed eram naturais, usando de momentum para levar Sonic a atravessar grandes distâncias. Enquanto isso, Frontiers usava a primeira fase de Unleashed com Dash Panels, que limitam sua velocidade tanto para cima quanto para baixo, assim garantindo que você sempre chegue do outro lado. Por conta disso, existem muitas rampas naturais em Shadow Generations, e algumas boas brincadeirinhas com a física do jogo, que é muito boa por sinal. Tive problemas de física com Sonic Generations, um jogo que eu conheço desde pequena e sempre amei, mas não tive com Shadow. Um belo passo para frente!
A sombra aponta para a luz
Uma nova direção
Na época de Generations, os jogos do Sonic eram escritos por dois caras: Ken Pontac e Warren Graff. Não conheço muito os outros trabalhos deles e, pra dizer a verdade, eu não ligo nem um pouco. Happy Tree Friends? Possivelmente um dos piores desenhos que eu vi na minha adolescência. Enfim… os enredos de Sonic não eram dos melhores em escrita, seja por conta do jeito que os dois escreviam ou até pelo que a SEGA pedia para que escrevessem. Seja como for, não era bom: personagens fora da sua caracterização, diálogos ruins, plotlines repetitivas e previsíveis, e situações bastante padronizadas de filmes de ação infantil. Agora, Ian Flynn assumiu.
Ian, além de apaixonado por Sonic, é um escritor de quadrinhos. Após o desastre que foi Ken Penders na Archie, Flynn assumiu até o fim da revista. Hoje, ele escreve os quadrinhos da IDW, que apesar de receberem uma boa dose de críticas pela fanbase (a fanbase de Sonic não concorda em nada), Ian ainda escreve com muita paixão. Nos seus trabalhos também estão os quadrinhos de Mega Man da Archie, que eu sempre amei, e Tartarugas Ninja na IDW. É um escritor competente! Por conta do seu papel atual como escritor de Sonic e a má reputação que a dupla Pontaff possui, Generations inteiro foi re-escrito. Claro, as partes do Shadow foram feitas do zero, mas me refiro ao Sonic mesmo.
Já vamos falar de cara que a escrita do Flynn é beeem melhor do que Pontaff, mas é muito engraçada. Como eu falei, Ian é um grande fã de Sonic e escreve com paixão. Isso deixa transparecer em como esse roteiro é NERD. As referências claramente não são pra apelar para os nerds de Sonic como eu, são escritas assim porque o Flynn gosta de jogar elas em você. Falas que antes eram apenas curtos comentários sobre viagem no tempo precisam mencionar lore: o nome real das áreas de Sonic 1 e 2, por exemplo, ou a existência das “Time Stones” que, de fato, permitiram que Sonic viajasse no tempo em CD. Me admira que os carinhas da Chaotix não falaram sobre Heavy e Bomb nos seus diálogos, até porque Mighty e Ray são relembrados no cenário de City Escape desde o jogo original.
Existe uma falta de realismo na maneira que Ian escreveu esses diálogos, mas honestamente? Tem muito charme. E ele ainda deixou algumas das frases icônicas, como “Time to scramble some Eggmen, Super Sonic style!”, um clássico. Mas olha, me irrita de maneiras incompreensíveis que, apesar do Ian amar a Amy (todo mundo notou isso), ele continua empurrando as cartas de tarô dela guela a baixo. Sim, faz parte da lore da personagem, mas é uma parte pequena que em todos os trabalhos do Flynn ele faz questão de mencionar de novo e de novo. Nos quadrinhos, nos jogos, em materiais promocionais. A descrição da Amy foi alterada para fazer ela menos psicótica em relação ao Sonic (porque os escritores antigos faziam parecer que ela não tinha vida fora o Sonic), mas é óbvio que tiveram que adicionar fortune reading. Existe um limite para quantas vezes você pode reutilizar uma referência legal até ela ficar completamente obsoleta e, como grande fã da Amy Rose, pra mim já ficou!
Então chegamos em Shadow Generations. Eu não quero dar spoilers pra quem não jogou, porque o enredo do Shadow é, de fato, bem feito. É como uma redenção e reparação histórica para o ouriço, que há anos vem sendo escrito de forma muito superficial, esquecendo da essência de sua criação. Apesar do personagem ter tido certo destaque em Forces, Shadow Generations é seu recomeço, e fecha todos os arcos dele ao mesmo tempo, de uma maneira bastante filosófica.
Nas palavras de Maria, a sombra aponta para a direção da luz. De igual modo, Shadow sempre atua por baixo dos panos auxiliando Sonic e os outros sem que sequer saibam disso. A ideia de um agente secreto fodão combina muito com o personagem, já que depois de Adventure 2, esse sempre foi seu papel. Suas histórias mais introspectivas e sérias são resultado da sua caracterização como um herói underground, que usa dos seus próprios métodos pra fazer o que é certo; não porque despreza Sonic, mas porque prefere agir assim. Por isso, suas histórias englobam menos personagens, e tem uma vibe bem “found family”. Rouge e Omega são seus amigos, que antes de serem elevados à esse patamar, já foram simples colegas de trabalho que se odiavam mutuamente. Aqui em Shadow Generations, também encontramos Big The Cat e os robôs Orbot e Cubot (belíssimo nome), todos personagens “esquecidos” de uma forma ou outra. Plots do Shadow dão aos underdogs da franquia um pouco de notoriedade, em roteiros que costumam chegar na raiz do problema antes de tudo explodir para Sonic resolver… igual Wario. Sem Shadow, algumas histórias de Sonic não seriam bem resolvidas. Sonic sempre precisou dos seus amigos para salvar o dia, e Shadow é um deles.
No jogo, Shadow precisa re-enfrentar Black Doom, agora dando um fim definitivo para o personagem. Caso não saibam, o motivo para Shadow ser chamado de “Forma de Vida Suprema” é a sua criação usando o DNA desse alienígena, sendo uma espécie de Freeza. Apesar disso, Shadow apenas se mostrou usando habilidades que Sonic também possui, com exceção dos seus Chaos Spears e Blasts que, honestamente, acho que Sonic poderia aprender se quisesse (afinal, o mesmo já usou uma versão fraca do Chaos Control antes). Ignorando o quão JoJo vs Dio essa situação é, a conexão do herói vigilante com os Black Arms nunca foi bem evidenciada… até agora!
Durante a história, Shadow receberá diversos poderes relacionados ao Doom, e já os mencionei antes. O que eu mais gosto neles é o fato de que em Sonic Generations você nunca recebe poder nenhum, apenas habilidades equipáveis completamente opcionais. Shadow se assemelha mais a um jogo de plataforma 3D, e essas habilidades até mesmo o permitem explorar outros lugares do Hub que eram previamente inacessíveis. Mas, voltando para a escrita…
Aliado desse fechamento para o plot dos Black Arms, Shadow Generations usa de certos vilões da história da franquia para passar sua mensagem. Biolizard é um protótipo falho do Shadow, e além de ser um boss nojento, ele parece estar sofrendo o tempo todo. Metal Overlord é uma fusão de diversos inimigos da série, e com isso, ele também possui o Chaos Control. Sua luta passa um sentimento de tristeza e frustração, pois Metal Sonic realmente acredita ser o original, e que não é justo Sonic viver e ele não. Claro, genocídio não tá nos planos do Sonic real, e isso já é um grande passo. Por último, também enfrentamos Mephiles, que possui até mesmo o visual do Shadow. Este também pede para existir, por ter sido privado da existência. Dizendo coisas como “vou retornar para a linha do tempo”. Cada vilão é, tematicamente, como Shadow já foi e se conectam com ele de um jeito ou outro. É apenas uma coincidência (ou não) que eles também sejam vilões principais de jogos que não foram representados com chefes no jogo original: Sonic tem Adventure 1 (Perfect Chaos) e Shadow tem Adventure 2 (Biolizard). Enquanto Sonic só luta com Metal em uma Rival Battle (parcialmente irrelevante para a história), Shadow enfrenta sua versão mais poderosa como o último chefe de Sonic Heroes. Ao invés de um boss de ’06, Sonic luta contra o Egg Dragoon. Pois Shadow enfrenta Mephiles. A gama de chefes que o ouriço azul enfrenta é muito pequena, e Shadow conserta isso. Apesar de nunca ter enfrentado Metal Overlord em Heroes, ainda faz sentido que o faça agora.
Shadow Generations também dá um final lindo para a história da ARK, e me fez derramar algumas boas lágrimas. Fechando todas essas plotlines, Shadow pode finalmente seguir para novas histórias, e toda essa conclusão é muito linda.
Feliz Aniversário Sonic
Apesar de ser em junho
Chegamos ao final, não só de um texto, mas um arco da minha vida. Bastante similar às conclusões de plotlines do Shadow que pensávamos já estarem bem fechadas, Sonic X Shadow Generations veio para mostrar que ainda tinha mais um pouco desse sonho de infância para ser terminado. É bizarro como o que era para ser um simples port fez muito mais do que trazer Generations para consoles novos.
Vocês não acreditariam em como eu era fissurada por Generations na minha juventude, antes e depois de jogá-lo. E isso também se estende para Shadow como personagem. Esse é um jogo muito especial pra mim que, apesar de suas imperfeições, sempre morou no meu coração desde que o conheci. Fico muito feliz de não só revisitá-lo, mas de conhecer algo completamente novo e, ao mesmo tempo, tão familiar que é Shadow Generations.
Um jogo que não atua como uma simples explosão de nostalgia, mas como uma continuação de enredos antigos, os dando um fim mais que merecido. Também possui quase o mesmo tanto de conteúdo que seu irmão mais velho, e mesmo possuindo três zonas a menos, ainda conta com as missões características e um Hub World dez vezes mais interessante e lotado de conteúdo. É mais do que uma carta de amor, é um jantar à luz de velas com a história dessa franquia e dos seus personagens. Espero que os jogos seguintes sigam o exemplo deste, e que Sonic chegue em novos horizontes a cada nova aventura. Por último, deem uma olhada nesse vídeo do meu amigo LaranJOOJ sobre Sonic Generations, ou mesmo assistam a trilogia Boost dele! Eu apareço no último vídeo, contando com outras palavras parte do que já disse aqui. Obrigada pela atenção, e boa noite.
Uma cópia gratuita de Sonic X Shadow Generations para Nintendo Switch foi concedida pela SEGA para análise no Recanto do Dragão.