Primeiramente, perdão pela analogia nerd gamer de Facebook 2010, mas infelizmente vou ter que trazer as memórias cringes de volta para afirmar: os videogames realmente ensinam bastante coisa pra gente. Seja através da sua história, que possa conter algum significado por trás, ou simplesmente treinar nossos reflexos e raciocínio.
De todos os gêneros que existem neste vasto mercado, para mim os dois que mais ensinam alguma coisa são os jogos online, por conta das constantes atualizações e patches forçando os jogadores a aprender e se adaptar ao balanceamento contínuo de cada atualização.
O outro gênero que ensina muito são os roguelikes. Você simplesmente abre o jogo pela primeira vez, na maior inocência, e na grande maioria das vezes ele não te explica nada. Se explica é um tutorial simples que cobre só a movimentação e o básico do básico das mecânicas e funções dos itens e do personagem inicial. Depois dessa curtíssima introdução, ele te joga para o teste de verdade.
Sem mais nem menos, passamos de uma volta tranquila no parque para uma volta descalço na areia escaldante da praia. Impaler faz jus aos roguelikes e mantém essa regra não escrita, apesar de ajudar um pouquinho mais os jogadores contendo indicações de como lidar com certos inimigos e dicas nas telas de carregamento.
Conforme você vai gastando tempo nas suas runs, você vai ficando mais forte e pegando o feeling do jogo; mas em contrapartida os inimigos também vão ficando mais fortes e também aparecerem com maior frequência. Por conta disso, o caos reina para ambos os lados: temos criaturas absurdamente fortes querendo te matar, e temos você, que está virando um deus e matando tudo o que vê (e até o que não vê) na sua frente.
Eu falo que os rogue likes podem ser separados em dois grupos: aqueles que tem “caos controlado” onde você tem uma noção mínima do que está acontecendo e consegue tomar as rédeas da situação, e aqueles que são um caos incontrolável, no qual não temos a menor ideia do que está acontecendo (e muito menos temos controle da situação).
Impaler tem o potencial para ser um caos incontrolável, mas por enquanto seu conteúdo limita-o para ser algo mais desafiador e não tão caótico. Isso é ótimo: apesar do jogo não ser absurdamente anárquico ele tem sua dificuldade, porém eu senti que é o próprio jogador que a cria.
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O conceito de Impaler é bem simples. Estamos em uma arena e temos que sobreviver 11 rodadas, sendo a décima primeira a luta contra o chefe final. Até chegar lá precisamos matar demônios de todos os tipos, como slimes que explodem ao morrer, cabeças gigantes, demônios com jetpack, demônios com bazucas; enfim muitos demônios. Cada um deles tem uma maneira diferente de se comportar. Por exemplo, os inimigos com bazuca em cima das torres sempre vão se esconder no chão depois de tomarem um hit e, como eu mencionei, as explosões pós morte das slimes te dão dano se você estiver perto.
Como lidar com os inimigos fica à seu critério, pois temos em mãos vastas opções de movimentação que envolvem pulo duplo, a arma primária e secundária, bunnyhop, ground slam, slow motion, barris explosivos, serras no cenário, e o melhor de tudo, rocket jump.
Se você se encontra cercado de inimigos é só fazer um rocket jump com sua arma secundária, atirar de lá de cima e então ao descer todos os demônios ao seu redor estarão mortos por causa do ground slam. Uma vez que pegamos a sensação do jogo e um senso de sua movimentação, esse jogo vira uma delícia fluidíssima.
Por enquanto, senti que o que mais se destacou em Impaler foram as mecânicas. Tudo o que eu citei acima exala diversão pura. Mas como já citei anteriormente, o caos instruído não é sem controle. Isso é bom, porém não é muito “desafiador”. Em todas as minhas horas de jogo, houve apenas um momento em que eu desisti por causa da dificuldade, que foi quando tentei fazer o desafio de zerar o jogo sem usar minha arma primária.
No momento que eu escrevo esse texto, ainda não consegui essa conquista infernal e estou quase desistindo, atualmente é a maior dificuldade que passei com o jogo, e vale lembrar que as conquistas são 100% opcionais. O jogo base em si não é TÃO difícil, mas pode ser complicado às vezes.
Com uma estética atraente para os fãs de boomer-shooters, uma mecânica de gameplay que os zoomers vão gostar e movimentação nostálgica da época do Counter-Strike que os millenials com certeza vão amar, Impaler traz uma diversão fluida com alguns breves momentos caóticos. Eu simplesmente adorei essa experiência e sei que esse jogo tem muito potêncial para ser aquele caos incontrolável.
Uma cópia gratuita de Impaler para a plataforma PC foi concedida pela Retrovibe para análise no Recanto do Dragão.