Princess Peach: Showtime! — uma peça sem atores | Análise

Princess Peach: Showtime! — uma peça sem atores | Análise

“Ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas deixar de ser vítima dos problemas e se tornar o autor da própria história.”

Abraham Lincoln
Princess Peach: Showtime! (2024)

Algumas meninas tem a Barbie, algumas tem fanfics Deadpool x Wolverine, e outras gastam muito dinheiro em Honkai Starrail. Eu sou a que é meio esquisita sobre a Princesa Peach, e fiz do meu objetivo pessoal um dia jogar Princess Peach: Showtime! não importa o quão ruim ou bom seja. Nós agora somos parceiros da Nuuvem que é uma mãe incondicional, e meu primeiro pedido só podia ser esse.

Peach é uma personagem que esteve em um limbo de design desde sua concepção, por vezes quebrando seus paradigmas e fazendo um pouco mais do que só ficar na arquibancada. Em Super Mario Bros. 2 ela podia voar pelas mesmas fases que seus contemporâneos. Em Super Mario RPG ela pôde se juntar aos seus amigos como uma das units mais poderosas do grupo. Em Paper Mario sua presença de apoio é sempre bastante destacável, ajudando Mario a cumprir seus objetivos mesmo quando não poderia. Ela foi jogável inúmeras vezes além dessas, mas nunca com seu próprio holofote… exceto por uma vez. Uma única vez.

Super Princess Peach segue a básica história que resume boa parte dos jogos nesse estilo de “jogue com a menina”. O protagonista masculino está com problemas, então subitamente a heroína mostra sua força pra salvá-lo. SPP é um jogo de plataforma bem comum, e mesmo que fácil de tempos em tempos, sua exploração mais “collectathon” trazia uma experiência bem divertida para nossa mesa. Nem todo mundo sabe apreciar esse jogo (MALDITOS!!!), mas tudo bem. A questão é que desde o início dos anos 2000 nunca mais tivemos um jogo só da Princesa. Por quê? Bem, não sei, Wario também não teve sorte na sua franquia de platformers também. Então imagine minha surpresa quando a empresa por trás do último Wario Land decidiu que ia fazer um segundo jogo da Peach, dessa vez sem sequer mencionar os encanadores que sempre a deixam nas sombras.

Princess Peach: Showtime!

Princess Peach: Showtime! (abreviado como PPS… o contrário de SPP!!!), lançado em março de 2024, é uma aventura mágica teatral, tal qual Super Mario Bros. 3, levando a Princesa por peças fantásticas onde ela é a protagonista. Assim como a Barbie, Peach pode ser uma mosqueteira, andar a cavalo, cozinhar, nadar pelo mar como uma sereia, dançar no gelo… mas ela também é uma mestra do Kung-Fu, uma ladra, uma detetive, até mesmo uma ninja! Esse estilo de ambientação só poderia contar com uma vasta gama de diferentes estilos de gameplay, com puzzles, combate, platforming, exploração e… ei, não é assim que eu descrevo platformers em geral?

Sim, por mais diferente que a temática seja (ou não tanto, Wario já fez isso antes no seu pior jogo), eu ainda acho que enquadraria esse jogo no gênero de “plataforma”. E, sendo assim, eu acho que quero estruturar esse texto em capítulos! Talvez quem tenha lido meus textos de Wario e Peach tenham notado que gosto de estruturar esses textos em capítulos de temática similar. Me ajuda a me guiar, é claro, mas também acho que dá essa continuidade bacana.

Abertura

A princesa, do conforto de seu reino, descobre o teatro mágico chamado Sparkle Theater e (assim como todo bom monarca) junta dois dos seus empregados para uma viagem de férias. Eu gosto desse começo simples! Vários dos meus jogos favoritos na franquia (Mario, não Peach) começam desse jeito. Em Sunshine, Mario e Peach viajam para passar as férias em uma ilha tropical. Em Wario Land 4, Wario lê no jornal sobre a descoberta de uma pirâmide e vai atrás dela para roubar seus tesouros. Em Luigi’s Mansion, Luigi descobre que ganhou uma mansão nada suspeita no meio do nada e para tudo a fim de checar seu novo estabelecimento.

No entanto, existe uma diferença temática em relação a esses exemplos. Quando o teatro é destruído pela Madame Grape e sua Sour Bunch, Peach decide ajudar pelo simples motivo de querer. Mario fica em Delfino Isle para limpar seu nome, Wario invade a pirâmide por tesouros, Luigi explora a Mansão assombrada para salvar seu querido irmão. Peach fica porque ela se importa, só por isso. Por mais que não seja um motivo tão fácil de se relacionar, funciona bastante para mostrar a personalidade do personagem. Mario é alguém que faz isso com frequência, ajudar por bondade, mas essa não é uma característica comumente associada à Princesa — que apesar dos seus papeis heroicos, não é conhecida por atos heroicos.

Princess Peach: Showtime!

Para salvar o Teatro, Peach se junta à Stella, uma pequena companheira estrela que todo jogo de plataforma precisa ter. Juntas, as duas vão resgatar os Sparklas (os atores principais) e salvar o Teatro, protagonizando cada uma das peças.

Os visuais de Princess Peach: Showtime! são bem agradáveis, ainda que pouco impressionantes. Eu diria que as animações graciosas da princesa são a melhor parte! E a pior seria a interface. Eu não sei, a Nintendo continua insistindo na interface branquinha e minimalista, mas dessa vez exageraram um pouquinho. Além de não ter personalidade, nada é muito original. Tudo é tão básico por algum motivo, e sempre usando a mesma fonte da mesma maneira.

Se for julgar que é um jogo sobre peças de teatro, dava pra pensar em algo mais criativo, como ter as partes da logo como se fossem “props” feitas de mentira, assim como os cenários do jogo são! Toda a aventura se passa em uma visão “2D” ainda que o cenário tenha profundidade, para simular que você está assistindo da plateia. Então sei lá, é meio brochante que os números de moedas e ícones de estrelas sejam só a fonte mais genérica de todas com cores brancas nada a ver. Eu nem sequer chamaria de elegante ou brilhante o suficiente pra encaixar na vibe do jogo. Eu não passaria tanto tempo falando sobre algo ridículo desses se não fosse uma trend em quase todos os jogos atuais, tanto da Nintendo quanto fora dela. Eu quero contadores de tempo esquisitos com cores gradientes! Barra de vida em cima de um emblema do personagem ou a arma dele! Quero fundos feitos de madeira e números que parecem enfeitos de um bolo! Abram os olhos, Nintendo! O povo clama!

Fora isso, os designs também deixam a desejar. Quer dizer, não os de bosses, eles são maravilhosos! Mas fala sério, quem são esses idiotas narigudos? O jogo chama eles de “Theets”, que original… eles são só uma bola amarela com feijões pra olhos e um narigão colorido! Sabe quem mais é assim? Wiggler!!! Porque diversos inimigos de Mario no passado eram só bolas com olhos até os designs ficarem mais interessantes com o tempo. Por que a nova espécie é tão sem graça assim? Os vilões são a mesma coisa, só que com máscara ao invés de nariz. As últimas espécies apresentadas em jogos do Mario são tão mais interessantes, sabe? Caveirinhas mexicanas, chapéus fantasma, balinhas cozinheiras… eu comparei Princess Peach: Showtime! com Mario Sunshine há alguns segundos, pois lá temos os Piantas e algumas subespécies, todos parecendo uma fruta com partes de planta. Eles são super criativos e bonitinhos, ainda que bem engraçados, então eu esperava algo parecido.

Princess Peach: Showtime!

Eu só falei tanto assim do visual pra dizer que a trilha sonora, no entanto, é impecável. Na verdade, super viciante. Eu fico escutando Assassin Disco frequentemente e quando não estou escutando, começo a cantar. Eu tenho tantos exemplos de sons bizonhos que fica difícil falar todos, como todas as músicas da Under the Cover of Night, Legendary Dragon Kick, a trilha de transformação para Radiant Peach, as incríveis músicas da Mermaid Peach, os festivais da Figure Skater Peach, as boss fights… a ideia de seguir diversos estilos diferentes funcionou muito bem também, algo que faz bastante sentido julgando pelas temáticas de cada fase. Você não pode fazer uma orquestral nada a ver com pianinho pra uma fase de Kung Fu!

Por último, queria deixar claro que a história é, obviamente, o básico do básico, mas de fato tem cenas muito lindas no final… porque a Peach é maravilhosa, nada mais!

Atuação sem Dublês

Não um Shoulder Bash, mas bom o suficiente

O plano inicial era separar um capítulo pra cada parte da gameplay, mas acabei percebendo que ia ter muito pouco a dizer sobre cada assunto. Por isso, aqui estão todos juntos!

Pra começar, o estilo de jogo se alterna a cada novo nível. Existem dez formas principais para a princesa, sem contar com as duas exclusivas do boss final e a sua forma “natural”. Cada forma principal possui três estágios, mas os dois últimos são pequenos o suficiente para que você conte como apenas duas para cada. Algumas fases são baseadas em platforming, outras são mais focadas em puzzle, enquanto algumas são sobre lutar. Cada uma possui um tanto diferente de cada um desses âmbitos, e eu até gostaria de fazer um gráfico pra mostrar isso mas acho que seria trabalho demais. O próximo capítulo talvez funcione melhor pra mim…

Por conta dos níveis serem tão diferentes entre si, fica difícil resumir o jogo inteiramente. Não significa que não vou tentar! Na parte de plataforma, eu diria que Princess Peach Showtime peca na sua dificuldade… na maioria das vezes! Se você lançar a exploração no meio, de fato fica mais complicado de coletar coisinhas e pular ao mesmo tempo. Ainda assim, nada demais.

Princess Peach: Showtime!

Em combate é pior ainda, porque todas as lutas são sobre apenas apertar botões. De fato tem algumas batalhas que pedem um pouco mais, só que esse “pouco mais” é MUITO pouco. Esperar um inimigo atacar pra vencer ele é simples demais! A única coisa legal de vencer inimigos com espadas, chutes, socos ou cordas é saber que é a Princesa Peach derrubando dezenas de oponentes com um único golpe. Mesmo com a temática de teatro, esses adversários são reais! Só… bem, não são difíceis de vencer.

O pergaminho deu poder a ele!? Nãão!!!

Os quebra-cabeças devem ser a parte mais competente dos níveis de Princess Peach: Showtime!. Ainda que sejam fáceis, não deixam muito a desejar pela sua criatividade e execução. De fato, até mesmo algumas batalhas são pequenos puzzles a serem resolvidos. Diversas das fases mais legais só são boas por conta dos puzzles, que são parte essencial do design de quase todos os cenários.

Princess Peach: Showtime!
E a lente de aumento a visão vai ampliar…

Outra coisa foda são as lutas contra chefes que, além de bem únicas, são melhores do que o esperado. Também são o tipo de dificuldade balanceada que crianças vão morrer algumas vezes e adultos precisam se esforçar ao menos um pouco. Eu morri algumas vezes, ao menos uma em cada um! Bem, não na Madame Grape, ela é só fácil. Os padrões são bem diferentes e as ideias são criativas o suficiente pra me fazerem pensar em como levar meus aprendizados desse jogo para minhas próprias criações. Jogos do Mario raramente tem bons chefes então é de fato impressionante pra mim!

Mas de tudo isso, o que eu mais odiei foi a exploração. Explorar nesse jogo pode ser intuitivo, mas uma coisa que me aconteceu em cada uma das trinta fases de Princess Peach: Showtime! foi terminar uma fase e instantaneamente ter que rejogá-la por um único coletável. A questão é que esse joguinho não deixa você voltar de onde veio, nem que seja uma única sala. Sempre que você avançar, já era. Não tem como voltar em checkpoints, o único jeito é resetando. Mas isso é comum em muitos jogos, é só eu pegar tudo antes de prosseguir, né não? Não é, por dois motivos.

Princess Peach: Showtime!

Primeiro: é muito comum não saber onde é o caminho principal e onde é o secundário, me deixando sempre paranoica sobre onde eu estou indo. Por vezes o caminho principal não vai estar onde logicamente deveria, e como game designer eu tomaria uma decisão completamente diferente. Não é problema o caminho principal não ser tão óbvio, mas é quando se torna importante discernir onde o jogo progride e onde não. Caso você tome o caminho errado precisa resetar a fase ou jogá-la de novo depois. E, não, não dá pra pegar o coletável e sair da fase, ele só conta se terminar o estágio.

E segundo: diversos coletáveis são perdíveis, seja por você ter pensado lento demais, ou por cometer um erro simples, ou até mesmo por não ter visto. Não é um jogo difícil, mas alguns coletáveis são complicados de pegar no tempo de reação que PPS pede de você. Essa dificuldade é exclusiva dos coletáveis, mas não é divertida. Seria bom uma maneira de consistentemente voltar em checkpoints, porque nem sempre você pode sequer SE MATAR. Nem isso o jogo deixa! E todo coletável perdido obriga você a rejogar a fase.

Mal ele sabe que tá em branco

Talvez seja mais divertido só ignorar o que você perdeu e seguir em frente, Princess Peach: Showtime! provavelmente queria que você fizesse isso. Mas acredito que em um jogo tão simples como esse, e tão fácil de zerar, fica chato não tentar coletar as coisas secundárias. Eu só me diverti com algumas partes por causa disso, seções que se tornaram algumas das minhas favoritas porque tinha o desafio a mais de pegar estrelas! Isso me deixa dividida entre me divertir pouco pra não me irritar, ou me irritar muito mas ter fases melhores e mais divertidas. Acabei ficando com o segundo.

Dez Papéis — Uma atriz

Como eu disse antes, é bem difícil falar sobre o jogo todo de um modo geral quando cada fase é tão diferente. Por isso, decidi que ia falar sobre cada forma em uma espécie de ranking. A única coisa que todas compartilham é o ângulo de visão, que costuma ser sidescroller mas às vezes tem um pouco de profundidade, como se você estivesse assistindo a peça direto da plateia! Seguindo a ideia de que é tudo uma peça de teatro, qualquer coisa pode ser feita. Beleza, sem mais enrolação:

10 — Swordfighter Peach

Eu quando amo mulheres e tenho uma espada

A espadachim é a primeira forma que Peach recebe, e também a mais sem graça. Tudo aqui é questão de gameplay e tal, já que essa seria uma das melhores em questão de design (por conta da vibe Utena). Swordfighter pode pular e atacar, passando por seções de plataforma suuuper fáceis e vencendo inimigos na base de apertar B sem parar. Nas partes totalmente Sidescroller você ganha uma estocada pra cima, uma espécie de Dragon Punch pra vencer inimigos altos. Outra coisa que ela pode fazer é desviar, caso você pule ou ataque antes de ser atacada. Normalmente você só fica apertando B pra atacar e ela vai desviar automaticamente dos golpes que vierem, mas coisas como terremotos vindos de inimigos maiores precisam ser desviados saltando.

Essa é a pior forma justamente por não oferecer qualquer desafio, e todo seu apelo vem do estilo. É uma forma bonita, a Peach é linda e a vibe extremamente lésbica desse papel vende ele o suficiente em estética, só não em gameplay. No entanto, todos os Ensaios são bons. Os ensaios são desafios de pontuação, no da Swordfighter você precisa vencer dezenas e dezenas de inimigos em um curto tempo sem tomar hits, o que é mais legal do que parece por conta da fase estreita que se move sozinha!

9 — Detective Peach

detective peach
O quê? Quem foi? Por quê? Quem fez?

Me deixa triste deixar essa tão embaixo, mas ela me decepcionou muito. A ideia é conceitualmente bem interessante, o jogo vira um Adventure. Você conversa com pessoas, analisa o cenário, coleta itens-chave e assim desvenda o mistério. Na verdade, essa é a unica forma que pode apertar A pra falar com alguém (sem contar com a Peach normal no Hub World), o que já mostra como a temática é diferente das outras.

Ainda assim, todos os “mistérios” depois da primeira fase acabam sendo juntar 1 com 1 pra fazer 2. Acaba se tornando mais um puzzle de procurar algo que te diga o resultado dele ao invés de decifrá-lo. Quero falar mais sobre isso no próximo capítulo, mas até uma criança ia achar entediante. Eu vi um mistério melhor no episódio “Quem Foi?” de Backyardigans.

8 — Kung Fu Peach

kung fu peach
Fúria dos Pés!!

Eu AMO Kung Fu, entrei nessas fases muito animada por isso e saí um pouco decepcionada com o combate. No entanto, o platforming é mais divertido do que eu esperava e até que é legal encontrar coletáveis nesses níveis. As lutas contra o mestre do mal ou sei lá qual o nome dele são legais também, embora sejam fáceis e pouco originais. Consistem em esperar um círculo fechar pra apertar um botão e vencer, nem sequer se enquadra em algo “rítmico” porque não pede muito ritmo não.

Ainda assim, esse é meu design favorito da Peach, no meu setting favorito e com música legal. Ela também tem diversos ataques legais, todos focados em chutes, que me deixaram meio inspirada. Naturalmente, o ensaio dessa aqui é bem legal também.

7 — Cowgirl Peach

cowboy peach
See you, Cowgirl Peach. Sometime! Somewhere!

Sou muito fã de cowboys. A atitude, as roupas, as armas, o homossexualismo… então eu tava bem animada pra essas fases e olha, elas não são ruins, tá? Algumas coisas são… interessantes o suficiente. As fases da Cowgirl usam um laço para pegar coisas e jogar longe o que, apesar de simples, é bem divertido de fazer rápido pra pegar certos coletáveis. Ela também pode andar a cavalo, em seções de auto-runner também passáveis.

Ainda assim, não é impressionante. Outra que se vende muito nos visuais, e olha que a Peach nem sequer tem um Revólver!!!! São níveis legais, só não o suficiente pra me fazer querer rejogá-los.

6 — Mighty Peach

mighty peach
Where have all the good men gone and where are all the gods?

Super heróis vencendo alienígenas! Mighty Peach dá socos (foda), voa e tem super força, perfeito para jogar ônibus em marcianos gigantes. Ela também tem uma animação de correr bem legal, e passa por seções de navinha onde você não dá tiros mas socos em inimigos voadores.

Eu gosto mais dessas fases porque combinam a parte legal de pegar algo e jogar de volta que Cowgirl Peach tem, com socos legais e fases baseadas em salvar vidas, o que não é muito diferente da Cowgirl também. Naturalmente, o Ensaio dessa é maravilhoso, pedindo que você salve o maior número de Theets possíveis antes do tempo acabar. Isso pede bastante estratégia!

5 — Mermaid Peach

mermaid peach - Princess Peach: Showtime!
Under the sea…

Essas são meus xodós. Além da Peach ser uma linda sereia, os puzzles são legais DEMAIS. O poder da sereia, além de nadar livremente pelo fundo do mar, é cantar. O canto dela deixa que o jogador controle coisas no cenário, principalmente peixes ajudantes. Por isso, as fases focam na relação entre o background e o foreground, em níveis completamente sidescroller. Eu adoro demais a exploração dessas fases, e olha que elas não são só isso!

No fim de todo nível da Mermaid Peach (são três), você joga um minigame de ritmo muito interessante. Peach é envolta por uma bolha e peixes virão de uma de três direções. Você precisa cantar na direção deles! Alguns peixes levam mais tempo para serem convencidos, outros vão vir de múltiplos lados antes disso. A música sendo tocada é maravilhosa e convencer os peixes faz com que novos instrumentos se juntem à LINDA voz da Peach.

Eu admito que CHOREI nessas fases de tão emocionada que o canto dela me deixou, é tão bonito eu chorei como personagem de desenho animado. Não foi a última vez que essa mulher me fez chorar por algo tão idiota nesse jogo para BEBÊS.

4 — Ninja Peach

Princess Peach: Showtime!
I want to be ninja…

As fases da Ninja Peach podem não ser difíceis, mas tanto os puzzles baseados em stealth quanto o completo estilo me convenceram com força. Uma ninja consegue dominar a arte de se esconder, tanto em arbustos quanto paredes quanto na água. Assim você pode vencer oponentes sem ao menos ser vista e, caso for descoberta, pode usar o clássico Ninjutsu de Substituição para voltar ao início da cena sem problemas. No fim dos níveis sempre tem duas seções de auto-runner, a última usa um pergaminho sagrado que dá a você controle até mesmo sobre montanhas.

O que me faz gostar tanto dessas fases é a atmosfera. Assassin Disco é um exemplo perfeito de como boa música pode melhorar qualquer jogo exponencialmente. Além das rotas únicas que o Ninja precisa tomar pela fase, e da criatividade por trás do level design, é essa música que me deixa louca pelos estágios.

E claro, é muito legal ver a Peach assumindo tantos papéis fodas que não tem nada a ver com ela, e ainda se manter com a mesma personalidade. Ela é uma boa atriz! Não é uma Ninja rosa, por exemplo, ela usa preto e verde! Ela entra completamnete no papel.

3 — Dashing Thief Peach

Onde está a Princesa Peach?

Dashing Thief é uma grande segunda escolha pra melhores fases de plataforma do jogo. DT Peach tem um gancho de escalada, habilidades de hacker, uma asa-delta e muita classe. A ladra espiã perfeita! O gancho pode temporariamente desativar robôs e, obviamente, te levar a novos lugares.

Ganchos amarelos são usados para se pendurar, e então se balançar; ganchos azuis te lançam com rapidez na direção que você mirou; ganchos rosa são usados para se prender e… ficar ali! As fazes da Dashing Thief Peach são repletas de lasers, robôs inimigos e armadilhas que, de fato, são competentes! Eu morri umas três vezes nessas o que é bem legal pra mim.

Mas, de novo, essa é outra fase com música absurda. As trilhas têm melodias bastante parecidas com Fightings da Capcom dos anos 90, ou com Golden Eye 007, ou até mesmo com Lupin III. Composições maravilhosas e viciantes, e o tipo de Jazz que só jogos antigos tinham (porque os instrumentos são incomuns e tal). Esse design da princesa é maravilhoso também, tanto pela sua vibe “Zorro” quanto Carmen Sandiego. Impossível não se apaixonar por ela.

2 — Patisserie Peach

Princess Peach: Showtime!
Dear Mario…

A forma mais fofa! Essa é a que mais combina com a Princesa porque é algo que ela faz normalmente. Uma das falas mais conhecidas dela é sobre fazer um bolo! Esses níveis focam em uma espécie de Overcooked em que você precisa entregar cookies ou bolos em tempo limitado. Cookies são feitos em uma tigela misturando massa, enquanto os bolos você só precisa enfeitá-los.

Para misturar cookies é só apertar B e tomar cuidado pra não passar do ponto. Isso, além de te tirar uma tigela, tira muito do seu tempo! Nos minigames de cookies você precisa usar as tigelas que aparecem antes que sumam, enquanto toma cuidado com o timer principal. Assim que um cookie fica pronto você precisa levá-lo à mesa (normalmente carrinhos em movimento). Quanto mais cookies melhor, mas o jeito mais rápido de misturá-los é com ajuda de outros confeiteiros que podem aparecer junto com as tigelas. Esses cookies vão sair com um selo de qualidade, e você precisa de três desses para pegar todos os coletáveis dessa parte. Também saem muito mais cookies assim!

Amor da minha vida

Nas partes de bolo, Peach sobe em um balancinho para colocar seus enfeites em bolos gigantes. Você só precisa deixar um pouco de glacê mágico nos pontos que a imagem de referência manda e, então, os enfeites aparecem seja lá o que forem. Pode ser um laço, chocolate, frutas… quando estiver pronto você precisa segurar o botão para mandá-los! Alguns designs são difíceis de entender mas ainda possíveis. Só tome cuidado com o tempo!

Além de super fofas, as fases da Patisserie Peach são muito divertidas e esse pequeno minigame de puzzles é maravilhoso. Me deu vontade de jogar Cooking Mama!

1 — Figure Skater Peach

What’s cooler than being cool?

Eu não dava NADA pra essa. Nadinha. Eu achava que Figure Skater seria a mais sem graça, e não sei porque pensei isso. Se eu fosse dizer algo nesse jogo que foi feito de forma impecável, seriam esses levels.

A gameplay geral da Figure Skater é simples: A pula, B gira. Girar é seu ataque, porque por vezes você vai lutar sim! Durante os níveis, ou seus espetáculos de dança, irão surgir símbolos no chão representados por flocos de neve. Os azuis são para girar, os amarelos para pular. Você precisa tomar a ação certa em cima deles pra encher os pontos da sua apresentação! Em algum momento suas parceiras dançarinas aparecerão e você precisa ir até cada uma e girar nelas, assim elas vão começar a te seguir. Normalmente conseguir todas faz um floco verde grande aparecer, e todas precisam girar em cima dele.

Princess Peach: Showtime!

Simples né? Pois os níveis ficam mais e mais caóticos com o tempo! Adicionando inimigos, coletáveis e outras regras. Uma coisa legal é que pular no floco amarelo pode ser o objetivo, mas também serve pra subir em lugares altos caso necessário! Na terceira fase, quando a Sparkla se junta a você, pular com ela te leva mais alto assim como seus giros fazem redemoinhos de vento. No segundo nível você precisa cuidar da pista de gelo para dançar, mas também precisa eliminar os inimigos de cima do seu carro para que não acabem com seus pontos, enquanto cuida dos coletáveis que vão aparecer no meio da fase a fim de não perdê-los.

Tem até boss fights! Nelas você luta contra um outro Figure Skater maligno (e fruity) que quer roubar seu palco. Para vencê-lo, Figure Skater Peach precisa desviar de golpes, girar nele e então recrutar de volta suas parceiras dançarinas. Quando todas estiverem juntas, só falta patinar na volta dele para vencê-lo com sua graça e majestade.

Princess Peach: Showtime!
O único inimigo do jogo que eu quero desenhar

Esses estágios me inspiraram de verdade a um dia fazer um jogo de plataforma inteiro baseado nisso. Com esse sistema de pontuação, com o uso dos símbolos obrigatórios para também te dar novas possibilidades de movimentação, e também com a ideia de cada fase ser uma performance. Seria algo parecido com Sonic, em que você memoriza as fases para passar por elas o mais rápido possível e conseguir ranks altos, mas aqui você teria que fazer isso buscando esse estilo bonito que só uma patinadora teria.

Até mesmo o design da Peach é maravilhoso e as músicas não deixam a desejar. Tudo é mágico e eu gostaria de ter mais disso.

Uma Infeliz Tragédia

Apesar dessas fases legais que mencionei, elas são muito poucas em número. Uns 70% de Princess Peach: Showtime! não é divertido desse jeito. Acredito que o maior problema seja essa necessidade imprescindível de ser acessível pra todo mundo mas, ainda que uma criança consiga zerar, eu te garanto que uma criança consegue fazer mais do que isso. Você já viu como os jovens de hoje em dia jogam? Eles me destruiriam!!!

Cada nível usa muito pouco da sua ideia inicial, transformando o conceito incrível de diferentes estilos de gameplay em pequenas skins que mudam uma ou outra coisa. A maior parte de Princess Peach: Showtime! se joga sozinha. A Swordfighter tem uma mecânica de dodge slow-motion que você só usa porque tem inimigos que só são vencidos por ela. Caso não fossem, não tem necessidade de ter ela, porque nenhum inimigo tem a velocidade, alcance e vida que você tem. É raro sequer tomar dano, quanto mais mortais!

Princess Peach: Showtime!

Isso se mantém para outras fases, como Kung Fu que tem uma mecânica de se balançar dando chutes em postes, e ela é só usada por visual, todos os inimigos são vencidos em um único hit. Você pode girar eternamente e, além de estar invencível, Peach se torna uma hitbox gigante e giratória por quanto tempo quiser. E, claro, os combates também são sobre apertar B, mas ao menos você pode lançar inimigos em outros com o terceiro hit de um combo.

O detetive me frustrou muito depois da primeira fase, que era bem competente, porque daí pra frente os enigmas pararam. Você entra em uma sala pra descobrir onde vão plantar uma bomba, e tem maquetes em cima de mesas. Uma delas é a certa então vamos investigar a sala pra descobrir! Literalmente fui em um telescópio como primeira opção (tava mais no canto) e olhando por ele, vejo o quê? As torres gêmeas. Brincadeira, era uma torre do relógio.

A Nave Ruim acabou de acertar a segunda torre

Eu falei pra mim mesma que não ia ser essa resposta ridícula que o jogo me entregou de cara, mas era mesmo. Todas as outras pistas apontavam pra ela, mas só uma pista te dava a resposta na cara. É como se estivesse escrito na parede “Nós vamos explodir as torres”, George Bush olhasse e pensasse “Não seria tão óbvio”. E era. Aconteceu.

Isso é triste demais porque eu fiquei bem animada pras fases de detetive, que nem sequer pediam que você pensasse. Como eu disse, até o episódio de detetive de Backyardigans era mais interessante, e lá você via a silhueta do culpado com dois chifres de alce e de alguma forma ninguém sabia que era o Mordomo Tyrone.

Tudo dura muito pouco e é muito mal usado. Mecânicas, ideias criativas de level design, e ainda inseridos no contexto dos coletáveis mal feitos que também são a única coisa minimamente divertida nos estágios… me pergunto por que a Nintendo acha que as crianças de hoje são tão piores em videogame que as dos anos 2000 ou algo assim.

Estúpidos.

Algo que talvez melhorasse Princess Peach: Showtime! seriam fases mais longas, dando mais oportunidade pra que você não só aprenda as habilidades novas, como possa enfrentar desafios mais complicados. É estranho demais que cada nova fase fica mais curta que a anterior. Como você vai de dez coletáveis pra cinco? Eu diria que a duração do jogo é seu maior problema, com dez transformações únicas que não têm tempo suficiente para brilhar como mereciam.

Talvez a aventura fosse mais interessante se você precisasse trocar de forma em cada fase, como a maioria dos platformers fazem, tendo que combinar seus poderes na hora certa. Talvez te dar poderes diferentes pra cada fase? Para casos em que eles fazem coisas parecidas, como Kung Fu e Swordfighter. Imagine uma fase de plataforma em que do nada você precise fazer cookies pra criar uma ponte, e se você fizer o máximo possível faria pontes pra um segredo também! Ou uma fase em que você entra na água pra se esconder com a Ninja, mas assim que ela fica mais profunda em uma parte escondida você troca pra Sereia.

Princess Peach: Showtime!
Peach gosta muito de rosa e azul, né?

Quem sabe a primeira fase de cada forma não fosse a apresentação, em que você usa só ela, enquanto a segunda e terceira deixam você improvisar! Na verdade, faria sentido se a Fase 1 e 2 se juntassem à essa primeira nesse caso. Você literalmente entra na sua coleção pra ver as transformações, que você não pode de fato escolher como se fossem suas e só recebe quando entra na peça certa.

Princess Peach: Showtime! se perde tanto na ideia de ser uma peça teatral que, na maior parte do tempo, você só tá assistindo! Isso é bem triste porque esse é o primeiro jogo da Peach em que ela é MUITO foda e mostra toda sua personalidade brincalhona e divertida de maneiras diferentes, como escalando paredes em trajes de ninja, ou cavalgando com um cavalo perseguindo um trem, ou até destruindo por dentro um laboratório secreto do mal e saindo voando de asa delta. Ela é maravilhosa e é triste que a gameplay não reflete isso.

Ato Final — As saudações da Princesa

Princess Peach: Showtime!
Sabe o que falta aqui? “Thank you so much-a for to playing my game”.

No final, fica difícil dizer que não gostei de Princess Peach: Showtime!. Na verdade eu me diverti em alguns momentos e estava sempre boquiaberta com as músicas e com a Peach. Na última luta, quando ela teve sua última transformação (na verdade a penúltima, Radiant Peach é separada em duas), eu comecei a chorar com o quão linda uma mulher poderia ser… Os brilhos, a roupa, a música, os olhos, ela ficou tão graciosa que meus olhos encheram d’água. Um jogo que me causa esse tipo de sentimento não vai sair da minha vida me deixando sem nada.

Princess Peach: Showtime!
Você já viu uma mulher tão linda que pensou em se m

Eu sou muito agradecida por essa experiência, e fico feliz de ter passado esse tempo com a Princesa e esse mágico teatro. Eu gostaria muito de uma continuação, de algo mais, sabe? Pra essas transformações e os diversos papéis que a Peach pode tomar. Talvez fora de um teatro, talvez salvando algo maior no mundo do que um único estabelecimento. Com mais brilho, mais criatividade, e mais fases da Figure Skater Peach. Por último, aqui vão alguns desenhos da Peach. Queria ter desenhado mais desse jogo mas não tive tempo. Ainda assim estes são alguns dos meus melhores!

Uma cópia gratuita de Princess Peach: Showtime! para Nintendo Switch foi concedida pela Nuuvem para análise no Recanto do Dragão.