Nunca antes escondi meu amor por Super Mario 64, muito menos pela sua comunidade de modificações. As diferentes maneiras de experienciar SM64 continuam avançando todo dia. Logo mais teremos acesso às mais novas proezas do KazeEmanuar com o jogo, representando um marco inestimável na comunidade de romhacking. O mesmo reescreveu todo o código do jogo original e o otimizou ao extremo, possibilitando que os mods de Mario 64 excedam e muito seu potencial mecânico e gráfico. A cada dia vejo mais e mais avanços para esse jogo que existe há mais de duas décadas, como SM64 Builder ou os novos jogos do criador da série Star Revenge. Alguns joguinhos que nem sequer tem a ver com Mario foram produzidos, o que lembra bastante a cena de DOOM.

Só que com todos esses avanços constantes, minha mente gerou o interesse por levar ao mundo essa história desde seu começo. Eu só… não sou a mais indicada pra isso. Afinal, eu tinha apenas quatro anos quando a comunidade de modificações de Super Mario 64 lançou seu primeiro grande estrago: The Missing Stars. Por isso, vale mais a pena analisar cada grande jogo em ordem cronológica ao invés de fazer um documentário. Se você quer um, recomendo o vídeo do Snooplax!

SM64: The Missing Stars foi criado por frauber em abril de 2009. É considerado o primeiro grande hack de SM64, porque possuía uma campanha com diversas fases e um número considerável de estrelas. Pra uma época em que sequer ter geometria diferente nos níveis era impensável, 38 estrelas é bastante coisa! O jogo possui um sistema de dia e noite, uma vibe pouco mais “mundo aberto” quando comparado ao original e até que dura bastante tempo para uma aventura com poucas estrelas.

A ideia de Missing Stars é ser uma espécie de “Metroidvania”, uma noção que existe em Mario 64, só nunca foi bem explorada. Backtracking é muito importante para o jogo, e um dos motivos dele ser tão divertido. A cada estrela o mundo de Missing Stars vai mudando e recebendo coisas novas, às vezes sutis, outras vezes nem tanto. Cada área também tem um requisito mínimo de estrelas para ser acessada, e a presença dos chapéus é essencial para progressão. A fim de finalizar a aventura, Mario ou Luigi precisam pegar todas as trinta e oito partes de uma estrela gigante. Sim, tem Luigi no jogo! Eu sabia disso, mas só descobri como usa ele assim que zerei. Ele é beeem alto e sua voz usa uma ideia clássica de Smash Melee — alterar o pitch. Dessa vez para algo um pouco mais grave, que de fato parece com o Luigi! Quer dizer, como não iria? Os irmãos eram ambos dublados por Charles Martinet até pouco tempo atrás. Claro que a presença do Luigi não é um mérito exclusivo de Missing Stars, o modelo dele já existia há um tempo e sempre que ele era recriado por alguém, ainda parecia bastante o “original”.

As fases, por algum motivo, são bastante numerosas aqui! Isso é bem inesperado para um jogo com só um pouco a mais de estrelas necessárias para lutar contra o segundo Bowser no original. Duas Courses (que são de fato consideradas Courses) possuem as clássicas sete estrelas, mas a maior parte das fases ainda conta como parte da “cidade”. São níveis inteiros com pouquíssimas estrelas! Bem, alguns até tem seis ou cinco, mas são exceções. Isso é bastante trabalho pra época, e devo admitir que o level design cresceu bastante em mim com o tempo. A fase do vulcão é MUITO divertida e bem única, o que me impressiona demais considerando que todos os assets são reutilizados. Quem diria que uma plataforma giratória na lava seria mais interessante se estivesse torta?

No entanto, não é um jogo sem seus problemas. A câmera ainda era um mistério para criadores da época, deixando muitas seções da aventura mais complicadas do que realmente são. SM64 tem um estilo de câmera bem diferente e eu gosto bastante dele, mas ele é especificamente projetado para as fases do jogo. Cada área de Super Mario 64 tem seus próprios ângulos preferenciais de câmera, que em boa parte são muito bons. Caso a câmera falhasse com você, era só apertar R e dar zoom out com os C-Buttons a fim de ter um ângulo focando nas costas do Mario. E é justamente esse estilo de câmera que é preferível para The Missing Stars, e até outros jogos como SM74! Não é um ângulo de câmera perfeito (na verdade eu não chamaria nem de bom), mas é o único que funciona para esses mods.

Ainda assim, eu me diverti horrores jogando, e a coleta de estrelas flui bem o suficiente para sempre ser interessante. Você sempre tem uma boa ideia de onde ir, mas nunca do que fazer. Nada que procurar um pouco não resolva! No fim você ganha uma roupa de fogo e luta com Bowser, que agora precisa ser derrotado pelos seus tiros e não por bombas. É uma luta bem legal e bastante criativa! Eu diria que The Missing Stars é um bom começo para o titã que seriam hacks de Mario 64 no futuro e que, apesar das suas intensas limitações visuais e de programação, vale a pena dar uma olhada por suas boas ideias. Boa noite!
