Quando eu terminei Wario Land há um tempo atrás, ficaram algumas pontas soltas. Eu havia feito uma análise de quase todos os jogos, exceto três. Wario Land 2, 3 e Master of Disguise. Até hoje não existe um texto do Master of Disguise porque aja paciência pra esse, viu… mas 2 e 3 eu já terminei, apenas não tinha falado sobre e só segui para o 4 de uma vez. Eu dei rápidos pensamentos sobre os dois títulos na minha análise do 4 e só. Francamente, eu só achava que não era interessante falar sobre esses dois, não tinha coisa suficiente para formar uma boa análise. Mas esse texto foi escrito para corrigir esse erro, porque eu mudei meu pensamento. Esses dois são pilares na franquia e o 2 especialmente estabelece as mecânicas mais importantes que foram usadas em quase todos os jogos. Deixar de fazer uma análise deles é não ter uma base sólida pra falar sobre os outros, e eu cometi o erro de ir do Virtual Boy direto pro 4 em textos. Documentei no meu blog toda a minha jornada pela franquia, mas esses dois jogos ficaram para trás. Então, tenham em mente que esse texto em específico foi feito DEPOIS de todos os outros de Wario Land que vão seguir ele aqui no Recanto. No caso, 4, World, Shake It, Parallel World, foram todos feitos antes desse texto aqui ter lançado. Ainda assim, não faz sentido trazer para o Recanto na ordem errada de novo, então vou só fazer certinho.
Vamos dar uma olhada nos dois jogos nesse texto, e eu rejoguei os dois na época, inclusive fazendo 100% no 2, o que foi um parto. Importante mencionar que o 2 foi jogado na versão de GBC, com gráficos melhorados. Nunca toquei na versão de GB e não acho que preciso, é o mesmo jogo.
Você pode ver os outros textos da nossa retrospectiva da série Wario clicando aqui!
Capítulo 1 — Introdução a um novo Wario
“O caráter é como uma árvore e a reputação como sua sombra. A sombra é o que nós pensamos dela, a árvore é a coisa real.”
Abraham Lincoln
Wario Land 2 começa com uma introdução sobre as nuvens e então uma visão do castelo do Wario, que ele conquistou no primeiro jogo. A música tocando é muito memorável e chamativa e já dá uma boa primeira impressão. Ao menos uma boa primeira! Iniciamos o jogo e somos pisados por uma cutscene que leva alguns bons minutinhos, não é divertida de assistir e a música para nos fade outs da tela. Não tem como pular as cutscenes também. Mas, isso já é um avanço comparado ao primeiro jogo, que não tinha nenhuma cutscene além da última! Esse aqui te explica a história graficamente em cutscenes bem animadinhas e até que divertidas… às vezes. Elas são demoradas e rejogando seria bom poder skipar essa primeira mas até que não é ruim, é uma boa adição. Isso já nos liga na parte artística com os gráficos.
Os gráficos são na verdade muito bonitinhos e bem carismáticos. As animações do Wario são engraçadas e expressivas, especialmente as transformações. Mas a parte mais bonita da arte são as músicas; essa é uma das melhores trilhas da franquia e tem músicas que eu tive que baixar no celular. São composições memoráveis e feitas com bastante carinho, e já adianto que as do 3 deixaram a desejar todo esse amor nas músicas.
E já que falei das transformações, vamos explicar o que elas significam pro jogo. Esse é um reboot no gameplay de Wario, e ignora padrões de design de platformers comuns. Dessa forma, ele se separa sendo um platformer de puzzles, e deixa o platforming em questão de terceiro plano. Isso é muito facilmente indicado pelo fato do Wario não poder morrer, tirando muito do desafio básico de design de um jogo de plataforma comum. O motivo para ele não levar dano é… nenhum, na verdade, porque no 4 ele leva, mas ao menos eles tentaram isso porque certos ataques de inimigos podem ativar efeitos especiais no Wario. Se ele ser esmagado ele vai ficar achatado e plano como um papel. Se ele for queimado a roupa dele vai pegar fogo e seu corpo vai virar uma grande chama. Se ele for mordido por um zumbi ele vira um zumbi também e precisa ir até a luz pra voltar ao normal. Esse é o diferencial do jogo, é o que faz ele novo, e essas coisas se mantém no 3.
Os objetivos são simples… bem, simples são mas não tem um só. Cada fase tem um objetivo estabelecido diferente mas honestamente, a maioria é só chegar a um lugar. Às vezes é chegar em um lugar e apertar um botão a mais. Só que por design esse Wario Land não funcionaria bem sem objetivos a mais, e esses objetivos são muito importantes. O jogo tem dois minigames, e dois coletáveis importantes. Um tesouro e uma peça de um mapa do tesouro por fase. Os tesouros estão em portas especiais espalhadas em cada nível, com um minigame de memória dentro onde você usa moedas pra jogar. Enquanto as peças do mapa são conseguidas depois de terminar cada fase, com um minigame de acertar números comprando partes deles. Para essas duas coisas você precisa de dinheiro, e dinheiro é muito importante nessa aventura. Você consegue dinheiro explorando! E com isso entramos no nosso primeiro tópico importante.
Capítulo 2 — Exploração e os Objetivos Secundários
É bom salientar que esse jogo, diferente de muitos Wario Lands, não é um collectathon. Ele tem coisas pra coletar sim, mas não acho que chega vagamente no nível que um collectathon pede de coleta. Pra esse jogo, isso é bom, e é uma escolha de design inteligente. É mais fácil fazer um jogo assim e isso o possibilita de ir mais além em como esconde as coisas. Tem coisa escondida em qualquer cantinho e muita moeda pra pegar em todo lugar. Porque já que você não precisa pegar todas as moedas mas só achar o máximo que puder, o jogo pode esconder elas nos lugares mais absurdos e literalmente todo lugar que quiser, e você vai descobrí-las por explorar intuitivamente.
Mas, eis o porém. Moedas não são necessárias. Você lembra pra que usa elas? Para dois minigames, secundários, que no final vão te dar uma única fase a mais. Pra que você vai pegar então? Ora, precisamos falar do design de Wario Land II agora, e explicar porque esses objetivos são importantes.
Por motivos que vou explicar logo logo, esse é um jogo fácil… demais. Ele não tem desafios, realmente. Platforming é fácil, puzzles são fáceis, ao menos os bosses são um pouco difíceis, mas também é pouca coisa. Jogar o jogo só por jogar é… chato. Honestamente, ninguém joga Wario Land 2 sem pegar nada porque embora você tenha opção de zerar assim meio que não tem muito gameplay não. Não quero revelar porque digo essas coisas ainda, mas é necessário para você ter alguma diversão no jogo que você estabeleça objetivos secundários pra trazer satisfação e tirar alguma diversão da aventura. Os objetivos que você pode ter podem ser: terminar todas as rotas, pegar todos os tesouros e completar o mapa. São objetivos que estão ligados por design e eles também no sistema de exploração que eu falei. Sem isso a exploração do jogo não vale de nada, e as moedas também não e… isso é de propósito, sabe. O jogo foi feito pensando nas moedas, foi feito pensando na coleta delas e nesses minigames junto com completar coisas. O design foi feito pra não só auxiliar mas influenciar você a tentar esses objetivos secundários e é aí que tá toda a diversão. E, por isso, foi essa mentalidade que eu tentei jogando ele ambas na primeira e segunda vez. Mas eu fiz um experimento zerando ele apenas terminando as fases sozinhas e tive um dos jogos mais entediantes do mundo em mãos… não que… o jogo real seja muito diferente disso.
Capítulo 3 — O jogo na verdade
Vamos começar falando sobre os problemas mais imediatamente perceptíveis: os controles. Primeiramente o Wario é muito parado, ele é duro de se mexer e muito lento. O shoulder bash é terrível e nada que você faz com os controles é satisfatório. Mas o pior de tudo é o pulo. O salto do Wario tem o pior ângulo, a pior velocidade, a fluidez mais aleatória. As vezes ele simplesmente muda a aceleração umas tê vezes antes de você cair no chão, além de que cair no chão é muito duro, muitas vezes por uma animação do Wario se abaixar quando toca o solo. Esse é o pior pulo que eu já experiencei em um jogo, e eu joguei Bubsy 3D na mesma semana e vi um pulo muito superior… em Bubsy 3D. É um pulo que te trai, te chuta e te faz chorar. O super jump não melhora nada também. O melhor pulo do jogo é o pulo estúpido do Shoulder Bash porque esse pelo menos faz sentido. Eu não sei como esse jogo erra o negócio que todo mundo já tinha acertado em Super Mario 1.
Mas a verdade é que os controles são os menores dos problemas. Wario Land 2 é quebrado em design, e as escolhas de design dele não fazem sentido. É uma experiência simplesmente insuportável.
Vamos por partes, é bom explicarmos o design antes. O Wario não morre, isso nós estabelecemos. Mas, quando ele é atacado, ele ainda sofre knockback e perde algumas moedas. Então perder dinheiro é a dificuldade? Não, na verdade você perde tão pouco que não faz a mínima diferença. Mas não é isso que deixa o jogo irritante.
O que destrói Wario Land 2 é que ser irritante é o foco dele. Cada desafio, de plataforma ou puzzle, ou às vezes nem sei que tipo de coisa ele tenta fazer; todos são feitos com o objetivo de te irritar. Comete um deslize e reinicia o desafio todo, ou simplesmente coisas idiotas de passar sem motivo.
Tem inúmeros corredores cheios de inimigos específicos. Esses inimigos estão dormindo. Se você matar um deles, todos acordam e começam a te atacar. O problema é que: primeiro, eles são invencíveis quando estão atacando. Segundo, qualquer merda parece que ativa eles. Terceiro, não tem como ignorar eles nesses corredores e quarto, o ataque deles demora muito, e onde tem um tem cinco ou seis deles. Você passa uns dois minutos em um corredor que nem ocupa uma tela direito, porque o jogo simplesmente decidiu que quer te irritar um pouquinho. Você tem que atacar um, levar um hit porque eu duvido você conseguir escapar deles, esperar voltarem ao normal e torcer pros controles do Wario não te fazerem tocar em um sem querer, mas que pelo menos matem um deles pra não ativar os bichos sem motivo. Isso se enquadra no desafio de “não sei o quê”, porque não é um puzzle já que você não tem que pensar, muito menos plataforma porque pular é impossível nos corredores. Agora, para falar sobre os outros desafios, precisamos falar sobre as transformações primeiro.
As transformações são a parte de puzzle do jogo, você se transforma pra poder ganhar certas habilidades e chegar a lugares diferentes ou interagir diferente com as coisas… em teoria. Na prática, elas são seu pior inimigo. São falhas e chatas por design, intrusivas e irritantes. São enjoativas e aparecem demais o tempo todo, e aparecem mais com o intuito de te atrapalhar do que ajudar, já que o Wario não ganha poderes quando se transforma, ele perde algumas coisas essenciais dos seus controles em todas as transformações. Assim, o que abre novas possibilidades retira todas as que o Wario normal possui.
As transformações duram muito tempo e isso irrita, e como elas sempre te tiram do caminho irrita ainda mais ter que recomeçar um desafio inteiro e toda vez que você erra o jogo te leva por um longo caminho transformado. As piores nisso são o zumbi que se move na velocidade de um pinto broxa, não pula e só sai quando você vai em um lugar específico do mapa que SEMPRE é fora de onde o desafio está. E aí Fire Wario também não fica muito atrás porque diferente do 4 maravilhoso aqui você tem que esperar muito tempo até o Wario pegar fogo de verdade e a transformação leva MUITO tempo por causa disso, além do Wario não conseguir ficar parado no mesmo lugar o que provavelmente vai te levar pra fora do seu caminho.
As transformações não são divertidas, nenhuma delas é, e são mais incômodas mesmo quando são suas aliadas, mesmo quando você precisa usar elas em puzzles. Você sente vontade de terminar os desafios com o Wario normal que pelo menos não é um botijão de gás ambulante ou um pedaço de camisinha furada que plana no ar. As piores transformações também são as que mais aparecem, e que mais ocupam tempo na sua gameplay.
O próprio level design piora a situação de cada transformação porque ele literalmente tenta, de propósito, deixar você irritado e faz todos os esforços pra isso. Os inimigos também são chatos, e os ataques deles são muito difíceis de desviar e desviar NÃO É divertido. Wario Land 4 fortemente aprimorou isso adicionando padrões de ataque muito mais dinâmicos com respostas mais variadas, mas aqui você desvia dos jeitos mais entediantes, o que faz a parte do errar e recomeçar tudo ainda pior.
Se você tá descendo na água por uma represa, o jogo vai lançar bolhas enormes que prendem o Wario e levam ele até uma parede onde só entãoele se solta, muito provavelmente ainda longe do lugar que a bolha te acertou. Se você tá escalando um lugar complicado, vai ter 2214143443 pinguins que te jogam bolas e o Wario fica louquinho quando vê uma BOLA ENORME NA FRENTE DELE ELE FICA MALUCO!!! Literalmente fica bêbado e só se recupera se você entrar em água que, devo lembrar, vai SEMPRE ficar em baixo de todas as plataformas. Divertido! Além de que o arco do tiro das bolas enormes é super fácil de te acertar e desviar é um saco, ainda mais quando tem vários juntos jogando ao mesmo tempo, com os piores controles que um jogo de plataforma já viu.
Agora imagina que você tá subindo uma escada. E imagina que instantaneamente quando o boneco de neve te olha ele dispara uma metralhadora de bolas de neve que congelam o Wario e o levam voando pro outro lado da tela. Quando ele para de escorregar? Assim que ele bate em uma parede que convenientemente nunca tá perto. E quando tem inimigos assim, não é um nem dois mas cinco ou mais ao mesmo tempo, e escapar de um deles só significa que o próximo vai ser mais difícil e você vai ter que recomeçar tudo do zero SEMPRE. Eu nem vou começar a falar dos fantasmas porque eu odeio tudo sobre eles.
Mas se esses são os objetivos de plataforma, qual é o desafio de puzzle? Primeiro: não existe. Segundo: a mesma merda que eu já disse. Todos os puzzles do jogo são estúpidos de fáceis que você não precisa pensar pra resolver, são praticamente focados em platforming. Você entra numa bolha e a represa que precisa passar tá na sua frente. Você vira um zumbi e na sua frente tá o lugar que você precisa dele pra cair. Você vira fogo e… pelo menos esse tem gameplay, mas é muito chato e irritante. E, óbvio, se não tem desafio, qual é o desafio? A mesma desgraça do platforming, bicho chato e merda irritante porque esse jogo é simplesmente insuportável.
Eu não gosto desse jogo. Eu não gosto de jogar ele. Ele é irritante e nojento. E o 3 é pior. Mas nada se compara aos bosses do 2 que são literalmente a mesma bosta dos desafios de platforming só que muito mais difíceis com lutas chatas e burras que um hit te leva pra fora da arena e você tem que fazer o caminho todo de volta. Você provavelmente vai morrer umas 20 vezes por boss e sempre ter que retornar do início em cada hit que você levar. Essa é a pior parte do jogo de longe.
Mas… antes de partir pro 3, tem uma última coisinha pra falar, e dessa vez uma boa. O jogo tem conteúdo pra ser zerado em torno de cinco vezes, cada vez com fases novas. Significa que você vai ver os créditos muitas vezes. Vocês lembram como eu chorei nos créditos do 1 lá atrás? Os sentimentos que eu senti e tudo que eu falei… pois é. Eu já falei antes que créditos são um padrão de qualidade dessa franquia e só o VB tem créditos ruins. Mas esse padrão de qualidade alto foi estabelecido por esse jogo, especificamente esse. Wario Land 2 tem possivelmente meus créditos favoritos em qualquer jogo. É interessante, divertido e a música é maravilhosa, é especialmente por causa dela que eu gosto tanto. Ela me toca tão forte que eu chorei TODAS as vezes que eu zerei o 2, TODAS, e se em uma eu tava me aguentando chega uma partezinha no final que eu não consigo aguentar NUNCA. Eu sei que eu xingo muito esses jogos mas eu amo essa franquia de verdade, e esse amor começou a se desenvolver com esses créditos. Eu tenho essa música no meu celular e eu escuto toda hora.
Baú Cinza — O início da aventura
“O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer”
Abraham Lincoln
Tá bom, eu sei que eu queimei o 3 um pouquinho enquanto falava do 2, mas esse começo vai ser bem otimista. Digo que é difícil fazer uma review do 3 depois de fazer uma do 2, porque muitos problemas se mantém. Mas é um jogo bem mais interessante e divertido que o anterior, isso eu vou deixar claro.
O jogo começa numa cutscene maravilhosa e muito bem animada do Wario caindo em uma floresta com seu avião. Ele acha uma caverna com uma caixinha de música e do nada acorda em um templo escuro e um rosto gigante começa a falar com ele. Essa cutscene me deixou sem palavras da primeira vez que eu joguei, simplesmente porque tinha frames DEMAIS em cada movimento do Wario. Esse é meu primeiro ponto sobre o jogo, ele parece um indie moderno.
Não é segredo pra ninguém que muitos jogos indie decidiram se inspirar na artstyle de consoles antigos. Não só é muito bonito como faz dos jogos bem interessantes, como o próprio Shovel Knight que é baseado em jogos de NES, ou Bloodstained Curse of the Moon. Mas, acontece que de maneira geral esses jogos nunca poderiam rodar em um console antigo. Seja por terem muitas cores, muitos frames ou muitos detalhezinhos, são jogos graficamente maravilhosos pensados em serem parecidos com um console antigo mas não se limitando tanto quanto um. Isso é Wario Land 3 exceto que… ele inexplicavelmente tá rodando no console. Os gráficos são a maior qualidade do jogo de longe, é de dar água nos olhos e o tanto de expressividade que as animações ganham por causa disso especificamente me fascina.
A música no entanto é ruim e esquecível, não tem porque abrir uma playlist no youtube pra escutar nenhuma delas. Só não tem graça. Talvez os créditos mas é pouca coisa. Elas são até que bem inspiradas na música tema do jogo, o que até aprecio, mas não deixam de ser esquecíveis. Ao menos o 3 tem uma cara melhor que o 2, mas como ele é por dentro? Vamos começar!
Baú Vermelho — Melhor como platformer
Já começa que os controles melhoraram, e muito. Especialmente o pulo, que agora parece um pulo. Tudo tá mais polidinho e o Wario se movimenta mais rápido. Mas tem um pequeno porém, o Wario perdeu todas as habilidades. Ele começa a história só com o shoulder bash e com o tempo vai ganhando de volta suas outras habilidades. Ground pound, saltar em inimigos, pegar eles, nadar. Isso já nos abre o primeiro ponto. Esse jogo tem uma aproximação muito mais Zelda de como o jogo flui, ele parece bastante um metroidvania. Cada fase tem quatro baús que estão lá desde o início, e quatro chaves pra acompanhar. O objetivo é achar os dois pra terminar uma fase, mas você vai pegar tesouros diferentes em momentos completamente diferentes da gameplay. Além disso os tesouros em maioria estão conectados com a história, se você pega um machado o Wario vai usar pra cortar uma árvore e atravessar um caminho. Isso vem com a próxima decisão de design do jogo.
Esse é um jogo, de fato, de exploração. As fases são um playground grande nas quais você vai e volta em busca de uma chave e um baú. Isso também faz o jogo ser mais como um collectathon, parecido com Mario 64. Admito que no início, isso é até bem divertido. Procurar as coisas costuma ser legal pelo início dele e a tirada de voltar nas fases é até interessante. É uma aventura bem ambiciosa que pode durar umas 30 horas dependendo de como você joga.
Baú Verde — A mesma coisa de sempre
Mas esse jogo é bem problemático, assim como o anterior. Infelizmente, esse vai ser um tópico ruim e curto, porque esse é o problema. Essa review é feita pra ambos os jogos simplesmente porque não tem como falar sobre eles sozinhos, já que sofrem dos mesmos problemas, e esses problemas já foram explicados na review do 2. Então, vamos tentar falar em partes o que o jogo é.
A exploração é o ponto forte dele, basicamente. As chaves e baús são satisfatórios de achar e explorar algumas fases é divertido, mas infelizmente isso é exceção. Por conta dos problemas gerais do jogo, explorar acaba sendo um saco porque não é o fato de você estar explorando mas como. O platforming deixa muito a desejar, se limitando a algumas coisas bem simples e… bem, transformações pra te irritar. Então você meio que acaba, como no segundo jogo, refazendo os mesmos desafios de novo e de novo só porque o jogo quer, não porque é difícil. Os puzzles ainda são estúpidos, mas pelo menos tiveram uma trabalhadinha melhor dessa vez, o que resultou em um ou outro puzzle legal, como o das alavancas de Pool of Rain no primeiro chest, em que você dava ground pound em alavancas específicas pra levantar outras ou abaixar elas e assim poder subir em lugares mais altos . Os bosses são piores que no 2, porque agora eles são mais difíceis. Ainda assim, igualmente esquecíveis e irritantes.
Esse jogo traz, em geral, todos os problemas do original. Todas as transformações ainda são uma merda e o design é feito pra te irritar só que… esse jogo irrita mais, e como irrita. Porque nesse aqui eles decidiram que iam colocar 100 baús diferentes, literalmente 100 fases e na falta de ideias eles resolveram entupir de coisas irritantes pra te incomodar. As vezes Wario Land 3 inova bastante em ser irritante também, é bem surreal.
Baú Azul — Chato, entediante
Se você pegar tudo que eu falei do 2 e jogar aqui, o jogo já não parece mais lá essas coisas, mas o problema é que ele tem umas coisinhas a mais. Ele tem um total de 25 fases diferentes. Cada fase tem quatro baús. Cada baú leva em torno de 10 minutos até 20 pra ser pego, porque é um jogo de exploração e você precisa procurar. Mas em fases mais pro final chega a mais de 20 fácil. Tem 100 baús no jogo, e você precisa pegar quase isso pra zerar. Quanto de tempo vocês acham que vão ter que gastar nesse jogo pra zerar ele?
Wario Land 3 cansa muito rápido. As ideias dele não são interessantes por muito tempo, a exploração uma hora fica cansativa e os problemas que estão lá desde o início pioram e pioram. O jogo nunca acaba e o sofrimento também não, porque quanto mais você joga mais as fases ficam uma merda e mais os puzzles ficam irritantes. Da metade pra frente eu chorava toda vez que aparecia fase nova porque eu ia ter que passar por todo o processo de explorar a fase, fazer puzzles, matar bichos, achar coisinhas e sair dela só pra saber que eu vou voltar nessa mesma fase mais três vezes. Também cansa MUITO rápido o esquema de ter que voltar na mesma fase porque elas já não são interessantes por si só, ainda mais tendo que tomar os mesmos desafios de novo dessa vez indo um pouquinho mais longe. Isso é um problema que até Mario 64 tem, a diferença é que lá o jogo como um todo é mais divertido e quanto mais você aprende nele mais divertido fica passar cada fase. Aqui isso nunca vai acontecer.
É do começo ao final a mesma coisa só que piorando em um jogo que pode levar tantas e tantas e tantas horas sem motivo com o mesmo level design ruim, os mesmos problemas e as mesmas transformações idiotas. Ganhar poderes novos nem sequer acaba sendo interessante porque o Wario só ganha coisa que ele já tinha nos outros jogos, não tem nada de novo pra trazer. Esse jogo é um saco, o mais chato dos Wario Lands porque é impossível se divertir depois de um tempo.
No 2, embora você possa zerar várias vezes, uma campanha normal pode ser relativamente curta e até que satisfatória. Os objetivos secundários eram importantes mas você ainda só jogaria se ignorasse dinheiro e tesouros e apenas chegasse até o final. O 2 pode ser um jogo bem curto se jogado assim. Mas Wario Land 3 não tem essa possibilidade. É uma aventura lenta, chata e muito grande. Trago o que eu disse na review do 4 sobre esse jogo então, texto que logo estará aqui no Recanto:
“Pensa comigo, um jogo que você não pode levar dano e os inimigos são selecionados e posicionados para serem irritantes. Um jogo que tem como ideia principal que você vai jogar a mesma fase várias vezes e ir e voltar até zerar ele, e também um jogo que se estende muito mais do que deveria por horas e horas e horas e horas de gameplay… o que poderia dar errado?”
E com isso, eu encerro a análise. Ah, os créditos são esquecíveis, mas pelo menos medianos. Não é o que eu esperava da franquia mas dá pro gasto.
Considerações Finais
Esse texto não é muito bom. Mesmo na época que fiz ele eu já não gostava tanto, e talvez seja porque na época eu tava com Covid, somado de problemas nas minhas medicações que afetavam meu humor. Eu escrevi ele porque queria incessantemente falar sobre Wario Land e embora minha opinião sobre esses dois jogos seja interessante, eu não estava animada para escrever essa análise. Eu poderia reescrever esse texto todo mas não acho que vale a pena porque não são jogos muito legais de comentar sobre mesmo. Apenas digo que os próximos textos sobre o Wario são muito melhores. Vários dos melhores que já escrevi estão nessa franquia. Agradeço a atenção, e prometo que a qualidade não vai ficar decaindo assim.