Scott Pilgrim vs. The World: The Game é um sonho Beat ’em Up – Análise

Scott Pilgrim vs. the World é um caso raro. Tanto sua série de quadrinhos quanto sua adaptação ao cinema são quase universalmente amadas por quem lê ou assiste. Mas a série original de HQs de Bryan Lee O’Malley teve alguns problemas na área técnica de suas adaptações, como o filme não cobrir os custos de produção com vendas de bilheteria, além do jogo inspirado nos quadrinhos (lançado junto ao filme) ter um desenvolvimento conturbado.

O jogo foi iniciado pela Ubisoft Montreal e passou pouco mais de seis meses sem fazer progresso; após isso, boa parte do conteúdo foi terminado em apenas cinco meses pela Ubisoft Chengdu (China), sendo esse o primeiro projeto que realmente ficaria nas mãos do estúdio.

Com a direção de arte de Paul Robertson, a trilha sonora única de Anamanaguchi e o bom trabalho por parte da Ubisoft Chengdu, o jogo acabou saindo muito melhor que o esperado.

Após mais de 6 anos dele ter sido retirado das lojas, o jogo está de volta para Nintendo Switch, PS4, Xbox One e PC.

Os gráficos

A apresentação gráfica de Scott Pilgrim é em pixel art e extremamente detalhada, emulando perfeitamente o estilo de arte dos quadrinhos e contando com maravilhosas animações. Todos os cenários, de parques à laboratórios secretos, são desenhados com atenção aos detalhes e são lotados de referências à série. É impressionante o quão cheio de vida é o mundo do jogo, enquanto roda a 60fps em consoles.

Screenshot de Scott Pilgrim vs. the World: The Game

A gameplay

O jogo não adapta diretamente a história dos quadrinhos, pois ele basicamente não possui uma narrativa.

Entre as 7 missões oferecidas existem algumas animações mostrando a progressão da história, mas são bem curtas e simples. Isto acaba sendo um ponto positivo, pois faz com que o jogo tenha completo foco na ação beat ’em up cheia de mecânicas interessantes.

São 7 personagens jogáveis disponíveis, com estilos diferentes de combate e habilidades únicas. Mas é aí que o jogo se diferencia de outros títulos do gênero, pois ele também possui mecânicas de RPG.

Além de existirem níveis para cada personagem que liberam ataques novos, o jogador ganha dinheiro ao derrotar inimigos, que pode ser usado nas lojas dentro das missões para comprar upgrades de força, velocidade, defesa e especial.

É importante melhorar a velocidade no início do jogo, pois ela começa extremamente lenta e faz com que o combate pareça bem pior do que realmente é.

Mas claro, com mecânicas de RPG, o jogo acaba possuindo um aspecto que muitos não costumam gostar: grinding, ou ter que rejogar fases para conseguir dinheiro suficiente para melhorias de personagem para se manter efetivo contra os inimigos.

Pessoalmente isso não me incomoda, pois eu gosto de grinding com moderação, como feito no jogo.

Algo que pode acabar sendo enjoativo é ter que maximizar todos os personagens para desbloquear um sétimo boneco secreto, o que pode ser interessante aos jogadores, já que a campanha possui apenas duas horas de duração na primeira gameplay.

Screenshot de Scott Pilgrim vs. the World: The Game

Todos os personagens jogáveis possuem uma barra de energia, que pode ser usada para dar ataques especiais, pedir ajuda da Knives ou ter uma segunda chance caso sua vida chegue à zero. Reviver por esse método não te coloca de volta à ação com vida cheia, mas também não gasta sua contagem de vidas normais. O sistema de vidas é bem modernizado e não é frustrante, pois os continues são infinitos.

A variedade de inimigos em cada missão é alta e criativa, e o jogo possui vários chefões além dos 7 ex-namorados malvados da Ramona Flowers.

Mas, mesmo com a grande quantidade de chefes, eles desapontam pois só se parecem com inimigos normais que usam ataques extras (com exceção de 3 desses chefões). Além disso, todos eles são bem fáceis de lidar, o que estraga a diversão de enfrentá-los.

O jogo inteiro pode ser jogado em modo cooperativo local ou on-line com até 4 jogadores, e possui 4 modos adicionais: Boss Rush, Survival Horror, Battle Royal e Dodgeball para dar mais longevidade à curta jornada.

A trilha sonora

Um aspecto que brilha em conjunto com os visuais de Scott Pilgrim é a trilha sonora original feita pela banda Anamanaguchi. Eles são uma banda composta por quatro membros que misturam aspectos de eletrônica, pop, rock e chiptune (estilo 8-bit) para formar músicas melodiosas com composições detalhadas, e isto não é exceção na trilha do jogo.

Mesmo utilizando sintetizadores considerados “clichês” hoje em dia para jogos, as melodias de alto-astral acabam transformando a trilha sonora do jogo em algo bem único.

Confira a performance ao vivo da trilha sonora do jogo abaixo:

Então, vale a pena?

Scott Pilgrim vs. the World: The Game é curto, mas ótimo de jogar. Para quem é fã dos quadrinhos, filmes ou do gênero beat ’em up, vale muito a pena o preço, e ele promete ser uma experiência única e nostálgica com gráficos detalhados, trilha sonora maravilhosa e combate surpreendentemente polido.

Confira o trailer abaixo:

Uma cópia gratuita de Scott Pilgrim vs. The World: The Game para a plataforma Nintendo Switch foi concedida pela Ubisoft para análise no Recanto do Dragão.