Ivan Reis (desenhista da DC) no Teatro Sérgio Cardoso em SP

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Com o projeto “Teatro ComVida”, o Teatro Sérgio Cardoso em São Paulo, Capital passará a ter um programação gratuita para todas as idades (maiores informações clicando aqui). No dia primeiro de agosto fomos privilegiados com a presença do Grande Ivan Reis, desenhista da DC.  Ivan deu uma palestra onde respondeu algumas perguntas e contou como foi sua vida profissional desde o começo, mas primeiro ele nos honrou com uma entrevista exclusiva para o Recanto do Dragão 😀

Palestra:

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Hoje em dia é difícil conseguir entrar nesse ramo, mas antigamente era ainda pior. Como não tínhamos a facilidade de hoje em dia para expormos nosso trabalho através da internet, e outros meios de comunicação, eu com 14 anos comecei batendo de porta em porta de editoras mostrando meu trabalho, quando finalmente consegui algo, fiz como primeiro trabalho o “Historias Reais de Drácula“, minha primeira página era uma historinha curta sobre a morte, levei quase um ano para receber essas páginas.

Um pouco depois conheci a editora “Fênix“, eles me colocaram para fazer tirinhas de humor negro . Depois da falência da “Fênix” voltei a procurar trabalho e com 16 anos tentei a sorte no Mauricio de Souza. A diretora de artes gostou no meu trabalho, ela me contratou e lá aprendi realmente a ser profissional e percebi que poderia ganhar a vida com isso.

Nos meus 18 anos, começou o BOOM dos brasileiros no mercado americano, eu queria fazer super heróis. Todos os dias depois do meu trabalho eu tentava passar na “Art-Comics” e acabou surgindo uma oportunidade para desenhar a personagem “Ghost”. Eu não podia largar a Mauricio de Souza então comecei a trabalhar na “Ghost” sempre depois que chegava em casa às 20:00. Por sorte gostaram do meu trabalho e encomendaram mais 3 trabalhos, passei a dormir no estúdio para ter mais tempo para trabalhar e infelizmente acabei precisando de ajuda para terminar meus trabalhos e eles acabaram não ficando tão bons. Nisso perguntei ao meu chefe na “Art-Comic” se seria garantido que surgiria mais trabalho para mim caso eu largasse a Mauricio de Souza. Ele disse que não, mas mesmo assim eu larguei e por sorte deu certo!

Lady Death

Mais tarde fiquei por seis anos fazendo a “Lady Death” e isso foi importante para mim, decidi ficar nesse trabalho porque eu tinha menos pressão e mais estabilidade. A editora acabou falindo e a “Lady Death” passou para a editora “Crossgen” assim ganhando mais evidencia.

Depois, tive grandes propostas na minha carreira, tive propostas da Marvel (Demolidor), DC (Superman) e também recebi uma contra proposta para continuar fazendo a Lady Death. Escolhi o Superman e tive problemas para desenhar homens, porque fiquei anos desenhando mulheres. Consegui um contrato de exclusividade , foi uma grande vitrine para meu trabalho e acabei trabalhando com Jorge Peres. De lá veio a proposta para trabalhar no Lanterna Verde, fiquei por 4 anos trabalhando nele e cresci junto com o personagem em fama e todo o resto.

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O meu maior trabalho foi “A Noite mais Densa” em todos os termos e de lá fiz o “Dia mais Claro” mas nesse eu estava fazendo mais layout, com o fim chegou a época dos “Novos 52” que seriam relançamentos. Eu acabei querendo fazer o Aquaman porque achei que seria interessante ir do melhor título para um dos piores pior (na época), como a gente não tinha pretensão com o personagem, fomos nos divertir e ele acabou sendo um dos melhores títulos.

Em seguida fui fazer a “Liga da Justiça” , pois Jim Lee estava para sair e eles precisavam de um artista.

Cheguei ao meu limite, fiquei esgotado e praticamente travei ao ponto de não conseguir mais produzir, parei por um tempo e só voltaria para terminar o “Multiversity“, então me ofereceram o Ciborgue, eu não queria, mas acabei aceitando porque ele nunca teve uma revista e ele está em ascensão. Acabei fazendo um personagem “cibórtico”, mas com um corpo mais humano, então ele parece pelado, não queria que ele virasse um “Homem de Ferro” genérico. Estou fazendo o Ciborgue com um pouco menos de expressão, ele não tem história, é a primeira vez que pego uma revista do zero tanto em público quanto em todo o resto!

É legal esse inicio que a DC está dando porque ela está tirando a influência do cinema e videogames, a DC quer permitir que os quadrinhos sejam fontes de ideias.

Entrevista:

Bom, o vídeo não ficou muito legal, foi a primeira vez que filmamos e foi feito meio no susto, não combinamos de filmar (acho que fica bem perceptível no vídeo), bom como foi cortado o começo e o fim, para se sintonizarem, a primeira pergunta foi “qual seu personagem preferido de desenhar” e a resposta foi “Shazam” e a ultima pergunta foi se ele tinha algum projeto próprio, Ivan respondeu que até já teve algumas ideias, mas nunca chegou a desenvolve-las. Sem mais delonga, segue o vídeo da entrevista (sem cortes ou edição! – Vamos acertar isso aí na próxima!):

 

E aí? Gostaram do trabalho do Ivan e da iniciativa “Teatro ComVida”? então não deixem de conferir mais sobre esse grande projeto no site www.teatrosergiocardoso.org.br ou deem uma passada por lá, o endereço é Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, SP.

Ah, sim, também não deixem de acompanhar e dar apoio a esse grande profissional que é o Ivan! Quem sabe o próximo a fazer sucessos com desenhos não seja você?