Vampire: Bloodhunt – Uma experiência inovadora que precisa de tempo

Vampire: Bloodhunt

Vampire: The Masquerade – Bloodhunt não é exatamente a nova experiência da franquia que os fãs almejavam, mas certamente chegou para entregar um conceito interessante ao mercado.

Vampire: The Masquerade - Bloodhunt
Fonte: Divulgação / Sharkmob

O novo jogo gratuito da Sharkmob é outro experimento do gênero de Battle Royale que tenta trazer uma perspectiva refrescante à indústria através de um spin-off do universo de World of Darkness, colocando os jogadores na pele de vampiros poderosos lutando para sobreviver em uma cidade envolta de Gás Centrino.

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Mesmo com muitos elementos inovadores e cheios de potencial, Bloodhunt ainda sofre de uma enorme falta de polimento no seu design e especialmente na interface, tornando-o menos atraente do que realmente poderia ser. Porém, isso não significa que o jogo não será um grande sucesso quando sua experiência completa for lançada aos jogadores.

Vamos dar uma olhada?

O que Bloodhunt tem de novo pra oferecer?

Pra começar a conversa, Bloodhunt é um ótimo jogo e tem uma natureza relativamente promissora. Diferente de boa parte dos outros jogos no gênero, aqui temos seis vampiros diferentes pra escolher, com dois de cada um dos clãs Brujah, Nosferatu e Toreador.

Personagens de Vampire: Bloodhunt

Cada vampiro possui uma habilidade de clã compartilhada e duas outras habilidades especiais, possuindo uma variedade de funções que podem ir de invisibilidade, movimentação avançada ou defesa contra disparos, por exemplo.

O jogo também conta com um leve sistema de monetização baseado puramente em cosméticos, que segue o formato de Passes de Batalha para personalização dos vampiros.

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Ele pode tecnicamente ser considerado um herdeiro do que muitos jogadores chamam de “Shooters de Mobilidade“, já que conta com uma variedade considerável de habilidades e mecânicas de movimentação sofisticadas como deslizes e saltos longos, escalada de paredes, wallrunning e similares.

Essa talvez seja uma tendência de Bloodhunt na hora de pegar inspirações de outros Battle Royales com Apex Legends, FPS da Respawn derivado de Titanfall, e do atualmente defunto Hyper Scape, da Ubisoft.

Outros elementos como planar lentamente se estiver mirando no ar também são úteis, mas poderiam servir de uma polida ou até incrementada para tornar as coisas ainda mais caóticas e dinâmicas. Mesmo assim, esse definitivamente é um diferencial notável para Bloodhunt.

Wallrunning em Bloodhunt
Fonte: Reprodução/Yan Heiji

Além disso, ele conta com um sistema de vida e cura interessante: diferentes civis andam pelas ruas da cidade, e jogadores podem consumir seu sangue para não só se regenerar mas também ganhar efeitos bônus a depender do tipo sanguíneo da pessoa.

Esses efeitos variam entre reduções no tempo de recarga de habilidades até o aumento de dano com armas corpo-a-corpo. Você também pode encontrar seringas e bolsas de sangue em ambulâncias, além de coletes em vans policiais. Mesmo assim, esse sistema de armaduras é genérico e superficial demais, praticamente não tendo razão pra existir.

Porque? Simples: o incrível sistema de vampirismo do jogo é subexplorado e subestimado pelos próprios desenvolvedores.

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Tipos sanguíneos em Bloodhunt
Fonte: Reprodução/Yan Heiji

O jogo poderia facilmente se aproveitar de elementos como humanos com tipos sanguíneos especiais que concedem poderes temporários, ou até um sistema de sobrecura que se desfaz lentamente com o tempo, algo que forçaria jogadores a adotar uma postura mais agressiva ao se exporem nas ruas e não ficarem inteiramente defensivos nos telhados da cidade.

Outro problema do sistema de afinidade sanguínea é o limite de apenas 3 “buffs”, enquanto o jogador só desbloqueia os outros 9 espaços de melhorias ao consumir o mesmo número de inimigos derrubados. A questão é que consumir 9 inimigos num mapa com menos de 50 jogadores é muito mais difícil que parece, sem contar no risco de ficar vulnerável por cerca de 10 segundos enquanto absorve seu sangue através do “Diablerie“.

Diablerie em Vampire: The Masquerade - Bloodhunt
Um vampiro consumindo outro através do “Diablerie“. Apesar da cura e um novo espaço para armazenar uma melhoria, essa é uma ação lenta e que te deixa vulnerável a outros jogadores. Fonte: Divulgação/Sharkmob

Por fim, outro diferencial legal do jogo é a sua “zona da morte”, que diferente de outros jogos do gênero não consiste de círculos gigantes mas sim de uma fumaça de forma aleatória, mais ou menos similar ao sistema de quadrantes aleatórios que Danger Zone de Counter-Strike: Global Offensive possui.

O que precisa de “mais amor” em Bloodhunt?

Até agora, tudo certo, tudo tranquilo. Porém, Bloodhunt também sofre de outros problemas mais sérios que felizmente podem (e provavelmente serão) corrigidos antes do seu lançamento.

Coisas pequenas como a visibilidade ruim de certos itens e baús espalhados pelo mapa, mesmo com os “Sentidos Aguçados” de vampiro, além de problemas de colisão e inteligência artificial de civis e a falta de um tutorial bom que explica diversos elementos como raridades de armas, por exemplo.

Vampire: Bloodhunt
Algumas habilidades em Vampire: Bloodhunt ativam em você mesmo, o que não deveria acontecer. Fonte: Reprodução/Yan Heiji

Ainda tem outros elementos que podiam ganhar pequenos polimentos, como as armas corpo a corpo que possuem feedback e velocidade ruins, ou o sistema da Caçada de Sangue: basicamente, ao ferir ou expor suas habilidades em frente aos civis, sua máscara é quebrada e você será marcado de vermelho pra TODOS OS JOGADORES da região.

Isso não seria um problema, já que uma punição por práticas de vampirismo em público seriam naturais no universo de Vampire, mas o problema é a duração desse efeito: um doloroso e extremo total de 60 segundos.

Pode não soar como muito, mas ficar completamente exposto a todos os jogadores da região por um minuto inteiro em uma cidade pequena e cheia de vampiros armados é extremamente punitivo para jogadores, especialmente quando se tem reflexos rápidos e visão ruim o suficiente pra confundir civis com inimigos durante o combate.

Caçada de Sangue em Bloodhunt
A Caçada de Sangue acontece quando você elimina ou assusta civis com poderes ou armas de fogo, te revelando pra todos os inimigos próximos por um minuto. Fonte: Reprodução/Yan Heiji

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O que cai por terra

Aqui chegamos ao ponto final das primeiras impressões: esse jogo precisa seriamente de uma repaginação na Interface de Usuário (UI).

São problemas como péssima legibilidade de fonte e legendas do minimapa, um mouse que é simplesmente um círculo gigante impreciso e a ausência de habilidades na tela de seleção de vampiros fazem muita falta durante a jogatina.

Isso fica pior ainda quando analisamos a interface no hub de espera, o “Elíseo“: eu acredito que nem sequer há como fechar o jogo pelo menu do ESC enquanto você estiver lá, já que os botões de “sair da sessão” ou “voltar ao desktop” apenas aparecem durante uma partida.

O jogo até tenta copiar o sistema de inventário de Call of Duty: Warzone, mas falha em conseguir a mesma fluidez do sistema da Activision.

Fonte: Reprodução/Yan Heiji

São pequenos e bestas detalhes de qualidade de vida como esses que mostram que essa beta foi provavelmente apressada para ser lançada, ou que esse ainda é um projeto que precisa de mais atenção da comunidade para deixar os desenvolvedores confortáveis com investir em correções.

Por fim, vale ressaltar novamente que problemas como esses e outros como spikes de performance não são irreparáveis e não tiram o mérito da gameplay divertida e inovadora de Bloodhunt em meio ao atual saturado mundo dos Battle Royales. É uma beta promissora que certamente chama a atenção pelo que traz de novo.